2 anos depois


– Gabi, acorda, vamos perder a hora da escola.

– Não vou não Rafa, não to me sentindo muito bem, minha barriga dói...

– Como assim? Quer que eu chame a mamãe?

– Por favor...

Rafael sai do quarto e vai atrás de Alice, que estava tomando café da manhã com Daniel.

– Bom dia filho e sua irmã? – pergunta Alice.

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– Está deitada mãe, pediu pra chamar você. Ela não está legal.

– Como assim Rafael? – pergunta Daniel.

– Não sei pai, acho que está doente, está reclamando de dor.

– Vou ver o que ela tem. – diz Alice indo até o quarto dos filhos.

Ao entrar, Alice vê Gabriela sentada na cama, com o corpo curvado.

– Filha, está tudo bem? Seu irmão disse que você não está se sentindo bem. – diz Alice sentando ao lado da filha.

– É a minha barriga mãe. Ta doendo muito, mas muito mesmo.

– Comeu algo diferente ontem à noite?

– Não, comi o mesmo que vocês.

Alice fica um tempo pensativa, como se já tivesse passado pela mesma situação.

– Gabi, é a primeira vez que você sente isso?

– Não, estou assim a semana toda mãe, mas hoje está mais forte que nos outros dias.

– Já entendi...

– Como assim mãe?

– Acho que você vai virar mocinha... – diz Alice com um sorriso.

– Ah não mãe, sério? – diz Gabriela parecendo nervosa.

Enquanto Gabriela fala com a mãe, Daniel e Rafael param na porta do quarto.

– Está tudo bem por aqui? – pergunta Daniel preocupado – Quer ir ao médico filha?

– Não vai precisar amor, está tudo bem com a Gabi.

Rafael vai até a irmã e senta ao lado dela. Já Alice sai e vai para o lado de Daniel que a olha como que pedindo uma resposta mais concreta do que havia acontecido.

– Coisas de mulher. – diz Alice dando uma sutil piscadela, fazendo com que Daniel enfim entendesse o que aconteceu.

– Você vai pra escola então? Se for espero você. – pergunta Rafael a irmã.

A menina olha Alice.

– Se quiser ficar em casa hoje, tudo bem filha.

– Não mãe, quero ir pra escola.

– Tudo bem então.

Gabriela vai tomar um banho e se aprontar para sair com o irmão.

Antes de sair, Alice a chama e lhe entrega um absorvente.

– Quando chegar à escola eu vou ao banheiro e coloco mãe, se não vamos nos atrasar muito.

Ela e o irmão se despedem dos pais e vão embora. No meio do caminho, Rafael recebe uma mensagem de Miguel, perguntando o porque ele e Gabriela não estavam na escola ainda. Rafael responde, dizendo os motivos, mas sem entrar em detalhes.

– Ta mandando mensagem pra quem?

– Pro Miguel. Ele perguntou por que não estamos na escola ainda.

Enquanto fala com a irmã, Rafael vê que o amigo respondeu o torpedo. Ao ler dá uma risadinha.

– O que foi? – pergunta Gabriela sem entender.

– Ele ficou todo preocupado com você...

– Você não contou pra ele que eu...

– Claro que não! Ele pensou que você estava doente mesmo. Mas que ficou preocupado, isso ficou... – diz rindo e notando a irmã ficar corada.

– Pára Rafael, nada a ver...

– Gabi, você gosta do Miguel e ele gosta de você, só cego não vê isso.

– Acha mesmo que ele gosta de mim?

– Achar não, tenho certeza! Basta ver o jeito que ele te trata, que ele te olha, o jeito que fala com você. E você faz o mesmo com ele.

Gabriela fica sem jeito, mas sabe que o irmão dizia a verdade. Desde pequenos um sabia interpretar ao outro, mesmo que as pessoas em volta não conseguissem. Muitas vezes até mesmo seus pais não conseguiam.

– Você não falou pra ele que gosto dele né?

– Ahá, então finalmente está admitindo?

Gabriela fica ainda mais corada, fazendo seu irmão entender sua resposta.

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– Relaxa, não contei nada pra ele não. Até porque não sou eu que tenho que fazer isso né?

– Você quer dizer o que? Que eu tenho que dizer isso pra ele?

– É uma forma, se não ele nunca vai saber.

– E será que ele não sabe?

– Acho que não. Se eu soubesse que a menina que eu gosto também gosta de mim, eu falaria com ela, pelo menos saberia que não tomaria fora.

– Não entendi...

– Gabi, presta atenção. O Miguel tem medo de falar com você, porque tem medo de tomar um fora, além que tem toda essa coisa de sermos amigos e tal. Se você der uma brechinha pra ele, por menor que seja mostrar que também gosta dele mais do que amigo, acho que ele se toca e pede pra ficar com você.

– Ah Rafa, não sei... Tenho medo. E se ele não gostar de mim como você acha?

– Ele gosta, escuta o que seu irmão ta falando... Jamais o Miguel te daria um fora. Primeiro porque ele gosta de você sim e segundo porque se ele magoar você, quebro a cara dele.

Gabriela ri e o irmão a abraça pelos ombros.

– Conheço você. Tem mais alguma coisa aí, me conta.

– Como assim?

– Não se faz de desentendida Gabi. Você não tem medo de mostrar pro Miguel que gosta dele só por isso, tem algo mais. Me fala.

– Tenho vergonha Rafa.

– Gabi, sou seu irmão, pode confiar em mim. Prometo que não vou falar pra ninguém.

– Ta bom, mas se alguém souber, saberei que foi você que contou e nunca mais falo com você.

– Relaxa, pode confiar em mim, sabe disso.

– Ta bom. Então, eu gosto do Miguel, quero que ele também goste de mim e peça pra ficar comigo, mas tenho medo de uma coisa...

– Que coisa?

– Eu nunca fiquei com ninguém Rafa. Não sei beijar.

– Você ta com medo do Miguel por causa disso?

– Lógico!

– Não precisa Gabi. Ele ensina você.

– Mas e se ele não gostar? E se não falar comigo depois disso? Meu Deus, do que to falando? Nem sei se vou ficar com ele mesmo.

Rafael ri e dá um beijo no rosto da irmã.

– Boba.

– Besta.

Os dois dão risada e seguem o caminho para a escola, que agora já estava mais próximo.

Ao chegarem encontram Miguel os esperando encostado ao portão. Gabriela sente o coração disparar.

– Poxa, pensei que não iam chegar a tempo. Vamos logo que o portão já vai fechar. – diz Miguel ficando ao lado de Gabriela.

– Você está bem Gabi? O Rafa disse que você passou mal quando acordou...

– Estou bem, não foi nada de mais não, obrigada por se importar.

– Sempre. – diz dando um sorriso fazendo a amiga corar.

Os três correm para a sala de aula, pois o sinal já havia tocado. Com a pressa, Gabriela acabou esquecendo de fazer o que sua mãe disse, mas nem se dá conta, já que as dores em sua barriga haviam sumido.

Durante o intervalo, os três conversavam como sempre faziam. Gabriela tentou notar o comportamento de Miguel com ela, ter certeza que seu irmão tinha razão quando disse que ele também gostava dela, mas ela acabava ficando tímida e não conseguia.

– Tem jogo hoje né? – pergunta Miguel ao amigo.

– Tem, depois da aula. Já esqueceu?

– Não, é que hoje não vou ficar. Tenho umas coisas pra resolver.

– Que tipo de coisas? - pergunta Rafael lançando um olhar diferente para o amigo.

– Aquele lance que te falei lembra? – diz com um olhar igualmente sugestivo.

– Ah é verdade, tinha esquecido. Mas antes disso você pode levar a Gabi em casa pra mim? Vou ficar direto aqui.

– Levo sim. – diz olhando para a amiga e sorrindo.

Ela retribuiu o sorriso, mas em seguida seu rosto mudou de cor e seu semblante era assustado.

– Gabi, o que foi? – pergunta Miguel preocupado.

– Ai meu Deus. Não, agora não!

– O que foi Gabi, me fala! – insistia Miguel.

O sinal toca e aos poucos os alunos vão voltando para as salas de aula. Gabriela continua sentada e pálida.

– Rafa, vem aqui, rápido.

Rafael vai até a irmã e ela fala algo em seu ouvido.

– Putz Gabi, e agora?

– Não sei! – diz desesperada.

– Vocês podem me dizer o que está acontecendo? – pergunta Miguel nervoso.

Rafael olha a irmã que faz um sinal positivo com a cabeça. Rafael então fala discretamente para o amigo o que havia acontecido.

– Ah ta, entendi... – diz olhando para Gabriela que estava muito envergonhada.

– Como eu vou sair daqui Rafael? Como vou ficar até o fim da aula?

Antes que o irmão diga algo, Gabriela vê Miguel tirando seu blusão da escola e estender pra ela.

– Amarra na cintura.

– Não Miguel... Vou acabar... Sujando.

– Não esquenta com isso, vai, amarra.

Gabriela pega o blusão do amigo e amarra na cintura. Uma das inspetoras vai até eles os mandando para a sala de aula.

– Meu Deus, que vergonha. – dizia a menina extremamente sem graça.

– Não fica assim, podia ter acontecido com qualquer outra menina. – dizia Rafael consolando a irmã.

– Mas o meu caso é pior Rafa – dizia ela baixinho para o irmão – Tinha que ser agora, bem na frente do Miguel?

– Calma Gabi, agora já foi mesmo. E o Miguel entendeu, não vai tirar sarro de você.

Os três vão para a sala de aula e Gabriela exita em se sentar.

– Senta Gabi, daqui a pouco a professora chega. – diz Miguel.

– To com medo de sentar e sujar a sua blusa.

– Esquece a minha blusa, ta tudo bem. Senta aí.

Gabriela acaba fazendo o que o amigo pede, mas age como um robô, fazendo o possível para não se mexer. A professora demora a chegar e todos estranham afinal ela nunca se atrasava e muito menos faltava.

– Acho que a bruxa velha quebrou a vassoura vindo pra cá. – brinca Rafael.

– Tomara que sim, porque se ela faltou mesmo, as duas aulas eram dela, vamos ter aula vaga e eu posso ver o que consigo fazer aqui. – diz Gabriela tensa.

Poucos minutos depois, uma inspetora chega e diz que a professora estava doente e não poderia dar aula para eles aquele dia, para a alegria de Gabriela e dos demais.

Todos foram levados para o pátio.

– Vou até o banheiro, já volto. – diz Gabriela ao irmão, deixando o mesmo com Miguel.

Ao ver que a amiga já estava longe. Miguel puxa assunto com o amigo.

– E agora cara, o que eu faço?

– Faz o que você disse que ia fazer. Não mudou nada.

– Claro que mudou. Ela está nervosa, nem vai dar atenção pra mim.

– Vai sim, claro que vai.

– Como você pode ter tanta certeza?

– Vai por mim cara, vai na minha que você se dá bem. – diz Rafael dando um soco leve no ombro de Miguel.

Assim que vêem que Gabriela se aproximava, eles mudam de assunto.

– Pronto. Dei um jeito, graças a Deus deu tempo antes que as coisas ficassem piores. Ah Miguel, sua blusa não chegou a sujar, mas... Vou precisar ficar com ela mais um tempinho...

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– Tudo bem Gabi, pode ficar o tempo que precisar.

As horas passam, até que enfim chega à hora de irem embora.

– Você vai ficar mesmo? – pergunta Gabriela ao irmão.

– Vou, tenho treino de vôlei hoje. Mas o Miguel vai te levar em casa. Ele vai cuidar bem de você, não é Miguel...? – Diz Rafael olhando com fixação para o amigo.

– Nem precisa perguntar. – responde o mesmo, fazendo Gabriela ficar vermelha – vamos Gabi?

Gabriela se despede do irmão e sai com Miguel. Boa parte do caminho é silenciosa. Miguel se pegava algumas vezes olhando para Gabi, mas desviava o olhar quando percebia que ela também olhava pra ele.

Cansada daquele clima, a garota resolve quebrar o gelo entre eles.

– Você não ficou pro treino porque disse que tinha algo pra fazer né?

– Foi.

– Pelo jeito que você falou com o meu irmão, tem a ver com mulher né?

– Tem. – diz Miguel com um sorriso enquanto caminhava olhando o chão.

Gabriela sente um aperto no peito, acompanhado de um nó na garganta. Seu irmão havia se enganado. Miguel estava a fim de outra garota e agora ela já havia alimentado falsas esperanças, esperanças que ela teria que eliminar antes que a situação piorasse.

Eles chegam até a casa de Gabriela.

– Quer entrar um pouco?

– Entro sim.

Gabriela procura as chaves de casa em sua mochila, mas não as encontra.

– Droga, não acredito!

– O que foi?

– A chave ficou com o Rafael. E ele só vai voltar no fim da tarde pra casa.

– Quer que eu vá lá à escola buscar?

– Não Miguel, você tem compromissos já, não quero te atrapalhar mais.

– Você nunca me atrapalha, não sei de onde tirou isso.

– Atrapalho sim. Você tem uma menina pra ver e está aqui perdendo tempo comigo.

Miguel percebeu que Gabriela estava curiosa, jogando indiretas pra descobrir algo sobre a tal garota.

– Isso é ciúme? – pergunta ele.

– Ciúme? Não, nada a ver... – diz ela desconversando.

Miguel finge não se importar com o que ela diz, mas se sente orgulhoso.

– Bom, já que você não quer que eu vá à escola pegar a chave com o Rafa, vamos pra minha casa. Você toma um banho, almoça e coloca uma roupa da Amanda.

Gabriela pensa um pouco. Estava morrendo de fome e precisava muito de um banho. Sua mãe teve um compromisso no trabalho e por isso não almoçaria em casa aquele dia. Sendo assim ela acabou aceitando a proposta do amigo.

Ao chegarem à casa de Miguel, encontram Larissa e Amanda na sala.

– Oi tia Lari, oi Amanda. – diz Gabriela beijando-as.

– Oi lindinha. E o Rafa, não veio com vocês? – pergunta Larissa.

– Não, ele teve treino de vôlei e ficou.

– Você também não tinha treino filho? – pergunta Larissa a Miguel.

– Tinha mãe, mas tenho umas coisas pra resolver e acabei matando o treino hoje. Ah, fala com ela Gabi...

– Falar comigo? O que? – pergunta Larissa sem entender.

Miguel disfarça e sai da sala, para não deixar a amiga mais constrangida do que estava. Gabriela explica para a tia e para Amanda o que aconteceu.

– Já passei por isso também... Vai lá com ela mãe, pega uma roupa minha que sirva nela. – diz Amanda.

Larissa e Gabriela saem da sala e Amanda chama o irmão.

– O que é?

– Ta namorando a Gabi? – pergunta Amanda com um sorriso.

– O que? De onde tirou isso?

– Ta namorando sim... Que fofinho!

– Cala a boca Amanda, nada a ver!

– Nada a ver o caramba. Mas que tem coisa aí tem não tem? Qual é Miguel, fala aí...

– Não é da sua conta!

– Ta bom, não quer falar, tudo bem, mas eu poderia ajudar você...

– Me ajudar? – pergunta Miguel mostrando certo interesse pelas palavras da irmã.

– É. Porque presta atenção. Além de ser mulher, já tive a idade da Gabi, posso saber mais ou menos como ela pensa. Mas já que você não quer que eu me meta...

– Ta, ta bom. Eu gosto da Gabi sim... Mas não sei como falar isso pra ela. Tenho medo de estragar a amizade da gente.

– Não vai estragar e sabe por quê? Porque ela também gosta de você, dá pra ver isso nos olhinhos dela. Fora que você sabe bem que o pai e a mãe já passaram por isso e a amizade deles não acabou, pelo contrario, se amam até hoje.

– Mas é diferente...

– Irmãozinho lindo do meu coração, você tem que arriscar certas coisas na vida, se não nunca vai saber se dariam certo ou não. Confia em você.

– Acha que devo falar com ela então?

– Acho. Sinto que isso vai dar certo... Vai por mim. – diz Amanda dando uma piscadinha para o irmão – Agora vou terminar de almoçar, porque tenho que voltar pro trabalho, mas depois me conta como foi.

Miguel fica um pouco pensativo, saindo de seus devaneios apenas ao ouvir sua mãe o chamar para almoçar.

– Sabe o que é mãe, não to com muita fome não... Alias Gabi, preciso te levar pra casa.

– Como assim? Ela não estava sem a chave? – pergunta Larissa sem entender.

– Ela pensou que estava, mas o Rafa tinha deixado a chave comigo antes de irmos embora e esqueci de falar pra ela. Foi mal Gabi...

– Não, tudo bem. Então vamos.

Gabriela se despede da tia e de Amanda, que olha para Miguel sem que Gabriela perceba e deseja boa sorte.

No caminho pra casa de Gabriela, Miguel resolve fazer outro caminho, o que faz Gabriela estranhar.

– Não estamos indo pra minha casa? Porque vir por aqui?

– Tenho uma coisa pra resolver, lembra?

– Ah não Miguel, tudo tem limite! – diz Gabriela brava.

– Não entendi...

– Quer saber? Eu vou pra casa sozinha! – diz ela se virando e deixando Miguel para trás.

Ele aperta o passo e a segura pelo braço, a virando de frente pra ele, fazendo assim com que ela o olhe.

– Ficou louca Gabriela? O que deu em você?

– Eu não sou obrigada a ver você ficando com outra menina e ainda por cima ter que ficar esperando pra você me levar pra casa. Graças a Deus tenho duas pernas, posso ir pra casa sozinha!

Miguel não esperava um ataque de ciúmes vindo de Gabriela, mas gostou de ver aquela reação dela. Era a deixa que ele precisava.

– Certo, entendi. Ok, você quer saber quem é a menina que eu vou pedir pra ficar certo?

– Errado Miguel, não me interessa saber quem é ou quem deixa de ser.

– Ah não? Não me importa, porque vou falar mesmo assim – diz segurando Gabriela pelos dois braços encostando-a em um muro próximo, ficando de frente pra ela – Essa menina é você!

Gabriela arregala os olhos e encara Miguel sem dizer uma única palavra. Ele também não diz mais nada e eles ficam ali, um olhando para o outro sem saber o que fazer. Miguel solta os braços de Gabriela, que permanece do mesmo jeito.

– Pronto, falei. – diz Miguel parecendo aliviado.

– É sério Miguel? Você quer ficar comigo?

– É sério, muito sério.

– Mas por quê? Porque entre tantas na escola você quer ficar logo comigo?

– Porque entre tantas na escola, é de você que eu gosto, sempre gostei. Desde pequeno.

Gabriela fica corada e abaixa a cabeça. Miguel se aproxima mais dela e coloca as mãos em sua cintura.

– Não acho legal quando se fica com alguém sem sentir nada pela pessoa. Acho que as duas partes têm que se gostar. Você concorda comigo? – pergunta ele.

– Sim.

– Então vou te fazer uma pergunta e quero que você seja sincera. É uma única pergunta, mas a resposta serve pra outras também. Nossa, me enrolei todo. – diz sorrindo.

– Eu entendi o que você quis dizer – responde ela sorrindo também – Pode fazer a pergunta.

– Quer ficar comigo do mesmo jeito que eu quero ficar com você?

Gabriela olha nos olhos de Miguel, mas não consegue dizer nada, apenas acena positivamente com a cabeça.

O garoto sorri e aproxima os lábios do rosto de Gabriela, guiando-os em seguida até o seu pescoço.

Gabriela abraça a cintura de Miguel, fazendo com que ficassem ainda mais próximos. Ele então suavemente une seus lábios com os dela.

Respiração descompassada, frio na barriga, mãos frias. Gabriela sentia isso tudo e mais um pouco naquele momento, mas ainda assim estava sendo maravilhoso. Essas sensações aumentaram ainda mais ao sentir a língua de Miguel acariciando a sua. Era algo diferente, algo que mesmo que quisesse ela não conseguiria descrever, mas era a melhor sensação que havia sentido em toda sua vida.

Pouco a pouco eles se afastam, precisavam de ar. Gabriela não conseguiu olhar para Miguel ao fim do beijo e escondeu o rosto na curva do pescoço do garoto que a abraça. Eles não dizem nada, mas os dois tinham sorrisos de felicidade em seus rostos.

Ainda abraçados e sem verem um ao rosto do outro começam a conversar.

– Lembra que uma vez estávamos na sua casa vendo fotos e sua mãe pegou uma foto sua e minha quando éramos bêbês, uma em que parecia que você estava me beijando? – pergunta Gabriela.

– Lembro sim, essa foto é uma das que ela mais gosta.

– Lembra também que a minha mãe falou que o meu primeiro beijo tinha sido com você?

– Lembro.

– Sem perceber ela acabou prevendo o futuro... Porque acabou que foi com você mesmo... – diz Gabriela vermelha, ainda com o rosto escondido no pescoço de Miguel.

– Sempre soube que a Amanda era a meio vidente, mas a tia Alice também hein... – diz rindo e afrouxando um pouco o abraço, fazendo com que finalmente Gabriela olhasse para ele.

Ela tinha um sorriso tímido que a deixava ainda mais linda para Miguel.

– Aquela foto sempre mostrou o nosso futuro. Sempre foi predestinado que seu primeiro beijo seria comigo e o meu com você.

Gabriela olha Miguel confusa.

– O que foi?

– Acho que não entendi direito...

– Entendeu sim. Você não era a única BV aqui.

– Que lindo!- diz Gabriela com um sorriso e o rosto vermelho.

– Sabia que quando você fica com vergonha fica vermelha igual a tia Alice?

– Meu pai sempre diz isso... – responde rindo.

– Fica parecendo uma cereja... Minha cerejinha.

Os dois trocam sorrisos e se beijam novamente, aproveitando cada instante de um novo amor que acabara de nascer.



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