Companheiros?

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–- Ora essa – Resmungou Tora – Como se em todos esses anos que tenho de vida não soubesse o que é amor quando vejo. – Suspirou – Quando Sakura e Sasuke se acertarem, serei realmente obrigada a dizer “Eu te disse Ryo” – Terminando sua conclusão saiu porta a fora correndo para alcançar os dois que iam à frente

...

-- Três rámem de porco, por gentileza – Sakura pediu simpaticamente para o senhor a sua frente.

-- Claro querida, um momento por favor! – O senhor respondeu e virou-se para fazer a comida

-- E então querida, está se sentindo bem? – Tora perguntou carinhosamente

-- Estou bem – Disse enquanto analisava o local – Preocupada, mas bem!

-- Preocupada? – Ryo inclinou a cabeça para o lado em sinal de duvida – Com o que?

-- Hoje Hachiko conversaria com meu pai – A menina respondeu sentando-se a fim de esperar o jantar.

-- Falando em Hikaru – Tora suspirou – É bom que ele não saiba o que aconteceu hoje, você bem sabe que isso seria motivo de uma guerra.

-- Por hora ele não saberá – Sakura alisava a cauda felpuda de Ryo – Não seria prudente de minha parte, mas eu ainda terei uma conversa particular com Senju Tsunade.

-- Espero que você NÃO arrume uma guerra Sakura – Ryo olhou fundo nos olhos da menina – Porque sabemos o quão temperamental você pode ser em uma conversa.

-- Não arrumarei confusão Ryo – Sakura sorriu – Antes de entrar em guerra com Tsunade, tenho pendências com a Akatsuki e com Madara.

-- É bom que tenha prioridades – Tora suspirou – Amanha convocaremos Hachiko para conversar, vamos ver o que Hikaru disse.

-- É, amanha é melhor e... – A menina foi interrompida pelo senhor que entregou as tigelas com o jantar – Arigato!

-- Vamos comer, estou com fome – Ryo pulou da mesa e seguiu para fora do estabelecimento.

Andaram por alguns minutos e avistaram um belo gramado com algumas arvores e um balanço preso em um tronco grosso e aparentemente resistente. As raposas correram pelo gramado como dois filhotes e logo sentaram-se esperando que Sakura chegasse com a refeição, a menina aproximou-se lentamente e quando estava a ponto de sentar ouviu uma voz familiar.

-- Andar sozinha à noite, é deveras perigoso para uma mulher – A voz soou baixa e firme.

-- Sou uma kunoichi muito bem treinada, sei me cuidar Sasuke – A menina sentou-se no balanço entregando uma tigela para cada raposa e pegando uma para si. – Servido?

-- Lie, arigato! – Sasuke agradeceu enquanto dava alguns passos em direção à menina – Posso? – Apontou para o chão pedindo para sentar-se.

-- Claro – Sakura respondeu seriamente, alguns minutos de silencio se estenderam enquanto todos faziam suas refeições, Sasuke admirava o horizonte e observava as raposas que comiam pacientemente.

-- Já vi Manda comer uma vez – O moreno disse friamente – Foi horrível.

-- Manda É horrível – Ryo disse olhando de forma superior

-- Por favor, menos Ryo – Sakura interveio antes que começassem uma discussão, assim que as raposas terminaram a refeição, Tora sutilmente conversou com a menina convencendo-a que ela e Ryo precisavam ir ao Clã Kitsune para falar com Hachiko. Depois de alguns argumentos e um Ryo mal humorado uma fumaça branca cobriu o local e as invocações se foram, deixando assim Sasuke e Sakura sozinhos no local.

-- É horrível – A menina disse admirando o horizonte, o menino olhou-a confuso e percebendo Sakura completou -- Como elas comem quando estão em tamanho normal – Sorriu levemente olhando para o chão – Realmente é assustador.

Sasuke sorriu, por algum motivo estranho sentia-se diferente ao lado da garota, era a primeira vez que ficavam sozinhos e percebeu que isso o agradava, mas ao mesmo tempo o incomodava por não ter assunto, e por serem inimigos em potencial.

-- Como está se sentindo? – Perguntou amigavelmente

-- Estou bem – Respondeu – Apenas um pouco cansada.

-- Lamento por não poder impedir – O menino olhou para o lado desviando o olhar da garota – Se eu soubesse o que aconteceria, não teria permitido que você fosse... – Ele deteve-se no pensamento e tentou corrigir – Soubéssemos, se nós soubéssemos, eu, Kakashi e Naruto, nós teríamos impedido – Dizia um tanto quanto encabulado.

-- Entendi Sasuke! – A menina deu um leve impulso no balanço, sentia-se bem ao lado do moreno – Pergunte logo – Novamente os olhos negros do garoto encontraram-se com os esmeraldinos da menina – Sei que você quer perguntar alguma coisa.

-- Hm – Sasuke suspirou e continuou – Você e meu irmão...é...hum...tinham alguma coisa?

-- Que tipo de coisa? – Sakura havia entendido, mas achava graça no modo como o menino agia.

-- Nada – O moreno virou o rosto em sinal de nervoso, Sakura soltou uma breve risada que foi audível e fez com que Sasuke olhasse para ela – O que foi?

-- Não, eu e seu irmão nunca tivemos nada, a não ser uma amizade que não durou muito – A menina suspirou – Você quer saber a história completa não é?

-- É – Sasuke baixou os olhos, como podia ser tão previsível?

-- Okay – A menina desceu do balanço e sentou-se ao lado do moreno – Meu pai estava em missão pelo Clã naquele dia, pela manha havíamos treinado e eu não havia ficado responsável pela segurança do Clã. Uma equipe de rastreamento sentiu um chakra forte pela redondeza e foi investigar sem qualquer consentimento de minha mãe, e lá, no meio da floresta eles encontraram um homem doente e praticamente morto – A menina suspirou – Quando soube que um estranho havia entrado no Clã queria joga-lo pra fora, pois algo me dizia que a segurança estava ameaçada, mas quando encontrei Itachi ele estava ferido demais, eu e minha mãe notamos que se jogássemos ele para fora, logo morreria, e bem, não é nossa intenção matar ninguém.

-- Ele estava doente? – Sasuke interrompeu, Sakura pensou um pouco para responder, pois sabia que não podia falar a verdade para o garoto, havia feito uma promessa a Itachi.

-- Não, não estava doente, estava ferido – Sasuke pareceu convencer-se e Sakura voltou com a história – Eu e minha mãe realizamos a operação para cura-lo e três dias depois ele acordou, foi acolhido por todos do Clã e logo tornou-se um amigo próximo. Itachi era divertido e tinha uma boa conversa, conquistava a todos com seu entendimento sobre tudo. Admito que demorei para confiar totalmente, mas quando meus amigos cederam, eu por um deslize acabei cedendo também, meu próprio pai passou a confiar nele, e eu não podia ser a única do contra. Itachi passou quatro meses no Clã, mesmo depois de recuperado e acabou tornando-se praticamente um Haruno afinal.

-- E quando ele decidiu contar? – Perguntou intrigado

-- Quando eu não sei – Sakura meneou um não com a cabeça – Mas o porquê eu imagino, ele tinha perdido muito tempo lá dentro, e conquistado a confiança de todos, talvez a consciência dele tenha o avisado que era melhor parar. Quando descobri, fiquei com raiva, com ódio dele e de mim mesma, por ter me permitido acreditar em todas as suas mentiras – A menina voltou a suspirar e encarou o chão – O problema não era ele ser um Uchiha, o problema na verdade nunca foi esse, o problema foi à mentira, a confiança que demos e foi jogada fora, assim que me contou joguei Itachi para fora e ele simplesmente foi.

-- Mas ele voltou – Sasuke sussurrou em forma de um pensamento que saiu alto demais.

-- Sim Sasuke, ele voltou – Sakura fitava o horizonte – Ele armou uma emboscada para meu pai e invadiu meu Clã quando estávamos vulneráveis, havíamos acabado de sair de uma crise econômica forte e ainda nos recuperávamos dos danos. Quando ele chegou, quando eu o vi parado, simplesmente não acreditei, mas quando ele fez o pedido e exigiu que descemos abrigo a Akatsuki, nossa única escolha foi lutar.

-- Você liderou? – Sasuke pela primeira vez olhou nos olhos da menina

-- Sim, com meu pai fora quem comanda lutas sou eu, minha mãe é a comandante Hiouri-nin do Clã – Sakura olhou nas orbes negras de Sasuke – Quando ele iniciou a luta, eu não queria mata-lo, apenas queria dete-lo, manda-lo para longe da minha família e mante-los todos a salvo, mas...mas – Sakura gaguejou e finalmente completou – Eu não consegui, pessoas morreram e eu perdi meu nii-san de coração. – A menina suspirou – Sabe Sasuke, quando eu estava na sepultura dos meus familiares, eu desejei vingança, meu maior desejo era matar Itachi dolorosamente, mas depois eu percebi que não vale a pena, não valeria o esforço.

-- Ele matou meu Clã – Sasuke fechou os punhos – Eu queria vingança, mas eu fiz laços que tentei abandonar, mas consegui sobreviver sem eles. Naruto, Kakashi e todos os outros me faziam falta enquanto eu buscava vingança e... – Sakura interrompeu sua fala

-- E você percebeu a tempo que laços são mais importantes que vingança e ódio – Sakura sorriu de canto – Eu também percebi isso Sasuke, percebi também que temos duas escolhas na vida.

-- E quais seriam? – Perguntou virando-se a ponto de ficar de frente para a menina

-- Uma é usar sua força e sua capacidade para odiar o próximo, usar toda a força de seu coração para obrigar-se a ter raiva e desejar vingança acima de todas as coisas, é ser igual à pessoa que te fez mal – Sakura virou-se para Sasuke o encarando – E a outra, é usar toda sua capacidade para ser diferente, fazer o bem, saber perdoar e selecionar as pessoas certas sem precisar um dia na sua vida tocar um dedo em quem te fez mal, é nunca querer vingança por entender que ela não vale a pena, é ser melhor que o outro e fazer a coisa certa.

-- Mas... – Sakura interrompeu novamente o menino

-- Por meses, em todas as missões que eu saia do Clã, queria encontrar com Itachi para mata-lo – A menina suspirou – Mas percebi que posso ser melhor, e notei que um dia ele acabara se enforcando com a própria corrente.

-- Sabe Sakura – o menino suspirou – Quando você vê seu irmão matando sua família, a família das outras pessoas, pedindo pra que o odeie e para que vá atrás dele mata-lo, é estranho no fim não querer vingar-se.

-- Sasuke, eu vejo em você uma coisa que nunca vi em Itachi – A menina olhou fundo nos grandes orbes cor de ônix do rapaz que mostravam duvida.

-- O que vê? – Perguntou sério

-- Vejo um brilho nos seus olhos que nunca vi nos de Itachi – Sakura voltou a fitar o horizonte – No fundo, Itachi tinha uma alma sem vida, era apenas...apenas – Baixou a voz e sussurrou – Um corpo com grandes poderes, nada mais. – Voltou a fitar Sasuke – Em você eu vejo a vida que almeja ter, os amigos que almeja fazer e sei que esse seu jeito frio e arrogante – O moreno sorriu de canto e foi acompanhado por Sakura – É para esconder a verdade sobre sua própria personalidade.

-- Você consegue ver isso apenas no meu olhar? – Sasuke perguntou divertido

-- Você não faz ideia do que posso ver em um olhar – Pela primeira vez Sasuke viu a menina sorrindo verdadeiramente. Houve um longo silencio que foi finalmente quebrado pelo moreno.

-- Somos inimigos? – Sakura olhou curiosa e espantada pela pergunta de Sasuke – Sabe, você sendo uma Haruno e eu um Uchiha.

-- Hm – Sakura colocou a mão no queixo e fingiu pensar – Isso é antigo, seria sensato de nossa parte não deixar essa rivalidade renascer não é? – A menina suspirou – Não tenho inimigos Sasuke e nem problemas com Uchihas ou Senjus. – Sakura não achou conveniente comentar sobre Madara, talvez fosse melhor o garoto descobrir na hora certa.

-- Tenho que aprender com você a ser tão benevolente e pacifista – Sasuke sorriu de canto e levantou-se, estendendo a mão em seguida para a menina que prontamente pegou-a e levantou-se arrumando as roupas.

-- Você já é benevolente e pacifista Sasuke – Novamente a menina sorriu – Apenas é arrogante, orgulhoso e frio, fora isso é bem parecido comigo.

-- Isso foi um elogio? – A voz saiu de um modo divertido

-- Se isso te fizer feliz, sim, foi um elogio, caso contrario desconsidere meu comentário – Sakura suspirou

-- Companheiros? – Sasuke perguntou para a menina a surpreendendo

-- Você quase me matou há uns dias atrás – A menina sorriu divertida – Não sei se lembra!

-- Posso dizer que você também me mataria não é?

-- Mataria mesmo – Sakura disse seria com um leve sorriso nos lábios – Quando entro em uma luta, não deixo o oponente vivo Sasuke.

-- Você me deixou vivo! – Disse divertido

-- Você meu caro, teve sorte! – A menina começou a andar para voltar à rua principal de Konoha.

-- Mas então, não respondeu minha pergunta – Sasuke começou a andar a seu lado – Iremos lutar juntos por um tempo ainda, afinal somos uma equipe, poderemos nos aceitar como companheiros?

-- Hm – Sakura parou bruscamente – Companheiros – A menina estendeu a mãe que prontamente foi apertada por Sasuke – Eu tinha razão quando disse que você era diferente.

-- Diferente? – Sasuke sorriu de canto e perguntou – Porque sou diferente pra você? – Sakura passou a sua frente andando, virou-se e continuou dando alguns passos de costas antes de falar.

-- Não sei ao certo – A menina sorriu docemente – Mas você me causa arrepios – Dizendo isso sumiu em uma explosão de flores de cerejeiras, deixando um Uchiha maravilhado e confuso, como podia causar arrepios nela, sendo que ele mesmo sentia a mesma coisa. Depois de um tempo parado olhando o vazio a sua frente e ainda sentindo o aroma doce do perfume da garota concluiu “Isso deve ter uma explicação lógica” e andou sem presa alguma para seu Clã.