– NÃO PRECISAM SE PREOCUPAR – disse Madame Pomfrey enrolando a cabeça de Tiago com um curativo – Ele já estará voando de novo daqui a dois dias.

– Beleza – falou Michael com um suspiro de alívio.

– Agora, crianças, vocês podem sair, por favor? – pediu Madame Pomfrey – A ala hospitalar tem estado muito movimentada nos últimos dias. A Srta Zabini está aqui há quatro dias, ainda não acordou.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Os cinco saíram da ala, e Alvo pode notar um pequeno sorriso nos lábios de Hannah quando eles passaram pela cama onde Patrícia Zabini dormia babando.

– Você a envenenou? – perguntou Rosa para Hannah enquanto eles seguiam sem rumo pelo castelo – Isso não é legal, nem mesmo com a Zabini.

– Tudo bem – disse Hannah – Eu não a envenenei. Mas derramei alguma coisa no suco de abóbora dela, sim.

Rosa olhou desconfiada para a amiga.

– Foi Felix Felicis em excesso, ok? – falou Hannah – Nada demais, ela só achou que poderia enfrentar o salgueiro lutador. Mas está bem, certo, Ross?

Rosa, infelizmente, não relaxou.

– Onde você achou a receita dessa poção?

– Eu não fiz a poção – respondeu Hannah – Se demora meses pra fazer a Felix, e nem eu tenho tanta experiência assim. O Slughorn me deu umas amostras para eu tentar reproduzir, mas eu não consegui. Ele me deixou ficar com as amostras e eu derramei uns dois ou três frascos na bebida da Zabini.

– Eu achei brilhante – disse Michael chutando uma pedra. Aquela altura eles já haviam chegado aos jardins – A Zabini merece cada veneno que já foi inventado.

– Não posso deixar de concordar – falou Mary com um pequeno sorriso.

– Nem eu – disse Alvo.

– Certo – resmungou Rosa – Então eu sou a única aqui que tem bom senso, é?

– Creio que sim – respondeu Michael, e nem Rosa pode deixar de rir.


– Sejam todos, ou boa parte de vocês bem-vindos ao jogo Grifinória e Corvinal! – gritou Violeta do pódio do narrador – Infelizmente para nós, grifinórios, o Apanhador do Século Tiago Potter não pode vir por estar internado na ala hospitalar. Felizmente, temos uma apanhadora reserva. E os times entram em campo! Da Corvinal, Nelson, Zane, Macmillan, Owl, Boot, Sparks e Flower. Da Grifinória, Wood, Weasley, Davies, White, Weasley de novo, Thomas e hoje, Sothern.

Alvo e Mary haviam se sentado em um dos pódios. Rosa não havia aparecido o dia inteiro. Hannah comera mal no café da manhã e parecia um tanto enjoada ali no campo. Alvo pediu para que fosse verdade que mal se percebia movimento quando se voava na Relâmpago. Caso contrário, talvez chovesse vomito naquele dia.

– As bolas foram soltas e a goles está com Wood! – irradiou Violeta – Ele passa para Weasley, que passa para Davies, que... Uau, desvia bem de um balaço... Passa para Weasley... GOL PARA GRIFINÓRIA! – grito de alegria da multidão vermelha e ouro.

A Grifinória fez mais oito gols e a Corvinal, cinco. A Grifinória estava ganhando com quarenta pontos de vantagem, o bastante para passarem para o próximo jogo, se Hannah capturasse o pomo. Mas ela não o achava. Rastreava o chão, o céu, e fora do campo. Passava os olhos pelas arquibancadas e observava o jogo sem tirar a atenção de seu objetivo. E foi quando Hannah olhou para Alvo e Mary que seus olhos escuros se arregalaram. Alvo se virou, esperando ver alguém tentando tacar fogo em suas vestes, mas ele avistou o pomo de ouro, voando perto de sua orelha.

Hannah sorriu para o amigo e avançou em sua direção.


– E a Grifinória vence de 240 a 50! – anunciou Violeta animada – Graças à nossa querida Hannah Sothern e sua Relâmpago!

– Tome! – gritou Hannah para Alvo, e jogou-lhe alguma coisa pequena e dourada. O pomo de ouro.

– Por que eu? – gritou Alvo por cima dos berros de “Grifinória é campeã!” de Michael, Gabriel, Fred e Roxy.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Hannah sorriu radiante.

– Por que não você? – perguntou ela em resposta, e abraçou Mary entre gritos de alegria.

Alvo também sorriu e guardou o pomo no bolso. Perguntou-se se por acaso Madame Hooch sentiria falta dele mas, por alguma razão, não ligou. Estava diferente. Não era mais o mesmo. Mas também não deixara de ser Alvo Severo Potter.

Estava pensando nisso quando, subitamente, uma confusão vermelha apareceu diante de seus olhos e Alvo percebeu que era apenas Rosa e seus cabelos.

– Nós ganhamos? – perguntou ela. Levava um maço de jornais na mão, e Alvo teve a desconfiança de que ela estivera esse tempo todo na biblioteca – Bem, depois vocês me contam, temos que conversar, rápido! – ela agarrou o pulso de Alvo e Michael, e fez sinal para Mary e Hannah a seguirem. Ela os foi levando para longe da comemoração da Grifinória até a ala hospitalar.

Madame Pomfrey estava em sua sala, e Tiago estava acordado, apesar de a cabeça enfaixada. Patrícia já havia saído, Alvo sabia disso, a tinha visto olhando furiosa para Hannah no campo de quadribol.

– Ei pessoal – cumprimentou Tiago, e então baixou os olhos para os jornais de Rosa – O que foi? Descobriu alguma coisa?

– Mais do que alguma coisa – disse Rosa misteriosa, e apontou para a porta da sala de Madame Pomfrey – Abaffiato! Pronto, agora podemos conversar.

– Ross, que você descobriu? – perguntou Michael olhando assustado para a amiga.

Rosa baixou a voz e disse:

– Mary, Hannah, vocês sabem alguma coisa a respeito da família Kurt?

– Os Kurt? – disse Mary – É claro que sabemos. Eles são meus vizinhos. São os pais e os quatro filhos, Hector, Taylor, Samuel e Caroline. São bruxos, quase todos.

– Quase? – perguntou Rosa – Como assim?

– Bem, Hector, ele é um bruxo abortado – informou Hannah – É muito amigo do meu pai. Quando eu completei quatro, ele virou meu padrinho.

– Espera, espera, espera – disse Alvo – Rosa, que é que os Kurt tem de importante?

Rosa suspirou e abriu um dos jornais.

– Eu não tinha prestado atenção nisto antes – disse ela apontando para a primeira página – A família bruxa atacada pelo Caliginem eram os Kurt. Coincidentemente, Hector Kurt, trinta e dois, o mais velho, não estava na casa no momento.

– Espera – murmurou Hannah – Mary, esta é a casa dos Kurt. Veja!

Mary inclinou-se para ver a foto e pareceu sufocar um grito.

– É verdade! – sussurrou ela – Veja, a minha casa, aqui no fundo! Como foi que não percebemos?

– Estive muito preocupada com a marca para prestar atenção na casa – disse Hannah e falou tão baixinho que Alvo quase não pode escutar – Que é que isso significa?

Rosa olhou vacilante para Hannah.

– Não sei se estou certa – disse ela – Mas acho que o seu padrinho é o Caliginem.

Ninguém disse nada. Hannah olhava para o chão. Tiago e Michael liam a reportagem. Alvo olhava pela janela, cansado e confuso. Mary olhava pesarosa a melhor amiga. Rosa remexia nos outros jornais.

– Hannah – disse Mary – Hector Kurt, o Caliginem. Acha possível?

– Acho – disse Hannah depois de muita hesitação – Ele tinha planos, Mary. Planos que dizia ser brilhantes. Que iriam revolucionar tudo que nós conhecíamos como magia. Era isso, Mary – os olhos de Hannah brilhavam, mas ela ainda não chorava – Ele trabalhou durante todo esse tempo na varinha. Lembra-se do que Samuel dizia? “Às vezes ouvimos explosões do quarto dele. Entrei lá uma vez por pedido de mamãe, e vi algo escrito nas paredes. Algo como ‘Varinha do Poder’” – concluiu ela olhando alarmada para os outros – Agora ele quer vingança. De mim, de minha família, da família dele, de todos os puros-sangues do mundo. Se nós soubéssemos... Se nós ao menos...

– Vocês não sabiam – disse Alvo – Não pode se culpar por isso. O único culpado aqui é ele – Alvo não sabia de onde vinham as palavras. Sabia apenas que eram verdadeiras.

Os seis ficaram se encarando, em silêncio. Até que Rosa disse:

– E tem mais – ela mexeu dentro de sua bolsa e tirou de lá um papelzinho – Achei isso no meio do corredor da sala de Defesa Contra as Artes das Trevas – ela estendeu o papel aos outros. Lá estava escrito:

Ao Senhor das Nuvens Tempestuosas,

O início de seu reinado está perto.

RSD

– Quem pode ser RSD? – perguntou Tiago levantando-se da cama – Sugestões?

– Rebecca Samantha Davies – disse Michael prontamente – Os dois primeiros nomes de Sam trocados, mas ainda assim...

– Reuel Staples, Defesa – sugeriu Hannah – Apesar de não termos uma única prova a respeito dele.

– Mas pode ser também – falou Mary cautelosa – Raquel Samantha Delacroix.

– Pode? – perguntou Alvo debilmente.

– Pensem bem – disse Mary – Já foi provado que podemos chamar as pessoas pelo nome do meio, se estas não se importam – ela olhou para Hannah – Também já foi provado que o Caliginem, ou melhor, Hector Kurt sabe disso. Também sabemos que o traidor é chamado de Samantha pelo Tal. Sabemos que a Delacroix tem o mesmo físico de Samantha e que nunca vimos o rosto do traidor. Sabemos que não pode ser Samantha, mas que também não pode ser alguém fora de Hogwarts.

– Mas o bilhete na bolsa da Samantha... – disse Michael.

– Eram para despistar, é claro – disse Alvo – A Delacroix colocou o bilhete na bolsa de sua irmã. E vejam bem, alguma vez nós já consideramos a Delacroix como a traidora?

– O plano deles estava dando certo – disse Hannah – Ao menos até agora.

– Sim, mas, a Delagartixa só veio para cá depois das férias de Natal – argumentou Tiago – Isso vale?

– Acho que sim – disse Rosa – Afinal, ela está em Hogwarts, de toda forma.... - sua voz foi morrendo - A lagartixa! - exclamou subitamente.

– Quê? - indagaram todos.

– A maldita lagartixa! - disse Rosa novamente - Delacroix é animaga, se transforma em lagartixa, esqueceram? Vocês lembram que, logo antes do Caliginem aparecer pela primeira vez, uma lagartixa passou bem em frente da gente...

– E quando ele invadiu o dormitório das meninas, eu me lembro bem, tinha uma lagartixa na parede - falou Hannah.

– E a própria parede parecia meio torta, lembram, meninas? - disse Mary - Como se alguém tivesse quebrado e se escondido lá.

O cérebro deles trabalhava freneticamente, tentando encaixar as peças.

– Então, é basicamente isso: - disse Tiago - Hector Kurt tem esconderijos por toda a escola, onde pode simplesmente aparecer e e se esconder, mesmo sendo abortado.

– Bem, não dessa forma... - disse Alvo - Delacroix é bruxa, afinal. Ela deve fazer aparatações acompanhadas com ele, ou algo do tipo.

– Ou túneis - disse Hannah - Me lembro! Uma vez fui no quadro de Hector e vi um papel na mesa dele. Parecia um mapa, com longos corredores, mas ele o escondeu antes que eu perguntasse o que era.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Túneis - murmurou Rosa - Brilhante... E devem dar direto no esconderijo dele... A floresta!

– Vamos conferir - disse Michael - Um dos túneis está no corredor de Defesa. Espero que Madame Pomfrey não dê por falta de Tiago.


– Sua cabeça está enfaixada – disse um primeiranista da Corvinal para Tiago – Você sabe disso, não sabe? E porque está de pijamsa?

– Vá cuidar da sua vida! – disse Tiago, e baixando a voz – Al, será que você não pode dar um pulinho lá no seu dormitório e me trazer a capa da invisibilidade?

– Não – respondeu Alvo cansado – Continue mandando-os cuidar da vida deles.

Tiago jogou a cabeça para trás e continuou a andar. Alvo percebeu que eles eram o grupo mais esquisito que já havia surgido na Terra: duas pessoas vestindo roupas de quadribol, um menino de pijama e cabeça enfaixada, uma veela, uma garota agitada levando montes de jornais, e um garoto deslocado e extremamente parecido com aquele que havia derrotado Lord Voldemort mais de três vezes.

– Aqui – anunciou Rosa, que estava na frente de todos. Michael trombou atrás dela e Rosa caiu com um baque surdo na parede – Mike!

– Não, Rosa, fique grata – disse Alvo – Veja só – ele apontou para a parede que Rosa havia caído. Três ou quatro pedras haviam sido empurradas para trás.

– O esconderijo – disse Hannah, e foi até a parede. Empurrou as pedras com força, mas nada aconteceu. Ela observou as pedras por um segundo e então disse: - Aqui – e empurrou novamente.

Dessa vez as pedras se moveram, até formar uma passagem grande o bastante para um adulto vestindo um manto preto esvoaçante se esgueirar.

Michael entrou e demorou a sair, segurando uma coisa estranha cheia de botões, um enorme manto preto e – e foi isso que mais impressionou os outros – Reuel Staples.

– Você? – perguntou Tiago – Você é mesmo o traidor?

– É claro que não! – exclamou Staples – Eu sou o completo contrário do traidor. Ou melhor, traidora.

– É a Delacroix, não é? – disse Mary – Ela deixou isso para o Tal pegar – e deu-lhe o bilhete.

Staples leu o bilhete e segurou-o contra a luz. Bateu a varinha e murmurou algum encantamento, mas nada aconteceu. Murmurou um palavrão e dirigiu-se às crianças.

– Sim, é a Raquel – ele suspirou – Venho tentado chegar ao centro da floresta, onde mora o Caliginem há meses, mas graças aqueles malditos centauros não tenho conseguido. Mas há coisas que nem eu descobri ainda. Não sei qual o verdadeiro nome do Caliginem, e também não sei que diabos é isso – ele apontou para a coisa estranha com botões nas mãos de Michael.

– Se me permite, senhor – disse Hannah – Isto é uma máquina de fumaça trouxa. Meu pai tinha uma dessas, e eu e meu irmão gostávamos de brincar com ela.

– E o verdadeiro nome do Caliginem – disse Rosa – é Hector Kurt.

– Hector Kurt? – repetiu Staples, e enfurnou em um longo pensamento, os olhos claros estreitos. Por fim, disse: – Faz sentido. Ouvi que Kurt é abortado, e, bem. Sei de histórias de que ele sempre fora muito invejoso em relação à sua irmã Taylor, por ser uma bruxa. Como descobriram isso?

As crianças contaram cada detalhe de suas descobertas, dando graças a Deus por ninguém estar passando naquele corredor. O professor analisou cada argumento e leu cada reportagem que Rosa havia achado. Ao fim, ele sorriu para as crianças e disse:

– Vocês são crianças brilhantes, sabem? – os seis sorriram tímidos – Descobrem coisas que nem mesmo Alvo Dumbledore poderia descobrir. Agora, se me dão licença, eu vou contar tudo que vocês me disseram para a diretora. Acho – ele piscou para as crianças – que a Grifinória irá ganhar uma bela quantia de pontos hoje.

O professor saiu, com os bilhetes e os jornais, pronto para mostrar tudo à McGonagall.

– No fim – disse Mary – Ele era o herói. Não é mesmo Alvo? – ela olhou incisivamente para Alvo, que sorriu sem graça.

– Era um palpite – disse ele, e todos, sorrindo, voltaram para a ala hospitalar, onde deviam uma bela explicação para Madame Pomfrey.