Capítulo 6: A Verdadeira Ashley

O tempo foi passando.
Horas, dias, semanas...
E uma coisa me inquietava muito.
A Kylie simplesmente não fazia nada além de sair com a Ashley.
Quando ela estava com a Ashley, era animada e feliz.
Mas quando ela estava sozinha, ela ficava levando os dedos aos lábios e pensando.
O que mais me dava raiva era sabe o que? O fato de eu estar tendo esses pensamentos.
Mas, deixando isso passar, por mais ou menos duas semanas, eu não falei com ninguém. Confesso que eu estava começando a me sentir sozinha. Mas eu também tenho o meu orgulho, e eu não vou vir rastejando para os pés da Kylie. Aquela pervertida pode ser amiga de quem quiser, que eu não ligo. Eu posso encontrar meus próprios amigos sozinha.
–E aí, Zoey? Pensando sobre quem? –Uma voz que surge do meu lado me assusta, mas quando percebo, era só Nikki, a garota de cabelo azul que me ajudou a achar o clube de vôlei há um tempo.
Como sempre, ela estava acompanhada de Sam, que dessa vez estava usando fones de ouvido e viajando mentalmente.
–N-Não estou pensando sobre ninguém! –Respondo, completamente envergonhada.
–Aham, lógico. –Ela diz sarcasticamente –Você é igualzinha ao Sammy, só fica negando as coisas, mas com certeza tem alguém especial nesse seu coração kawaii desu, que eu sei.
Eu cruzo os braços e meu rosto fica completamente vermelho. Vejo que Sam também começa a ficar mais desconfortável.
Nikki ri do desconforto de nós dois, e logo seu olhar divertido vem para mim.
–Vamos, Zoey, você parece estar sozinha, vim aqui alegrar seu dia um pouco! –Nikki olha para mim com uma cara expressando um pouco de pena. –Quer ir para a aula com a gente?
Penso por mais ou menos três segundos, e olho em direção da Ashley.
–Uh.... Acho que não deve ser uma má ideia...
No almoço...
–Bem, vou deixar vocês aqui, preciso ir no banheiro. –Nikki deixa a mesa, e pisca com o olho esquerdo para Sam, que fica ligeiramente corado.
–O-O que houve? –Pergunto, provavelmente mais vermelha do que ele.
–...você quer mesmo saber? –Ele diz, um pouco desconfortável.
–...sim?
Sam suspira pesadamente.
–Minha irmã com certeza que nos juntar. –Ele diz, envergonhado. Eu fico surpresa.
–S-Sério...? –É tudo que eu consigo dizer. Sam balança a cabeça.
–Sim... ela viu que eu comentei sobre você quando te mostramos o clube de vôlei.
Imediatamente eu fico bem corada.
–O-O que você comentou?
–Que você parece ser legal. –Ele diz, meio envergonhado –Você não fica muito desconfortável com isso não, não é?
Logo percebo que o que Sam estava tentando era ser meu amigo. Uma coisa que era difícil acontecer comigo, já que eu sou mais do tipo daquelas garotas que tendem a se isolar.
–Eh... não muito... –Respondo. Sam sorri meio que aliviado.
–Então... nós podemos ser.... amigos? –Ele pergunta.
–Pode ser.
Bem na hora, Nikki chega.
–E aí? Se acertaram? –Ela ri maliciosamente
–Vai se ferrar, Nikki. –Sam responde, botando os fones de ouvido.
O resto do almoço foi bem agradável, admito. Foi bom ter outras coisas para pensar...
Não consigo deixar de olhar de canto para a mesa de Ashley e Kylie. Aquela garota estava planejando alguma coisa... eu só não faço ideia do que é....
De noite, na casa da Kylie e da Zoey...
Já faz umas duas horas que a Kylie se trancou no quarto.
Se você conhece ela, isso é muito preocupante, porque Kylie normalmente faz do tipo extrovertida e feliz que está sempre falando com alguém.
A minha primeira aposta é que ela estava assistindo Hentai, mas eu não conseguia ouvir nenhum som vindo do quarto dela...
Eu sinto que estou começando a enlouquecer... como assim eu estou preocupada com ela?
Estou na frente da porta dela, envergonhada demais com os meus pensamentos para poder falar com ela.
Respiro fundo, e bato na porta dela.
–K-Kylie... –Por que caralhos eu fiquei tão nervosa? –Eh... O jantar está pronto...
–Ah, tudo bem. Não estou com fome.
Wow. Isso foi preocupante. Muito preocupante.
Kylie sem fome? O que vem agora? O Apocalipse?
–O que está acontecendo? –Pergunto, com o meu estômago congelando de nervoso.
–...nada de mais... –Kylie diz, dessa vez soando melancólica.
Foda-se a vergonha, agora eu estou é preocupada com essa garota!
–Kylie.... –Eu suspiro -…Eu vou entrar...
Ela não responde, o que me faz apenas ir na cozinha, pegar a maior faca que eu tenho, e usar como chave. Depois de alguns minutos tentando, consigo abrir a porta. Jogo a faca no chão, bem atrás de mim.
Kylie estava esparramada no chão, com o celular em cima da barriga, mostrando uma foto da Ashley.
–A-Ah! Você realmente entrou! –Ela se recompõe, e se senta no chão.
–Kylie... O que tá acontecendo?
–Zoey-Chan... Você já beijou alguém? –Ela desvia o olhar de mim, agindo de forma ligeiramente envergonhada.
A pergunta me pega de surpresa.
Isso quer dizer que...
...Alguém havia beijado a Kylie...?
–N-Não... por quê...? –Eu estava a meio caminho de fazer a Kylie revelar o que ela queria dizer.
Kylie suspira, e logo libera:
–A Ashley me beijou.
Dia seguinte, na escola.
–QUEM VOCÊ PENSA QUE É? –Grito para Ashley na primeira oportunidade que tenho. Ela estava sozinha, era a perfeita oportunidade para botar as cartas na mesa com essa filha da puta.
–Ih, tá putinha? –Ela pergunta debochadamente –Eu nem te conheço, garota! O que eu posso ter te feito?
–Você beijou a minha melhor amiga! –Digo, determinada a resolver as coisas.
Ashley faz uma cara de surpresa.
–Ah, então você quer se intrometer entre eu e a Kylie, não é? –Sua voz fica assustadora.
–Você não tem direito de beijar os outros sem que eles queiram!
Ashley ri.
–Nisso você está errada, é claro que ela queria. –Ashley toca seus próprios lábios nojentos de tanto batom. –Ela ficou pensando em mim o tempo todo depois do beijo. Logo estaremos juntas... para sempre!
Ashley ri, e eu fico completamente assombrada pela risada doentia dela. Aquela garota só podia ter problemas.
–V-Você não pode fazer isso com a Kylie! Você deixou ela confusa!
–Confusa sobre o quê? Isso é amor, uma coisa que você nunca vai conseguir.
–Você não pode fazer isso... –Começo a demonstrar fraqueza, uma coisa que eu não podia fazer.
–Por acaso você também está gostando da Kylie? –Ela pergunta, o que faz o meu rosto ferver em vermelho.
–Não é da sua conta! –Respondo.
–Ah, é da minha conta sim. –Ela me empurra contra a parede, e me prende lá. –Qualquer um que fique entre eu e ela deve desaparecer...
Naquela hora, eu estava completamente petrificada de medo. Não conseguia mover um músculo.
–...você é um monstro...
–Não, querida. Eu só vou dizer, em claro e bom som: Fique longe da Kylie. Você não sabe quem eu sou.
Logo, aquela vadia sai caminhando lentamente com aquelas botas de salto afiado, e me deixa lá, completamente indefesa. Caio sentada no chão, e abraço os meus joelhos. Eu não conseguia sentir nada além de medo. O que aquela garota vai fazer comigo? O que ela vai fazer com a Kylie?
E mais importante: Quem é ela, de verdade?