Não Conte A Ninguém

Capítulo 2


Apenas duas semanas após o casamento de Richard e Cindy o vagabundo já estava com a mentira na ponta da língua. Surpreendeu-me a capacidade que aquele homem teve de mentir para a mulher que ele ama e para a mulher que acha que ele a ama.

– Tenho que ir meu amor, os negócios me aguardam. – disse ele.

– Tudo bem. Boa sorte com os novos clientes. – disse Cindy se despedindo do marido com um beijo.

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– Obrigado. Em uma semana estarei de volta. Te amo. – finalizou.

– Eu também te amo, Richard.

Saindo da casa de Cindy, ele pegou o carro e voltou para a casa de Amy, que ficava do outro lado da cidade. Esse carro havia sido um presente que Amy havia dado a ele após o casamento dos dois, mas é claro que ele disse outra coisa para Cindy.

– Amor, já cheguei! – gritou.

– Oi querido. – Amy foi falando enquanto descia as escadas. – Sua mãe está melhor?

– Um pouco. A babá que contratei com o dinheiro que você me deu já está lá cuidando dela.

– Que bom. Agora vá para o quarto descansar, você deve estar um caco. – disse Amy já indo em direção a cozinha para tomar seu café da manhã.

Calma, calma. Se você não está entendendo nada eu irei explicar. Richard inventou a maior mentira de sua vida para poder ter essa vida dupla. Ele dizia para Cindy que era formado em engenharia e que teria que viajar para outras cidades para visitar transportadoras e afins para poder vender o óleo da empresa para a qual trabalhava. Essas viagens tinham a duração de uma semana, mas na verdade ele não estava indo vender porcaria alguma, ele estava voltando para a casa de Amy, isso sim. Já para Amy ele dizia que tinha que passar uma semana na casa de sua mãe, cuidando dela, pois ela estava doente e ele era o único membro restante da família, já que seu pai havia falecido, mas ele não ia cuidar da mamãezinha não, ele ia para a casa de Cindy. Então resumindo: ele passa uma semana com Cindy e a outra com Amy e conta uma coisa diferente para cada uma. Mas não acabou ainda não. Amy sempre dava um dinheiro para Richard antes de ele voltar para a casa da sua mãe, ou devo dizer, para a casa de Cindy. Com esse dinheiro ele dizia, para Amy, que pagava uma espécie de babá para ficar com a sua mãe na semana em que ele voltava pra casa, mas na verdade esse dinheiro era o sustento que ele dava a Cindy, que, por outro lado da mentira, era o dinheiro que os “compradores” davam a ele. Com toda essa mentira muito bem bolada parece que ele teria a vida dos sonhos, não é mesmo? Não! Até poderia ter, se eu não estivesse envolvida nessa história.

Após conversar com Amy, Richard foi para o quarto, pegou o celular e ligou para Cindy.

– Querida? Estou ligando só para avisar que eu já cheguei de viajem e já estou no hotel.

– Que bom, já estou mais tranquila. – ela sempre ficava preocupada com ele quando ele viajava, era por isso que ele ligava de volta.

– Vou desligar, preciso trabalhar. Beijo, te amo. – e desligou.

Ele já estava preparado para se jogar na cama quando olhou para a porta do quarto e viu a empregada, parada ali, com algumas roupas na mão.

– O que você quer? – perguntou, furioso.

– Eu vim deixar algumas roupas que eu acabei de passar.

– E há quanto tempo você está aí, parada?

– Eu ouvi a sua conversa no telefone, se é isso que você quer saber, Sr. Richard.

Estou sentindo um cheirinho estranho. Acho que a batata dele começou a assar, e bem cedo, por sinal, não é?