Espiando O Futuro

Capítulo Seis


QUINZE ANOS?! – o amigo de olhos azuis cristalinos e cabelos negros berrou embasbacado, levantando-se da cadeira e batendo as mãos na mesa com força, fazendo os copos cheios de bebida pularam levemente sobre ela e chamando atenção das pessoas ao redor deles.

-SHH! – o ruivo mais velho mandou, levantando-se para forçar o ombro do amigo para baixo e fazendo-o voltar a se sentar – Isso é... Tipo assim... UM SEGREDO!

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O moreno bufou, cruzando os braços sobre o peito e arrebitando o nariz, não sabendo se ficava bravo ou se ria – e aquilo era realmente... Nada “nado”. Wally rolou os olhos a reação do amigo de infância e voltou a se sentar, já que estavam esperando por certo Lanterna que tinha que se atrasar junto com a parte boa da festa: as meninas com roupas sensuais dançando para seus amigos, já que ele não podia nem pensar nisso que não com sua amada...

Dick Grayson, o primeiro Robin, que cansou de ser à sombra de um super-herói como seu pai e decidiu seguir caminho próprio. Com vinte e dois anos, um ano de carreira solo, Dick Grayson é a identidade secreta de Asa Noturna, o mais polêmico e interessante herói modelo de Gotham City – e dizem as más línguas que já houve até um conflito com o Batman em pessoa (quem sabe...).

Com certeza que, depois daquele grito histérico do jovem, os outros heróis ficariam atentos na conversa, ainda mais sendo tão fofoqueiros como eram. E por isso o Flash tinha que ser sutil e falar o mais baixo que podia, ou não falar, já que alguém com super-audição estava na área e com seus olhos azuis gelados mirados na direção dos dois melhores amigos.

-E como ele... Digo você veio parar aqui? Ou ? – Dick tentava se acostumar, mas nem Wally mesmo entendia direito como isso funcionava.

-Eu não sei. Eu não me lembro de ir ao futuro, Dick. É muito estranho tudo isso. – Wally resmungou, chateado, enchendo a mão de amendoins japoneses e tacando a montanha na boca, sem nem pensar em mastigar antes de engolir – Será que isso quer dizer que...

-Há diferentes futuros para passados semelhantes?! – Dick disse, sua genialidade e infantilidade voltando à toa. Wally assentiu curioso e assustado – É uma possibilidade. Não vou dizer que seja 50% de chance de ser capaz, mas, sim.

-Interessante... – Wally parou para pensar por alguns segundos – Talvez com essa habilidade ele pudesse mudar o que aconteceu com o tio Barry, com a Babs e com a Selina. Poderia mudar até o que aconteceu com o Ollie! – e o velocista ficava mais animado a cada palavra que dizia assim como a carranca de Dick aumentava – O que foi?

-Cara, se ele pode mudar o futuro, ele também pode mudar o que vai acontecer amanhã para ele caso ele não goste da notícia. – Dick disse sabiamente e Wally franziu o cenho, arregalando os olhos verdes esmeralda – É sério. Caso você não se lembre, Wally West e Ártemis Crock se odiavam mais que cão e gato. Não seria muito estranho esperar esse tipo de reação, muito menos vindo de você!

Wally reclamou, abrindo a boca para responder, mas Conner, Kaldur e Roy já estavam sentando a mesa deles, com caretas em suas faces e uma áurea assustadora que há muito o jovem velocista não sentia. Os olhos claros dos amigos pesavam sobre seus ombros e ele sabia muito bem o que eles queriam saber.

Superboy, seu x-9, filho da mãe!

-Desembucha West. – Roy mandou puxando a cadeira ao lado do outro ruivo e sentando de sua forma viril enquanto o clone e o atlântico se juntavam a ele nas cadeiras restantes da mesa.

Wally somente resmungou, abaixando a cabeça e começando sua declaração de inocência desde o começo dessa história.

-x-

-E você mentiu para a Kara sobre você mesmo? – Clark Kent perguntou, cruzando os braços e fazendo o olhar maléfico do Batman versão Super-Homem.

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-Er... Não foi por mal! O outro Wally me mandou dizer nada a meu respeito, mas você já sabe, a M’gann já sabe, acho que a Hera Venenosa também... – abaixou a cabeça, receoso – Não é como se fosse algo que eu pudesse controlar... – cruzou os braços, emburrado.

-Já passou pela sua mente fazer exatamente como o seu outro eu disse e se trancar no quarto dele até essa bagunça toda passar? – o homem de aço aconselhou, suavizando sua careta e tentando tornar-se o máximo de compreensivo possível.

-Hunf... Que nem você fez quando Superboy apareceu? Deu as costas pra ele e o aturou como se fosse um fardo?! – Oops. Saiu.

Wally não sabia por que RAIOS ele disse isso! Não tinha a menor idéia. Mas só de pensar no Super-Homem, aquele cara que tomava conta das pessoas e as salvava, excluindo seu amigo mais bonito e mais complicado da vida dele como se não passasse de um estorvo e aquilo estava corroendo-o por dentro. Ele não tava com tanta moral assim pra falar de seus atos como ser humano, ou meta-humano, para com outras pessoas!

-Superboy? – Clark podia ser o homem indestrutível, mas, certamente, isso não se relacionava a sua mente – Por que está falando dele?!

-Porque ele é um grande amigo meu e é muito mancada como você trata ele, Kal-El! To falando sério! – o ruivinho dizia, fixando os orbes esmeralda nos azuis como gelo, chocados com o tópico e com a coragem do velocista – E ainda mais tratando a Kara como a “bonequinha de porcelana” numa bandeja de prata! – resmungou, defendendo o chapa.

Clark suspirou fundo, massageando as têmporas com os dedos grossos de sua mão enorme, pensando no que responderia ao velocista intrometido. É claro que Wally ficaria bravo com a forma que ele tratava o Superboy – ele viu quando ficou extremamente fulo da vida ao descobrir que tinha outro igual a ele, versão adolescente.

Mas isso foi há tantos anos atrás...

-Wally... – Super-Homem começou, cansado e paciente – Acredite em mim. Eu tomei vergonha na cara quando Conner salvou a minha vida de Darkseid. – e Wally somente franziu o cenho em duvida – Um vilão que você conhecerá, em breve, infelizmente. – a boca do velocista tornou-se um breve O e ele voltou ao normal, escutando as palavras do homem de aço – Além de que Kara é minha prima de sangue, única parenta viva de Kripton. Eu tenho que tratá-la assim, com carinho. É difícil ser sozinho no mundo...

-Talvez fosse mais fácil se você tivesse ajudado Conner quando ele precisava... – Wally rebateu narinas arfadas e olhando para qualquer lugar que não a cara do homem de aço.

Clark negou com a cabeça, sorrindo amargurado e levantando-se da cadeira, encarando o jovem velocista. Wally ergueu os orbes esmeraldas para visualizá-lo perto de si, pousando uma mão enorme e pesada em seu ombro e tentando parecer um pouco mais composto... Ele havia ficado magoado lembrando-se da forma que tratava seu clone que, no final, nada mais foi do que um grande irmão.

-Eu sinto muito, Wally. O futuro será diferente, te garanto. – e piscou-lhe um dos olhos azuis – Agora, vou indo. Lanterna Verde vai levar umas garotas para sua festa e eu tenho que tomar conta para que você não encha muito a cara... – resmungou tentando sorrir, provocando curiosidade no jovem de quinze anos – Até mais, carinha.

-Espera aí! – Wally pediu e Clark flutuou, virando para encarar Wally e seu eu desesperado – Será que você pode dizer o nome da minha noiva?

-Ué? Você já sabe... – Clark comentou e saiu voando rapidamente da cozinha.

-NÃO! ESPERA AÍ! NÃO! – mas o homem de aço já tinha ido e espernear enquanto Zatanna ainda estava lá não ajudaria nada.

O jeito era agüentar a tentação do saber.

-x-

M’gann chegava ao clube junto com Helena Kyle e Bárbara Gordon, conversando e dando risadas de coisas bobas, lembrando-se de histórias e colocando as conversas em dia, já que a Caçadora tinha sempre que tomar conta dos ladrões e estupradores babacas de Gotham City, enquanto Oráculo não tinha um dia de folga para si mesma, filmando cada ponto daquela cidade e do mundo para manter a Torre de Vigilância atualizada a cada segundo e cada rotação que a Terra fazia ao Sol.

Clube para mulheres não é nada sem muitas mulheres e homens bonitos e sarados, fazendo danças sensuais e mostrando tudo que a imaginação da população feminina na boate gostaria de ver. Exatamente tudo!

E como a Torre de Vigilância, além de ser uma ótima informante e bem localizada para qualquer tipo de viagem surpresa, também servia de agência de turismo, promoter de eventos e VIP para festas em qualquer lugar. Ou seja, Bárbara Gordon havia marcado a despedida de solteira de Ártemis Crock no lugar mais badalado de toda Star City e somente para as mulheres da Liga e convidadas (como Lois Lane e afins).

E quando o segurança permitiu a entrada da cadeirante com as duas amigas, abrindo a porta do lugar e mostrando a diversão que elas aguardavam, M’gann não podendo deixar de corar e Helena não podendo deixar de gritar de tanto rir, elas avistaram a loira de cabelos cumpridos com as mãos amarradas no colo, pés amarrados a cadeira e os olhos vendados, dando risada e corando enquanto uns três marmanjos acariciavam-na e brincavam com o mini véu colocado na sua cabeça, mostrando que quem era a noiva era ela.

Quem te viu e quem te vê. Palavras certas para momentos nos quais as pessoas bebem e mudam totalmente.

A tão impetuosa e poderosa arqueira estava amarrada, corando e dando risada, com vergonha, dos grandes homens musculosos e deliciosos que se enroscavam nela enquanto as outras mulheres da Liga davam risada, também muito bêbadas, falando coisas constrangedoras sobre a pobre Ártemis.

-Pobrezinha. – M’gann comentou, rindo sem jeito – Elas deviam ter um pouco mais de dó, não acha, Babs? – ela olhou para a ruiva cadeirante ao seu lado que estava se controlando para não cair na gargalhada.

-Olha... Eu, sinceramente, acho que elas drogaram a Ártemis antes de amarrem-na a uma cadeira repleta de homens dançando e passando a mão nela. – Babs brincou e Helena não conseguia mais parar de rir, morrendo de dor de barriga.

-Ela vai matar todo mundo depois! – Helena gritou, anunciando a todas a sua chegada, da Marciana e da fonte de informação da Liga.

-OLHA SÓ! – Dinah berrou entusiasmada, saindo cambaleando de seu lugar, perto do palco onde Ártemis estava até as três mulheres – E dizem que quem atrasa mais é a noiva!

-Babs, a Dinah já ta no grau... – Helena cochichou no ouvido da sábia ex-Batgirl, fazendo-a rir e deixando uma Marciana meio confusa.

-No grau? – M’gann repetiu e Babs negou com a cabeça, sorrindo animadamente e retirando os óculos de grau, mostrando a todos seus belos e cintilantes olhos azuis escuros.

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-Um termo que usam para dizer que uma pessoa está bem bêbada. – Babs afirmou rolando até a loira e recebendo o típico abraço de bêbado – Tudo bem?

E começaram a conversar.

Zatanna chegou à seguida, com Poderosa e Garota Estelar, cheias de presentes em mãos. Já estavam lá Mulher Maravilha, Mulher Falcão, Lois Lane-Kent, Jade Nguyen (irmã mais velha de Ártemis, mãe de Lian e namorada de Roy), Barta, Ravena, Estelar (que não pôde evitar trocar um olhar mortífero com Babs) e Donna Troy, bebendo e jogando conversa fora, na medida do possível, claro.

-Nada como uma boa reunião de mulheres sem os homens que fazem de nossas vidas um inferno... – resmungou Garota Estelar, largando os presentes junto a mesa repleta de embalagens jogadas no chão.

-Só se for pra você, porque, pra mim, querida... – Poderosa sorriu maliciosamente andando fielmente ao lado da amiga – Isso daqui é o paraíso! – e foi correndo até o homem dançando ao lado delas.

-Não que sejamos desesperadas por homens, claro. – Zatanna avisou, parando ao lado de M’gann que ainda estava com vergonha de falar ou fazer qualquer coisa – Tudo bem?

-É... Estou tentando. – a Marciana avisou à maga e a morena entendeu, sorrindo mostrando seus dentes brancos cintilantes para a mocinha verde ao seu lado, animando-a.

-Não se preocupe. Nada que uma boa tequila não ajude...

E a pobre noiva no palco torturada pelos homens que ela não podia ter esfregando-se nela e acariciando-a, fazendo-a ficar arrepiada.

-Seu noivo faz melhor? – o homem suspirou no ouvido da heroína e ela gargalhou.

-Por que acha que vou casar com ele...? – ela gargalhava, mas seu tom era bem provocante ainda mais na forma maliciosa com que disse.

-PERA AÍ! ELA ADMITIU! – Dinah gritou, correndo até o palco e parando ao lado dela, chamando a atenção de todas no clube – Alguém grava isso, pelo amor de Deus! Temos que mostrar pro noivo! – e todas caíram na gargalhada – Cadê as madrinhas quando se precisa?

-Indo! – Zatanna respondeu, pegando M’gann pelo pulso e arrastando-a até o palco, mesmo ela morrendo de vergonha.

-Vocês perderam a chance! – a loira falou, voltando, lentamente, ao seu eu competitivo e impiedosamente Ártemis de ser – Não vou repetir isso, muito menos pra admitir para aquele cara...

E todas começaram a gargalhar, fazendo-a rir depois, lembrando dos bons e velhos tempos. Todas estavam aproveitando.

Menos a Marciana, que não parava de pensar no Wally de quinze anos, zanzando na Caverna, e no que ele poderia fazer caso soubesse a identidade da noiva de si mesmo no futuro.

Bom, de qualquer jeito, ele iria saber. Ela conhecia bem o genioso Wally West, há dez anos, pra ser exato, e nunca falhou em qualquer tipo de pressentimento sobre suas ações. Ele sempre fazia o esperado. Pelo menos isso era o bom de ser o Wally West – ou talvez não.