Lembre-se De Mim

Educação é bom, mas eu não gosto!



– Por favor... Fica mais um pouquinho. - Rey pediu, apesar de eles já estarem a horas brincando em seu quarto.

– Eu volto amanhã. E dessa vez não vou faltar.

– Dio... – Os olhos claros de Rey se encheram de lágrimas e ela olhou para a caixinha de música que estava segurando, para que ele não percebesse que ela estava quase chorando.

– Ei, ei, para agora! – Ele a interrompeu - Eu não gosto que digam meu nome chorando. Deixa ele feio. Você não gostaria que eu a chamasse de “Reeeeeee...” – Dio fez voz de choro e estendeu o som do nome dela, porém a certo ponto engasgou-se e começou a tossir. Esse tipo de coisa exagerada sempre fazia Rey rir. Dessa vez não houve sucesso total, mas foi o que bastou para melhorar um pouco a expressão de tristeza em seu rosto.

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Rey então se levantou de sua cama, onde estava sentada, e caminhou até Dio, que já estava perto da porta de seu quarto. Estendeu a caixinha de música de ouro para ele com um sorriso muito estranho. Era de rasgar o coração, mas ao mesmo tempo parecia dizer que tudo ficaria bem.

– Pega.

Dio olhou para o brinquedo com cara de quem não entendia mais nada, o que na verdade era um fato.

– Por que você tá me dando isso? – Mesmo assim ele pegou. Mas por que Rey estava lhe dando seu brinquedo? Não havia motivos para isso. De qualquer maneira, ela estava muito estranha.

– Eu lhe dou o que eu quiser. A caixinha é minha. E é emprestado. Da próxima vez que nos encontrarmos você me devolve. E eu tenho vários outros brinquedos; não vai me fazer falta. – Ela podia até parecer mais delicada estando tão triste, mas seu jeito superior de falar era inabalável.

– É um brinquedo de menina. Não vou brincar. – Respondeu Dio, sempre sincero e duro em suas palavras.

– Para com isso! Sua mão não vai cair se levar, e mesmo assim você não para de reclamar! – Disse ela impacientemente.

– Não estou reclamando, estou COMENTANDO. – Ele lhe mostrou a língua e Rey mostrou de volta – Tchau, bobona.

– Você vai ver só! – Ela cruzou os braços, e mostrou a língua outra vez para o garoto que já saíra do quarto e já se afastava pelo corredor.

Erzsébet estava esperando por Dio no hall dos Von Crimson para levá-lo para casa. Ao que ele chegou, os dois saíram da mansão. Ela lançou um breve olhar curioso para a caixinha de música na mão do garoto, mas logo desviou. Ela não gostava de Dio por suas atitudes petulantes e arrogantes e não ia lhe dar a chance de lhe dar um fora.

Os dois não tinham se afastado muito do casarão quando três garotos de sete anos (nos padrões asmodianos, claro) dobraram a esquina pela qual eles haviam acabado de passar reto, deixando-os atrás deles, conversando alto e rindo. Um deles olhou acidentalmente para Dio e Erzsébet, que não os haviam percebido, e sorriu maldosamente.

– Ei, aquele não é Dio? – Ele perguntou alto, e Dio ao ouvir seu nome se virou.

– Não, não deve ser. O Dio que conheço estaria enfiado na casa dos Von Crimson brincando com uma menina. – O outro respondeu com o mesmo sorriso refletido no rosto.

– E uma menina bem feia, ainda por cima! – Completou o terceiro.

– Gordon, Abacuc, Hartwig, eu brinquei com vocês faz dois dias. – Dio respondeu aborrecido com as provocações sem fundamento. – E vocês nunca viram Rey, não podem dizer que ela é feia ou bela.

– Mas podemos dizer que ela é SINISTRA. – Falou o segundo, Abacuc.

– Você chama de sinistra? Eu chamo de bicho-do-mato. Totalmente anti-social! – O primeiro, Gordon, riu.

– Ela pode até não aparecer em público, mas garanto que ela sabe entrar numa sala. Não é como vocês três que não receberam um pingo de educação. – Dio olhou com deboche para eles.

– Você fala como se fosse mais educado do que nós! – O terceiro, Hartwig, rebateu.

– Bom... – Dio riu, mais para mostrar que não ligava para os insultos deles do que por ter achado engraçado – Mas a diferença entre nós é que eu recebi educação, apenas não uso.

Hartwig respondeu, mas sua resposta foi abafada pela voz de Erzsébet, que saiu mais alta por estar mais perto de Dio.

– Senhor, vai se atrasar para o jantar...

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– Ei, três, quando resolverem parar de birra e quiserem ir brincar vão me chamar na minha casa. Ontem meu pai me ensinou um jogo novo para eu humilhar vocês. – Dio disse para os garotos – Tchau mesmo! – E saiu com a criada.

Gordon, Abacuc e Hartwig continuaram a dizer desaforos para Dio, nada muito grave, apenas coisa de meninos, enquanto ele se afastava, e Dio ignorou até as vozes deles não poderem mais ser ouvidas. Passados uns dez minutos os dois chegaram à mansão do garoto e ele correu para seu quarto.

Ia procurar um lugar especial para guardar a caixinha de música de Rey.

Enquanto isso...

– Edna...

Se fosse por Duel, naquele momento os dois ficariam em um silêncio constrangedor, mas Edna como sempre estava animada e falando sem parar. Ele já percebera que nunca ia haver silêncio enquanto ela estivesse por perto.

– O que? Não gostou do meu plano? – Ela perguntou sorrindo.

– Acho que essa guerra realmente haverá de acontecer, mas não queremos bater e morrer, não? – Duel começou a falar.

– Eu não disse que queríamos.

– Pois bem, é que você fala como se quisesse e planejasse que partíssemos semana que vem. Retomando, não acho que sua idéia seja ruim. Eu, liderando uma facção genocida* durante a guerra... Nada mal, mesmo. Mas eu não vou pensar nisso ainda. – Concluiu ele, desembainhando Eclipse, sua espada. – Tenho outras coisas para pensar. Por exemplo, tenho de encontrar Grandark, e destruí-la.

– Grandark? Aquela espada que é rival de Eclipse? – Edna perguntou. Ela entendia que as duas espadas pensavam e sentiam como eles, mas não entedia por que Duel fazia tanta questão de satisfazer a sua.

– Sim. Sabe, eu tenho desconfiado que ela fugiu com aquele menino...

– Está falando de Zero? Quantos anos o garoto tem, onze? Não faz sentido. Por que desconfia dele?

– Ele é um garoto muito estranho e não sabemos quase nada sobre ele, mas parece que ele não tem nenhum objetivo em sua vida. Desse jeito, ele pode ser facilmente convencido por Grandark, não concorda? – Duel olhou para Eclipse de um jeito assustador.

– Se você acha, não discordarei...

– É melhor mesmo, Edna. – Duel parecia estranhamente doentio quando olhava para sua espada, e Edna não era a única que achava isso. – É melhor...