Sinceridade acima de tudo

Sinceridade acima de tudo

Para comemorar um mês de derrota de MaloMyotismon, Mimi conseguira convencer seus pais para voltar ao Japão. Ela tinha ganhado motivo, afinal, ajudara a derrotar o terrível digimon das trevas. Rever seus amigos era mais do que direito dela.

Quando chegou ao Japão, recebeu a notícia que tinha apostado muito dinheiro com Joe e agora ganhara: TK e Kari estavam namorando há uma semana. Muito animada, ela ligou pra casa da Kari, querendo dar os parabéns, mas principalmente chamar ela pra fazer compras.

Quando ligou, quem atendeu foi o Tai.

-Alô? Casa dos Kamiyas.

-ALÔ! OIIIIIIIIII TAI! TUDO BEM?! - Tai cai no chão com o grito de Mimi – OUVI DIZER QUE A KARI TÁ NAMORANDO!

Tai se levanta, com um humor péssimo. Claro, Kari namorando deveria ocorrer só quando ela fosse adulta, para ele pelo menos. E por sinal, só ele mesmo...

-Nem me lembre disso... Já xinguei muito o TK por isso...

-MAIS IMPORTANTE QUE ISSO, A KARI TÁ EM CASA?!

-Não, ela e o TK cof cof desgraçado cof cof – Tai fingi do pior jeito uma tosse – saíram pro cinema, vão voltar mais tarde.

Por falta do que fazer, Mimi decidi brincar com a pressão arterial de Tai.

-O que será que eles estão fazendo no escurinho do cinema?

-O TK NÃO É LOUCO DE COGITAR ISSO! SE ELE RELAR UM DEDO NELA, TRANSFORMO ELE NUM ENFEITE DE MESA! – Tai fica tão nervoso que fala sem nem pensar.

-Enfeite de mesa? – pergunta Mimi sem entender nada – Bom, não importa. Então, quer sair?!

-Sa-Sair?! – Tai, afobado que só, entende que seria um encontro – Como assim?

-Estou falando em todo mundo, reunir o grupo, sem graça! – fala Mimi, percebendo o que ele tinha pensado.

-Ufa! Mas não vai dar. Eu, o Joe e o Davis temos que ir ao Digimundo, ouvi dizer que tem tidos problemas lá...

-Ah, que pena... Eu aprendi um jogo lá nos Estados Unidos! Muito legal!

-Foi mal...

-Não, tudo bem! Vou chamar os outros! Boa sorte!

-Obrigado, Tchau!

-Tchau!

Mimi então desliga o telefone e para economizar tempo e dinheiro, mania que tirou dos americanos, usa o D-Terminal para convidar os outros. Cody, Yolei, Ken, Matt, Sora e Izzy confirmam de ir.

Eles se reúnem na casa de Matt, já que seu pai não estava lá, eles poderiam ficar a vontade. Eles se sentam no chão da sala em círculo, quando Matt não aguenta e fala:

-Certo Mimi, a gente já se reuniu, já nos sentamos no chão, agora diga, por favor, que jogo é esse?

Mimi levanta e pega na sua mala uma garrafa, comum e sem nada especial. Ela volta, mas acaba tropeçando e quase cai no chão, porém Izzy a ajuda, quase se dando mal também.

-Obrigada... – ela fala, vermelha por vergonha e por estar sendo segurada por Izzy.

-Não... Não há de quer! – ele responde, também vermelho, por estar tão próximo do rosto de Izzy.

Após o momento constrangedor, eles se sentam. Ficam Mimi à direita de Sora, que fica á direita de Ken, que fica à direita de Yolei, e, nessa ordem, Cody, Matt e Izzy.

-Acho que já está tudo certo. O jogo que eu tinha falado se chama o Jogo da Garrafa!

Izzy e Matt perdem o equilíbrio quando ouvem isso, já tinham ouvido falar desse jogo. Mas os outros continuam sem ter ideia de que diabos era aquilo.

-Mimi – diz Matt, vermelho ao extremo – Não me diga que você está pensando naquele jogo da garrafa...

-Sim, é esse mesmo! – fala ela, sem se tocar de que isso não iria prestar.

-Mas, Mimi, isso pode... – Izzy é cortado por Cody.

-Do que vocês estão falando?

-Bem... – Mimi fica rubra – O jogo da garrafa que eu aprendi lá é assim: alguém gira a garrafa. Quem estiver na frente da ponta fina da garrafa beija essa pessoa.

Yolei, Cody, Ken e Sora olham uns pros outros e também ficam vermelhos.

-VOCÊ NÃO PODE ESTAR FALANDO SÉRIO! – grita Yolei – SEM OFENSAS, MAS NÃO ESTOU AFIM DE BEIJAR NINGUÉM!

Ken disfarça muito mal que ficou triste com aquilo.

-Vamos Yolei, vai ser divertido! – fala Mimi, mas a ideia foi repudiada por todos – Não vai ser nenhum sacrifício você beijar alguém, não acha?!

Todos suspiram e meio que de mau gosto aceitam a ideia.

-Certo, quem quer ir primeiro? – Mimi pergunta na inocência, porém ninguém se atreve a levantar a mão – Por favor pessoal, ninguém?

-Ok, eu vou... – fala Sora, vermelha.

Ela pega a garrafa e a gira. Ela mal olha pra ninguém, muito vermelha e ansiosa, se perguntando se sequer estava afim de beijar alguém dali.

A garrafa finalmente para, e o destino escolhera: ela beijaria Ken. Os dois se olham e ficam muito vermelhos. Mesmo com três anos de diferença, nenhum tinha beijado ninguém ainda.

-Vamos gente, a garrafa escolheu! – apressa Mimi, emburrada do jeito que eles estavam evitando um ao outro.

Sem ter o que argumentar, Sora e Ken praguejam em suas cabeças por estarem do lado um do outro.

Eles se aproximam até começarem a sentir a respiração acelerada um do outro. Pra diminuírem a vergonha e tentarem aproveitar a situação, eles fecham os olhos.

O contato é feito pouco tempo depois, foi um beijo inexperiente, porém os dois conseguiram um resultado razoável.

O beijo dura pouco mais de 10 segundos, não chega a ser muito especial, apenas um beijo comum.

Quando eles se separam, estavam vermelhos e ofegantes. Eles olham para os outros, mortos de vergonha. Yolei estava claramente furiosa, Cody boquiaberto, Matt confuso, Izzy estranhava a cena, além de Mimi, que estava satisfeita com o resultado.

-Certo, hora da próxima rodada! Minha vez! – fala Mimi, mais empolgada do que deveria.

Ela gira a garrafa, que gira, gira, gira, até parar na última pessoa que ela poderia tirar: Yolei.

-NEM PENSAR! JÁ BASTA TER QUE VER O KEN BEIJANDO A SORA, AGORA EU BEIJAR A MIMI?! ESSA GARRAFA TÁ SACANEANDO A GENTE!

-E qual o problema do Ken beijar a Sora? – fala Matt, olhando direto para Yolei, que percebe a besteira que falara.

-Não vou beijar a Mimi de jeito nenhum! – continua a protestar Yolei, ignorando o comentário de Matt, quando Mimi acompanha ela.

-A Yolei tem toda a razão! Isso não vale!

-Mas Mimi, você que falou pra jogar, agora joga! – fala Izzy, se divertindo com a situação.

Elas se aproximam e o momento acontece. Elas se beijam, porém por apenas três segundas. Elas ficam nauseadas por ter ocorrido isso e Mimi fala humilhada:

-PRONTO, AGORA VAMOS ACABAR COM ISSO LOGO!

-Certo, minha vez! – fala Izzy, se esforçando o máximo que podia pra não rir na cara de Mimi.

Ele gira a garrafa, e percebe da besteira que estava prestes a acontecer. A garrafa perde força até apontar para uma das piores pessoas: Cody.

-HAHAHA! HORA DA VINGANÇA! – fala Yolei, vitoriosa ao ver Izzy verde com a sua “sorte”.

-Acho melhor a gente parar por aqui né?! – fala Izzy nervoso, quando Mimi retruca:

-HÁ! Eu beijei a Yolei, hora de beijar o Cody!

-Por favor, não! ISSO SERIA IMPERDOÁVEL! – fala Cody, fazendo o máximo pra não ter que fazer aquilo.

-Gente, vamos aliviar pro Cody... – fala Matt, já que era homem, não gostaria de ver aquele tipo de cena.

-Fica quieto! – fala Mimi, já ficando nervosa – É sua vez!

Vendo que não teriam como ganhar, eles apenas se aproximam. Quando já estavam sentindo a respiração um do outro, seguravam a ânsia, junto de Matt.

Quando seus lábios estavam a menos de um centímetro de diferença, eles ouvem a porta do apartamento se abrindo com tudo.

-HEY MATT, SOU EU, O T...K... O que vocês estão fazendo?

NA porta, Kari e TK abraçados olham para a cena a sua frente: seus amigos envolta de uma garrafa, com Izzy e Cody prestes a se beijar.

Os dois saem em disparada para lados diferentes, com a impressão de que morreriam de vergonha. Se não fosse pela vergonha que também sentiam, os outros estariam se rachando de rir. Kari olha com uma sobrancelha erguida para a garrafa e descobre:

-O jogo da garrafa... Mas por que vocês estavam jogando isso?

-Bom, ehrr... Não tenho culpa! – fala Sora, juntando as mãos. TK suspira, coloca a mão na cintura e fala:

-Então, quem beijou quem?

-Tabom, TK, chega! – fala Matt – O que você veio fazer aqui no final de contas?

-Ah, bem, isso também é um assunto delicado... – TK e Kari ficam vermelhos – Posso conversar com você no quarto?

-Claro TK, vem comigo...

TK segue Matt até o quarto dele e eles fecham a porta. Todos se sentam no sofá sem soltar um “pio” até que Kari não se aguenta e fala:

-Então... o jogo da garrafa? De quem foi a ideia?

Instantaneamente Yolei gruda seu dedo na cara de Mimi e fala:

-FOI CULPA DESSA DOIDA!

-HEY, NÃO ME CHAME DE DOIDA! – retruca Mimi.

-CHAMO DE LOUCA SIM, SE NÃO FOSSE POR VOCÊ, NUNCA TERÍAMOS QUE NOS BEIJAR! – imediatamente todos colocam suas mãos na boca de Yolei para cala-la, e olham cuidadosamente para Kari, que não consegue fazer nada além de rir e se curvar para frente, falando em gargalhadas:

-ME... DESCULPEM! É SÓ QUE...

Kari é interrompida por um grito de Matt:

-TK, VOCÊ ESTÁ FICANDO LOUCO?! TEM IDEIA DO QUE ESTÁ FALANDO?!

Todos ficam em silêncio no quarto, apenas Kari sabia o que ele estava falando, e seu sorriso vai embora. Sora pergunta:

-Do que eles estão falando?

-É verdade, nunca vi o Matt gritar com o TK. Deve ser algo muito sério... – fala Izzy.

-Hey, fala a verdade, vocês estão pensando em transar, Kari?! – Mimi fala do pior jeito possível, todos então calam ela com as mãos, ela fica nervosa e empurra as mãos dos outros, dizendo indignada – HEY, É UMA PERGUNTA VÁLIDA, ELES SÃO NAMORADOS!

-MAS ISSO NÃO É DA NOSSA CONTA! – retruca Yolei.

-Certos, meninas, acalmem-se – fala Sora, suspirando – A Kari fala se quiser...

Kari aproveita a evasiva de Sora e fica quieta.

Então novamente eles ouvem um grito, mas dessa vez é de TK:

-EU SEI TUDO ISSO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO, MAS POR FAVOR, NÃO RESPONDE ISSO!

-NEM PENSAR TK, VOCÊ SÓ TEM 12 ANOS! NUNCA VOU CONCORDAR COM ISSO, E CHEGA!

Matt sai furioso do quarto, assustando a todos. Ele quase vai embora sem se olhar pra ninguém, quando se vira pra Kari e fala muito nervoso:

-Pode avisar o TK que a resposta vai continuar a ser não por um longo tempo!

Kari só consegue acenar a cabeça em afirmação e Matt apenas sai e bate a porta com tudo.

-O que o TK foi perguntar pro Matt que deixou ele assim? – pergunta Sora, ainda chocada com a primeira briga séria entre os irmãos Takaishi.

TK volta para a sala um pouco triste e fala pesadamente:

-Desculpa gente, eu estraguei todo o jogo de vocês.

-Tudo bem, mas o que aconteceu? – pergunta Ken, a primeira vez que falara sobre o assunto.

-Nada demais, vamos Kari... – TK pega a mão de Kari, e os dois saem também. Sem entender nada, Mimi comenta:

-Esses dois foram feitos um pro outro... Assim como você e o Ken, Yolei!

Yolei e Ken ficam vermelhos, e pra provocar, Cody continua:

-Se bem que acho que o beijo que o Ken ganhou da Sora fez isso mudar!

Yolei fica furiosíssima por dentro, e Sora vermelha.

-Pois vou provar como vocês erraram! – do nada Ken agarra Yolei e a beija com tudo, sem dar chance de defesa para ela.

Yolei não revida, o empurra, melhor dizendo, ela não faz nada, apenas deixa Ken conduzir suas línguas por um longo e apaixonante beijo.

Quando eles se separam, todos à sua volta estavam chocados e de boca aberta.

-Não posso dizer que estou surpresa...

-Concordo com você Mimi, concordo com você... – diz Izzy, ajeitando os óculos.

-Bom, acho que agora tenho uma namorada, não acha? – fala Ken, com o braço envolta de Yolei.

-Bom, acho que não tem problema – fala Yolei, fingindo não ligar – É, você tem!

Todos então vão embora, agora com mais um namoro existente. No final, o jogo da garrafa pode nos mostrar coisas surpreendentes...

“Nos dias de hoje, a sinceridade é sinal de grosseria. Porém é nos sinceros que devemos nos inspirar, uma vez que além de serem honestos, são também o tipo de pessoa mais confiável que existe, pois falam sempre o que pensam, revelando coisas que podem estar escondidas no fundo de suas almas. A sinceridade pode magoar, mas a falsidade magoa ainda mais...” Honestatis super omnes