Polícia

Apresentação - Bruce, Betsy e Laurence



Bruce abria o telegrama devagar.

Suas mãos tremiam e ele suava, com seus lábios secos e respirando forte.

_ Acalme-se, Bruce! Seja o que for não será mais do que um “Não”!

Ele entregou o papel à sua mãe, desencorajado.

_ Então abra pra mim, mamãe, eu... Eu não consigo! – a voz estava rendida.

Betsy pegou o papel num suspiro de protesto e o abriu de vez.

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_ Vamos ver... – seus olhos verdes e ansiosos leram as poucas linhas e encarou o filho, meio boquiaberta.

_ Não me mate de vez! Diga logo! – ele implorou.

Ela abaixou as mãos, e ainda o encarava, aumentando sua agonia, mas disse logo o que leu, depois de um balançar de cabeça de desaprovação só para dar um suspense.

_ Aprovado.

_ O quê?

_ Aprovado! – disse mais alto e num sorriso enlouquecido abriu seus braços – Você foi aprovado! Aprovado, meu filho!

Bruce se jogou para ela num grito histérico que estava preso em sua garganta desde que prestou o concurso para ingressar na Polícia. Mal se conteve entre choro e sorriso. Era seu sonho de menino se transformando em realidade aos 19 anos.

Betsy também chorou, seu sonho de mãe também se realizava. Depois de criar seu filho sozinha e fazer para ele tudo que podia e que devia, ver sua felicidade agora era ser feliz duas vezes.

Betsy tinha 35 anos, era uma mulher batalhadora e séria.

_ Mamãe, eu estou com dor de cabeça! – disse Bruce, sorrindo, ainda eufórico.

_ Tinha que estar mesmo! Nem comeu direito esperando por essa resposta! – ela acariciava seus cabelos loiros e macios, encarando aqueles grandes olhos verdes como os dela, mas agora quase transparentes – Está suado, e tremendo ainda, vai tomar um banho para relaxar, “senhor policial”!

Bruce também chorava ainda. Obediente como sempre foi, pegou o telegrama que estava caído no chão e o beijou simbolicamente.

_ Vai ser meu talismã! – e saiu.

Betsy apenas riu. Sentou-se na varanda de sua casa para relaxar toda aquela tensão.

_ Ah, Willy! Queria que você visse a felicidade dele.

Ela falava sozinha e sorria olhando para o céu. Willy era o homem que ela amava, e que faleceu por um problema de saúde. Não era o pai de Bruce, mas quando a conheceu ela estava grávida e ele aceitou se casar com ela e assumir a criança. Era um policial dedicado e honesto. Bruce tinha 5 anos quando Willy morreu, mas sua vocação passou de padrasto para enteado como uma obra caprichosa e romântica do destino, pois Betsy nunca incutiu aquela profissão ao menino.

Havia na corporação a que Bruce pertenceria o capitão Laurence, amigo de infância de Willy e agora amigo de Bruce e que o acompanhou desde menino, desde que ele apresentou seu desejo de ser como o pai, mas Laurence era honesto como Willy e nunca interferiu nos resultados de cursos ou influenciou alguém para favorecer o jovem amigo, pois sabia que ele agora era seu exemplo, Bruce gostava muito dele.

Apenas um detalhe não estava certo; Laurence amava Betsy, mas ela só amava Willy, sempre, desde que o conheceu, e não tinha olhos para nenhum outro homem.

Naquele mesmo ano Bruce começaria sua carreira como policial militar. Pretendia ser um investigador como Laurence.

Mas ele não imaginava que logo em seu primeiro ano de trabalho se depararia com uma cena que abalou sua vida, e mexeria com a vida de todos.