Demorou para a dormir naquela noite, ficou pensando no inusitado encontro entre Fairy Tail e Alvarez, pensou em Zeref e na sensação sombria que ele transmitia a ela. E logicamente que não fugiu de sua mente o pedido de Gray, tal como a inquietante questão de Natsu fazer parte de seus pensamentos constantemente. Uma noite extremamente agitada, e pela manhã nada mudou.

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Assim que terminou de se arrumar o grito de Erza invadiu o seu quarto, avisando-lhe que estava na hora do café da manhã, Wendy prontamente abriu a porta e empolgada se retirou do quarto, Lucy antes de descer arrumou sua cama e guardou sua camisola, enquanto sua mente continuava a mil.

Ela sentia que o dia seria ainda mais tumultuado que os demais, principalmente porque no jantar, quando Cana relatou o evento no rio todos os garotos da Fairy Tail ficaram indignados, querendo de alguma forma se vingar dos cinco garotos da Alvarez, em especial Natsu e Gray. E até mesmo por isso, e pela observação nada bem-vinda de Cana, Natsu prometeu que ficaria ao lado de Lucy o dia todo. Um fato que não lhe ajudaria num momento tão grande de impasse.

Foi suspirosa que ela deixou enfim o quarto e seguiu para o refeitório, que como em todas as refeições estava barulhento e com um clima alegre. O mestre no exato momento que a loira entrou, brincava com Romeu – filho do vice-diretor do orfanato que Lucy somente ficou sabendo existir por Wendy dois dias antes. O diretor e o garoto corriam pelo refeitório aumentando a algazarra do dia-a-dia.

Todos riam da cena peculiar, e Lucy não se excluiu dessa atividade, também participou alegremente das risadas e comentários bobos. E nesse clima que ela se sentou perto de Cana e Levy, e só quando sentou que percebeu que todos os garotos estavam sentados juntos e embora houvesse no ambiente uma euforia contagiosa, era nítido que os garotos tinham além da preocupação de participar do momento ali proposto algo mais sério. E constatar esse fato fez com que Lucy franzisse o cenho.

—Espero que Gajeel não se envolva em briga novamente. – Comentou Levy, fazendo Lucy a olhá-la, a garota tinha um semblante de preocupação no rosto.

—Não sei o porquê está preocupada, entre ele e meu namorado, certamente Gajeel se sairia mil vezes melhor. Na verdade, ele seria um dos poucos que conseguiria sair inteiro. – Observou Cana.

Lucy estranhava essa conversa, entretanto não demorou muito para associar o que estava ocorrendo. Era só ligar um com um que tudo ficava límpido. Os garotos na certa estavam planejando um contra-ataque aos garotos da Alvarez, embora ela achasse uma estupidez. Primeiro porque nunca achou certo partir para violência e segundo não tinham motivo para tal, já que o acontecido no rio não tinha sido grande coisa. Havia dado um certo medo em Lucy, mas isso porque Zeref estava lá e não pelo o grupo em si. Entretanto ela percebia que isso pouco importava para os garotos, seus olhares eram determinados.

Ignorou-os e tratou de tomar seu café da manhã, queria iniciar seus afazeres o quando antes, para então se dedicar a peça, uma vez que não conseguira fazer nada novo para a mesma. Pois uma coisa era certa, ela não iria fazer mais aquela que havia beijo.

E foi só a imagem do beijo surgir em sua mente, que lá estava novamente aquela sensação frustrante em relação a sua vida “amorosa”. Naquela noite em claro ela até pensou em dizer não ao Gray e se afastar de Natsu, o que fez com que ideia não florescesse foi exatamente a peça que fizeram juntos, ela definitivamente não os queria longe de si, pois precisava dos dois.

Quando ela terminou, despedindo-se das meninas, seguiu para o jardim dos fundos, onde lavavam as roupas, por não ter feito essa tarefa no dia anterior, teria que cumprir com sua parte nesse sábado. E ainda com a experiência desastrosa da última vez fresca em sua memória, Lucy separou as roupas, não queria que Wendy tivesse a trabalho de repor, novamente, as roupas estragas por ela. A única coisa que deixara a Lucy feliz sobre esse fato era que, por ainda não ter usado o vestido de sua mãe, ele não manchou, fora esse e o que usara no domingo todos estava manchado. Algo que não era problema, afinal para ficar fazendo tarefas eles estavam sendo suficientes e para o domingo tinha os dois vestidos salvos além o que Wendy lhe dera. E era exatamente nesse que ela pensava em usar, enquanto ela colocava as roupas brancas numa enorme bacia cheia de água.

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—Um vestido excelente para se apresentar uma peça, posso até escrever algo que envolva ele. – Dizia para si assim que começou a pisar nas peças de roupas.

Estava absorvida nessa tarefa que não percebeu a aproximação de alguém, somente notou quando ele se colocou diante dela.

Surpresa ela recuou e por alguns breves segundos perdeu o equilíbrio, que ela conseguiu recuperar quando ele lhe segurou a mão a puxando em sua direção.

—Sempre estou lhe segurando para não cair, Luce. – Disse ele com o sorriso preenchendo alegremente seu rosto.

—Obrigada, Natsu. – Disse tímida, soltando da mão dele sem jeito. -Está me procurando ou precisando de alguma ajuda?

—Não, esqueceu o que disse ontem, que ficaria ao seu lado?

Ouvir essas palavras a fez estremecer, embora não soubesse exatamente o porquê. Querendo recusar e ao mesmo tempo não, ela simplesmente continuou com seu afazer, e Natsu se colocou próximo a cerca, sentando-se numa sombra de uma árvore que ficava após o cercado.

Ela precisa se controlar para não ficar o olhando, e quando caia na tentação tinha a infeliz visão ou dele estar lhe olhando de modo amável ou sorrindo para algo que chamava a atenção dele. Ela sentia seu rosto esquentar e seu coração acelerar e sabia que nada disso tinha a ver com a atividade de lavar as roupas. Para sua total infelicidade.

•••

Quando terminou a tarefa de estender as roupas, ela voltou a olhá-lo e o que viu mexeu mais uma vez com suas sensações. Natsu estava com a cabeça prensa para um dos lados, braços cruzados sobre o peito e as costas encostadas na cerca; seus olhos estavam fechados e seu semblante transmitia uma tranquilidade contagiante. Uma brisa leve agitava os fios rosas de seus cabelos e um sorriso quase nulo brincava em seus lábios.

O garoto barulhento e caótico dava-lhe a impressão da personificação de um anjo. Um de uma pureza incomum e vibrante. Lucy devagar, envolvida no clima, aproximou-se dele e assim que o fez se agachou diante dele. Sorriu com franqueza e esticou sua mão até a testa dele, acariciou o local delicadamente e então envolveu seus dedos com o cabelo dele, afagando-o.

Ficou desse modo por um longo tempo e teria ficado mais caso não fosse o despertar dele. Ficou surpresa quando notou que Natsu abrira os olhos sonolentamente, e lhe olhava, e até por esse fato que continuou com a mão em seus cabelos, paralisada.

E o espanto não parou aí, Natsu com ternura segurou a mão dela a tirando de seus fios e a levando até seu rosto, onde inclinou sua cabeça e fechou os olhos, demonstrando saborear desse momento de intimidade, depois soltou a mão dela e a olhando fixamente nos olhos levantou-se, não completamente, só o bastante para seu rosto ficar à altura do dela.

O hálito quente de Natsu foi de encontro ao rosto de Lucy, e um cheio de capim, que parecia ser característico dele, inebriou-a.

Ambos se olhavam, ansiosos. Lucy voltava a sentir as borboletas em sua barriga, talvez foi impressão dela, mas sentia que dessa vez elas não brincavam de pega-pega, mas sim ciranda-cirandinha em alto velocidade. E sem falar sobre respiração falha e as marteladas violentas de seu coração contra seu peito.

—Que sensação estranha. – Ela ouviu Natsu sussurrar.

Ela pensou em concordar com ele ou comentar algo, mas o movimento seguinte dele a fez segurar a respiração e engolir a seco suas palavras.

Pensou em fechar os olhos, mas ficou confusa, não era Gray ali, o rapaz experiente, e sim Natsu que não sabia o que era um beijo, por isso resolveu ficar de olhos abertos, o que não a fez ser pega de surpresa quando os lábios ternamente de Natsu tocou a sua testa.

‘-Porque papai beijou a sua testa? Não dizem as histórias que o casal que se amam se beijam na boca? – Indagou uma Lucy pequenina para sua mãe, que sorriu graciosa para a filha curiosa.

—Não sabia que beijo na testa significa respeito? E que sem respeito não há amor que resista?

—Sério? – Questionou a menina maravilhada. – Então esse beijo é mais importante do que aquele dado na boca, não é?

—Exatamente isso, minha querida. – Disse sua mãe.

Lucy não poderia fazer outra coisa senão esse gesto de amor em sua mãe, e então carinhosamente a garotinha beijou a testa de sua mãe, pois queria com que amor de ambas durasse eternamente. ’

Foi com essa lembrança em sua mente que viu Natsu se afastar de si, embora não conseguisse enxerga-lo perfeitamente por ter seus olhos marejados.

—O que foi? – Indagou ele preocupado.

—Nada. Só estou feliz. – Disse ela franca, dando-lhe um sorriso.

Lucy não conseguia dizer a real razão da expressão de maravilhado de Natsu nesse momento, se foram suas palavras, seu sorriso ou as lágrimas que caiam livremente. O que ela tinha certeza era que a inocência de Natsu mais uma vez havia lhe comovido e agitado seu coração como ninguém antes o fizera.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.