Voltas De Um Coração

1º Capítulo - Um coração puro


– Eu gosto de você – Disse a ele, enquanto entrelaçava meus dedos, tentando disfarçar o nervosismo. Esse era o momento! A hora de finalmente revelar meus sentimentos! – Gosto de você há muito tempo, Ikuto - senpai.


Ao terminar a frase, ouvi um claro som de risos, voltei meu olhar para seu rosto. Um rosto, que de grande beleza, eu aprendera a amar.
Em sua face vi a zombaria de sempre, mas agora direcionada a mim. Senti dor...

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– Desculpe-me, mas não me relaciono com NERDS – Ele disse sem hesitar, apenas apresentando os fatos – Muito menos com anormais – Seu olhar de menosprezo era direcionado a minhas roupas largas.


Meu peito doeu ao ouvir aquelas duras palavras. Então, o que eu temia era verdade, ele escolhia as garotas apenas pela aparência. Como alguém tão belo e capaz de tocar tão angelicalmente, podia ter um coração negro, obscuro?


– Eu tinha esperança de que você fosse diferente do que aparenta. – Falei mais para mim mesma, tentando parar aquela dor que insistia em ir para meus olhos.


Encostei-me à grande estante de livros, sentindo meu corpo tremer e meus olhos queimarem; seus olhos continuavam a me seguir zombeteiros e curiosos.


– Eu não entendo isso que você está falando, mas acho que se você quer “ficar” com alguém, deve mudar essa sua aparência. – Ele me lançou certo olhar de nojo. – Sabe, esses óculos, o aparelho e essas roupas... – Ikuto deu as costas e foi saindo da biblioteca. – É só um conselho...


Sua voz sumia enquanto caminhava, me deixando sozinha no local.
Senti minha armadura ruir...


Deixei as lágrimas caírem e por um instante senti ódio da pessoa que me tornara. Um ódio cortante e venenoso, indigno de uma pessoa como eu. Repudiei tais sentimentos.


Peguei em meu bolso direito um pequeno espelho, uma caixinha antiga de pó de arroz, que era de minha vó e vi a feia imagem de uma garota ridícula chorando.


– O amor realmente dói...


Passei as mãos em minhas tranças, tirando os infantis amarradores com desenhos de morangos. Deixando as grossas madeixas rosadas caírem enroladas em meus ombros.


– O que devo fazer? – Perguntei a mim, mesmo já sabendo a resposta. A lagrimas já secavam, e a vermelhidão em meu rosto sumia gradativamente.


Retirei os óculos fundos e sem graça.


– Acho que está na hora de mostrar para Ikuto, que não preciso ser bonita para conquistar alguém.


Respirei fundo, determinada. Guardei o espelho de volta no bolso, os óculos agora novamente em meu rosto permitiam com que eu pudesse ver com clareza o que estava na minha frente e assim sai da biblioteca.


– Você não perde por esperar – Poucas palavras marcaram uma promessa... Uma promessa de vingança...