Opostos

Carta fora do baralho


Cecília não consegue se conter de tanta alegria e ao chegar da casa da tia, corre para o computador, quer ver se Fabiana está on line. Pra sua sorte está.

Ela conta para amiga que ganhou o jogo e que irá ao cinema com Murilo no dia seguinte.

Fabi diz:

“Que ótimo amiga! Amanhã promete então hein!!!”

Cissa diz:

“Será Fabi? Não rolou nada no show, acho que no cinema não vai ser muito diferente.”

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Fabi diz:

“Não rolou porque você não quis! Melhor dizendo, depois do que você me contou, só não rolou porque ele estava te testando, vendo qual era a sua afinal. Como você não reclamou de nada do que ele fez, agora ele vai tomar alguma atitude.”

Cissa diz:

“E se não tomar?”

Fabi diz:

“Aí toma você!”

Cissa diz:

“Você é muito besta sabia?”

Fabi diz:

“Besta... Vamos ver se amanhã depois do cineminha de vocês a senhorita vai me chamar assim!”

Cissa diz:

“Ta, mas é sobre isso que quero falar com você. Com que roupa eu vou, como eu me arrumo?”

Fabi diz:

“Oras, do jeito de sempre! É o seu estilo, seu jeito.”

Cissa diz:

“Sei lá... Queria dar uma forcinha pra ele tomar uma atitude sabe?”

Fabi diz:

“Amiga, ele gosta desse jeitinho de você e se você quer mesmo dar uma força pra que ele tome uma atitude, apenas mostre que você também está a fim. Roupa é o de menos!”

Cissa diz:

“É verdade. É que me sinto tão.. Sei lá!”

Fabi diz:

“Apaixonada é a melhor palavra. Mas relaxa amiga, dorme bem e amanhã aproveita deixando rolar. E pelo amor de Deus, se ele pedir pra ficar com você, não pensa duas vezes!”

Cissa diz:

“Ta certo amiga. Vou dormir agora, se é que vou conseguir! Beijão!”

Cecília desliga o computador e vai dormir. Pretende levantar cedo no dia seguinte para ajudar sua mãe com os afazeres e logo depois se arrumar para o cinema.

Ela faz conforme o planejado. Levanta cedo, toma seu café e ajuda a mãe.

Na hora de se vestir, pela primeira vez em muito tempo fica em dúvida. Abre o guarda roupa e fica parada olhando para as opções que tinha.

Olha o relógio e nota que o tempo parece estar passando mais rápido que o habitual. Logo Murilo estará lá e ela nem sabe o que vestir.

Quando está quase entrando em desespero, lembra da conversa que teve na noite anterior com Fabiana. Se Murilo realmente estava afim dela, era pelo o que ela era. Lembrou que ele mesmo uma vez disse isso em uma das conversas que tiveram. Ele gostava dela porque ela era de verdade e não tentava ser quem não era.

Após lembrar dessas conversas, opta por uma calça jeans num tom azul claro, uma baby look branca com estampa de borboletas, um tênis branco e prende o cabelo em seu tradicional rabo de cavalo.

Passa uma maquiagem bem levinha, composta de brilho labial e rímel incolor. Olha-se no espelho e sorri ao ver seu reflexo.

- É Cecília, você é de verdade garota! – diz a sua imagem refletida no espelho do guarda roupa.

Como já está pronta, aguarda impacientemente por Murilo. Não para de olhar no relógio e teme que ele não vá.

Está quase começando a roer as unhas, coisa que nunca fez, quando sua mãe lhe pede um favor.

- Cissa, você vai sair agora?

- Daqui a pouco mãe, por quê?

- Acabei de ver que o fermento acabou. Você pode dar uma corrida pra mim lá na vendinha da esquina e comprar? Prometi que ia fazer um bolo pro seu pai, mas como sem fermento?

Cecília olha para o relógio. Murilo logo estaria lá, mas se ficasse em casa esperando, acabaria surtanto.

- Ta bom mãe, eu vou. Cadê o dinheiro?

A mãe de Cecília lhe entrega o dinheiro e ela sai. Apesar da venda ser na esquina de casa ela ainda tinha receio de se atrasar.

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Enfim compra o que a mãe pediu e volta para casa. Quando está quase abrindo o portão, ouve alguém lhe chamar. Ao olhar quem era se espanta.

- Mateus? – pergunta surpresa.

- Oi, tudo bem? Queria falar com você, pode ser?

- Falar comigo? Não pode ser segunda-feira na escola?

- É rapidinho, prometo.

Cecília olha no relógio do celular.

- Rapidinho mesmo, porque vou sair e não posso me atrasar.

Mateus fica mais próximo a ela e começa a falar.

- Pra onde você vai que não pode se atrasar?

- Ao cinema.

- Cinema... Vai com o maloqueiro?

- Como Mateus?

- Perguntei se você vai com o maloqueiro.

- Não sei de quem você está falando.

- Claro que sabe! O encrenqueiro da nossa sala, aquele Murilo. É com ele que você vai sair?

- Ele não é maloqueiro. E é com ele mesmo que vou sair algum problema? – diz cruzando os braços.

- Não, só que acho um desperdício. – diz com ironia – Vocês estão ficando?

- Não, mas espera aí, você me parou pra falar o que afinal? De com quem eu saio ou deixo de sair? Por que se foi por isso, dá licença, to atrasada. – diz virando-se de costas para ele.

- Calma, não acabei ainda não – diz segurando o braço de Cecília e a virando de frente para ele.

- Me solta. – diz ela com cara de poucos amigos.

- Só se você não sair com ele hoje.

- Você pirou? Me solta, já falei!

- Poxa Cecília, você é tão gatinha pra sair com um cara daqueles. É no cinema que você quer ir? Deixa que eu te levo então. – diz ainda segurando o braço dela.

- Não quero ir a lugar nenhum com você. Leva a Patrícia, você não está ficando com ela? – diz tentando se soltar sem sucesso.

- Aff, a Patrícia já é passado, foi só um passatempo. Sai comigo hoje, dá um perdido no cara aí, você não vai se arrepender.

- Me solta Mateus, ta me machucando!

- Já disse que só te solto se você sair comigo. E aí?

Cecília tenta se soltar, mas Mateus era mais forte que ela.

- Vai Cecília, deixa de fazer doce! É só dizer que sai comigo e pronto!

- Me solta Mateus! To mandando você me soltar!

- E se eu não te soltar, o que vai fazer? Me bater? – diz com sarcasmo.

Enquanto Cecília continua em vão tentando se soltar, ouve uma voz vinda de trás dela.

- Se ela vai te bater eu não sei, mas se você não soltar ela agora pode ter certeza que eu vou!

- Murilo. – diz Cecília ao vê-lo.

- Vai soltar ela ou não? – diz ele se colocando na frente de Cecília, fazendo com que assim Mateus a soltasse.

- Que foi cara, só estava falando com ela, não pode?

- Ela não queria falar com você.

- Agora você responde por ela?

- Atrapalhei a conversa Cecília? – pergunta Murilo sem tirar os olhos de Mateus.

- Não. Já era pra ele ter ido embora há muito tempo.

- Você a ouviu né? Vaza!

Mateus olha para Cecília e sorri sarcasticamente.

- Ok, eu vou, mas a conversa não acabou ainda.

- Você é surdo cara? Eu disse vaza! – diz Murilo nervoso.

Mateus sai. Murilo espera até que ele tome certa distancia e se vira para Cecília, que está mexendo no braço.

- Ele machucou você? – diz pegando o braço dela.

- Não, só apertou um pouco, por isso está vermelho, mas já volta ao normal.

- O que deu nele?

- Não sei. Estava voltando da venda e ele apareceu dizendo que queria falar comigo e que não podia esperar até segunda-feira na escola. Veio com um papo de querer sair comigo.

- E você aceitou?

- Pelo o que você viu pareceu que eu gostei do convite?

- É verdade, desculpa. Mas esquece esse moleque, o importante é que você está bem.

- Graças à você, se não sei lá o que ele ia fazer. Parecia doido!

- Ele vai ser doido se tentar fazer alguma coisa com você de novo. Mas eu não vou deixar.

Cecília fica feliz com o comentário, mas se dá conta que ainda está com o fermento que a mãe pediu.

- Esqueci do fermento da minha mãe! Vou entregar pra ela, pegar minha bolsa e já saímos ta?

- Sim senhorita. – diz Murilo sorrindo.

Cecília entra e entrega o fermento para a mãe, dizendo que já está saindo. Ela dá uma olhada rápida no espelho e sai.

- Pronto! – diz a Murilo.

Ele que até então estava encostado no muro com as mãos no bolso olha para ela e lhe estende a mão.

- Vamos então?