Interligados

Coroação...


—Não sei ao certo, mas suponho que foi com a sua grande “explosão” de poder, mas de uma coisa eu sei Sasuke, você invocou quatro almas...

Hinata Hyuuga:
—Espere ai, você está dizendo que a vampira que apareceu no bosque tinha a magia de Cura?—Indagou Neji e eu assenti. —Isso não é possível, Hinata!
—Mas... —Tentei argumentar, mas o Hyuuga me interrompeu:
—Você sabe muito bem que a magia de Cura é uma magia extinta, e seus manipuladores são mais escassos ainda! Essa magia só pode ser usada em pessoas de bom coração, você deve ter se enganado...
—Eu juro!—Exclamei. —O Sasuke tinha torcido o tornozelo e a vampira apareceu e o curou!
—Está me dizendo que essa vampira tem... Um bom coração? Pelo amor de deus Hinata!
Eu abri a boca para retrucar, mas nenhuma palavra saiu, eu me sentia derrotada, como se eu fosse uma criancinha tentando convencer um adulto. Meu primo me fitava com seriedade e eu desviei o olhar, aceitando o peso do fracasso. Sei que é quase impossível que um vampiro domine a Magia de Cura, mas... Mas o Neji poderia pelo menos se esforçar para acreditar em mim e não me tratar como se eu fosse uma garotinha fantasiosa e mentirosa.
—Se não acredita em mim, não posso fazer nada. —Falei e me surpreendi com a frieza em minha voz. —Vou ir dormir. —Disse e me retirei da biblioteca deixando o garoto para trás.
Na manhã seguinte comemos sem trocar uma palavra, em completo silencio, exceto pelo som dos talheres se chocando contra a louça, eu não o fitava e ele também não me olhava. Nenhum dos dois pediria desculpas um ao outro, temos orgulho, sei que é criancice da minha parte, mas... Neji é quem está errado!
Suspirei quando acabei de comer e meu olhar se encontrou com o do Hyuuga, logo o garoto desviou o olhar e voltou a comer e eu peguei minhas tigelas e levei a pia. Fui até a sala e liguei a TV em um canal qualquer de clipes de música fúteis. Pouco tempo depois o moreno apareceu e se sentou no lado oposto do sofá e começou a assistir a TV com desinteresse.
—Até quando vai ficar assim?—Perguntou meu primo de repente, e eu o fitei.
—Assim como?—Indaguei.
—Não se faça de idiota Hinata! —Exclamou Neji e eu me levantei do sofá indo até o quarto.
—Aonde vai?—Perguntou o Hyuuga ao me ver preparando flechas para a minha balestra, mas eu o ignorei.
Eu ia sair do quarto, mas o garoto segurou o meu antebraço.
—Diga alguma coisa, droga!—Gritou, mas eu não me submeti.
—O que quer que eu fale?!—Retruquei me soltando dele. —Quer que eu peça desculpas por ontem?! Eu juro que aquilo que eu vi foi real, e foi você que me ensinou que se acreditamos que algo é verdadeiro não devemos abaixar a cabeça por nada, Neji você me ensinou a ser forte... A ser forte o suficiente para não me deixar ser submissa novamente e eu não vou fazer algo que eu não considero certo... Eu vou atrás da vampira, para provar que é real o que eu vi.
A essa altura lagrimas escorriam por meu rosto, mas eu não me importava, o moreno me encarava e pela primeira vez eu não pude dizer o que ele estava sentindo, eu e ele nunca tivemos uma briga assim, nunca. De repente um soluço me fez estremecer e antes que pudesse fazer algo Neji me abraçou bem forte, como nunca havia feito antes e ele disse:
—Me... Desculpe-me por não ter confiado em você ontem...

Naruto Uzumaki:
Aqui estou eu correndo para lá e para cá entre os corredores desse palácio, como um bobo da corte! Já estou começando a ficar cansado de ficar procurando Sakura, ela anda assim ultimamente: sumindo. Faz cerca de uma semana que eu contei que Vlad havia morrido e parece que Saky morreu junto com ele...
O imperador era um pai ausente na vida dela, mas a rosada sempre tentou ser compreensiva e fazia o possível para não aborrecer o pai, mesmo que isso fosse contra a sua vontade.
A Haruno até que está se acostumando com a ideia do século XXI, acha horrendo o fato de mulheres usarem saias curtas ao invés de vestidos e anáguas e lamenta pelos homens não serem mais tão gentis e românticos. Olhei para meu relógio de pulso, faltavam cerca de uma hora para a cerimônia de coroação e a Sakura não aparece?! Apesar de saber que aconteceria, ainda não acredito que a rosada vai ser a imperatriz de inúmeros vampiros, ela aceitou o cargo e prometeu que seria a melhor, e eu acredito nela.
De repente eu parei de andar, ao ver um cabelo cor de rosa balançar com o vento a alguns metros de mim. Suspirei aliviado e a fitei, a garota usava um longo vestido preto, em luto e estava ajoelhada em frente ao tumulo do pai, mesmo de longe, pude ver seus ombros e seu corpo estremecer, não de frio e sim de soluços a tempos guardados...
Depois da morte do pai, a vampira não derramou uma lagrima na frente dos outros, o que me preocupava já que via em seus olhos que ela estava guardando toda dor para si e agora... Agora Saky está desabafando e eliminando parte da angustia que carregava em seu peito.
Lentamente me afastei dali, mesmo sendo amigo dela, devo respeitar aquele momento e deixá-la a sós com seu pai...

Neji Hyuuga:
Depois daquele episódio de manhã, Hinata se acalmou e tudo voltou ao normal entre nós. Confesso que fiquei surpreso quando a ouvi dizer aquelas palavras, no fundo até fiquei um pouco orgulhoso por tê-la tornado “forte” como ela diz. Não gostava do que as pessoas do clã faziam com ela e decidi que eu a tornaria diferente, e consegui...
De repente o som estridente do telefone tocando me trouxe de volta a realidade e logo uma garota passou correndo por mim, indo pegar o telefone e disse:
—Alô?—Silêncio. —Como vai papai?—Perguntou a menina se sentando ao meu lado no sofá.
Revirei os olhos, apesar de Hiashi ser o líder do clã e tal, eu... Não gosto quando ele liga para cá ou quando fala com minha prima. Enquanto falava com o pai, a Hyuuga passava as mãos no cabelo e seus olhos ficavam sem brilho e até temerosos só de ouvir a voz dele, sua voz soava baixa e submissa, ela só ficava desse jeito quando falava ou olhava para o pai...
De repente a menina colocou uma das mãos a boca e sua pele perdeu a cor, ficando mais pálida que a neve.
—O que houve?—Perguntei, mas Hinata se manteve em silêncio.
Depois de poucos segundos a garota disse e sua voz estava quase tremula assim como suas mãos que seguravam firmemente o telefone:
—Certo, tchau, papai.
Aguardei em silêncio, enquanto a menina colocou o telefone em seu lugar, minha prima suspirou pesadamente e disse sem rodeios:
—Vlad morreu.
—Como assim?!—Disse quase gritando. —O Vlad, o imperador dos vampiros? Como ele morreu?
—Não se sabe, mas segundo Hiashi, ele logo será substituído.
—Por quem?—Perguntei e ela respondeu:
—Nenhum Hyuuga sabia da existência dela, mas Vlad será substituído por sua filha, uma tal de Sakura Haruno.

Sakura Haruno:
Olhei-me no espelho novamente, tinha que concordar com Tsunade, eu estou deslumbrante. Passei as mãos sobre meu vestido. Nunca usara uma vestimenta tão rica como aquela, digna de uma imperatriz... Suspirei e mais uma vez uma forte tristeza me abateu e minha visão ficou turva.
Neguei com a cabeça e falei olhando para meu reflexo:
—Sakura Haruno, como deixara seu pai descansar em paz chorando desse jeito. Agora é só você, você vai conseguir, papai vai te guiar...
De repente escutei algumas batidas na porta e eu disse:
—Pode entrar!
—Com licença. —Disse Naruto entrando em meu quarto. — Todos estão a sua espera Tsarissa*.
Confesso que foi estranho ver o Uzumaki usar aquelas roupas tão pomposas e cheias de babados que sei que ele odeia, mas mais bizarro ainda foi ele falar formalmente comigo, e me chamar de Tsarissa e não de “retardada imperial” ou de Saky.
—Por favor, pare com isso. —Supliquei e o loiro me fitou, confuso.
—Parar com o quê?—Questionou.
—Peço para que pare de me tratar assim, sei que vou me tornar a imperatriz e a Tsarissa desse povo imortal, mas vou continuar sendo a Saky. Todos estão me tratando diferente e peço que pelo menos você não mude comigo...
—Ah, desculpa. —Disse ele sorrindo de orelha a orelha. —Vim aqui avisar-lhe que a cerimônia de coroação já vai começar.
Suspirei e sorri para meu amigo que me estendeu o braço para que pudesse me acompanhar. Logo chegamos até a maior varando do palácio, onde mais de milhares de vampiros me olhavam com curiosidade, desconfiança, e indiferença. Soube que a alguns vampiros acham que não vou passar de uma adolescente manipulável que deixou o poder subir a cabeça, mas eu sei que eu vou ser mais que isso.
Um dos anciões colocou a coroa imperial sobre a minha cabeça e a faixa imperial em meu corpo. Fui até a beirada da varanda e falei:
—Sei que minha subida ao trono foi inesperada, até mesmo para mim. Mas prometo que serei como a espada que ataca e o escudo que protege esse povo e assim como meu falecido e querido pai, serei uma imperatriz de força e paciência e amarei o meu império até a minha morte.

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