Opostos

Advertência


Os dias seguem e como todos os dias, Cecília passa na casa de Fabiana para irem juntas a escola.

No caminho vão conversando sobre tudo. Fabiana é a mais falante, não para nem um minuto.

- Cissa, tenho uma coisa pra te contar.

- Mais uma coisa você quer dizer. – responde Cecília rindo.

- Engraçadinha, é sério! Sabe o Luis?

- Luis?

- É na nossa sala. Aluno novo que eu disse que era bonitinho.

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- Você acha todo mundo da sala bonitinho Fabi – diz rindo.

- É sério Cissa! Ele entrou esse ano, junto com a Patrícia e o roqueiro lá.

- Murilo.

- Não, Luis!

- Murilo é o nome do roqueiro.

- Ah ta, tinha esquecido. Mas enfim, o assunto aqui é o Luis. Ele está conversando comigo todos os dias por msn a noite.

- Ah é? E aí, o que você está achando?

- Ele é bem legal, to gostando de conversar com ele.

- Mas não acha que seria melhor conversar na escola também? Uma coisa ao vivo é sempre melhor, pelo menos eu acho.

- Falei isso com ele também e ele disse que não vinha falar comigo porque achava que eu não ia querer falar com ele, então resolveu testar por msn.

- Testar? Sei...

- Sabe o que?

- Ele ta a fim de você, mas quer ter certeza se você também, pra não perder tempo.

- Você acha? – diz Fabiana animada

- Certeza!

- Tomara! Ele é tão lindo!

Cecília ri. Ao chegarem à escola vão para o banheiro, como sempre fazem antes de irem para a sala de aula. Ao entrarem, vêem que Patrícia está lá conversando com outras duas garotas que não conhecem, provavelmente deviam ser alunas de outra classe.

- Podemos vir depois? - pergunta Cecília.

- Por quê? O banheiro não é só dela, vamos ficar aqui. – responde Fabiana.

Enquanto Cecília e Fabiana se arrumam, as garotas conversam e dão muitas risadas. Em determinada parte da conversa, Cecília ouve o nome de Mateus.

- E aí, vai ser quando? – pergunta uma das garotas.

- Hoje na hora da saída. Por ele tinha sido logo no primeiro dia de aula, mas eu banquei a difícil pra ver se ele insistia. Insistiu, então vamos ficar hoje.

- Podemos ver? – disse a outra garota.

- Por mim, desde que sejam discretas. Não quero rir no meio do beijo por causa de vocês. – diz Patrícia rindo e saindo do banheiro com as amigas.

Cecília olha para Fabiana com o rosto em um misto de tristeza e raiva.

- Eu não disse que eles iam acabar ficando Fabi?

- Que raiva desse Mateus!

- Você está com raiva dele? Eu estou com raiva de mim.

- Raiva de você porque, ficou maluca?

- Ele fica com um monte, olha essa aí, nem quinze dias que chegou à escola e já vai ficar com ele. Em quatro anos eu não consegui sequer um selinho em brincadeira de salada mista.

- Mas você nunca brincou disso com ele.

- É só um jeito de falar Fabi! Que raiva!

- Não fica assim vai, pra que? Esse Mateus é um idiota e só fica com meninas mais idiotas que ele. Você devia ficar feliz por nunca ter ficado com ele.

- Valeu por tentar me animar amiga, mas deixa pra lá. O sinal já vai tocar, vamos pra sala. – diz saindo com Fabiana.

Elas ficam ainda um pouco no pátio até que o sinal toca. Vão para a sala e pouco depois o professor chega.

- Detesto esse professor e a aula dele. – resmunga Fabiana.

- Não é só você viu! A sala toda. – diz Cecília.

Realmente as aulas de física não eram bem vistas por nenhum deles. A matéria já era complicada por si só, e o professor era confuso nas explicações e do tipo bem ignorante, sempre buscando alguém pra impor sua autoridade.

Ele inicia a chamada, olhando para o dono de cada nome que pronunciava. Era como se ele escolhesse a vítima do dia. Porém ele já demonstrava sua clara implicância com um aluno em especial.

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- Murilo Fonseca.

O rapaz levanta a mão sem dizer uma palavra. A atitude parece irritar o professor.

- Você não tem boca pra responder chamada Murilo?

- Tenho do mesmo jeito que o senhor tem olhos pra ver que estou aqui.

- Você é muito arrogante rapaz.

- Minha mãe diz o mesmo professor, não precisa me lembrar.

O professor prende a respiração como que um meio de se acalmar. Aquele aluno era muito língua afiada pro gosto dele, além do que o estava deixando sem moral na frente dos demais alunos.

Cecília assim como Fabiana e os demais alunos ficam observando a discussão e imaginando onde aquilo vai dar.

- To gostando desse cara! Ele ta falando tudo o que eu sempre quis e nunca tive coragem. – diz Fabiana.

- Pode ser, mas ele está mexendo com o professor errado. Se ele pegar birra dele, vai se dar mal o restante do ano. – diz Cecília.

A implicância do professor parecia longe de acabar. Ele parecia procurar algo pra mostrar a Murilo quem era que mandava ali.

- Onde está seu uniforme Murilo? – pergunta o professor.

- Não tenho uniforme.

- Ah, não tem? – diz com tom sarcástico.

- O senhor está vendo em mim? Se não está é porque não tenho.

- Chega, pra diretoria agora! É uma falta de respeito assistir aula sem uniforme.

- Desculpa me intrometer professor, mas eu também não tenho uniforme, sou aluno novo aqui como ele. – diz Luis.

O professor não sabia o que fazer. Ambos estavam sem uniforme, mas Luis não havia feito nada para lhe causar tamanha raiva.

- Mas a sua camiseta é clara, chega mais perto do uniforme escolar. A dele é preta.

Luis olha para Murilo como se estivesse se desculpando por não ter conseguido ajudar. Ele faz um gesto positivo ao se levantar do lugar e pegar o material. Antes de sair da classe, o professor o chama. Ele lança um olhar de descaso para o mesmo.

- Se você pedir desculpas pode assistir minha aula hoje sem o uniforme.

Murilo sorri debochado e responde para o professor.

- O senhor é ridículo sabia? – diz saindo em seguida, deixando o professor visivelmente irritado.

Cecília olha aquilo tudo. Gostou da atitude de Murilo e desejou ser como ele, falar o que pensa, sem temer a reação dos outros.

Se fosse assim, já teria dito para Mateus tudo o que sentia por ele e não teria que sofrer a cada vez que o visse ficando com garotas com mais atitudes do que ela. Porém sabia que por mais que quisesse, nunca conseguiria.