Os Cinco Marotos

Capítulo 9 - O que Restou


_ Desculpe-me.

_ Eu não quero saber.

_ Desculpe-me!

_ Poupe seu fôlego.

Era noite. Lily, que vestia um roupão, estava parada com os braços cruzados na frente do retrato da Mulher Gorda, na entrada da Torre da Grifinória. Ela encarava Severus, que tentava a todo custo fazer as pazes com a amiga.

_ Eu só vim porque Mary me disse que você estava ameaçando dormir aqui.

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_ Eu disse. Eu teria dormido. Eu nunca quis te chamar de Sangue-ruim, foi só que...

_ Escapou? - Não havia piedade na voz dela. - Tarde demais. Eu escuto desculpas suas por anos. Nenhum de meus amigos entende porque eu ainda converso com você. Você e seus preciosos amiguinhos Comensais da Morte… Veja bem, e você nem se importa em negar! Você nem se importa com o que vocês estão se tornando! Você mal pode esperar para se juntar a Você-Sabe-Quem, não é?

Ele abriu a boca, mas fechou sem falar nada.

_ Não posso fingir mais. Você escolheu seu lado, e eu escolhi o meu.

_ Não. Ouça, eu não tive a intenção...

_ …de me chamar de Sangue-ruim? Mas você chama todos com o mesmo nascimento que o meu de Sangue-ruim, Severo. Por que seria diferente comigo?

Ele esforçou-se para voltar a discursar, mas com um olhar desdenhoso ela virou-se e entrou pelo buraco do retrato.

_Acho melhor você ir embora. – Disse a Mulher Gorda. – Já está tarde. E não quer ter problemas, quer?

Severus suspirou. Não acreditava que tinha brigado com Lily e desta vez parecia que não havia mais volta. Ela não iria o perdoar. Ele tinha dito a palavra proibida e agora tinha a perdido.

Não tinha mais Lily então não tinha mais nada a perder.

Ele começou a descer as escadas, indo para o seu próprio dormitório nas masmorras. Severus enfiou a mão na mochila e de lá pegou o papel que tinha estado a ler antes, logo depois de a prova acabar. Sabia que algumas pessoas achavam que era a prova de Defesa Contra as Artes das Trevas, mas não era. Era um papel o convocando para se tornar um Comensal da Morte. A idade mínima para se tornar um era com dezesseis anos e agora ele já tinha dezesseis. Vários dos seus colegas da Sonserina estavam se tornando Comensais. E Severus agora não tinha nada a perder e tudo a ganhar.

No dia seguinte diria que tinha aceitado a proposta.

~~*~~*~~*~~

Agora eles andavam pelos corredores, indo para a Sala Comunal da Grifinória. Tinha acabado de fazer o último exame, uma prova prática de poções. Pam achava que tinha ido bem, mas quando começou a falar sobre as poções que eles tiveram que preparar, percebeu que apenas ela e Remus conseguiriam tirar N.O.M.s em Poções.

_Era uma Poção Sonífera? Eu fiz um Gole da Paz! – Exclamou Peter.

Todos riram.

_E eu que consegui explodir tudo em apenas de nove minutos? – Riu James.

_Eu acho que misturei Bexiga com Oode. A poção era para ficar líquida e ficou dura igual uma pedra.

Todos riam enquanto continuavam andando. Na final, pouco importava para eles três. Já tinham anunciado que não tentariam as N.I.E.M.s em Poções. A matéria era simplesmente complicada demais, inútil demais e chata demais. Por que continuar então?

_Quem vocês acham que vai estar em Poções ano que vem? – Perguntou Pam.

_Lily e Ranhoso com certeza. – Disse James. – Vocês já viram como o Ranhoso fica em cima do caldeirão? Parece que está apaixonado pela poção. Aposto que é por ficar em cima do caldeirão que ele fica com os cabelos tão ensebados.

Pam sorriu.

_ Com certeza.

Nesse momento uma garota morena passou do lado deles e Sirius a olhou com cobiça, antes de gritar:

_Ei, gata! Isso, você mesma. Sabia que garotas virgens são maiores alvos de feitiços envolvendo artes das trevas? Vai mesmo querer correr esse risco? – Ele perguntou.

As pessoas que estavam em volta riam a garota simplesmente disse:

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_Estarei segura durante essas férias. Quem sabe ano que vem, Six.

_Como você quiser, belezinha.

E eles continuaram seu caminho em direção a Sala Comunal da Grifinória.

Pam entristeceu ao ouvir isso. Tinha que fazer alguma coisa. Não podia simplesmente deixar Sirius continuar com todas essas garotas. Queria ele para si. Agora era tarde demais para fazer qualquer coisa, mas iria trabalhar isso durante o verão, para conquistá-lo definitivamente no ano seguinte.

Era uma promessa.

~~*~~*~~*~~*~~

Era a última noite deles em Hogwarts. No dia seguinte partiriam de volta para Londres. Agora estavam no meio da Floresta Negra. Tinha feito uma fogueira com os livros daquele ano, que não precisariam ser mais usados, apesar dos protestos de Remus. Sirius ainda não tinha aparecido, mas James, Peter, Pam e Remus estavam lá e aparentemente não estavam com nenhum pouco de vontade de conversar.

_O que vocês pretendem fazer durante o verão? – Perguntou Peter, em uma tentativa corajosa de começar uma conversa.

_Não sei, Rabicho. – James disse, em tom de quem encerra um assunto.

No dia seguinte estaria indo embora e só voltariam dali dois meses para Hogwarts. E sabiam que as possibilidades de irem um para a casa do outro eram quase nulas. Já que com Voldemort e seus seguidores por aí, os pais não deixariam seus filhos saírem para se encontrarem, por causa do possível perigo.

Pam queria poder arranjar uma desculpa para levar os amigos para a casa dela, mas não sabia como. A verdade era que também estava assustada com Voldemort, mais do que os outros Marotos, mas não gostava de admitir. Afinal, os outros estavam consideravelmente seguros. James e Sirius eram puro-sangues e Remus e Peter eram mestiços. E ela? O que era? Apenas uma traidora do próprio sangue.

Todos estavam em silêncio. O único barulho que podia ser ouvido era o crepitar da fogueira e os animais na floresta.

Nesse momento eles ouviram os passos de alguém andando até eles. Virando-se para ver quem era, perceberam que era Sirius. Mas ele andava em passos duros, parecia zangado e pronto para socar alguém.

_Ei, Almofadinhas – Gritou James - Qual o problema?

Mas, Sirius não disse nada. Ele continuou andando e quando estava perto o bastante pulou em cima de Remus, distribuindo quantos socos conseguiu dar.

Todos de imediato se assustaram. O que Sirius pensava que estava fazendo? Teria enlouquecido de vez? James, Pam e Peter corram tentar separar a briga.

_Eu… Vou… Te… Matar! Você… Beijou… A… Pam! – Disse Sirius, dando um soco a cada palavra que dizia.

_Sirius! Sirius! O que você está fazendo? O que aconteceu? Saí daí! Sai de cima do Lupin! Levanta! – Gritou James em pânico.

Com certo esforço, Pam, James e Peter conseguiram tirar Sirius de cima de Remus, que se sentou, confuso e dolorido.

_Ele beijou a Pam! Eu sou matar ele! Me solta, James! Eu vou matar ele!

_Quê? Como assim? Ele nunca me beijou! – Foi a vez de Pam gritar.

_Não? – Sirius parou de se debater, olhando confuso para a amiga, que negou.

_Quem te disse isso? – Perguntou James

_O Ranho… - Sirius riu da própria idiotice. - Vocês têm razão, que bobagem a minha. Desculpe-me, Aluado.

Remus ainda estava no chão. A boca sangrava e um dos olhos estava inchado, mas fora isso parecia bem, só um pouco confuso. Sirius estendeu a mão para o amigo e ajudou a se levantar.

_Ai!- O lobisomem exclamou. – Acho que você quebrou meu nariz.

Sirius riu.

_Me desculpe. Deixa-me concertar. – E ele pegou a varinha, mas Pam o afastou, sabia que ele não era nada bom com esse tipo de feitiço.

_Melhor não. Deixa isso comigo.

Ela própria sacou a varinha, a apontou para o rosto de Remus e disse:

_Episkey.

De imediato o nariz de Remus ficou quente e logo depois muito frio. Ele o tateou rapidamente e percebeu que estava tudo em ordem.

_O olho também. – Disse Pam, sorrindo.

Ele verificou que era verdade, estava inteiro. Pam era realmente boa com isso.

_Obrigado.

Depois de mais calmos, os cinco voltaram a sentar em volta da fogueira.

_O Ranhoso te disse que o Aluado tinha beijado a Felina? – Perguntou James.

Sirius assentiu.

_Por que ele faria isso?

_Eu não faço ideia. – Sirius disse. – Eu achei estranho. Quero dizer, a Felina nunca beijou ninguém e então de repente vai e beija o Aluado… Mas, eu não podia permitir isso.

_E por que não? – Perguntou Pam, de repente. – Você beija quem você quiser e eu quem eu quiser ok?

_É diferente, Pam, eu…

_Não é não. Se você pode, por que eu não?

Pam, apesar de brava por fora, estava satisfeita por dentro. Tinha descoberto um modo de afetar Sirius. Se ela beijasse mil garotos, como ele… Então Sirius ficaria furioso e perceberia que ela existia. Era perfeito.

_Porque… Porque você é como uma irmã mais nova para mim, Felina. É minha melhor amiga.

_Eu beijo quem eu quiser ok?

_Não quem você quiser… - Murmurou Sirius, mas Pam se fez de surda. – Não beija sonserinos. – Disse ele, um pouco mais alto.

Logo todos estavam rindo.

_Mas, mudando de assunta rapidinho… - Sirius continuou. – Vocês não vão acreditar no que o Regulus acabou de dizer.

Todos olhavam atentamente para ele. Esperando que falasse.

_Eu encontrei ele junto com o Ranhoso e ele me disse que tinha recebido uma carta da minha mãe e que ela falava de mim. Não achei estranho, ela não perderia a oportunidade de nos comparar. Dizer o quanto ele é perfeito comparado com o irmão mais velho e bla bla bla. Mas não era isso. Na carta, ela dizia que tinha entrado em um acordo com os McKinnon. Segundo ela, eu e a McLanche vamos nos casar!

_O quê?

Todos estavam antônimos. Sirius não podia se casar com Marlene. Não podia.

Pam era, visivelmente, a mais preocupada com isso. Como assim? Se isso fosse verdade, suas chances de ficar com Sirius eram nulas. Não podia ficar com um garoto comprometido.

De repente a expressão séria de Sirius se desfez em um riso debochado.

_Vocês não acreditaram de verdade, acreditaram?

_Você e a Marlene não vão se casar? – Perguntou James, confuso.

_Bom, não. Minha mãe quer que sim, mas eu não vou me casar com alguém só porque meus pais e os dela acham melhor. Eu nem sei se vou me casar! Quanto mais com alguém que não amo. Isso é um absurdo! Eles não podem me dizer o que fazer. Eu tenho uma vida toda pela frente, mil garotas para beijar, não vou ficar amarrado a uma só por muito tempo. Vê o que aconteceu com a Hestia!

Pam suspirou aliviada. Tudo estava bem. Sirius e Marlene não iam se casar. E, apesar de Sirius dizer que não queria se casar, Pam não ligava. Eram jovens para pensar em casamento. Pessoas mudam com o tempo.

E então eles continuaram a conversar, jogando conversa fora, um pouco mais animados agora.

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Tinha chegado á manhã em que eles iriam embora e depois de correrem como loucos para arrumar as coisas rápido, já que com a festa de encerramento e a fogueira na Floresta Negra na noite anterior, eles não tiveram tempo de fazê-lo. Então os cinco foram tomar café da manhã. Conversaram e fingiram que não iriam ficar sem se ver por um bom tempo, sendo provavelmente o grupo mais animado do salão.

Logo depois eles já foram para o trem, conseguindo uma cabine só para os cinco. Eles pegaram o Mapa do Maroto e constataram que mesmo fora de Hogwarts o mapa continuaria funcionando e observaram enquanto os professores ainda terminavam de fazer suas coisas antes de irem embora. Achavam que os professores iriam fazer alguma coisa interessante, mas aparentemente uma vez professor sempre professor e eles não fizeram nada de interessante que não terminar de arrumar suas coisas e guardar os materiais.

Nesse tempo, o trem ainda não tinha partido. Estava apenas se preparando para sair, sem andar ainda, esperando todos os alunos se acomodarem em seus vagões e guardarem seus malões e outros pertences.

E, quando ele finalmente começou a andar, Pam olhou para trás, vendo o castelo pela última vez. Se despedindo silenciosamente de Hogwarts, sem saber que se despedia também de uma fase de sua vida. Pois no ano seguinte, nada mais seria igual. E nem nunca voltaria a ser.