Leis da Noite - Mente sobre Materia

Mais Uma Noite, Mais Um Encontro - Parte 1


Capitulo 5 – Mais Uma Noite, Mais Um Encontro.

Saiu do apartamento e bateu a porta atrás de si. Desceu os degraus de mármore sujo e quebrado que compunham as escadarias daquele pequeno prédio de Cleverfield. Em pouco tempo já ganhava as ruas. Um vento frio batia lá fora, porém, nada que o incomodasse. Não usava qualquer proteção para aquele tipo de temperatura, apenas uma calça jeans padrão e uma camisa branca, mas, isso já não era um problema para ele, tinha outras coisas com as quais se preocupar agora.

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Eram 20:00 e as ruas estavam cheias, como sempre. Em outros dias estaria se dirigindo ao parque da cidade, para tentar vender suas obras e assim conseguir comprar seu pão de todo dia. Aqueles tempos haviam morrido junto com ele. Não precisaria mais vender suas obras no meio da rua, ou em algum evento de segunda categoria. O ser que ele era agora transcendia essa necessidade.

Santa Felícia estava em sua eterna hiperatividade, com os risos cortando a noite, palavrões escapando por portas de bar, músicas sendo cantadas e ouvidas ao que parecia ser cada esquina. Como sempre, o lugar parecia um parque de diversões em eterno funcionamento e isso irritava Michael.

O pintor andava em meio a tudo aquilo cada vez mais se vendo como “o estranho no ninho”. Aquela algazarra era tão sem sentido para ele, tão... Mortal. Nunca conseguira se ver como parte daquele mundo de festas e beberagem e agora, que tinha uma nova “vida”, ainda menos. Se antes repudiava aquela exaltação, hoje a odiava.

Desviou de um grupo de adolescentes que consumiam alguma bebida alcoólica sem o consentimento de seus pais e estes apenas fechavam os olhos para os filhos. A turma devia ter bebido a tarde toda, devido ao estado de rubor que seus rostos redondos apresentavam. Contudo, a única preocupação que Michael teve para com a corja foi tratar de passar bem longe. Além de ter nojo daqueles indivíduos, não queria arranjar qualquer tipo de confusão, poderia ser perigoso, devido a sua nova natureza e ele sabia, jovens bêbados eram especialistas em arranjar brigas desnecessárias.

Em seu pequeno desvio acabou por passar perto de um garoto lá com seus 12 anos, provavelmente filho de pais mexicanos, imigrantes ilegais, talvez, não era da sua conta. O que lhe interessou foi a grande pilha de jornais que o moleque tentava vender. Por pura curiosidade Toren foi ver qual seria a matéria de capa, queria ver que besteiras teriam colocado naquela fonte de informação. Ou seria inútil, ou seria sensacionalista. Tinha certeza disto. Esticou o pescoço para o lado para ter um ângulo melhor de leitura e constatou que havia acertado. A notícia dizia: Garotos encontrados mortos na Floresta Nacional de Los Padres.

Michael sorriu ao ver que tinha antecipado o que viria, mas, assim que correu os olhos pela página, seu riso morreu.

3 de fevereiro... 3 de fevereiro...

Havia se passado mais de uma semana desde que tinha visitado o barão Claudius, a conversa dos dois havia sido no dia 20 de março. Michael ficou espantado com a grande quantidade de dias que ele havia perdido desde a suposta data de sua morte até o seu despertar.

Imaginou o que teria acontecido com ele naqueles dias, primeiro acreditou que fosse algo da própria transformação em vampiro, talvez fosse um processo lento ou algo parecido. Mas logo depois descartou essa ideia, pois sabia de alguma maneira que a mudança em questão era algo rápido, instantâneo. Talvez fosse novamente o instinto vampiresco lhe sussurrando ideias.

Mas então o que teria lhe acontecido? Talvez algo parecido com um coma, era o que imaginava.

Forçando sua memória, acabou por se lembrar de como havia despertado para a nova realidade. Em uma casa suja, abandonada, dita insegura para habitação. Porque será que ele havia sido posto lá? Por que seu senhor o queria naquele lugar, e não por perto, para o jovem ser ensinado e tutorado em sua nova vida, como deveria ser?

Todas essas perguntas voavam a mil pela desentendida cabeça do vampiro novato. Decidiu, afinal, que não adiantava ficar se torturando com cada vez mais perguntas, estas que sabia quem poderia ter uma resposta certa para cada uma. Decidiu continuar seu trajeto para se encontrar com o seu patrono. Andou mais alguns metros por aquela calçada coberta de lixo e folhas de papel e então deu sinal para que um ônibus que passava parasse.

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