Remember Me

Capítulo 11


SAMANTHA’S P.O.V

– bom dia – a voz de Harry atingiu meus ouvidos e virei para encará-lo

Harry! – disse surpresa cobrindo os olhos – qual é o seu problema em andar vestido?

– qual é o problema? – imaginei-o com os braços abertos e uma cara confusa – você já me viu assim.

– eu sei – disse, agora encarando o teto – mas não quer dizer que eu gosto...

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– você devia tentar algum dia

– o que? – disse encarando ele e desviando o olhar rapidamente ao ver seu estado mais uma vez – andar pelada?

– aham. É ótimo.

– Por Deus, Harry. – fui até a área e peguei a primeira cueca samba-canção que vi pela frente – aqui – joguei-a em sua direção – faça-me esse favorzinho – disse com uma voz irônica e virei de costas, pegando um copo na prateleira e despejando leite nele.

– você já está pronta para ir? – disse parando atrás de mim e coçando a cabeça.

– claro que estou. Ir de pijamas para o colégio: é a nova moda, não é mesmo? – revirei os olhos e virei, ficando de frente para ele.

– porque está tão chata comigo?

– eu não estou chata com você

– claro que está – e virou-se para minha mãe que entrava pela porta da cozinha – mãe, Sam está sendo chata comigo.

– crianças, por favor. É muito cedo pra isso. – ela disse sentando à mesa e pegando o jornal no chão. Dei um tapa em Harry quando ela não estava olhando.

– e pode parar de roubar minhas roupas, Samantha! – Harry disse reparando pela primeira vez no samba-canção xadrez que eu usava.

– não é sua, idiota – revirei os olhos e dei um gole no copo.

– ah, é mesmo? E é de quem? Do Liam? – quase cuspi o leite e minha mãe abaixou o jornal, me olhando com a sobrancelha levantada.

– porque? Vocês...

não mãe! – cortei-a falando talvez um pouco mais alto do que o necessário - Não aconteceu nada entre nós – desviei o olhar e escutei uma risada de Harry.

– não que ela não queira, sabe, Mãe...

Harry! – taquei um pedaço de pão nele e senti minhas bochechas pegarem fogo

– será que vocês dois podem crescer, por favor? – disse voltando sua atenção para o jornal, mas pude ver que reprimia um sorriso – e pare de irritar a Sam, Harry. Não é como se ela já não tivesse muita coisa para se preocupar hoje...

– o que você tem hoje? – perguntou com um tom de preocupação.

– consulta, lembra? A cada três meses...

– já é hoje? – concordei com a cabeça – e você se lembrou de alguma coisa? – neguei com a cabeça e bufei.

– vou subir para trocar de roupa.

****

O barulho de meus passos ecoava pelo corredor vazio enquanto eu quase corria até a aula de química. Para a minha sorte, cheguei antes da professora.

Segui até meu lugar de sempre, ao lado de Scarlett, me sentei ao lado da morena.

– bom dia flor do dia! – disse sorridente

– bom dia

– entãaaao... – arrastou o ‘a’ pelo o que pareceram minutos.

– então o que? – levantei a sobrancelha.

– não vai me contar sobre o encontro com o Liam Fofo Payne não? – seus olhos brilharam.

– ah, isso – dei uma risadinha – não aconteceu nada, Scar...

– e daí? Me conta o que aconteceu lá, não importa o que foi – abriu mais o sorriso e eu ri.

Scar tinha entrado na escola na mesma época que eu tinha saído, ou seja, ela não me conhecia antes, o que ajudava muito ao fato de eu ter me aproximado dela tão rápido, e não ter medo de abrir meu coração a ela.

Contei tudo aos sussurros enquanto a professora comentava as questões da prova, e lia as respostas de alguns alunos.

– eu quero um namorado igual a ele – disse suspirando quando saímos da sala.

– é, eu também – disse com uma risada e ela me acompanhou.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– posso saber o que é tão engraçado? – Niall apareceu ao meu lado e vi Scarlett ficar um pouco vermelha (ela tinha me dito uma vez que achava Niall lindo)

– nada de mais – sorri ao ver a cara que ele fez – você viu o Harry por aí?

– hmm, não. Acho que ele está em física. Porque?

– meu Deus, Horan. Porque tão curioso? – coloquei as mãos na cintura e levantei as sobrancelhas brincando com ele.

– não sei, acho que peguei essa mania de você – disse imitando meu gesto e escutei Scar dar uma risadinha.

– há-há. Muito engraçado mesmo. – dei um tapa em seu peito e escutei ele reclamar.

Scarlett disse que tinha que correr para a próxima aula e eu me despedi dela, começando a andar pelo corredor com Niall, em direção aonde Zayn e Eleanor estavam parados.

– vocês viram o Harry?

– Bom dia, Sam. Tudo bem com você? – Zayn disse e eu ri.

– desculpa, é que eu tenho que achar ele.

– porque? – Eleanor disse fechando a porta de seu armário.

– foi o que eu perguntei, mas pergunta se ela me respondeu... – Niall deu de ombros

– é só que eu tenho que avisar para ele que eu estou indo para... – deixei a frase no ar, fingindo procurar ele pelo corredor.

– indo pra onde, Sam? – Zayn insistiu e eu respirei fundo, olhando para os três – qual é, Sam! Desde quando guardamos segredos uns dos outros? – sorriu de lado.

– é só que eu tenho que ir ao terapeuta – dei de ombros cedendo.

– ah sim. Você tinha mesmo me explicado a história dos três meses

– aham, e é a primeira vez que eu vou nesse terapeuta, então estou um pouco nervosa – dei de ombros mais uma vez – tanto faz. Se vocês virem o Harry, avisa para ele que a mamãe teve que mudar o horário, e vai passar para me pegar aqui daqui a pouco, então não precisa me esperar para ir para casa.

****

Eu batia meus dedos insistentemente em minha coxa e escutava o barulho irritante do ar-condicionado acima de minha cabeça.

– Samantha – minha mãe colocou sua mão em cima da minha, fazendo-me parar e olhar para ela – vai ficar tudo bem. Não precisa ficar nervosa assim.

– eu sei, é que ... é a primeira vez que eu vou nele, acho que é porque eu estou mais acostumada com o Dr. Holdin. Só isso – respirei fundo, tentando convencer a mim mesma.

Ela deu uma risadinha e repetiu que tudo iria ficar bem, voltando seus olhos em direção à revista que estava aberta em seu colo.

– mãe? – ela olhou para mim – como você sabia que estava apaixonada?

– porque está perguntando isso, filha? – um pequeno sorriso apareceu em seu rosto – algum garoto em vista?

– é só... é só o Liam, eu acho – franzi a testa, e, ao olhara para ela novamente, percebi alguma diferença em sua expressão.

Ela abriu a boca para falar alguma coisa, mas a secretária disse que eu podia entrar. Então ela apenas sorriu para mim e disse conversávamos depois.

Levantei e segui até a porta que dava ao consultório. Entrei devagar e encontrei um senhor de barba branca e terno sorrindo para mim.

– bom dia, Samantha. É bom finalmente encontrar com você.

****

Cheguei em casa para descobrir que os meninos e Eleanor tinham ido ao jogar bola na pracinha perto da casa de Louis.

Subi correndo para o meu quarto e peguei a primeira roupa que eu vi, louca por um banho mais do que tudo.

– Samantha? – escutei minha mãe gritar do andar de baixo e revirei os olhos, respondendo um “oi” bem preguiçoso – é rapidinho, filha.

Desci lentamente os degraus e parei encostada no batente da porta da cozinha. Ela me olhou sorridente do fogão, onde alguma coisa (com um cheiro muito bom, por sinal) estava sendo preparada.

– querida, será que você pode fazer um favor pra mim.

– depende – disse baixinho e ela olhou feio para mim – ok, ok. Fala o que você precisa, mãe.

– é que eu estou toda enrolada aqui na cozinha, e eu prometi pra Luce que entregaria uns documentos que estão lá em cima para ela. daqui a pouquinho ela está aí. Você pega lá em cima para mim?

– lá em cima aonde?

– no sótão – deu de ombros e me olhou de rabo de olho – eu sei que você não gosta de ir lá – começou a falar assim que eu abri a minha boca – mas é que eu realmente preciso disso, e você é a única que está em casa.

Bufei e me virei, indo em direção à escada.

– está na prateleira da direita – gritou para mim e eu logo me vi parada em frente à escada do sótão.

Harry, Zayn e Niall tinham pregado uma peça em mim quando eu era pequena, e desde então eu tinha medo de subir até lá, mesmo sabendo que tudo era mentira. Vai entender né...

Respirei fundo e subi. Localizei rapidamente a prateleira da direita e andei rapidamente até ela. Peguei os tais documentos e só parei quando tropecei.

Olhei para baixo e xinguei baixinho. Procurei pelo o que tinha me feito quase cair de cara no chão e encontrei uma caixa de papelão toda decorada com fotos de atores e cantores famosos. Tinha meu nome em cima, escrito com caneta prateada.

Dei uma risadinha e peguei a caixa em meus braços. Desci e deixei-a em minha cama, indo levar logo o que minha mãe tinha pedido para ela.

Tomei meu banho voando e troquei de roupa, já pensando em ir encontrar os meninos no parque depois de olhar o conteúdo da tal caixa.

Abri a tampa e sorri na mesma hora que vi que dentro dela eu tinha guardado fotos e lembranças de vários anos.

Logo achei um cd que tinha meu nome, o de Harry e o de Zayn gravado e liguei o computador, curiosa para ver o que teria nele.

Era um vídeo de um dia que eu me lembrava bem: nossa primeira viajem de avião, quando eu tinha seis anos.

Coloquei-o para tocar e fiquei rindo de nós três. Minha mãe nos filmava do banco da frente, por entre as cadeiras.

“ – nós vamos morreeeeeeeer – disse colocando as mãos no rosto de maneira a parecer que meus olhos iriam sair – Harry, se nós não estivermos vivos amanhã, eu quero pedir desculpas... – disse pegando em seu colarinho e puxando-o para mais perto – fui eu!

– foi você o que? – ele perguntou tentando sair do meu aperto.

– fui eu que quebrei o seu carrinho.

– o que?

– é que a Barbie tinha um encontro com o Ken, e ele precisava de um carro legal, não o rosa que eu tinha e aí eu sem querer quebrei ele... – dei de ombros e então o caos se instalou: Harry gritando sobre me matar se o avião não o fizesse, eu gritando sobre o Ken e a Barbie e Zayn gritando sobre qualquer coisa que ele ‘tinha avisado’.

Por alguns segundos a câmera ficou ‘dançando’ na mão de minha mãe enquanto ela nos separava, e, assim que o foco voltou a nós, estávamos os três sentados de braços cruzados”

Dei outra risada e coloquei o cd de volta na capinha. Fui em direção à caixa novamente, me ocupando com algumas fotos que tinham lá dentro.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Cheguei então a um pequeno pacote branco com um coraçãozinho vermelho desenhado em cima, e, assim que o abri, vi que eram fotos minhas com Liam. Corri meus olhos por elas e fiquei encarando uma por alguns segundos: estávamos sentados um do lado do outro em um murinho e ele me dava um beijo na bochecha enquanto eu fazia um careta. Passei a foto e vi, ainda no mesmo dia e no mesmo lugar, nós dois nos olhando e rindo. Dei um sorriso e passei para a próxima foto, congelando no mesmo momento que o fiz.

Eu e Liam, ainda no mesmo dia e no mesmo lugar, mas agora nossos lábios estavam colados. Fiquei encarando a foto por alguns segundos e comecei a passar as que estavam em baixo dela rapidamente, vendo fotos típicas de casais minhas com Liam: nos beijando – com a câmera de perto, de longe, de todos os ângulos possíveis -, fotos de ele me abraçando por trás, jogados na cama, no sofá... Diversos dias, diversos lugares.

E tudo o que eu conseguia pensar, com os olhos arregalados, era “o que era aquilo?”

Com as mãos tremulas e os olhos marejados, peguei um cd que estava dentro do pacote, colocando-o no computador, e hesitando um pouco em dar play no vídeo. Com medo do que eu veria lá dentro, mesmo já tendo uma pequena (grande) ideia.

Coloquei a mão em frente à boca e deixei uma ou duas lágrimas rolarem pelo meu rosto assim que acabei de vê-lo – pela quarta vez. Eu não conseguia acreditar, simples assim. E as únicas palavras que passavam na minha cabeça eram as de Zayn, mais cedo: “desde quando guardamos segredos uns dos outros?”