Yakusoku

Capítulo 12 - I still love U



– Bom, vamos continuar com o jogo então! - Utau exclamou animada, dividida entre a vontade de caçoar de Yaya e de ver a continuação do jogo. Tanto a Às quanto Kukai continuavam vermelhos até as orelhas, evitando se encarar. A cantora girou a garrafa, e esta parou apontando para o atual Valete
– Ora, que interessante... finalmente as coisas estão melhorando por aqui! - Utau exclamou, dificilmente contendo a empolgação - Então, vamos lá, meu rapaz, pode girar!
– Mas... m-mas eu...
– Nada de "mas", Nagi! Pode girando essa garrafa, anda! - Yaya pareceu se recuperar do seu breve estado de abobalhadamento devido ao beijo de Kukai.

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Nagi deu uma rápida olhada para Tadase, ainda sentado ao seu lado. O Rei olhava fixamente para a garrafa com uma cara séria demais pra quem estava jogando algo tão perigoso quanto pocky game. Por um instante fugaz, Nagi chegou a pensar que o garoto estava preocupado. Sem outra opção, Nagihiko girou a garrafa, ainda temeroso com o resultado. Não importa para quem a garrafa apontasse, ele certamente não iria gostar. E mesmo que apontasse para Tadase, o que era pouco provável... bem, digamos que isso só aumentaria as preocupações do Valete.
A garrafa foi parando de girar lentamente, até que parou apontando para Utau.


– Ehh?! Eu?? - Utau apontou para si mesma, como se esperasse que alguém lhe dissesse que era algum tipo de piada e ela não precisaria fazer isso
– Ora, vamos, Utau-chan! Isso pode ser interessante de certa forma... talvez possa causar ciúmes em um certo alguém, quem sabe? - Yaya tentou animar a amiga, olhando de um jeito nada disfarçado para Tadase
– Ah, bem... já que não tem outro jeito, vamos logo com isso então - Utau retirou um palitinho do pacote, colocando-o na própria boca, ainda meio incrédula com a situação em que se metera.


Nagihiko deu uma última olhada para Tadase. Ele não falou nada, mas ainda olhava fixamente para a garrafa, agora parada, e de lá para o palito na boca da cantora, como se não conseguisse acreditar que isso estava acontecendo. Talvez estivesse apenas surpreso... sim, é claro que ele estava apenas supreso. O que Nagihiko estava pensando, que Tadase poderia estar com ciúmes?! Isso era completamente impossível, ele sabia muito bem disso! Nagihiko amaldiçoou-se por dentro por pensar em uma hipótese tão absurda, e resolveu acabar com aquilo de vez, mordendo a outra ponta do palito na boca de Utau.


"- O que.. o que é isso que estou sentindo?"– perguntava-se Tadase em seus pensamentos - "Sinto falta de ar... e uma dor horrível no peito, como se meu coração fosse explodir... por que isso agora, se eu estava tão bem há um minuto atrás?! Será que... será que ainda estou doente? É, pode ser uma recaída da gripe, mas... tenho a impressão de que não é isso. Não se parece sintomas de gripe... sinto meu peito doer, como se uma mão invísivel atravessasse meu corpo e esmagasse meu coração com força... e sinto meus olhos marejados, como se fosse chorar a qualquer momento... por que isso agora?! Eu não senti nada disso com nenhuma das outras pessoas que foram sorteadas! Será que... talvez eu... não queira ver o que está prestes a acontecer...? É... acho que eu... não quero que isso aconteça".


Nagihiko deu uma última espiada com o canto dos olhos, à tempo de ver Tadase fechar os próprios olhos e virar o rosto para o outro lado. Parecia incomodado com a cena... mas Nagihiko não queria criar falsas esperanças, então forçou-se a não pensar mais nisso. Tadase devia estar apenas envergonhado com uma cena dessas acontecendo bem na sua frente, era só isso. Nagi voltou a concentrar-se no palito, que agora já estava quase na metade. Ouviu um som muito distante de fotos sendo tiradas, indicando que Yaya estava de volta à ação. Ele encarou Utau por um momento, e viu que ela também parecia relutante em deixar que aquilo acontecesse, mas não por vergonha ou medo, e sim por um outro motivo que ele podia muito bem imaginar qual era. Logo Nagihiko pôde sentir a respiração da cantora em seu rosto, e fechou os olhos com força para não ver o pior acontecer. E para a surpresa de todos, alguns segundos depois, ouviu-se um "crec!" e Nagihiko sentiu a respiração da garota se afastando. Abriu os olhos de novo, e viu um pedacinho do palito quebrado na boca da garota à sua frente, sendo devidamente devorado logo depois.

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– Ah, bem... acho que foi melhor assim, não é? - Utau sorriu para ele, engolindo o que restou da sua metade do palito
– É... acho... que sim - Nagihiko acabou concordando, fingindo não sentir o enorme alívio que invadia seu peito.


Ele terminou de comer sua metade do palito, e os dois voltaram aos seus lugares na roda. Quando voltou a se sentar, pôde ouvir Tadase dizer num som quase inaudível:


– Que bom... que o palito quebrou, Fujisaki-kun
– O que?! V-Você falou alguma coisa, Hotori-kun??
– Ehh? N-Não... não disse nada - Tadase virou o rosto, tentando disfarçar um sorriso que teimava em não desaparecer de seus lábios
– Muito bem, vamos á próxima rodada! - exclamou Yaya empolgada, tornando a girar a garrafa, que rodou até parar em Kairi, que não pôde evitar se soltar uma exclamação de medo
– Ehhh o Iinchou de novo, é? Vamos ver quem será o sortudo que vai te beijar dessa vez, Iinchou! - Yaya soltou uma gargalhada pervertida, sendo acompanhada por Utau e Ikuto, que cismava em olhar fixamente para o Ex-Valete, tentando assustar ainda mais o pobre menino.


Como Kairi parecia que estava petrificado de medo, Yaya girou a garrafa por ele, que foi parando de rodar aos poucos, até parar em Amu.


– Ei peraí, que negócio é esse aí?! Isso não vale não, é marmelada, hein?! - Ikuto reclamou enraivecido com o resultado
– Claro que isso vale! Amu-chi e o Iinchou são uma garota e um garoto, afinal! - Yaya exclamou, fingindo-se de séria
– Não vai me dizer que você está com ciúmes do seu novo brinquedinho, Ikuto?? - caçoou Utau, dando um cutucão nas costas do irmão
– É, estou com ciúmes, sim! Não quero que esse moleque beije a Amu! - Ikuto exclamou, fingindo não entender a insinuação da irmã
– Etto... t-também não sei se é uma boa idéia eu fazer isso... - Amu pronunciou-se um tanto corada
– Ihh nem vem com desculpas, Amu-chi, que essa não cola! - Yaya falou estranhamente séria
– Se pensar bem, isso seria um beijo indireto comigo, Amu - Ikuto deu uma risada pervertida
– Agora é que eu não quero mesmo!!! - desesperou-se a Coringa
– Mas vai ter que fazer sim! - insistiu Yaya - Certo, Iinchou?
– Bem... e-eu acho que... que seria injusto não fazer - Kairi tentou disfarçar, mas estava mais do que na cara que ele queria fazer aquilo
– Muito bem, assim que se fala! Aqui está o palito, meu jovem, agora manda ver! - Utau entregou um palito açucarado para Kairi, que o colocou na boca.


Sem outra opção, Amu aproximou-se e mordeu a outra ponta do palito. Ela deu uma rápida espiada em Tadase, que observava o jogo um tanto corado. Ao contrário do que fizera na vez de Nagihiko, ele não desviou os olhos dessa vez. Amu estava tão preocupada com o fato de estar sendo observada pelo Rei, que não percebeu que Kairi devorada sua parte do palito rapidamente, e só se deu conta da proximidade entre os dois quando sentiu a ponta do nariz do garoto encostando no seu. Amu prendeu a respiração e fechou os olhos, sentindo seu rosto esquentar numa velocidade alarmante. E antes que se desse conta, o palito havia terminado, e Amu podia sentir o garoto invadir seus lábios, enquanto a abraçava. Ela estava completamente paralizada, mal acreditando que aquilo estava mesmo acontecendo. Moveu inconsciente uma das mãos, abraçando-o também. Podia ouvir vagamente o som de fotos sendo tiradas, e teve certeza de que era Yaya com sua câmera.
Vários segundos depois, quando já estava sentindo falta de ar, Amu sentiu o garoto se afastar, ainda ofegante. Ele a encarou um tanto envergonhado, e Amu sentiu seu rosto esquentar ainda mais, se é que isso era possível.


– Uau, a coisa foi boa dessa vez, hein?! - Utau soltou uma risadinha pervertida idêntica à do irmão
– É, acho que agora sim o Iinchou está "curado" hahahahaha!! - Yaya deu uma risada igualmente pervertida, mesmo não sendo da família de Utau e Ikuto
– Muito bem, vamos continuar com isso logo!! - Rima ressurgiu das trevas, aparentemente "curada" do beijo de Ikuto graças aos muitos litros de chocolate que bebera até agora. Ela girou a garrafa com certa força, que foi parando de rodopiar lentamente, até que parou em Tadase
– Kyaaaa!! Isso aí, muito bem Rima!! - Utau e Yaya gritaram juntas, escandalosas como sempre, e Rima soltou uma risada convencida que lembrava muito o Chara Change de Tadase
– Ok, ok, agora pode girar a garrafa, Tadase! - mandou Yaya, sem conseguir conter a empolgação
– Ehh?! E-Eu... eu vou mesmo ter que fazer isso?! - ele indagou, ainda encarando a garrafa incrédulo
– Mas é claro que você vai ter que fazer!! Ninguém escapou agora, não é você que vai escapar, ora bolas! - exclamou Yaya um tanto impaciente
– M-Mas... mas eu...
– Ahh caramba, me dá isso aqui que eu giro, seu Rei pamonha!!


Yaya arrancou a garrafa das mãos trêmulas do amigo e a girou para ele. Tadase observava a garrafa temeroso, e Nagihiko também. Ainda que fosse pequena, quase remota, havia uma possibilidade da garrafa apontar para ele dessa vez. Claro que ele tinha consciência do enorme problema que causaria caso a garrafa realmente parasse nele, mas não podia deixar de desejar ter aquela bendita garrafa apontando para si mesmo do que para qualquer outra pessoa.
E para a surpresa de todos, a garrafa parou na pessoa que a girara. Yaya ficou vários segundos mirando incrédula a garrafa que ela mesma girou, e que agora apontava pra si mesma.


– Ehh? parou na Yaya?! É sério mesmo?? - Yaya apontava para si mesma, olhando um tanto desnorteada para Utau
– Vamos, vamos, relaxa, amiga! Lembra do que você me disse antes? Isso pode ser interessante de uma outra maneira! - Utau tentou tranquilizá-la, sem muito sucesso, já que não conseguia parar de rir
– Mas isso não tem a menor graça!! - Yaya gritou, ficando séria de repente - Até teve graça com a Utau-chan, mas se for com o Tadase, então não...
– Ei, pirralha! Cuidado com essa bocarra ou vai acabar falando demais - avisou Ikuto, interrompendo a menina - Se vão fazer isso, então façam logo de uma vez
– Ele tem razão, Yaya, melhor acabar logo com isso - apoiou Utau
– Mas... m-mas é que.. a Yaya não quer fazer isso... v-você também não quer, não é, Tadase??
– Ehh?! Ah, bem... n-não, não quero - ele confessou sinceramente, sentindo seu rosto esquentar
– Pois vocês vão fazer, querendo ou não! - falou Ikuto, ficando sério de repente
– Ehhh?! Mas o que foi que deu em você agora, Ikuto?? - Yaya indagou, um tanto assustada com a repentina empolgação do rapaz
– É o espírito natalino que me contagiou! - Ikuto se levantou de repente, saindo de seu edredon e se espreguiçando. E sem mais nem menos, ele arrancou fora a camisa que usava, tornando-se uma espécie de versão sensual do Papai Noel, já que agora estava só com a calça e a touca, o que imediatamente provocou gritos histéricos vindo das garotas
– Kyaaaa!! M-M-Mas o que você pensa que tá fazendo Ikuto?!! - Amu gritou assustada, afastando-se do garoto seminu
– Eu já falei, é o espírito natalino! - ele repetiu, mais empolgado do que o normal - Sabem como é, o espírito natalino é quente... dá calor... aí dá vontade de tirar a roupa! - ele ia começar a tirar a calça também, mas Amu agarrou o livro que Kukai ganhou de presente e deu-lhe uma livrada na cabeça
– E desde quando o Natal é quente, seu baka neko?! Não estamos no Brasil não!! - Amu gritou, vermelha tanto de vergonha quanto de raiva
– Aposto que ele bebeu muito chocolate, e por isso ficou assim! - sentenciou Rima, já na sua vigésima caneca. Ela olhou disfarçadamente para o peitoral viril do homem-gato e corou furiosamente
– Não, eu acho que isso só acontece com você mesmo - Utau deu uma risadinha - Mas estamos perdendo tempo aqui! Yaya e Tadase, podem começando a jogar, anda!!
– Ehh?! M-Mas Utau-chan... a Yaya não quer fazer isso...! - a Às choramingou, incapaz de encontrar um bom motivo para não jogar
– Ahh mas você vai fazer sim, fedelha! - teimou Ikuto - Me ajuda aqui, Utau!

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Ele deu a volta por trás de Tadase, segurando o garoto para que não fugisse, enquanto que Utau enfiou um palito açucarado na boca da Às, empurrando-a para perto de Tadase. Ikuto apertou as bochechas do garoto, forçando-o a abrir a boca, e Utau aproveitou para dar um último empurrão em Yaya, colocando a outra ponta do palito na boca do Rei. Os dois irmãos voltaram para seus lugares, satisfeitos com seu trabalho bem feito, e puseram-se a observar a cena com atenção.


Os outros também observavam atentamente, alguns prestando mais atenção do que outros. Utau furtou a câmera de Yaya e agora tirava fotos freneticamnte do Rei e da Às. Yaya encarava o amigo de olhos arregalados, mal acreditando que isso estava mesmo acontecendo. Isso parecia até algum tipo de castigo divino. Primeiro, Utau foi obrigada a jogar com Nagihiko, e agora ela com Tadase. Justo as duas pessoas que mais estavam se esforçando para uní-los, encontravam-se em uma posição que poderia separá-los para sempre. Talvez fosse algum tipo de punição por elas serem tão enxeridas e se intrometerem tanto na vida alheia... e agora estavam sendo castigadas, como um aviso de que seria melhor que elas parassem de se intrometer do que não era de sua conta. Bom, mesmo que fosse algum tipo de aviso ou punição, não adiantaria de nada mesmo, no fim elas acabariam voltando a criar suas artimanhas. Não parecia, mas bancar o cupido era realmente divertido, sem falar que aquele era um casal que realmente valia a pena ajudar.


Ao ver que o palito estava chegando na metade, Yaya deixou suas divagações de lado, novamente temendo o resultado do jogo. Tadase, por sua vez, além do enorme constrangimento, também sentia uma boa dose de culpa que ele não sabia de onde vinha. Os outros observavam atentos, cada um tendo uma reação diferente: Poucas pessoas notaram, mas Kukai olhava para Tadase com uma raiva nunca vista antes, parecia que iria encher o Rei de porrada à qualquer momento; Amu também os observava nervosamente, roendo as unhas numa tentativa inútil de se acalmar, enquanto rogava pragas em voz baixa contra Yaya; E Nagihiko tentava desviar o olhar da cena, mas era em vão. Ele fechara as duas mãos com força, numa tentativa de se controlar e não arrancar aquela garota de perto do seu precioso Rei agora mesmo. Mas o que Yaya pensava que estava fazendo afinal?! Não era ela mesma que passara as últimas semanas criando planos mirabolantes e situações absurdas para tentar unir o Rei e o Valete?? Então o que raios ela pensava que estava fazendo, roubando os lábios do Rei desse jeito?! Por um instante fugaz Nagi se esqueceu de que havia desistido há muito tempo desse amor impossível e foi invadido por uma vontade enorme de afastar Tadase daquela garota dissimulada e declarar seu amor por ele ali mesmo. Por sorte, caiu em si segundos depois, dando-se conta do enorme absurdo que acabara de pensar, e decidiu por fim virar o rosto para não ver a cena que destruiria de vez seu frágil coração.


Por sorte, nada disso foi preciso. Não eram necessárias as pragas de Amu, nem o olhar mortífero de Kukai, nem os pensamentos insanos de Nagihiko, nada daquilo era necessário, pois, quando o palito mal chegou na metade, ele se partiu em dois. Yaya engoliu sua metade feliz, e arrancou a metade de Tadase da boca do garoto, devorando-o em segundos também. Pôde-se ouvir Amu e Kukai suspirando aliviados, sem nem ao menos se darem ao trabalho de disfarçar. Depois que Yaya terminou de comer o doce, ela sorriu feliz e disse:


– Que bom que terminou assim, não é, Tadase? Afinal, não é a Yaya que você deveria beijar!
– Eh...? Não é você que eu deveria... c-como assim, Yuiki-san? - perguntou Tadase, ainda entre envergonhado e confuso
– Bem, já chega disso, não é?? - Kukai intrometeu-se na conversa, ainda meio enciumado - Voltem para os seus lugares e vamos continuar com o jogo, anda!


Tadase e Yaya voltaram aos seus lugares, e Kukai tornou a girar a garrafa, que acabou indo parar de novo em Tadase.


– Ahh cara, eu não acredito nisso...! - Nagihiko deixou escapar uma reclamação, mas parou de falar no meio da frase. Mal tivera tempo de se sentir aliviado pelo palito ter se quebrado antes que o pior acontecesse, e já teria que passar por tudo aquilo de novo
– Ehh eu de novo?! Realmente não dá pra acreditar! - Tadase exclamou concordando com o Valete, aparentemente sem perceber o motivo da reclamação do outro garoto
– É, você está com sorte, hein Tadase?! - riu-se Yaya - Vamos, gire a garrafa de novo!
– Mas... mas eu acabei de jogar...
– E daí, isso não importa nem um pouco! - exclamou a Às - Anda, pode girando! A Yaya é que não vai girar, da última vez ela parou em mim e deu naquilo...
– Urgh... e-está bem.


Tadase deu-se por vencido e, ainda um tanto hesitante, girou a garrafa. Todos a olhavam girar ansiosos. Amu agora roía as unhas da outra mão, já que seu nervosismo acabou com as unhas da primeira. Nagihiko resmungou emburrado, amaldiçoando seu próprio destino, e desistiu de prestar atenção no jogo. Agora ele olhava pro lado , praguejando contra esse jogo estúpido que Yaya inventou.


– Ah, ela parou - Yaya anunciou, e Nagi soltou outro muxoxo de irritação - Ei, Nagi, presta atenção no jogo e pára de ficar pensando na morte da bezerra!!
– Pra quê? Que diferença faz se eu presto atenção ou não nesse jogo estúpido??
– Faz toda a diferença do mundo, porque a garrafa parou em você! - Utau exclamou, incapaz de conter a empolgação na voz
– É O QUÊ???


Nagi se virou tão bruscamente que lhe causou uma forte dor no pescoço, mas ele não se importou com isso. Tornou a olhar para a garrafa e viu que ela de fato estava apotando para ele. Pôde ouvir, com se fosse muito distante, as exclamações escandalosas de Utau, a risada pervertida de Yaya, e até mesmo uma risadinha de Ikuto, que já era naturalmente depravada. Ele virou lentamente seu rosto na direção de Tadase, que o encarava meio abobalhado. Quando seus olhos se encontraram, Tadase desviou o rosto, corando furiosamente.


– Bem, o que estão esperando?! Vamos logo com isso! - Yaya havia se levantado e agora pulava eufórica
– Mas Yaya-chan... isso é... err quero dizer... n-nós não podemos fazer isso! - Nagihiko gaguejou nervosamente - Quero dizer, nós... n-nós somos dois garotos... e o Hotori-kun também parece que não quer fazer...
– Nem vem que não tem, que isso não é desculpa! - Ikuto intrometeu-se - Se eu tive que fazer isso com um garoto, você vai fazer também! Utaaau! Cadê o palito??
– Tá na mão! - Utau entregou feliz o palito para o irmão, que o enfiou na boca de Tadase
– Bom, agora é com você, pirralho de cabelos longos - Ikuto deu uma última risadinha pervertida e se sentou para assistir.


Nagihiko encarou nervoso o Rei, que ainda o mirava com o palito na boca. Seu rosto estava muito vermelho, e ele tremia da cabeça aos pés, mas não estava protestando... parecia que não era contra isso. Mas como Tadase podia não ser contra?! Ele estava prestes a ser beijado por outro garoto, será que isso não o incomodava?! Talvez o seu senso ridiculamente grande de justiça estivesse falando mais alto nesse momento, afinal, se Ikuto e Kairi tiveram que fazer aquilo, não seria justo se ele e Nagihiko não fizessem.


– Fujisaki-kun - Tadase o chamou, desperando-o de seus devaneios - Você não vai fazer?
– Eh?! M-Mas Hotori-kun... você... err... v-você realmente não se importa?? - Nagihiko desviou os olhos, sentindo um misto de nervosismo, ansiedade e embaraço preencherem todo seu corpo
– Bem... é embaraçoso e estranho, mas... não seria justo se não fizéssemos - ele falou meio embolado por causa do palito em sua boca - Quero dizer, Ikuto-niisan e o Sanjou-kun tiveram que fazer, então... - ele parou de falar, envergonhado demais para prosseguir. Sim, aí estava o enorme senso de justiça de Tadase falando mais alto outra vez, exatamente como Nagihiko imaginou. Nagi sentiu como se uma pedra afundasse em seu estômago
– Ei, vamos logo vocês dois!! - Yaya gritou, com a câmera na mão
– Pois é, é pra hoje, viu?! - apoiou Utau
– Fujisaki-kun... você não quer fazer isso comigo? - Tadase perguntou em voz baixa, de modo que os outros não ouvissem, encarando-o com aqueles olhos grandes e brilhantes, que transbordavam inocência - Sabe, eu... s-se tenho que fazer isso com outro garoto, então... e-então prefiro que seja com você.


Aquilo foi o estopim. As correntes invisíveis que pareciam segurar Nagihiko se quebraram, e ele avançou contra o garoto, sem dizer mais nada, mordendo a outra ponta do palito. Tadase não parecia esperar que aquilo funcionasse, pois corou furiosamente com a proximidade do Valete. Tadase tremia nervosamente, e parecia corar ainda mais a cada mordida que Nagihiko dava no palito. Logo o palito chegou na metade, e seus narizes se encostaram logo depois. Nagihiko sentia a respiração descompassada de Tadase batendo em seu rosto. Apoiou uma das mãos no ombro do Rei, segurando seu rosto com a outra, e viu Tadase arquejar e fechar os olhos com força, cada vez mais enrubescido. Nagi podia ouvir ao longe o som do botão de uma câmera sendo apertado freneticamente, e sabia que era por isso que Yaya esteve esperando a noite toda, mas não se incomodou com isso agora. Os últimos centímetros do palito foram devorados e seus lábios se tocaram. Tadase soltou um ruído abafado, segurando a blusa do Valete com força. Ele não sabia muito bem o que fazer, e parecia dividido entre a vontade de sair correndo dali ou permanecer junto ao Valete, mas estava tão paralizado pela mistura de emoções em seu corpo que continuou ali imóvel, deixando que o outro prosseguisse. Nagihiko não aguentou, agora que fora tão longe, queria mais, queria provar mais daqueles lábios que desejava há tanto tempo, queria ter aquele garoto só para si, ali e agora. Invadiu os lábios inexperientes do Rei com a língua, que deixou escapar um gemido, mas deu permissão para que o outro garoto continuasse. Hesitante, Tadase foi movendo suas mãos aos poucos, uma ainda segurando a camisa de Nagihiko com força, enquanto que lentamente atirou a outra ao redor do pescoço do Valete, agarrando-se em seus longos cabelos. O bendito do palito açucarado que provocou essa situação se fora há tempos, mas isso já não importava mais. Nagihiko sentia sua cabeça girar, um misto de nervosismo, ansiedade e excitação percorrendo todo seu corpo. Seu coração batia tão forte que parecia que ia rasgar sua pele, pulando pra fora a qualquer momento. Ele não se importava mais com onde estavam, ou se estavam ou não sendo vistos. Não se importava com os gritos histéricos de Yaya e Utau, nem com as ameaças e xingamentos desferidos por Amu, não conseguia pensar em mais nada que não fosse o garoto em seus braços. Abraçou Tadase com mais força, descendo lentamente as mãos pelo corpo do loiro e o abraçando pela cintura, colando seus corpos, enquanto explorava cada canto da boca do Rei com a língua. Sentia-se embriagado, como se nada mais importasse, e não existisse mais ninguém no mundo além deles dois, e continuaram assim por um bom tempo, desejando que esse momento mágico jamais acabasse.

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Bem, infelizmente, haviam outras pessoas no mundo. Também haviam outras coisas que importavam, como o fato de que eles eram seres humanos que necessitam de oxigênio em seu corpo para sobreviver, o que obrigou os dois a se separarem depois de um bom tempo por falta de ar. Um fino fio de saliva saía da boca dos dois.


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Nagihiko reabriu os olhos, ainda com a respiração descompassada. Tadase olhava fixamente para ele, o rosto mais vermelho do que Nagihiko jamais o vira, e com a ponta dos dedos tocando lábios recém beijados. Tadase estava ainda mais ofegante do que ele, pouco acostumado com esse tipo de situação. Abriu a boca uma ou duas vezes para tentar dizer alguma coisa, mas sua voz não saía. Por fim, ele se afastou alguns passos e, lentamente recuperando os movimentos do próprio corpo, saiu correndo dali o mais rápido que suas pernas bambas lhe permitiram.


– Hotori-kun, espera!! - Nagihiko chamou, mas já era tarde, o Rei já havia desaparecido porta afora
– Nagi, o que você está esperando?! Vai atrás dele, anda!! - Yaya gritou exasperada. Seu tom de voz parecia sério e preocupado, mas a enorme cascata de sangue que escorria por suas narinas estragava totalmente o efeito de seriedade que ela queria passar
– Por que... por que eu deveria ir atrás dele? - Nagihiko murmurou, tentando não parecer desolado. Ele abaixara a cabeça, de modo que seus cabelos cobrisem seus olhos marejados de lágrimas
– Como "por que"?! Porque foi você quem o beijou e o deixou naquele estado, oras!! - Utau gritou, igualmente aparentando estar preocupada, mas, assim como Yaya, a cascata de sangue que jorrava de seu nariz estragava completamente sua cara séria
– Exatamente. Ele fugiu porque não queria me encarar depois do que eu fiz. Então, se eu for atrás dele agora, isso não fará sentido, já que ele não quer me ver, não é? - Nagihiko disse aquilo como quem tentava explicar o óbvio, mas sua voz falhada o denunciava - Eu... acho que vou indo agora... não quero mais jogar - foi tudo que ele conseguiu dizer, antes de sair da sala, seguindo na direção contrária que Tadase tomara.



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" - Ele me beijou... ele me beijou... um garoto realmente me beijou!" – Tadase pensava desnorteado, enquanto observava os telhados cobertos de neve das casas vizinhas, sem realmente vê-los. A vista do terraço da escola era realmente impressionante, mas era uma pena que Tadase não conseguisse apreciá-la nem um pouco agora - "E agora... o que eu faço? O que eu devo fazer?? Meu primeiro beijo foi roubado por um garoto... e foi logo o Fujisaki-kun. Não sei porque isso me dá um certo alívio, mas... mas mesmo assim, é estranho! E eu saí correndo daquele jeito.... corri porque não sabia o que dizer ou o que fazer depois de uma situação daquelas, mas... acabei largando toda a responsabilidade em cima dele... meu Deus, a Yuiki-san e a Utau-chan vão acabar com ele! Elas parecem que estavam implicando com ele o dia todo... mas eu não sei o que fazer agora... como posso encará-lo depois disso? O que eu devo dizer? E por que... por que eu não estou com raiva dele? Acho que deveria estar, mas... não sinto nem um pouco de raiva dele. Eu deveria estar zangado, afinal, mesmo depois que o palito acabou, ele continuou me... m-me... argghhh droga, não consigo nem falar uma coisa dessas!! "


Tadase respirou fundo, numa tentativa inútil de se acalmar. Tocou de leve os lábios com a ponta dos dedos, lembrando-se da sensação que teve ao beijar Nagihiko. O gosto do Valete permanecia em sua boca, mas isso só servia para deixá-lo ainda mais embaraçado e confuso.


" - O que há comigo afinal... no que estou pensando numa hora dessas?! Estou assustado... estou com medo... não sei o que fazer agora! Geralmente quando me sinto assim, o Fujisaki-kun sempre tem ótimos conselhos e me diz o que fazer, mas... dessa vez não posso contar com isso. Será que o Fujisaki-kun... está assustado também? Será que ele não ficou com medo, ou embaraçado? Ele parecia saber muito bem o que estava fazendo... como pode aquilo?! Acho que ele também nunca tinha beijado ninguém antes... é injusto que ele pareça ser tão mais experiente do que eu. Ahh droga, o que estou pensando?! Não é isso que importa agora!! Me sinto tão confuso... sinto medo, ansiedade, nervosismo, embaraço, tudo ao mesmo tempo... e meu coração está batendo tão rápido que parece que vai saltar pela boca. Meu rosto continua ardendo como se estivesse em chamas... mas, apesar de sentir tantas coisas diferentes ao mesmo tempo, eu... acho que não foi ruim. Claro que não tenho com o que comparar, mas... não é como se eu tivesse odiado o que aconteceu nem nada assim, apesar de ainda achar que eu deveria estar com raiva agora. Fujisaki-kun... o que eu devo fazer agora, hein?"



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Nagihiko andava sem rumo pelos corredores desertos da escola. Felizmente, ninguém viera atrás dele, o que lhe causou certo alívio, pois seria um grande problema se o vissem chorando. Um vento forte entrava pelas janelas abertas, bagunçando seus cabelos e secando as lágrimas que permaneciam em seu rosto. Aquela sensação macia de ter os lábios de Tadase pressionados contra os seus não saía de sua boca, mas Nagihiko não conseguia ficar feliz com isso agora. O que ele estava pensando afinal...? Que, depois do beijo, Tadase se apaixonaria magicamente por ele?! Ou que, por um milagre de Natal, o Rei aceitaria seus sentimentos tão distorcidos?? É claro que não!! Pra quê raios ele foi se iludir, achando que poderia mesmo conseguir algo impossível assim? Tadase devia estar era com raiva e com nojo dele, isso sim! Sua reação foi ainda pior do que a de Kairi quando Ikuto o beijou, o Rei não aguentou nem ficar na mesma sala que ele depois do que aconteceu. Nagihiko sabia que seu amor era impossível... ele sempre soube, e forçava-se a repetir isso para si mesmo todos os dias, desde que percebera que estava apaixonado pelo seu amigo de infância. Então por que ele continuou com isso afinal? Por que foi dar ouvidos às idéias malucas de Yaya e Utau, agarrando-se à uma esperança inútil de que seu amor poderia ser correspondido?!


Nagihiko tirou a caderneta escolar do bolso, e abriu na última página, como sempre fazia quando se sentia desolado daquele jeito. Escondida nela estava uma foto de Tadase, ainda pequeno, que ele carregava pra todo lado desde que se dera conta desse amor impossível que nutria pelo Rei. Se pudesse escolher, preferiria não ter se apaixonado por Tadase. Preferia mil vezes não amar aquele garoto tão fofo e inocente do que ter seu coração estraçalhado todos os dias, e terminar por ferir os sentimentos daquele menino ingênuo que ele amava tanto, e macular seu corpo puro daquele jeito tão obsceno. Mas infelizmente não escolhemos quem amamos ou deixamos de amar. E Nagihiko era obrigado a carregar aquele sentimento que fazia seu coração pesar dolorosamente, e a sorrir para ele todos os dias, enquanto era forçado a esconder seus sentimentos, transformando-os em lágrimas. Ele gostaria que alguém o salvasse dessa prisão de sentimentos que era seu coração, mas sabia que isso era impossível. Sim, era impossível que seu desejo se realizasse, era impossível que ele conseguisse ficar com Tadase, e agora parece que era impossível até continuar sendo amigo dele depois do desastre dessa noite. Ele havia perdido seu precioso Rei, dessa vez para sempre.


Nagihiko suspirou tristemente e, guardando a caderneta com a foto de Tadase no bolso, voltou para a sala onde estavam depois do que lhe pareceu horas. Encontrou os amigos adormecidos, todos enrolados nos edredons, inclusive Tadase. Ele verificou se os outros estavam realmente dormindo, principalmente Yaya e Utau, mas as duas já estavam ferradas no sono, principalmente Yaya, que roncava sonoramente, fazendo uma espécie de coro com os roncos de Kukai, que dormia ao seu lado. Nagihiko caminhou em silêncio até o Rei, puxou o edredon dele mais para cima, de modo que cobrisse todo o seu pequeno corpo, e ajeitou seus cabelos loiros que caíam sob seu rosto. Nagi sussurrou fracamente:


– Gomen nee Hotori-kun... realmente lamento pelo que eu fiz. Sei muito bem que depois disso, nossa relação nunca mais será a mesma... isso se ainda restar alguma relação, imagino que você não queira nem mais me ver depois disso. Mas, mesmo que tenha sido só uma vez, e por causa de um jogo idiota... fico feliz de ter conseguido fazer isso ao menos uma vez com você. Quem sabe assim não me dou por satisfeito e supero esses sentimentos de uma vez? Eu não queria... juro que não queria gostar tanto assim de você, Hotori-kun.


Nagihiko reprimiu uma lágrima, e foi dormir também, sem perceber os olhos arregalados de espanto no rosto de Tadase.