Real or not real?

Capítulo 21 - Faça você mesmo


- Me desculpe – murmurou Katniss – Por isso tudo, me desculpe.

- Tudo bem – Peeta sorriu – Se esse é o preço a pagar para que você volte a ser você, pago com gosto.

Katniss abriu um sorriso, tentando mover os pulsos, mas as cordas os mantinham bem firmes e apertados.

- Não queria que as coisas chegassem a esse ponto – confessou Katniss – Era apenas uma visita a Capital, e agora... – Katniss balançou a cabeça e olhou em volta, mas não havia nada em volta. Apenas quatro paredes maltratadas e duas cadeiras uma de frente a outra, cada qual ocupada respectivamente por uma Katniss e um Peeta bem amarrados –... Não era pra ser assim.

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- Sabe, eu peço a todo o momento para isso não ser real – disse Peeta, tirando os olhos das cordas de seus braços e os levantando para Katniss – Mas às vezes, eu peço para que seja real, porque de uma forma ou outra estamos juntos.

Katniss sorriu, mas Peeta viu que seu sorriso não era mais do que forçado. Conhecia Katniss bem o suficiente para saber que nas condições em que se encontravam, estar juntos era a ultima coisa que importava para que ambos ficassem bem, mas Peeta sorriu de volta assim mesmo, pois essa era outra prova que precisava para saber que novamente estava com sua Katniss, não a Katniss estragada por Noel, mas Katniss a garota em chamas.

- Com o tempo até vamos nos acostumando – disse Peeta se referindo as cordas que os prendiam – Já perdi as contas de quantas vezes já nos amordaçaram.

Katniss não comentou quanto a isso, apenas ficou fitando Peeta, deixando que as lembranças se materializassem em sua mente, e ficasse mais claro tudo que ocorreu e o que estava acontecendo. Peeta não interferiu no seu processo e na mente de Katniss perguntas e mais perguntas iam formulando à medida que as peças se encaixam no lugar.

Logo, Katniss colocou para fora a única pergunta que não aguentaria hora apropriada para se perguntar.

- O que está acontecendo? Por que isso está acontecendo?

Peeta balançou a cabeça e olhou para o lado.

- É sempre pela mesma coisa Katniss. Sempre pelo poder.

- Snow quer o poder? – supôs ela.

Peeta assentiu.

- E... E você estava o ajudando? – perguntou ela em um tom incerto – Ajudando Snow a chegar ao poder?

Peeta assentiu, ainda sem olhar Katniss.

- Você estava fazendo gravações... Snow pediu minha ajuda... Eu neguei – balbuciava Katniss se lembrando de ver Peeta trancafiado em qualquer lugar através de um monitor – Neguei por Prim, por Finnick, por Cinna, por todos que morreram para tudo ficar como está, e você estava o ajudando – concluiu ela em um tom brando, como se já soubesse disso.

­- E ajudaria novamente se sua vida estivesse em jogo – rebateu Peeta se virando para Katniss – O que mais eu tenho pelo qual vale à pena lutar?

Katniss abria a boca, a fim de responder Peeta, quando a porta se escancarou ao lado deles, entrando por ela três rostos bastante conhecidos e dois que jamais viram na vida.

- Talvez devêssemos telesequestrar ambos, e jogá-los em uma arena. Seria mais do que divertido ver qual mataria qual primeiro e de que forma faria isso – sugeriu Noel com um brilho intenso no olhar.

- Já discutimos isso, Noel – censurou Snow, andando até ficar de frente Katniss e Peeta.

- Se me permite... – começou Dondarion.

- Não, não permito – interrompeu Snow – Grande parte disse provem de sua culpa, meu caro. Ainda vou pensar no que fazer com você.

- Desculpe senhor – Darion continuou mesmo assim – Mas ainda acho que isso não seja algo ruim. Quero dizer, Panem viu Katniss e Peeta, o que pode haver de ruim nisso?

- Talvez jogássemos Darion com eles na arena, seria interessante vê-lo virar refeição de tributo.

Um dos desconhecidos que entrou na sala pigarreou.

- Cavalheiros, se me permitem dizer, não acho que devam tratá-los dessa forma – disse ele indicando com uma mão Katniss e Peeta, amarrados a cadeira – Como podem pedir sua ajuda se não os ajudam?

Snow soltou um pesado suspiro, ao mesmo tempo em que fuzilava o casal com seu par de olhos frios.


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- Já ouviram um ditado antigo, muito antigo, que diz: se quer algo bem feito, faça você mesmo?

Ninguém respondeu e Snow continuou:

- Panem estava quase se rendendo às propostas de Peeta, às minhas propostas, quando de repente aparece uma garota descontrolada que pula em cima dele. Como você interpretaria isso Katniss, se você fosse uma telespectadora? – Katniss continuou calada o fuzilando – Bem, irei te contar como Panem interpretou isso, não viram um casal romântico se abraçando, viram a garota em chamas tentando impedir que seu amado fizesse algo que não deveria, que fosse errado. Não foi sua intenção, eu sei, mas a culpa não deixa de ser sua, o estrago não deixa de ser seu.

- Simplesmente deixe Peeta fora disso, como você disse, a culpa foi minha – rebateu Katniss.

Snow soltou outro pesado suspiro antes de continuar:

- Mandamos para cada Distrito soldados nossos que montaram postos e bases onde os habitantes que estão ao meu lado se alistarão, inclusive mandamos para a Capital.

­- Paylor não autorizaria – interveio Peeta.

- E não autorizou. Mas Paylor mandou todas as suas forças e as forças de todos os Distritos para fora de Panem, a procura de vocês, ou seja, não tem como nos atacar, na verdade, acho que ela nunca teve uma ideia mais brilhante do que essa, Panem está livre para ser tomada – Noel soltou uma risada, e seguindo ele, os outros dois desconhecidos riram juntos, apenas Dondarion permanecia inalterado.

- Vão tomar Panem? – indagou Katniss.

- Não seja boba. O que Panem tem a oferecer? Uma população esfomeada, e uma nação em crise? Irei evacuar de Panem todas as pessoas que se alistaram em meus postos.

Aquilo não era tão ruim afinal, pensou Katniss, por ser um Snow esperava coisas pior vindas dele, mas aquilo era quase pacífico.

- E quanto a nós? – perguntou Peeta.

Snow abriu um divertido sorriso ao rosto.

- Como disse meu caro irmão agora a pouco, não podemos tratá-los dessa forma se queremos a ajuda de vocês – Snow estralou os dedos, e no mesmo instante Noel e o outro desconhecido se colocaram em movimento com canivetes a mão, indo em direção as cordas que prendiam Katniss e Peeta. Katniss mal sentia os braços quando suas mãos foram soltas, e Peeta flexionava os dedos para deixar o sangue correr por suas articulações – Irão se levar, roupas limpas e comida quente os aguardam, e depois irão até minhas acomodações, onde acompanharão ao meu lado, ao vivo, a destruição de cada Distrito de Panem.

Mentalmente Katniss retirava o que a pouco pensara.



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