Opostos

Ensaiando


Ao entrar apenas vê a silhueta de Cecília através do box. No mesmo instante sente que seu corpo já não o obedece mais.

- Bêbê? Tudo bem aí? – pergunta ela.

- Tudo bem, muito bem...

Cecília sorri ao perceber a excitação na voz de Murilo.

- To saindo já, só mais um minuto.

Murilo continua olhando os movimentos de Cecília através do box. Ele resolve tomar uma atitude, mesmo sem saber qual será a reação da namorada.

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Cecília está jogando água sobre o rosto quando percebe que o box foi aberto e agora Murilo está bem a sua frente.

- Desculpa, mas não consegui esperar do lado de fora. – diz ele prensando Cissa contra a parede.

- Posso saber o que pretende fazer? – diz levemente corada.

- O que parece? – diz colando seus corpos.

- Ah bêbê, aqui não...

- Porque não? Não disse que queria experimentar coisas novas?

- Disse, mas sei lá... Acho que fazer aqui é um nível bem acima do que o que estou agora. Não sei como fazer entende? – diz sem jeito.

- Eu te ensino. Relaxa e deixa o resto comigo.

Cecília nada diz, apenas fecha os olhos e se deixa guiar por Murilo, que a essa altura já estava mais do que excitado.

Ele pega um dos preservativos que havia levado para o banheiro e o coloca. Cecília parece nervosa.

- Relaxa gatinha.

- Sei que pode ser bem contrastante o que vou dizer levando em consideração o que fiz agora a pouco, mas to com vergonha.

Murilo ri e mais uma vez a prensa contra a parede.

- Gosto de te ver soltinha como agora a pouco lá na sala, mas você envergonhada me deixa ainda mais doido sabia?

Ela o encara nos olhos, mas abaixa o olhar em seguida. Murilo por sua vez toma seus lábios em um beijo urgente. Enquanto a beija pega uma das pernas de Cecília e coloca em volta da sua cintura.

- Aí! – diz baixinho e com os olhos fechados.

- Machuquei você? – pergunta preocupado.

- Não, mas to com medo de escorregar e cair aqui.

- Não esquenta, não vou deixar. Segura em mim.

Ela faz o que Murilo pede e segura seus ombros com firmeza.

Aquele simples banho durou muito além do que Cecília podia imaginar, mas com certeza foi o melhor de toda sua vida até aquele instante. O vapor já tomava conta de todo o ambiente, fazendo com que ela sentisse literalmente que estava nas nuvens.

Com cuidado Murilo solta a perna de Cissa, a ajudando a se apoiar novamente no chão.

- Consegue ficar em pé? – pergunta ele.

- Acho que sim.

Murilo sorri e os dois enfim começam um banho de verdade. Após terminarem o banho, Murilo coloca suas roupas novamente e Cecília vai até o quarto, colocando uma blusinha e uma calça de moletom.

Eles voltam pra sala, onde ela deita no colo dele e começam a assistir um filme qualquer que passava na televisão. Em menos de dez minutos os pais de Cecília chegam.

- Que lindo, os dois comportadinhos vendo televisão. – diz a mãe de Cecília passando por eles, que trocam um sorriso de cumplicidade.

Assim que os pais saem de perto, Cecília pergunta para Murilo o porque ele havia demorado um pouco mais aquele dia.

- Tava trocando uma idéia com o Mateus.

- Mateus? O Mateus que estou pensando?

- O próprio. O cara quer mostrar que mudou mesmo, mas acho que ta trocando os pés pelas mãos. Ele quer casar com a Patrícia.

- Casar? Como assim? Me explica isso direito.

Enquanto Murilo conta para Cecília toda a conversa que teve com Mateus horas antes, na casa de Patrícia ele a ajudava com o discurso da formatura.

- Cadê o discurso? Quero ver.

- Tem certeza? Acho que não ficou bom.

- Me deixa ver e eu te falo.

- Já sei, vou fazer melhor. Vou ensaiar com você.

- Ensaiar comigo?

- É Mateus. Vou ler ele pra você como leria se estivesse na formatura já.

- Tudo bem, pode ser.

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Patrícia pega o papel cujo havia escrito o discurso. Respirou fundo e começou a falar. Mateus a olhava atentamente.

- AOS PAIS: “O amor tem nuances que apenas o amor pode explicar”.

Permitiu-nos nossos pais a vida por amor.

Emprestaram-nos sua boca para que pudéssemos falar seus pés para que pudéssemos andar seu amor para que pudéssemos existir e como se a existência fosse pouca, deram parte de suas próprias vidas para que nossa existência tivesse algum sentido.

Hoje, apesar de pensarmos saber bastante, não aprendemos ainda algo que seja suficiente e possa substituir o simples muito obrigado.

AOS PAIS AUSENTES: "Nossa homenagem àqueles que partiram, pais, mães, irmãos, parentes, deixando-nos a lembrança das suas presenças, o som de suas vozes soprando suaves na memória, num murmúrio de lamento e saudade”.

AOS AMIGOS E COLEGAS: “No início, unidos apenas por um objetivo comum, Recuados, desconfiados, mas que aos poucos a convivência foi nos aproximando, encantando. Sempre colegas, soubemos conviver e respeitar-nos.

Lutamos, sobrevivemos, crescemos... Acima de tudo como seres humanos. “E, por tudo, a saudade há de ficar.”

ÀQUELES QUE AMAMOS: "As homenagens deste dia se estendem também a vocês, sempre presentes com um sorriso amigo e apoio nas horas difíceis. As alegrias de hoje também são de vocês, pois o vosso amor, carinho e estímulo, foram às armas desta vitória”.

AOS MESTRES: “Ser mestre não é apenas lecionar, ensinar não é apenas transmitir o conteúdo programático”. Ser mestre é ser orientador e amigo, guia e companheiro, é caminhar com o aluno passo a passo.

É transmitir a este os segredos da caminhada.

Ser mestre é ser exemplo de dedicação, de doação, de dignidade pessoal e de amor.

O agradecimento sincero aos mestres e amigos; aos somente mestres, e àqueles que, com seus problemas e dores humanas, não foram amigos e nem mestres, mas que também passaram por nós.

“Nosso respeito, nosso afeto.”

Ela dobra o papel e olha para Mateus.

- Está uma droga não está?

- Droga? Está perfeito!

- Sério?

- Sério. Nem que eu tivesse ficado o ano todo pensando em algo pra fazer esse discurso teria saído tão perfeito assim.

- Que bom, fico mais tranquila em saber que não está ruim.

Mateus sorri, mas em seguida o mesmo sorriso desaparece de seu rosto.

- O que foi? – pergunta Patrícia preocupada.

- Nada. Só pensei nessa parte que você falou dos pais ausentes.

- Ta dizendo isso pelo seu?

- Também. O meu o do Murilo, se bem que são casos bem diferentes. O do Murilo não vai porque morreu, o meu acha que eu morri.

- Credo Mateus, não fala assim.

- Porque não se é a verdade? Você conhece a minha história.

- Conheço, mas não acho que seu pai ache que você está morto.

- Será? Se bem que sinceramente pra mim não faz a menor diferença. Não mais. Vivi 17 anos sem ele, pra que querer ele na minha formatura agora?

Patrícia segura a mão de Mateus que tem um tom de voz um tanto quanto amargurado.

- Você nunca teve vontade de conhecer ele?

- Não sei dizer. Às vezes eu queria, outras não. Depois de saber de tudo, aí que minha vontade, curiosidade, seja lá o que for que eu sentia sumiu de vez. Como eu disse não me faz mais a menor diferença.

- Você acha que ele tem filhos, família?

- Sei lá Paty, deve ter. Quando minha mãe ficou grávida eles estavam na faculdade, eram novos. Ele deve ter refeito a vida dele sim. Mas vamos mudar de assunto?

- Ok. Tenho outro ultra-som amanhã de manhã. Quer vir comigo?

- Vou sim. Será que já vai dar pra ver o sexo?

- Acho que sim, mas mesmo que não dê, sei que é menina.

- É menino.

- Menina.

- Menino. Não se iluda.

- Quem está se iludindo aqui é você. É uma menina e ponto final!

Eles ficam discutindo o sexo do bêbê por mais algum tempo, até que Mateus questiona Patrícia sobre o futuro deles.

- Como vai ser quando nascer hein Paty?

- Não sei. Na verdade eu to com medo Mateus.

Patrícia abaixa a cabeça e em seguida Mateus a faz olhar para ele.

- Não fica com medo. Não vou te deixar sozinha. Vamos dar um jeito e vamos nos virar de alguma forma. Vai dar tudo certo.

Eles se abraçam e ficam assim por um bom tempo. Ao olhar Patrícia ali em seus braços, Mateus lembra do conselho que Murilo lhe havia dado.

“Você quer ajudar a Patrícia, assumir sua responsabilidade como pai, legal isso, mas se tomar uma atitude precipitada vai perder a ela e seu filho também”.

Não era isso que Mateus queria. Já havia ficado sem Patrícia uma vez por erro dele, não faria à mesma coisa, agora perdendo seu filho também.

- Você não vai me deixar sozinha mesmo né?

- Não. Claro que não. – diz enquanto afaga seus cabelos.