Richard e Sarah ficaram perto da porta, encostados na parede, esperando. Quando a terapia acabou o sobrevivente se levantou da cadeira e se virou. Sarah e Richard viram a imagem de uma garota de longos cabelos castanhos com uma franja despenteada. Sua pele era pálida e corpo magro. Os olhos, cansados com olheiras escuras. Ela vestia um uniforme branco, como todos os pacientes. Além disso, usava uma espécie de pulseira com vários números.


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– Então, vamos contar o que Bludworht nos disse?- Richard perguntou.

– Acho melhor não. Se contarmos, ela vai pensar que queremos matá-la. Precisamos ser confiáveis. – Sarah disse olhando para garota.

– Tudo bem. Mas depois contamos tudo. - Richard disse.


Betty chamou a atenção da sobrevivente, dizendo que ela tinha visitas. E enquanto os outros pacientes saiam, Sarah e Richard se aproximavam da garota, que estava parada perto daquele circulo de cadeiras.


–Wendy Christensen?- Sarah perguntou, mesmo tendo certeza de que era ela: A visionária e única sobrevivente do acidente da montanha-russa “Vôo do Diabo”. Mas havia algo diferente em Wendy, e não era sua aparência. Era como se ela não fosse a mesma pessoa. Vivia olhando demais para os lados, como se houvesse alguém naquela sala que não podia ser visto. - Eu sou Sarah e ele é meu amigo, Richard.

– O que vocês querem? – Wendy se sentou e cruzou os braços.

– Queremos sua ajuda. Eu tive uma premonição de um acidente e consegui salvar algumas pessoas, mas duas delas estão mortas. Precisamos saber um jeito de interferir as mortes.

– Não há como salvar essas pessoas, somente atrasar a morte delas. – Wendy disse.

– Como assim? – Richard perguntou, puxando uma cadeira para sentar-se. Sarah fez o mesmo.

– Se vocês conseguirem impedir que um dos sobreviventes morra, a morte vai atrás do próximo, mas uma hora ela volta para pegá-lo. – Wendy explicou.

– Mas como vamos saber quem é o próximo? – Sarah perguntou.

– Pela lista da morte. Olhe. Os sobreviventes do “Vôo do Diabo” morreram exatamente na mesma ordem que deveriam ter morrido no acidente.

– Richard e eu fomos os últimos a morrer em minha premonição. Isso significa que...

– Vocês terão mais tempo, pois serão os últimos. Por isso, aproveitem enquanto a morte não está atrás de vocês. Vão viajar. - Wendy disse, olhando para fora, pois sabia que não podia mais ver o mundo que havia depois daquela janela. Se ela saísse da clínica, a morte estaria esperando, quem sabe até na porta da recepção.

– Como você quer que a gente faça isso, quando pessoas estão morrendo? – Sarah perguntou indignada.

– Não cometa o mesmo erro que eu cometi. Pare de se importar com os outros. Eles não se importam com você. Se os salvarem, estarão adiantando suas mortes. Os bonzinhos nunca sobrevivem. – Wendy disse séria.

– Então por que ainda está viva? – Sarah cruzou os braços.

– Por que eu deixei de ser boazinha há muito tempo. As pessoas mudam, Sarah. Aceite isso.

– Mas precisamos de sua ajuda. – Sarah insistiu.

– Vocês não precisam da minha ajuda. Vocês só precisam prestar atenção nos sinais.

– Sinais? – Sarah franziu a testa.

– Vocês já viram ou ouviram alguma coisa estranha que mostrasse que algo estava errado, como músicas, fotos, frases, números ou algo do tipo? – Wendy peguntou.

– Sim. – Richard e Sarah disseram ao mesmo tempo.

– Esses são os sinas. – disse Wendy - Eles são premonitórios. Indicam como o sobrevivente irá morrer. Se vocês não deixarem os sinais passarem despercebidos, conseguirão salvar o próximo.

– Tudo bem. – Sarah disse e ficou quieta por um instante – Mas, se você mudar de idéia, saberá onde me encontrar. – Então ela entregou um pequeno cartão a Wendy.

– Pode ter certeza que eu não irei mudar de idéia. – Wendy disse, pegando o cartão com as pontas dos dedos. - Ah, e preste atenção nos sinais. É somente isso o que eu tenho á dizer.


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Sarah e Richard se levantaram e foram embora. E ao passarem pelo corredor, viram um homem barbudo, vestindo um macacão azul escuro, e fumando um cigarro. Ele colocou uma maleta de ferramentas no chão e subiu em cima de uma pequena escada para trocar uma lâmpada queimada. Betty, que estava acompanhando Richard e Sarah até a recepção, se aproximou do homem barbudo e disse:


– Hey, Charles! É melhor apagar esse cigarro antes que você bote fogo em todo o prédio.

– Pode deixar, Betty. – Ele disse, dando um sorrindo amarelado, enquanto saia uma fumaça cinza de sua boca.


Ao desrosquear a lâmpada, acidentalmente o homem a deixou cair e quebrar, espalhando cacos de vidro por todo o chão.


– Droga! – Ele reclamou.

– Hey, cara! Tome mais cuidado!- Richard disse após se desviar da lâmpada.

– Desculpe! Foi um acidente. - Disse o homem


Sarah sentiu algo estranho, mas não ligou muito para isso e continuou andando. Após Betty os acompanhar até a recepção, Richard e Sarah saíram e passaram pelo jardim da clínica.


– Se Wendy estiver certa a respeito da lista da morte, John é próximo. – Sarah deduziu.

– Mas como vamos saber onde ele está? – Richard perguntou.

– Vou ligar para a empresa Rivers. – Sarah puxou o celular do bolso e o pôs perto do ouvido - Talvez John esteja lá.


Enquanto isso, os dois entraram no carro, fecharam as portas, afivelaram os cintos de segurança e voltaram para cidade. Sarah começou a falar com um dos funcionários da empresa, por telefone. E ao terminar a ligação, ela colocou o aparelho no bolso e olhou para Richard.


– O que disseram? – Richard perguntou curioso.

– John está de férias. Parece que ele irá se casar daqui a umas semanas. Um dos funcionários disse que ele deve estar em alguma igreja da cidade, preparando a cerimônia. Além disso, Michael foi viajar de navio e voltará amanhã.

– Acho que há uma igreja perto daqui. Vamos começar a procurar por lá. - Disse Richard.


Quando estavam quase chegando, avistaram uma antiga igreja. Ao parar o carro, saíram e se aproximaram de um portão de madeira entreaberto. Sarah puxou a maçaneta e entrou com Richard. Dentro, havia um grande salão, com duas fileiras de bancos e no centro, um corredor com um longo tapete vermelho. No final do salão, estava um púlpito a frente de uma cruz gigante presa na parede. Todo o lugar era iluminado por um enorme e antigo lustre de cristal.


Richard e Sarah viram um homem negro, vestindo uma jaqueta preta aberta sobre uma blusa branca. Seu jeans azul meio desbotado combinava com os sapatos sociais marrom-escuro. E os óculos de armação fina davam uma impressão de um homem sério, mas o sorriso descontraído descartava essa possibilidade. Poderia ser muita coincidência, mas esse homem era John.


Richard e Sarah estavam muito surpresos e aliviados ao ver John bem, conversando com um padre.