– Sobre o quê, meu amor? – Perguntei, aflito com o olhar triste de minha loira. Logo relembrei que minutos atrás, Zac estava poluindo o ar de seu quarto – O Zac fez alguma coisa pra você? – Ela assentiu de cabeça baixa. Uma mancha em sua roupa me chamou a atenção. Aquilo era sangue? – Sam, ele te machucou? Por que se ele tiver encostado em um fio de cabelo seu, eu juro que...

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– Que você o ataca com uma arminha de laser azul? Zac nunca, nunca, levantou a mão pra mim. – Achei, no princípio, que ela tentava ser engraçada. Mas sua expressão não havia mudado.

– Então o que aconteceu? Por que está suja de sangue? – E então ela começou a chorar. Meu desespero crescia mais e mais. Sem saber a razão, apenas abracei-a, no intuito de livrá-la da dor.

– Freddie, esquece esse sangue. O Zac disse que sei lá, eu tenho traumatismo craniano ou algo assim, mas...

– Ou algo assim?! Sam, isso é muito sério! Tenho que chamar alguém pra cuidar de você! – Ela segurou forte em minha camisa.

– Não. Só fica aqui. Por favor, Freddie. Fique. – Não tinha mais forças para recusar qualquer pedido que ela me fizesse. A fraqueza dela era minha fraqueza. Alguns minutos se passaram. As lágrimas de Sam pareciam intermináveis.

– Sam... Não quer me falar por que está chorando? Estava tudo tão bem! – Tentei iniciar um diálogo, a fim de saber se Carly não havia colocado coisas em sua cabeça também.

– É, Freddie, estava tudo bem – Ela soluçou – Até... Até o Zac me mostrar a verdade!

Flashback Off

– Vovô! O senhor vai parar na melhor parte?! – Annie, a mais velha, gritou.

– Ei! A Liz dormiu. – Apontei para a loirinha que babava em meu ombro. Annie riu baixo.

– Eu a levo pro quarto. Mas vê se o senhor não dorme também! A história está emocionante! – Dessa vez eu ri. Ela pegou Elizabeth nos braços e entrou na casa, silenciosamente. Fechei meus olhos por um instante e senti a brisa abraçar meu rosto. Relembrar momentos ruins não me fazia nem um pouco bem. Ainda me doía saber que eu tinha, todos os dias, a possibilidade de perder Sam.

– Vô? – Annie me chamou – Eu disse pro senhor não dormir! Além do mais eu não tenho forças pra te carregar...

Sorri para ela e deixei uma lágrima escapar. Senti que ela se sentou ao meu lado e abraçou meu pescoço, enterrando a cabeça em meu ombro.

– Quer parar por aqui? Seu objetivo inicial era fazer a Liz dormir, não era? Eu sei que o passado é meio cruel, vovô. Ainda mais pro senhor.

– Achei que estivesse animada pra saber o resto.

– E estou. Mas o senhor não parece bem.

– Querida, acredite, eu não me arrependo de nada. Vamos continuar a história e... – Um grito agudo me interrompeu e passos fortes se aproximaram da varanda.

– Quem me levou pra lá?! Quem?! – Liz cruzou os braços e fez biquinho, batendo o pé.

– Ahn... Você dormiu. – Annie lhe disse.

– E isso quer dizer que eu não estava ouvindo a história? Sua chata, você quer o vovô só pra você! – Ela deu língua a irmã e sentou ao meu lado, ainda de braços cruzados – Pode continuar vô e sai pra lá, sua Annidiota!

Annie revirou os olhos e sentou-se a minha frente como antes e Liz tratou de pular em meu colo.

– Você é muito irritante, Liz... Chata. Tava tudo bem até você chegar! – Ela não tinha os mesmos talentos da irmã em inventar apelidos.

– Chega de briga, garotas. Querem ouvir a história ou não?

– Se a bobAnnie aí deixar!

– Liz! – A repreendi.

– Tudo bem, tudo bem... Continue vovô!

– Obrigado. Continuando...