Morning Light

XXVI - Breaking down


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Estou em meu quarto, encolhida, quebrada. Quase desejo estar sem vida. Haymitch, Lucca, meus pais.

Meus olhos ardem, mas não choro mais.

Ouço batidas na porta.

- Hora de tempo ao ar livre. – ouço a enfermeira dizer.

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Levanto-me da cama automticamente. Tento não pensar em nada. Pensamentos me trazem lembranças que me trazem sentimentos e então tudo começa a doer. Cada parte de mim começa a doer e me sinto vazia e inútil. Cansada.

Annelys pega na minha mão e vamos andando até o pátio aberto, nos sentamos no banco em que costumamos nos sentar nos momentos ao ar livre. Já faz uma semana que estamos ali. Ninguém veio me visitar ainda.

- Você está calada demais. – Annelys comenta.

- Não tenho nada a dizer. – olho para minhas mãos. Não consigo parar de pensar que poderia ter tirado aquela seringa das mãos daquele homem.

- O que está acontecendo? – Annelys pergunta.

Ambas olhamos para o nada. Se expressarmos muitas emoções, eles provavelmente nos acalmarão com seus remedinhos.

- Lucca e Haymitch estão mortos. – digo a ela. A calma em minha voz mostra como tenho me tornado uma boa mentirosa desde que cheguei na Capital.

- Tem certeza? – Ann pergunta ainda mais sem emoção que eu, como se estivéssemos falando sobre como nosso cabelo está ressecado com esse clima e não que pessoas que amamos estão morrendo.

- Eu vi tudo. – digo e ela aperta minha mão com força.

- Eu não acredito em mais nada desde que chegamos aqui. – ela fala. – Aqui é apenas um covil de cobras. Bem que Lori nos avisou.

Olho para Ann.

- Porque ninguém nos visita? – digo tentando conter as lágrimas. – Lori, meus pais, Finn, Octavia, até mesmo Vênus.

- Primmie, nós somos um perigo segundo eles. – ela me lembra e isso me causa uma dor interna, saber que as pessoas que eu amo têm medo de mim.

Voltamos aos quartos. Mist está no meu.

- Olá. – ela diz sorrindo forçadamente. – Soube que conheceu meu irmão, espero que Mett tenha sido bonzinho. Somos gêmeos, mas temos pouquíssimo em comum.

- Ele matou Haymitch sabendo que eu estava lá. – digo a ela.

Ela franze a testa.

- Você tem tomado os remédio Primrose? – ela pergunta.

- Todos. – minto e percebo que diferente de seu irmão, nossas mentes não estão interligadas. Ela não sabe o que penso, nem fala em minha cabeça. Pelo menos isso.

- Primrose, Haymitch está vivo. – ela fala com os olhos azuis desconfiados. – Ele se meteu em uma briga e voltou ao Distrito 12.

Olho para ela.

- Compreendo. – ela diz e então ao sair de meu quarto fala ao meu ouvido: - O único problema é que você não pode confiar nem em si mesma. Seus olhos te enganam. Haymitch não veio aqui nem uma única vez, mal sabe da existência desse lugar. – ela acrescenta. – Isso prova que você é um perigo até para si mesma.

De alguma forma, essas palavras me atingem com força. Puxo os cabelo loiros de Mist e jogo ela do outro lado do quarto.

Começo a chorar porque não me reconheço no momento que pratico esse ato.

Como fiz isso?

De onde surgiu essa força?

Desde quando me tornei tão agressiva?

As lágrimas caem febris e estou tão assustada comigo mesma que quando Mist chama os guardas e manda que eles me coloquem nos quartos especiais, eu não luto contra isso. Apenas deixo que eles me sedem.

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Algumas semanas depois...

Abro meus olhos.

Nada reconheço. Tento lembrar-me de tudo que sei. Me forço a tentar lembrar-me de tudo que vivenciei.

Meu nome é Primrose Rue Everdeen Mellark. Minha melhor amiga Annelys me chama de Primmie. Johanna me chama de Prue. A maioria das pessoas me chamam de Prim. Menos 4 pessoas, que sempre me chamam se Primrose: meus pais, tio Haymitch e Lucca.

Tenho 18 anos agora. Nasci e vivi até os meus 17 anos no Distrito 12. Estou na Capital agora.

Haymitch foi morto na frente de meus olhos. Ainda não consigo pensar lucidamente sobre isso. Mist disse que ele não está morto, mas sei que está. Eu sei o que eu vi.

Conheci Lucca nesta viagem por Panem. Também conheci Lori, Vênus, Riley, Huggo e Dean.

Lucca me beijou pela primeira vez quando estávamos no Distrito 4. Dean me beijou quando estávamos no 3.

Magoei os dois. Escolhi Lucca.

Percebi que desde o primeiro dia, existia uma pessoa a qual eu não conseguiria, após está viagem, simplesmente esquecer. Uma única a qual eu me recusaria a ter que viver sem ela. Lucca.

Lucca e eu ficamos juntos finalmente no dia do baile da Capital.

Ele desapareceu no dia seguinte.

Mett, irmão gêmeo de Mist, disse que ele está morto. Mas gosto de acreditar que ele não está.

Preciso encontrá-lo, mas eles me pegaram. Não sei onde estou e tudo está cada vez mais confuso.

Infelizmente tenho estado agressiva ultimamente. Não sei o que está acontecendo comigo, só sei que após agredir Mist, ela me mandou pra cá. Não lutei contra isso. Eu me assustei ao jogá-la do outro lado de meu quarto. Eu nunca havia visto alguém sangrar por minha causa antes.

Ainda não acredito que a machuquei.

Ás vezes acordo e não sei quem sou, até que a lucidez me toma pela mão e lembro-me vagarosamente de tudo. Sei de apenas uma coisa. Dói e muito. Quando lembro-me de tudo, dói muito.

Não sei onde estou, não sei onde os que amo estão.

Não sei de nada.

Faz semanas que não vejo meus pais. Não sei há quanto tempo estou presa aqui. Não sei se eles têm descontado em Annelys o que fiz com Mist. Espero que não.

Está tudo tão escuro e sinto enormes correntes de metal presas a meus braços e pernas.

Como toda vez que acordo neste escuro, as lágrimas começam. Penso nas canções doces que minha mãe me cantava até que eu caísse no sono, quando eu era menina, uma criança sem preocupações. Penso nos abraços acolhedores de meu pai. Penso que tio Haymitch me faria rir ou me acalmaria. Penso que Annelys estaria tentando me distrair e Lori me diria que nunca realmente gostou da Capital. Penso que Dean talvez nem mesmo olharia em meus olhos. Penso que Lucca sempre olharia nos meus, sempre que o medo viesse à tona.

Como toda vez que o choro se inicia, ele se torna alto. Começo chorando como um recém-nascido, fazendo um som baixo e pouco incômodo, até que ele cresce e me consome. Choro tanto que me afogo nas lágrimas e às vezes perco o fôlego.

Choro tanto que isso me atrapalha a ouvir um barulho que acontece muito próximo a mim.

- Por favor, eu sei que... Por favor, pare de chorar. – uma voz de algum lugar diz. Encaro o escuro em busca de seu emissor.

- Quem está ai? – pergunto. Ao mesmo tempo que o digo, pergunto-me se é apenas uma das vozes em minha cabeça. Mas diferentes das vozes que ouço, o som é nítido, limpo e sinto que ela é real.

- Isso não importa, Primrose. Apenas não chore. Não queremos eles de volta. E minha cabeça está latejando ainda.

- Eles quem? – pergunto.

- Eles. Se continuar a chorar eles virão nos acalmar, silenciar, nos machucar, Primrose. – a voz masculina explica. – Já me torturaram hoje, estou no meu limite.

- Seja esperta. Como sua mãe. – uma outra voz diz, esta voz é feminina.

Fico quieta, não sei o que fazer.

- Vocês conhecem minha mãe? – pergunto sentindo as lágrimas voltarem a descer.

- Sua mãe causou nossas mortes. – a voz feminina diz com um humor falso. – Mas não foi realmente ela. Compreendo agora.

- Não foi. – a primeira voz, a masculina, diz.

- Vocês são todos muitos barulhentos, ouçam. – uma voz muito delicada, como a de uma criança diz. – Acho que eles estão vindo.

Todas as vozes se silenciam.

As luzes se ligam e cegam meus olhos de início.

Não vejo as três pessoas, mas estou numa sala enorme e branca. E apenas uma das pessoas está ali no mesmo cômodo que eu. O dono da voz masculina.

Reconheço seus olhos, sei que são familiares. Mas tenho dificuldades para reconhecer seu dono.

- Ela tem os olhos do pai e os cabelos da mãe. – ele diz como se comunicasse com as outras duas meninas. Olho para os lados as procurando, então vejo que o cubículo em que estamos tem duas paredes concretas e duas falsas. Posso ver pelo canto onde duas paredes se encontram. Imagino que seja um grande retângulo de concreto, dividido em pequenos cubículos, mas não tenho certeza.

- Eles estão vindo. – a voz infantil fala.

Uma pessoa começa a chorar, ofegante, tentando silenciar o próprio choro.

- Acalme-se, Distrito 2. – o homem dos belos olhos fala.

De uma das paredes completamente brancas, abre-se uma porta e de lá duas pessoas saem.

Antes que eu as veja ou reconheça, o homem acorrentado ao meu lado diz: - Não posso acreditar.

- Vocês estão bem? – o rapaz mais jovem pergunta, carregando um mais velho.

As lágrimas começam a rolar e eu estou paralisada.

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- Você é...Lucca? – o homem do meu lado pergunta e então Lucca o olha e quase deixa o homem mais velho cair ao reconhecer o homem acorrentado ao meu lado.

O velho levanta a cabeça, ainda muito confuso, me dá um sorriso e então olha o homem ao meu lado.

- Finnick? – o velho apoiado em Lucca pergunta.

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- Eu... - começo falando ainda um pouco paralisada. – Eu pensei que vocês estavam mortos.

- Não docinho, nós somos um pouco mais resistentes do que você possa imaginar. – um Haymitch grogue, porém sorridente me responde.

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