Os Cinco Marotos

Dezesseis Anos Depois- Capítulo 1 - Volte para Mim


Era um final de tarde comum em Hogwarts em 1976, e o sol se punha refletido no Lago Negro, como faria todo o dia. Pam e Sirius estavam sentado as suas margem, ao lado dela uma pilha de livros que momentos antes ela devorara, preocupada com as N.O.M.s, mas agora os dois estavam conversando calmamente, ele contando sobre o termino do namoro com Hestia, e ela perguntando o que Sirius faria se ela morresse graças a Você-Sabe-Quem.

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Sirius passou um braço sobre os ombros de Pam para acalmá-la.

– Ele não pode te machucar. Eu sempre vou estar aqui para te proteger, não se preocupe.

– É uma promessa?

– É uma promessa.

E os dois ficaram em silêncio o resto do tempo, observando o sol que terminava de se esconder no horizonte.

Pam acordou de repente com o choro irritante de Kath (e ela tinha certeza). Por um momento permaneceu parada, alarmada e assustada, mas então relaxou, enfiando a cabeça no travesseiro com força e tentando cobrir os ouvidos.

Não queria levantar. Não queria cuidar da filha. Queria apenas voltar para seus sonhos e para o passado, voltar para Hogwarts, onde fora verdadeiramente feliz. Voltar para o tempo em que os Marotos ainda não tinha se desfeito, em que todos ainda estavam vivos e ninguém sequer imaginava trair qualquer deles…

Algumas vezes simplesmente tinha a sensação de vivia a vida de outra pessoa. Afinal, sentia-se como se já estivesse morta por dentro, e a vida é apenas uma obrigação para quem já morreu.

E Sirius prometera que a protegeria para sempre. Prometera. Mas ele não estava ali quando ela mais precisava dele. É, infelizmente Pam sempre soubera disso. Sirius era péssimo em cumprir promessas.

A mulher finalmente se levantou e forçou as pernas pelo corredor da casa, apoiando-se nas paredes para não cair, ela continuou até o quarto dos bebês, onde a luz estava acessa e o choro de Kath não mais ouvido.

– Papai? – disse, assim que viu as costas do homem perto do berço.

Martin virou-se no momento em que a viu. Tinha a pequena Kathleen no colo, ninando-a com todo o cuidado e jeito do mundo. Ele sorriu ao ver a filha.

– Você sabia que quando era um bebê eu cuidava de você? – ele disse simplesmente. – Sua mãe não tinha jeito nenhum com bebês, acho que puxou isso dela.

Pam forçou um sorriu, sem querer contar ao pai que um dia fora muito boa com crianças, antes daqueles doze anos…

– O que eu faria sem você? – ela perguntou, se aproximando do pai e observando a filha no colo do avô. Ah, Sirius teria gostado dela. Era tão parecida com o pai… Até mesmo os olhos, que depois de algum tempo haviam mudado do azul para o cinza e deixado Pam tão feliz.

Olhou então para o menino ainda dormindo no berço ao lado. Era uma benção como Brian tinha o sono tão profundo, ela não seria capaz de lidar com os bebês chorões ao mesmo tempo.

E finalmente olhou para o rosto sereno do pai, e sorriu.

É, talvez eles ficassem bem mesmo depois de tudo.

*~~*~~*~~*~~*~~*

Um mês depois…

– Não vale a pena viver no passado. – Pam anunciou sua presença, enquanto entrava no quarto que Remus usava para se preparar antes do casamento com Tonks. – E você sabe disso melhor do que eu.

O lobisomem olhou de repente para a amiga, e forçou um sorriso. Estava feliz em ver a amiga, mas não podia deixar de se sentir triste também.

– Você devia ouvir mais os próprios conselhos. – ele disse, ainda segurando a velha luva em mãos. – Sabe, Pammy, esse é um dos seus maiores defeitos. Normalmente dá ótimos conselhos, mas nunca os segue.

– Faça o que eu digo, não o que eu faço. – ela disse, sorrindo enquanto se aproximava dele, e olhava para a luva em sua mão. – Não acredito que ainda tem essa coisa velha.

– É idiotice eu sei. – ele disse. – Já tentei me livrar dela, mas não consigo. E não acho que um dia conseguirei. – Remus riu sem alegria nenhuma. – É engraçado pensar que se ela estivesse viva teria rido de mim e jogado fora ela mesma. Ela sempre me achou muito sentimental.

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– Dory era uma idiota. – Pam disse, agora séria. – Nunca gostei muito dela. Mas devo admitir que faz falta.

– Dory era assim. – Remus concordou.

Ele ainda olhou mais uma vez a luva velha e sem par. A mesma luva que ficara com ele na noite em que ele e Dory terminaram, quase vinte anos antes, a única coisa que lhe restara do relacionamento. Ele sabia que era ridículo por isso, mas guardara a luva, mesmo depois de todos aqueles anos. E algumas vezes quando fechava os olhos ainda podia ver a loira correndo para longe naquela noite de inverno, Remus tentando a impedir de ir, e ficando apenas com aquela luva depois de tudo.

Suspirou enquanto a guardava. Talvez o mais patético de tudo era que estava pensando em Dory no dia do seu casamento com Tonks.

– Às vezes eu desejo que ela estivesse aqui. – Remus confessou. – Que não tivesse morrido.

– Tonks é bem bonita também. – Pam acrescentou, um pouco preocupada com o rumo que aquela conversa levaria. – E por mais triste que seja Dorcas está morta, Tonks não.

– Eu sei. – ele disse. – E não precisa se preocupar, não vou desistir de casar com ela. Eu a amo tanto quanto amei a Dorquinhas.

Os dois permaneceram em silêncio por um tempo, cada um em seus próprios pensamentos, longe demais para que pudessem ser alcançados e trazidos de volta a realidade por qualquer um que não eles mesmo. Pam a primeira a falar, ainda parecendo pensativa.

– Ela foi a primeira que perdemos. – ela disse, lembrando que fora a primeira do grupo de amigos deles a morrer.

– Não tenho tanta certeza. – Remus acrescentou, com toda a amargura. – Não sei exatamente quando perdemos Peter.

E Remus se levantou, parando na frente do espelho e ajeitando o terno. Pam parou ao lado dela e quando ele se virou para ela, Pam sorriu.

– Você está lindo. – ela disse, o ajudando com a gravata. – James e Sirius também ficariam felizes com isso, eu sei. – ela lembrou dos outros amigos. – Aposto que todos eles estão nos olhando agora.

Ele sorriu de volta.

– Sei que sim, “mamãe”.

Pam pareceu feliz com o apelido que não ouvia a tanto.

–Vamos logo, - ela disse, depois de o admirar por um tempo. – Sua noiva o espera.

Naquela tarde de verão, Remus Lupin e Nymphadora Tonks se casaram em um casamento discreto com apenas alguns amigos e família no quintal da casa dela, sem grandes feitos para não chamar tanto a atenção, já que apesar daquele dia de trégua, eles ainda estavam em guerra.

Mas, independente de qualquer coisa, aquele foi um dia feliz e uma lembrança calorosa mantida no coração de cada um dos que eles presentes. Aquele foi um dia de alegrias e sorrisos que mereceu ser lembrado por muito tempo.

Afinal, foi a representação de que amor ainda existia, como o amor de Tonks e Remus.

*~~*~~*~~*~~*~~*~~*

Outro mês depois…

Remus estava voando em sua vassoura pela noite o mais rápido que podia. Em sua carona estava um Harry que na verdade era George Weasley. Havia alguns Comensais atrás deles, entre eles Snape que perdera a mascara um tempo atrás. Só mais um pouco e estariam na casa dos Porter, só mais um pouco…

O lobisomem ouviu alguma coisa as suas costas e de repente ouviu a voz de Snape, tão graça quanto a luz do dia:

– Sectumsempra!

Houve um clarão, e George soltou um gemido atrás dele. Remus gritou para o garoto, perguntando se estava bem, e quando não ouviu uma resposta olhou para trás e tudo o que pode ver foi o vermelho do sangue escorrendo por sua mão que estava sobre uma das orelhas.

Remus atirou alguns feitiços para trás, sem se preocupar em qual comensal atingia e quando George começou a escorregar da vassoura, o segurou do jeito que pôde.

Estavam tão perto… tão perto…

Mas George estava perdendo muito sangue, e Remus não tinha certeza de quanto tempo aguentaria.

Eles ainda voaram mais um pouco, Remus tentando desviar de todos os feitiços que lhe eram lançados, mas incapaz de revidar a altura, uma vez que tinha uma mão na vassoura e a outra segurava George. O que não daria naquele momento para ter outro braço…

Eles já estavam sobrevoando as casas todas iguais perto de Londres…

Foi quando ele sentiu alguma coisa, algo como estar mergulhando muito rápido em água fria e sair tão rápido quanto, sem se molhar, quase como atravessar um fantasma. Os Comensais não puderam o seguir a partir daí, mas Remus tão pouco conseguiu fazer uma boa aterrisagem, e ele e George trombaram com o chão.

Pam, que estava os esperando na varanda, correndo até os dois, preocupada com a quantidade de sangue escarlate cobrindo o rosto do Harry que aos pouco se transformava em George.

– Ah, Merlin, o que aconteceu? – ela perguntou, preocupada, e então gritou para dentro da casa. – Papai!

– Obra do Ranhoso. – Remus disse. – Sectumsempra.

– Droga. – Pam disse, enquanto ela e Remus colocam os braços de George sobre o pescoço deles e o carregavam para dentro. – Eu posso dar um jeito nisso em um minuto, eu só…

– Não temos tempo. – Remus continuou, – A chave do portal…

– Dane-se a chave do portal. – Pam exclamou, um pouco irritada. – Olhe a situação de George…

– Mas o que a diabos aconteceu? – Martin correu para os outros, olhando preocupado para George.

– Ele foi atingido. – Remus simplesmente disse.

Nesse ponto foi possível ouvir um choro vindo do fundo da casa, e Pam olhou de Remus e George para o Pam, parecendo ansiosa e culpada.

– Vai logo. – Remus disse, –Vamos ficar bem.

– Me desculpe… - ela olhou com culpa para o amigo enquanto passava o peso de George para o pai.

E então ela sumiu pelo corredor.

– Precisamos passar pela chave do portal. – Remus disse.

– Mas com George…

– Molly pode cuidar dele. Não se preocupe, vai ficar tudo bem. Só me ajude a chegar até…

Remus e Martin carregaram George até a sala, onde uma caneta começou a reluzir bem no momento em que Remus a tocou, e transportou a ele e George para A Toca.

*~~*~~*~~*~~*~~*

Meses haviam se passado desde o casamento de Remus e Dora, e agora ele descobria que o que… Que Dora estava grávida! Grávida… Como Remus se odiava por isso, como poderia ter feito tal coisa, como poderia…

Estava convencido de que seria como ele, que seria um monstro. Lobisomens normalmente não tem filhos, ele repetia para si mesmo sem parar.

Finalmente deixou uma irritada e gritante Dora na casa dos pais dela, onde devia ficar segura. Afinal, casar com ela fora um erro, ninguém aprovava aquele casamento, nenhum pai jamais gostaria de ver sua filha casada com um lobisomem. E a criança ficaria melhor sem um pai do qual se envergonharia.

Tentou acalmar, e teve bastante tempo enquanto despistava alguns Comensais da Morte antes de chegar finalmente ao número 12 do Largo Grimmauld, a antiga casa de Sirius, a qual Pam recusara, então passara para Harry, e onde Remus tinha certeza de que o trio devia estar depois de terem fugido do casamento de Bill e Fleur.

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Aparatou bem no último degrau, onde os Comensais que rodeavam o lugar não podiam vê-lo. Abriu a porta então, entrando no salão e fechando a porta de novo atrás de si.

Quando deu um passo a frente a voz de Moody perguntou, “Severus Snape?” Então a figura de pó se ergueu do fundo do salão e se moveu rapidamente, levantando sua mão morta.

– Não fui eu que matei você, Albus, - disse em uma voz tranquila.

O feitiço se quebrou. A figura explodiu.

Uma varinha lhe foi apontada no meio da nuvem de cinzas.

– Não se mova! – uma voz conhecia gritou e com ela o retrato da Sra. Black retomou sua típica ladainha. “Sangue-ruins e escória desonrando minha casa… ”.

Ele levantou os braços enquanto ouvia sons de pessoas descendo as escadas e duas pessoas se juntaram a primeira.

– Não atirem, sou eu, Remus! - gritou

– Mostre-se! – ele gritou alguém que com certeza era Harry.

Remus se moveu para a luz, mãos ainda erguidas num gesto de rendição.

– Eu sou Remus Jonh Lupin, lobisomem, algumas vezes conhecido como Aluado, um dos quatro criadores do Mapa do Maroto, casado com Nymphadora, mais conhecida como Tonks, e ensinei a você como produzir um Patrono, Harry, que tem a forma de um cervo.

– Ah, tudo bem, - disse Harry, abaixando sua varinha, – mas eu tinha que conferir, não é mesmo?

– Falando como seu ex-professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, eu concordo plenamente que você precisava conferir.

Ron, Hermione e Harry foram até ele. Enrolado numa grossa capa de viagem preta, ele parecia exausto, mas satisfeito por vê-los.

– O que está acontecendo? Estão todos bem? – Perguntou Harry.

– Sim, - disse Remus, – mas estamos todos sendo vigiados. Há uma dupla de Comensais da Morte na praça lá fora…

– Nós sabemos…

– Precisei aparatar exatamente no último degrau da porta da frente para ter certeza de que eles não me veriam. Eles não sabem que vocês estão aqui, ou mais pessoas estariam lá fora. Eles estão apostando em todos os lugares que tenham alguma conexão com você, Harry. Tenho muito para contar a vocês, e quero saber o que aconteceu depois que vocês deixaram a Toca.

Eles foram para a cozinha. Remus tirou algumas cervejas amanteigadas de dentro de sua capa, e eles se sentaram.

– Eu deveria ter chegado aqui há três dias, mas precisava despistar os Comensais da Morte que estavam me seguindo, – disse Remus. – Vocês vieram direto para cá depois do casamento?

– Não, - disse Harry, – só depois de termos dado de cara com alguns comensais da morte num café em Tottenham Court Road.

Eles explicaram o que tinha acontecido. Quando terminaram, Remus parecia horrorizado.

– Mas como…?

Ele parecia perturbado, mas para Harry aquela pergunta podia esperar.

– Conte-nos o que aconteceu depois que saímos, não ouvimos nada desde que o pai de Ron nos contou que a família estava a salvo.

– Bem, Kingsley nos salvou, – disse Lupin. – Graças ao aviso dele a maior parte dos convidados do casamento conseguiu desaparatar antes que eles chegassem. Havia cerca de uma dúzia de Comensais, mas eles não sabiam que você estava lá, Harry.

Remus então lhes contou tudo o que vinha acontecendo no mundo bruxo. Contou como Voldemort vinha assumindo o poder sem se mostrar, como os nascidos-trouxas estavam sendo tratados, como Hogwarts passara a ser obrigatória…

Parecia horrível tudo e de todas as formas, mas quando Remus finalmente terminou de falar, hesitou antes de continuar.

– Eu vou entender se você não puder confirmar isso, Harry, – disse ­­– mas a Ordem tem a impressão de que Dumbledore deixou uma missão para você.

– Sim, ele deixou, respondeu Harry, – e Ron e Hermione sabem disso, e vão comigo.

– Você pode me dizer do que se trata essa missão?

Harry olhou para o rosto precocemente enrugado, emoldurado por cabelos grisalhos, e desejou poder dar outra resposta.

– Não posso, Remus, sinto muito. Se Dumbledore não contou, não acho que eu possa fazê-lo.

– Imaginei que você fosse dizer isso, - disse Remus, desapontado. - Mas eu poderia ser útil para vocês. Vocês sabem quem sou, e sabem o que posso fazer. Eu poderia ir com vocês e dar proteção. Não seria necessário me contar exatamente o que pretendem.

Harry hesitou. Era uma oferta tentadora.

Hermione, no entanto, parecia intrigada.

– Mas, e a Tonks? – ela perguntou.

– O que tem a Tonks? – disse Remus.

– Bem, – respondeu Hermione, franzindo as sobrancelhas, – você está casado! Como ela se sente sobre você vir conosco?

– Tonks vai estar perfeitamente segura, – disse Remus. – Ela vai ficar na casa de seus pais.

Eles deviam ter percebido que havia algo estranho no tom de Remus, que era quase frio. E claro, sendo Tonks da Ordem e auror, ela não iria querer ficar de fora da ação, como os garotos provavelmente deviam imaginar, e não na casa dos pais.

– Remus, - disse Hermione cautelosamente, – está tudo bem… você sabe… entre você e…

– Está tudo muito bem, obrigado, - respondeu Remus imediatamente.

Hermione enrubesceu. Houve uma outra pausa, estranha e embaraçosa, e então Remus disse, com um ar de quem forçava a si mesmo a admitir algo desagradável:

– Tonks vai ter um bebê.

– Que maravilha! – guinchou Hermione.

– Excelente! – disse Ron, entusiasmado.

– Parabéns. – disse Harry.

Lupin deu um sorriso artificial, que mais parecia uma careta, e continuou:

– Então... vocês aceitam minha oferta? Três podem virar quatro? Não acho que Dumbledore desaprovaria, afinal, ele me nomeou como seu professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. E devo dizer que acredito que enfrentaremos magia de um tipo que muitos de nós jamais encontraram ou imaginaram.

Ron e Hermione olharam para Harry.

– Apenas… apenas para esclarecer, – ele disse. – Você quer deixar Tonks na casa dos pais e ir embora conosco?

– Ela estará perfeitamente segura lá, eles cuidarão dela, – disse Remus. Ele falou com uma firmeza que beirava à indiferença. – Harry, tenho certeza que James gostaria que eu ficasse com você.

– Bem, – disse Harry, lentamente, – eu não. Tenho bastante certeza que meu pai gostaria de saber por que você não está ficando com seu próprio filho, na verdade.

Remus empalideceu. Ron olhava ao redor enquanto o olhar de Hermione dançava entre Harry e Remus.

– Você não compreende. - disse Remus, por fim.

– Explique, então. - disse Harry.

Remus engoliu em seco.

– Eu… eu cometi um sério engano ao me casar com Tonks. Fiz isso a despeito de um melhor julgamento, e me arrependo desde então.

– Entendo, – disse Harry, – então você vai simplesmente dar o fora nela e no bebê e fugir conosco?

Remus se ergueu de uma vez: sua cadeira virou, e ele encarou a todos com tamanha ferocidade que Harry percebeu, pela primeira vez, a sombra de um lobo sob sua face humana.

– Você não entende o que fiz à minha mulher e ao meu filho ainda não nascido? Eu nunca deveria ter me casado com ela, eu a tornei uma renegada!

Remus chutou a cadeira que havia derrubado.

– Você só me vê participando da Ordem, ou sob a proteção de Dumbledore em Hogwarts! Você não sabe como a maior parte dos bruxos enxerga criaturas como eu! Quando eles descobrem o que me aflige, eles mal falam comigo! Você não vê o que eu fiz? Até mesmo a família dela tem repulsa ao nosso casamento, que pais gostariam de ver sua única filha se casar com um lobisomem? E a criança… a criança…

Lupin puxava tufos de seu próprio cabelo, fora de si, colocando toda a raiva reprimida para fora de um jeito que ele não se lembrava de jamais ter feito na frente de outras pessoas.

– Minha raça normalmente não procria! Ele vai ser como eu, estou convencido disso! Como posso me perdoar, quando sabidamente arrisquei transmitir minha condição a uma criança inocente? E se, por algum milagre, ela não for como eu, então ela vai estar cem vezes melhor sem um pai de quem sempre se envergonhará.

– Remus! - sussurrou Hermione, com lágrimas nos olhos. – Não diga isso! Como qualquer criança poderia se envergonhar de você?

– Ah, não sei, Hermione, – disse Harry. – Eu ficaria bastante envergonhado dele.

Harry não sabia de onde estava vindo aquela ira, mas ela o tinha impulsionado a se levantar também. Remus parecia ter recebido um soco dele.

– Se o novo regime considera que Nascidos-trouxa são ruins, – disse Harry, – o que eles farão, então, com um meio-lobisomem cujo pai está na Ordem? Meu pai morreu tentando proteger minha mãe e eu, e você acha que ele te diria para abandonar seu filho e ir se aventurar conosco?

– Como… como você ousa? – disse Remus. – Isso não tem nada a ver com um desejo de… de perigo e glória pessoal… como você ousa sugerir algo tão…

– Eu nunca acreditaria nisso, – Harry disse. – O homem que me ensinou a lutar contra os dementadores… um covarde.

Lupin sacou sua varinha tão rápido que Harry mal conseguiu alcançar a sua própria; ele foi jogado para trás, como se arremessado. Quando bateu contra a parede da cozinha e deslizou para o chão, ainda teve um vislumbre da barra da capa de Remus desaparecendo pela porta.

Um momento depois eles ouviram a porta da frente bater.

– Harry! – exclamou Hermione. – Como você pôde?

– Foi fácil, – disse Harry. Ele se levantou. Podia sentir um galo se formando no lugar em que sua cabeça batera na parede. – Não olhe assim para mim! – rosnou para Hermione.

– Não desconte nela! – rosnou de volta Ron.

– Não… não… nós não devemos brigar! – disse Hermione, metendo-se entre os dois.

– Você não deveria ter dito aquelas coisas para o Lupin, – Ron disse a Harry.

– Foi ele que pediu por isso, – disse Harry.

Imagens fragmentadas se sucediam em sua cabeça: Sirius passando pelo véu; Dumbledore suspenso em pleno ar, derrotado; um jato de luz verde e a voz de sua mãe, implorando misericórdia...

– Pais, - continuou Harry, – não deveriam deixar seus filhos a não ser que… a não ser que realmente seja necessário.

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E disso ele estava convicto.

*~~*~~*~~*~~*~~*

Ainda levou aos dias até que Remus fizesse o caminho de volta para a casa dos pais de Tonks, mas quando o fez, abrindo a porta da frente no meio da noite e tentando não acordar ninguém, sentiu um peso sobre si.

Sentiu o cheiro de Dora, depois de passado o choque inicial, a abraçou com força.

Quando ela se afastou, porém, deu um tapa na cara dele com toda a força que conseguiu reunir.

Ele olhou-a indignado.

– Por que fez isso?

– Você briga comigo, me deixa na casa dos meus pais sem maiores explicações, sai daqui como um louco, não avisa onde vai e fica dias fora sem dar notícias! Tem uma guerra acontecendo lá fora! Eu pensei que estava morto! – ela gritou, irritadíssima.

– Eu… eu fui um idiota. Me desculpe. Vou entender se não quiser me perdoar, mas…

E então Remus sentiu as mãos de Dora em suas bochechas, e então ela o beijou com fervor.

– Você é louca? – perguntou quando ela se afastou de novo, os olhos arregalados. Primeiro ela o abraçava, depois batia nele e por fim o beijava? Que tipo de pessoa faz isso?

– Eu senti tanto a sua falta.

– E eu também. – ele sorriu para a mulher com seus cabelos rosa. – E de você também. – ele se abaixou para a barriga dela, antes de voltar a olhar para o rosto da mulher. – Nós seremos uma família, eu prometo. Eu nunca mais vou deixar vocês.

E os dois se beijam de novo, selando essa promessa.

Então os dois se abraçaram de novo e sobre o ombro de Dora, Remus pôde ver um buquê de amores-perfeitos em um vaso em cima da mesa.

Sorriu.