Opostos

Há males que vem pra bem.


Algumas semanas se passam e Cecília e Fabiana estão ajudando Patrícia com os deveres e trabalhos da escola. Ela ainda está decidida a não contar nada para Mateus.

Porém o destino nos traça rumos diferentes dos quais resolvemos seguir.

Em uma tarde, após muita insistência de Cecília e Fabiana, Patrícia resolve sair e dar uma volta.

- O Mateus pode aparecer e me ver, não quero que ele me veja.

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- Esquece o Mateus. Ele nem mora tão perto daqui, relaxa e aproveita o ar. Você precisa respirar um pouco. – diz Fabiana.

Patrícia escuta o conselho de Fabiana e sai com ela e Cecília pra dar uma volta. O dia estava nublado, mas o tempo estava bem agradável.

Elas vão até um parque não muito longe dali e passam algum tempo conversando. O apoio delas está ajudando e muito Patrícia, que não se sente tão sozinha.

- Vocês tem me ajudado muito gente, obrigada.

- Não tem o que agradecer. Mas mudando de assunto... – diz Cecília.

- Já sei até o que você vai perguntar... – diz Patrícia dando um riso sem emoção.

- Pensou melhor em contar pro Mateus?

- Não vou contar Cecília, não insista nisso. Ele não tem mais nada comigo, pra que tem que saber do neném?

- Porque ele é o pai, está bom pra você?

- Ta bom Cecília, vamos supor que eu diga, ele não vai acreditar em mim.

- Como não? Porque não acreditaria?

- Ele disse pra mim no dia que transamos que usou camisinha. É que eu idiota nem percebi, não sabia distinguir se ele estava usando mesmo ou não, nunca tinha transado antes.

- Ta e daí?

- Como e daí Cecília? É a palavra dele contra a minha. Se ele disse que usou camisinha, como vou chegar pra ele e dizer que estou grávida? Entende agora um dos motivos de eu não querer dizer nada pra ele?

- Putz, que rolo! – diz Fabiana.

- Eu to com medo Cecília, medo. Ele vai me dizer coisas horríveis e vai acabar comigo mais uma vez, como no dia que terminou comigo. Eu não vou agüentar isso de novo.

- É complicado mesmo Paty, mas vamos pensar, vamos encontrar um jeito ta bom?

- Juro que não sei mais o que fazer gente, juro mesmo.

- Bom, por enquanto continua levando do jeito que está, já que está dando certo mesmo... – diz Fabiana.

- Dessa vez vou ter que concordar com a Fabi. Pelo menos ganhamos tempo pra pensar em alguma coisa.

Elas ficam mais um tempo no parque até que resolvem ir embora. Elas caminhavam pela calçada conversando quando do nada surge uma mulher gritando

- Ladrão, pega ladrão!

Elas não entendem nada, até que vêem vindo em sua direção um rapaz em uma bicicleta a toda velocidade. Cecília e Fabiana conseguem desviar, mas Patrícia não e é atingida em cheio, caindo na calçada.

Cecília corre até ela e pergunta se está tudo bem, mas ela apenas reclama de dor. Fabiana chama uma ambulância enquanto vê algumas pessoas correndo atrás do cara da bicicleta.

- Ta doendo – reclamava Patrícia. – Ai meu Deus! Meu filho! Cecília, meu filho!

- Calma, não se mexe, a Fabi já chamou ajuda.

Pouco depois a ambulância chega e leva as garotas até um hospital próximo. Elas explicam o que aconteceu e Patrícia é levada para passar por exames. Cecília e Fabiana aguardam nervosas pelos resultados.

- Meu Deus Fabi, será que aconteceu alguma coisa com o neném?

- Vira essa boca pra lá Cissa, não aconteceu nada, vai dar tudo certo.

Enquanto esperam, são surpreendidas por alguém que as viu ali.

- Fabiana e Cecília? Vocês aqui?

- Mateus! – diz Cecília visivelmente espantada – Eu que pergunto, o que você faz aqui?

Ele mostra a mão com curativos.

- Estava ajudando a minha mãe a mudar uns móveis de lugar e o vidro da mesa de centro quebrou na minha mão. Levei cinco pontos.

- Ui, isso deve ter doído! – diz Fabiana.

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- Até que não, mas a quantidade de sangue assustou. Minha mãe então me trouxe pra cá porque achava que eu ia ter que tomar pontos e acabei tomando mesmo. Mas e vocês?

- O que tem a agente? – pergunta Cecília automaticamente.

- Porque estão no hospital?

- Estamos esperando uma amiga nossa que foi fazer...

- Inalação! Uma amiga nossa foi fazer inalação. Esse tempo está terrível! – diz Fabiana.

- Inalação é? Então porque não estão lá com ela? Os acompanhantes podem ficar junto.

- Ah é? Não sabíamos, obrigada por avisar Mateus, tchau! - diz Fabiana puxando Cecília, mas o médico as chama.

- Vocês são as acompanhantes da Patrícia Vargas?

- Patrícia Vargas? Essa é a Paty! – diz Mateus olhando as garotas sem entender nada.

- Bem, a amiga de vocês está bem, sofreu apenas alguns arranhões.

- Arranhões? Ela não estava fazendo inalação? – pergunta ele olhando Cecília e Fabiana que não sabem o que dizer.

- Quanto ao bêbê também podem ficar despreocupadas, não aconteceu nada ao feto.

- Bêbê? Feto? Do que ele está falando? – pergunta Mateus confuso.

Cecília coloca as mãos no rosto e Fabiana fica estática.

- Parem de me fazer de idiota! Vocês sabem de algo falem de uma vez!

- Acorda Mateus, precisamos mesmo falar? – diz Fabiana nervosa.

- Fabi, não! – repreende Cecília.

- Não adianta Cissa, não tem mais como esconder. A Patrícia está grávida Mateus.

- Grávida?! – diz ele surpreso.

- Isso mesmo, grávida. Parabéns papai. – diz Fabiana ironicamente.

- Mas... Por que... Porque ela não me disse nada?

- Medo Mateus, medo. Ela descobriu assim que vocês terminaram. – diz Cecília em um tom mais calmo que Fabiana.

Mateus fica estático, não diz nada, seus olhos não olham para nada.

- Hei, você está bem? – diz Fabiana estalando os dedos na frente dele.

- Não sei... Um filho... Eu vou ter um filho...

- Xiii Cissa, o cara surtou!

- Eu preciso colocar as idéias no lugar, fiquei um pouco sonso com isso tudo. Ah, por favor, não digam pra ela que eu já sei.

- Não? Como não? – dizem confusas.

- Não digam. Quero resolver esse assunto do meu jeito e por enquanto é melhor que ela não saiba que eu sei, ou ela pode fazer algum tipo de besteira. Por favor.

Elas se olham, mas acabam concordando, afinal o maior interessado naquele assunto eram os dois.

- Tudo bem, não vamos dizer nada pra ela, mas se você fizer ela sofrer mais do que já fez, vai se ver com a gente. – diz Cecília.

- Sei que vai soar bem estranho o que vou dizer pra vocês, ainda mais vindo de mim, mas me dêem um voto de confiança, ao menos uma vez.

- Certo, mas agora vai embora logo daqui, daqui a pouco vamos embora com ela.

- Já estou indo. Valeu pela força.

- Estamos fazendo isso por ela e não por você. – diz Fabiana.

- Você me odeia não é? – diz ele pra ela estreitando os olhos.

- Digamos que tenha meus motivos. Agora vai logo garoto, some daqui!

Mateus sai e Cecília fala com Fabi.

- O que ele vai fazer? Tem alguma idéia?

- Nenhuma. Mas vamos esperar pra ver né, é o jeito!

Enquanto as garotas esperam a liberação de Patrícia dentro do hospital, Mateus entra no carro onde sua mãe o esperava.

- Tudo bem filho?

- Ah? Ah ta, tudo bem sim mãe.

- Quantos pontos levou?

- Cinco.

- Nossa bastante.

Mateus olhava para o nada, o que chamou a atenção de sua mãe.

- Tudo bem filho?

Ele olha a mãe e sorri.

- Eu vou ser pai dona Dora. Eu vou ter um filho.

- Você o que? – diz sem entender nada.

- Em casa te explico melhor mãe, vamos logo antes que a Patrícia me veja aqui.

Eles chegam em casa rapidamente. Mateus nunca viu a mãe dirigir daquele jeito.

- Senta aqui e me explica direito essa história de ser pai Mateus. – diz sua mãe sentando em um sofá e apontando o outro para o filho.

Mateus senta e conta tudo para a mãe, que o ouve atentamente. Ela nota que apesar da surpresa e do medo aparente enquanto o filho fala, os olhos do mesmo brilham de uma maneira diferente.

- E o que você pretende fazer? Filho é coisa muito séria Mateus.

- Sei disso mãe. Antes de qualquer coisa quero falar com ela. Ela não sabe que eu sei, achei melhor por enquanto.

- Certo, mas e depois que falar com ela?

- Não sei mãe, to completamente perdido. Mas de uma coisa eu tenho certeza.

- Do que?

- Ela não vai poder me privar de ser pai, ah não vai mesmo!

- Você ficou feliz com a gravidez dessa moça filho?

- Quando soube foi como se uma bomba tivesse estourado no meu estomago mãe, mas aí eu fui pensando e vi que eu vou poder ser pra essa criança tudo o que eu não tive entendeu? Eu não tive pai, mas não é por isso que o meu filho também não vai ter um.

A mãe de Mateus observa o filho enquanto ele fala. Diante dela não estava mais o garoto inconseqüente, mas havia um rapaz maduro e decidido no que falava.

Ela se levanta e vai até o sofá da frente, sentando ao lado do filho o abraçando.

- Deus ouviu minhas orações. Você não é como ele.

- Não mãe, e serei pro meu filho tudo o que ele não foi pra mim. Prometo pra senhora e pro meu filho também.

Eles ficam abraçados por mais um tempo até que a mãe de Mateus o encara.

- Quando pretende falar com ela?

- Não sei mãe, só sei que hoje não é um bom dia, nem pra ela e nem pra mim. Pensei em ir amanhã.

- Decida que dia quer ir, eu vou com você.

- Sério?

- Sim, mas você vai falar com ela sozinho. Vai ter que enfrentar isso sozinho.

- Eu sei.

- Bom, vou tomar um banho, estou exausta! – diz se levantando e saindo da sala.

Mateus deita no sofá e fica pensando em Patrícia e no filho que ela esperava. Nunca imaginou que isso pudesse acontecer com ele, mas estava acontecendo. Seria pai.

Lembrou do dia em que provavelmente Patrícia devia ter engravidado. Lembrou da mentira que contou a ela, de como a tratou. Um aperto tomou conta de seu peito e lembrou das palavras que a mãe lhe disse há alguns minutos atrás.

“Vai ter que enfrentar isso sozinho”.

Ele então se senta novamente e coloca as mãos no rosto.

- Isso mesmo, tenho que resolver sozinho e agora.

Ele então levanta e sai porta a fora.

Nesse meio tempo Patrícia já estava em casa. Cecília e Fabiana foram com ela, que pediu que não contassem nada para sua mãe, para que não se preocupasse.

- Que susto levamos hein? – diz acariciando a barriga.

Enquanto anda pela casa, encontra um bilhete da mãe dizendo que aquele dia chegaria um pouco mais tarde, mas pra qualquer coisa ligar para ela.

Enquanto lia o bilhete da mãe, nota que alguma das meninas havia esquecido o celular na casa dela. Em seguida toca a campainha.

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- Alguém sentiu falta do celular. – diz enquanto se dirige para abrir a porta.

- Vo... Você?! – diz espantada ao abrir a porta.

- Oi. Imagino sua surpresa, mas precisamos conversar e não quero e não posso adiar essa conversa nem um minuto mais.

- Mateus, não temos nada pra conver...

- Temos sim e você sabe muito melhor do que eu. Posso entrar?