No dia seguinte nada de diferente, os amigos seguem a mesma rotina: aula, intervalo, aula, hora de ir embora. À tarde Alice estuda em seu quarto ansiosa para que venha logo o dia seguinte. Não apenas porque sua sala será dispensada para ver o jogo, mas porque ela verá Daniel novamente. Ele com certeza nem vai se lembrar dela, mas ela não consegue tirar ele da cabeça. E aquela dúvida ainda pairava em sua mente: onde foi que ela o havia visto antes?

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Enfim chega o dia do jogo. Assim que termina o intervalo a sala de Alice e Larissa se dirige a quadra para ver mais um jogo do time da escola. Elas torcem pela escola e pelo amigo e mais uma vez Alice fica meio que abobalhada cada vez que Daniel vai sacar. A reação dela era perfeitamente compreensível. Ele era mais alto que Bernardo, tinha os cabelos num tom de castanho escuro quase preto, os olhos eram de um tom amendoado e seu físico era praticamente perfeito, com cada músculo no devido lugar.

O jogo foi tranqüilo, o time da escola vence por 3 sets a 0, mas já estava classificado como Bernardo havia dito.

– O time daqui é muito bom, ainda mais com o Bernardo. Viu como ele fica concentrado quando está jogando?

– Vi Larissa, você falou do Bernardo o jogo todo! Você devia era falar isso tudo pra ele.

– Alice, eu até falaria, mas olha com quem ele ta falando! – diz com ar de surpresa.

Ao olhar, Alice vê Bernardo conversando com Daniel.

– E eles estão olhando pra cá! Alice, eles devem estar falando da gente, ou melhor, de você!

– Ai, nada a ver, a quadra está cheia, podem estar olhando pra um lugar qualquer e nem devem estar falando da gente, eles jogam no mesmo time, o assunto pode ser do jogo mesmo. Preciso ir ao banheiro, vamos comigo?

As amigas vão ao banheiro. Escutam Bernardo as chamarem do lado de fora.

– Alice e Larissa, vocês estão aí? Vão demorar muito? Já to indo embora.

– Já estamos saindo espera aí. Anda logo Alice! – apressa Larissa.

– Pronto! Não se pode nem fazer xixi em paz! Tenho que fazer malabarismo pra usar esse banheiro, não queria que eu sentasse naquele vaso né? – diz Alice enquanto lava as mãos.

Elas saem do banheiro e os três vão embora. No meio do caminho Bernardo olha sorridente pra Alice.

– Tenho boas notícias pra você, bom pelo menos acho que você vai gostar.

– Pra mim? O que é?

– O Daniel me perguntou seu nome, disse que no outro jogo nem teve tempo de perguntar por que você praticamente saiu correndo.

– Ta vendo amiga! Eu disse que eles estavam conversando e olhando pra onde a gente tava, eu disse! – diz Larissa animada.

– Mas como você sabe que era eu? Ele podia querer saber o nome da Larissa.

– Não era a Larissa, era você. – diz seco – Primeiro porque não foi a Larissa que foi comprar água na cantina e porque a Larissa não é a minha amiga baixinha de cabelo preto.

– Meu cabelo não é preto, é castanho escuro.

– Alice, para vai! Ele queria saber seu nome e pronto, até parece que você não gostou! – diz Larissa.

– Ele também pediu seu telefone. – diz Bernardo sorrindo.

– Você ta brincando! Amiga, você ta feita! Mas você deu o telefone dela? – pergunta Larissa .

– Não, disse que ia perguntar pra ela primeiro se podia, não vou sair dando o telefone de vocês sem permissão né. E aí Alice, posso passar seu telefone pra ele?

– Ai gente, eu não sei...

– Como não sabe Alice? Alô! Demorou você ta esperando o que? – diz Larissa estalando os dedos na frente do rosto da amiga.

– É, concordo com a Larissa, que mal tem passar o telefone? Você não tem nada a perder, ele quer te conhecer melhor, qual o problema nisso?

– Vocês sabem qual é o problema.

– Não vai me dizer que você ainda ta na do Guilherme? Pelo amor de Deus Li! – diz Larissa decepcionada.

– Não tem nada a ver com o Guilherme, é comigo mesma. Não consigo acreditar que alguém pode querer alguma coisa comigo. Sou tão sem graça. Vocês viram, só fiquei com alguém porque fui apostada e se fui apostada não foi porque sou interessante, pelo contrário.

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– Nada a ver, você é maravilhosa, mas não consegue ver isso. Amiga, você tem que se dar uma chance de conhecer alguém que realmente valha a pena e essa chance pode ser agora. Não custa tentar. – encoraja Larissa.

– Também acho Alice. O Guilherme é uma besta que não soube valorizar a garota que você é. Como você vai superar o que aconteceu se não se der uma oportunidade? – questiona Bernardo.

– É vocês tem razão. – diz pensativa

– E então? Posso dar seu telefone pra ele?

Alice olha os amigos que estão sorrindo e esperando uma resposta positiva da parte dela.

– Pode vai. – diz com um sorriso tímido.

– Essa é minha garota! – diz Larissa abraçando a amiga.

– Beleza, amanhã no treino passo seu telefone pra ele.

No dia seguinte tudo correu normal e sem nada de novo. Aula, intervalo, aula, hora de ir embora. Alice chega em casa, almoça, faz suas tarefas da casa e vai para o quarto ficar um pouco na internet. Algum tempo depois o telefone toca.

– Alô? – diz ao atender o telefone, ainda com os olhos fixos na tela do computador.

– Boa tarde, por favor, posso falar com a Alice?

Alice não conhecia aquela voz e era uma voz muito bonita pra se ouvir uma vez e esquecer.

– É ela, quem gostaria?

– Oi Alice, tudo bem?

– Tudo bem, quem é? – pergunta ainda sem conhecer a voz.

– É o Daniel, lembra de mim? Do time de vôlei da escola, colega do Bernardo.

Claro que ela lembrava, não tinha como não lembrar e pelo visto Bernardo passou o telefone dela, mas esqueceu de avisar. E ele ligou mesmo.

– Lembro sim, tudo bem?

Sua voz estava meio nervosa, mas ela não queria mostrar isso, seria um mico enorme.

– Pedi seu telefone pro Bernardo, espero que não tenha tido nenhum problema.

– Problema nenhum. Eu disse que podia passar. Ele disse que você perguntou meu nome pra ele.

– Foi isso mesmo, aquele dia do jogo nem tive tempo de perguntar, você saiu tão rápido, nem comprou nada pra beber como disse que ia fazer.

– Verdade, mas estava ficando tarde e tínhamos que ir pra casa logo.

Eles conversaram por mais ou menos uma meia hora, até que Daniel disse que teria que desligar.

– Tenho que desligar agora, minha mãe está esperando uma ligação de longe.

– Tudo bem, sem problema.

– Eu... Posso te ligar amanhã? – pergunta ele.

Alice não acreditava ligar pra ela amanhã? Claro que podia, devia!

– Pode sim, que horas mais ou menos?

– Por volta desse mesmo horário pode ser?

– Pode sim.

– Ta bom, te ligo amanhã então. Beijo.

– Outro tchau. – diz desligando o telefone em seguida.

Alice não conseguia acreditar, acabou de falar com o cara mais gato que já tinha conhecido e ainda ele perguntou se podia ligar pra ela de novo. Estava tudo muito bom pra ser verdade, bom demais. Ela tinha que dividir aquilo com alguém se não ia explodir. Mandou uma mensagem de texto para Larissa e Bernardo pedindo pra que fossem na casa dela. Pouco mais de meia hora os dois já estavam lá.

– O que é tão urgente que não podia esperar até amanhã na escola? Nem consegui salvar o jogo no PC. – diz Bernardo.

– Adivinhem quem me ligou?

– O Daniel?! – diz Larissa

– Ele mesmo!

– Isso era de se esperar né, se ele me pediu seu telefone era porque ia te ligar! – diz Bernardo irônico.

– Sim, mas não imaginei que fosse tão rápido.

– Vai, começa a contar, o que vocês conversaram? – pergunta Larissa curiosa.

– Um monte de coisa, ficamos mais de meia hora ao telefone.

– Você me fez largar meu jogo na metade, então fala de uma vez o que vocês conversaram. Que foi um monte de coisa a gente imagina, mas queremos saber o que foi.

– Então, ele tem 17 anos, estudava à tarde, mas passou para a manhã tem uns dois meses porque os professores eram muito fracos.

– Dois meses na manhã? E como a gente só viu ele nos jogos de vôlei e nunca na escola? – pergunta Larissa.

– Ele estava de mudança. Os pais se separaram tem pouco tempo e ele se mudou com a mãe pra mais perto da escola, com a bagunça ele chegava atrasado quase sempre e na saída ia embora logo pra ajudar a mãe.

– É verdade, uma vez ele comentou num treino que ainda estava se adaptando com a casa nova. E ele não falou onde é a casa dele? – pergunta Bernardo.

– Não, só disse que era perto da escola.

– Então não deve ser muito longe daqui. Mas continua, o que mais conversaram? – insistia Larissa curiosa.

– Várias coisas, tipo o que a gente gostava de fazer, que tipo de música a gente ouvia, essas coisas. Ah, tem a melhor parte: Ele perguntou se pode me ligar amanhã.

– Você disse que sim, espero?! – diz Larissa levantando uma sobrancelha.

– Claro, ele disse que vai me ligar o mesmo horário.

– Muito bem, ao menos uma de vocês já parece estar bem encaminhada. – diz Bernardo.

– O que você quer dizer com isso? Que eu não estou? – pergunta Larissa.

– É o que parece... – diz desviando o olhar dela.

– Você sabe da minha vida por acaso, sabe se estou ficando com alguém?

– Não está, sei que não.

– Você é meu pai por acaso pra ficar cuidando da minha vida Bernardo? – responde nervosa.

– Hei, hei,hei vocês dois, vamos parar ok? O que está acontecendo com vocês afinal? Por qualquer coisinha já estão brigando, nunca fizeram isso.

– Eu não to brigando com ninguém, foi ela que se exaltou por nada.

– Por nada? Você se mete na minha vida como se ela tivesse algum interesse pra você e eu me exalto por nada?

– Chega gente, acabou aqui ok? Poxa, finalmente to contando algo bom que acontece comigo e vocês resolvem brigar? Qual é?

– Desculpa Li, não vai mais acontecer, palavra de escoteiro. – diz Bernardo.

– Desculpa amiga, explodi sem querer, desculpa. – diz Larissa de cabeça baixa.

– Ok, bem melhor assim. Já que estão aqui, o que querem fazer? Que tal ver um filme?

– Por mim tudo bem. – concorda Larissa parecendo mais calma.

– Eu tenho que ir, deixei meu PC ligado no meio do jogo, fica pra próxima. Até segunda-feira na escola. Abre lá pra mim Alice, por favor. – diz Bernardo indo em direção a porta.

Ela vai abrir o portão para o amigo e volta para o quarto, onde encontra Larissa mexendo os pés com impaciência.

– E aí, que filme vamos ver? – pergunta Alice.

– Não quero ver filme nenhum Li, perdi a vontade.

– Me deixa adivinhar, por causa do Bernardo certo?

– Acertou. Viu como ele falou? Parece que acha que eu não sou capaz de ficar com ninguém, palhaço!

– Lari, não fica assim, foi só uma brincadeira dele.

– É, mas mesmo assim. Não agüento mais Alice, a cada dia que passa ta mais difícil. Não sei o que dá em mim, não brigo com ele por querer, é estranho.

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– Porque você não fala de uma vez que gosta dele e acaba com isso? Ele também deve gostar de você pelo jeito que está agindo.

– Você acha?

– Claro, por que ele teria ciúme de você e de mim não se também somos amigos? Simples, porque ele ta gostando de você mais do que se gosta de uma amiga.

– Será?

– É o que eu acho. Fala com ele Lari, o que custa?

– Vou pensar nesse fim de semana. Seja o que Deus quiser.

– E aí, vamos ver um filme pra relaxar a mente?

– Vamos vai, melhor.