A garota subia habilmente as escadas de ferro do prédio, uma arma grande de cano longo presa em suas costas, os cabelos compridos e loiros voando com o vento fresco daquela tarde. Estava quase na hora das lojas fecharem e de o sol se por, eles teriam que ser rápidos.

Ela chegou rápido a cobertura do prédio e mandou uma mensagem simples para o celular dos amigos para avisar que já estava em posição. Andando pelo parapeito do lugar, pegou sua arma e se ajoelhou no chão, tendo uma boa visão para o prédio a sua frente, onde a sala de Lucius se encontrava.

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Seria tão fácil, puxar o gatilho, acabar com aquilo de uma vez por todas. Afinal, ela poderia ver a cabeça dele facilmente em seu alvo. Só que para Brianna, não era certo acabar com uma vida em que a vingança não era responsabilidade sua. Teria apenas que esperar o momento certo.

No apartamento das garotas, Leah vestia o colete a prova de balas, vendo suas armas todas postas em ordem sobre sua cama. Todas carregadas, juntamente com seus cartuchos para reposição, caso fosse preciso.

Provavelmente, nada daquilo seria preciso. O plano era entrar sorrateiramente no prédio, só Sean, enquanto ela e Ryan pegavam as escadas de emergência para não levantar suspeitas.

Tudo estava certo, planejado, feito. Era só ir até lá e terminar o serviço, como todos os outros e então tudo acabaria e nenhum deles se preocuparia de novo em pegar uma arma nas mãos.

- Ela não esta pronta! – o ruivo gritou.

- Esta falando de minha irmã ou de você mesmo?! – o moreno rebateu.

- Você não conversou com ela, como eu!

- Não, realmente não! Só que você, querido, falou tanto com ela e não teve uma decisão concreta com Megan! Minha irmã não é mais uma criança Ryan! Ela pode tomar suas próprias decisões, ela tem que se machucar, você não pode protegê-la de tudo e todos!

- Com você desse jeito eu realmente não posso! O que seria mais um dia, Sean?! Só mais um dia entre tantos anos?! Por que não pode esperar?!

O silêncio tomou a sala, depois de tantos argumentos e da voz dos dois terem saído tão alta e fora de controle. Sean parou, por um milésimo de segundo, tomando a liberdade de se acalmar antes de voltar a falar com o amigo.

- Mais um dia, entre tantos anos, Ryan. – o moreno disse. – É esse o problema, esperar mais um dia para conseguir as devidas respostas sobre nosso passado. Esperar para vingar a morte de nossa família, sabendo que finalmente sabemos quem é o culpado. Sei que você tem medo de machucá-la, cara, e eu entendo. Ela é minha irmã, eu a conheço. Sei que ela não suportará tudo o que pode acontecer. Mas é necessário. Ela precisa disso para seguir em frente.

O ruivo se calou, e Sean se virou indo se preparar para a missão em seu quarto.

Os cabelos presos em uma rabo alto, deixando os poucos cachos que compunham seus fios se caírem belamente por suas costas. O preto de seus olhos mais escuro do que em qualquer outro dia. Ela estava de frente para o espelho em seu banheiro. Encarando sua imagem com a camiseta larga sobre o colete a prova de balas de couro que vestira.

Mesmo com o calor que fazia do lado de fora do quarto, à morena sentia um frio profundo que vinha de dentro de seu corpo e se instalava sob sua pele. A verdade e o medo das respostas começava a lhe trazer um frio na barriga.

Ela sabia que Ryan não seria a favor disso, mesmo que tivesse feito a melhor atuação que pode, não conseguiu enganá-lo. Megan conseguiria atirar? Conseguiria aguentar o peso de suas palavras e suas respostas.

Foi quando não agüentou mais a ansiosidade e a demora para os garotos chegarem que resolveu tomar a missão com suas próprias mãos e cuidar daquilo ela mesma. Saiu silenciosamente de seu quarto, seguindo o corredor e aproveitando o tempo em que Leah demorava para carregar todas as armas de que precisariam.

A morena tinha apenas uma arma presa em seu short, e trancou a porta ao sair da casa.

O prédio continuava imponente como antes, a recepção mais vazia que o de costume. A garota atravessou o hall, entrando em um dos elevadores vazios e seguindo para o escritório de seu pai.

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- Sean, onde você esta?! – Brianna perguntou a voz fora de controle.

Ben estava logo ao seu lado, com outra arma apontada para o escritório, caso fosse preciso.

Megan contava as batidas e os andares que o elevador percorria, marcando os andares com leves batidas na coxa.

- Como assim onde estou? Me arrumando para matá-lo. – o moreno respondeu como se a pergunta fosse mais do que óbvia.

As portas se abriram e a costumeira sala de espera apareceu na sua frente. Ela saiu então a passos decididos, pegando a arma e a grudando em sua perna para que ninguém percebesse.

- Pode me dizer então por que sua irmã esta aqui no prédio sozinha? – Brianna perguntou.

- Ela o que?! – Sean perguntou Ryan ouvindo a voz alta do amigo, foi checar o que tinha acontecido, vendo o olhar desesperado do moreno enquanto ele falava ao celular. – Não a deixe fazer nada Brianna, impeça ela!

- Sean, ela já esta lá dentro! Não a mais como impedi-la! – a garota gritou.

- Estamos indo até ai, vá até lá e deixe Ben ai, temos que impedi-la de cometer alguma besteira! – a voz do moreno saiu rápida e alta, enquanto o ruivo o encarava confuso. – Megan esta no prédio, - avisou depois de desligar o telefone, começando a correr para fora de seu quarto e pegando as chaves de seu carro seguiu para a porta da frente – Ela vai matá-lo!

A angustia parecia maior a cada passo que dava, no entanto o medo se esvaia de seu corpo sendo substituído pela raiva e o ódio. O rancor também estava presente ali, ela queria vingança, e se perguntava como tinha agüentado tanto tempo sem procurar o culpado. Começava a perceber que Sean tinha toda a razão em não descansar enquanto a resposta de seu passado não estivesse esclarecida.

Foi por isso que não agüentou os sorrisos falsos das secretarias de seu pai e levantou a arma atirando duas vezes e acertando o centro da testa delas. Sem nem mesmo mirar direito, só levantando a mão e fazendo. Ela não pensou, e com certeza não mediu seu ódio ou sua força ao chutar a porta do escritório de seu pai e apontar a arma para ele.

- Megan o que pensa que esta fazendo? – Lucius perguntou se levantando.

O rosto dela... Se Ryan o visse, não teria orgulho nenhum do que ela havia se tornado em apenas alguns minutos. A morena não tinha orgulho daquilo, não tinha vontade de se olhar em espelho nenhum sabendo que suas feições estavam contorcidas em uma cara de puro e completo ódio. O mais aterrorizante é que ela gostava de estar se sentindo tão forte aquele ponto. Quando apontou a arma para o peito de seu pai, a ultima pessoa na sua linhagem sanguínea fora Sean, o ultimo de seus primogênitos. Soube que fazia a coisa certa.

- Hora de termos uma conversinha, pai. – ela disse a voz rouca pelo ódio e seca pelo gosto da vingança. – Se é que posso chamá-lo assim. – viu então que ele se precipitava para apertar o botão dos seguranças e se aproximou mais. – Sente-se! E não pense em fazer qualquer gracinha, não há quem possa salva-lo agora.