Alice

Cap. 6 Nada nos atrapalhou dessa vez.


Ok, o que eu estava fazendo no quarto do Noah? Por que eu estou deitava no braço dele? Como a mão dele foi para na minha cintura? Cadê o meu sutiã? Estava com uma dor de cabeça do caralho e todas as perguntas que eu tentava responder eram substituídas pelo pavor e pela dor. Tentei – inutilmente – me lembrar da noite passada eu tive uma sensação de que eu já tinha passado por aquilo, fazendo eu me arrepiar. Lentamente abri os olhos e vi olhos muito azuis me observando de perto. Como se eu fosse uma das experiências de algum cientista maluco. Assim que abri os olhos o ser de olhos muito azuis falou com um sorriso na voz:

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- Oi – A voz foi como uma bomba na minha cabeça. Como se ele estivesse gritando com um megafone no meu ouvido. Fechei os olhos com força e fiz uma careta – Ah, desculpa. – Ele sussurrou dessa vez.

- Bem melhor. – Eu sussurrei também.

Então uma luz se acendeu na minha cabeça e o pânico voltou. Me sentei na cama e vi meu sutiã preto de renda – por que eu usei esse sutiã justo ontem? - na guarda da cama. Dei um grito – me arrependendo logo depois – e peguei o sutiã escondendo debaixo da coberta.

- Noah, o que aconteceu na noite passada? A gente... você... eu...? – Não conseguia completar a frase. Cobri meu rosto com as mãos deixando só pequenas frestas entre os dedos pra olhar pro seu rosto. – Fala alguma coisa! – Foda-se a dor de cabeça. O silêncio dele estava me deixando nervosa. Para o meu pavor ele fez uma cara de decepcionado, que me deu vontade de abraça-lo e consolá-lo e disse:

- Você não se lembra de nada?

- Não Noah! Fala logo caramba! – Então a máscara caiu e ele começou a rir.

- Não nanica, nós não fizemos nada. – Ele continuou a rir mas eu estava aliviada demais pra ter algum humor agora.

- Então por que eu estou só0 de calcinha, com a sua blusa e sem sutiã? Não parece que nós não fizemos nada. – Mas por que ele mentiria sobre isso?

- Simples, depois que eu voltei do shopping, encontrei você toda bêbada na sala. E como o bom amigo que eu sou – ele riu e eu joguei um travesseiro nele. – te ajudei a tomar banho – arregalei os olhos, mas ele apenas riu de novo – e coloquei uma roupa minha em você. Aliás, gostei do sutiã. Renda né? – Dei um tapa nele e ele voltou a rir. Mas espera aí...

- Isso não explica como eu vim parar na sua cama. E não explica o sutiã.

- Ah, depois que eu coloquei uma roupa em você, você ficou extremamente incomodada com o sutiã. Então tirou e jogou na minha cama. Então eu te levei pro seu quarto e saí correndo antes que você me tacasse alguma coisa. – Ele fez uma pausa arqueando a sobrancelha para que eu me lembrasse. Mas ele não precisava da pausa. A lembrança estava nítida na minha mente. Meu olhos se encheram de água e eu abaixei a cabeça e uma lágrima escorreu. Ele enxugou a minha lágrima com o dedo indicador e puxou o meu queixo para cima. Não protestei. As ressacas me deixavam sentimental – Ei, ei, não precisa ficar assim pequena. – Ele me puxou para perto dele e eu deitei minha cabeça no seu braço. Ele começou a mexer no meu cabelo e eu fazia desenhos abstratos com o dedo em seu peito nu.

- Noah... me desculpa... – eu já estava chorando. Que droga. Mas eu tinha que terminar de falar. Era agora ou nunca. – Eu não queria ter gritado com você. Nem te jogado nada...

- Tudo bem. – Um sorriso – Mas pode repetir isso?

Peguei um travesseiro e joguei nele com toda a minha força.

- Não. – Ele ficou por cima de mim e me olhou com um sorriso que dizia: ‘você não devia ter dito isso’ e começou a me atacar. Bom, me atacar com cócegas... Mas me atacou. Depois de muitos tapas e um braço vermelho ele parou.

- Ah, tenho uma coisa pra você. – Ele falou um pouco envergonhado. Ele levantou da cama e me deu uma caixa preta com um laço roxo. Abri a caixa rasgando tudo. Estava ansiosa ué. Tirei dali uma blusa preta com o símbolo do nirvana. Não acredito. Eu só tinha falado uma vez que eu queria essa blusa. E nem me lembrava mais. Larguei o presente e corri pra dar um abraço de urso nele.

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Desci do seu colo – sim eu tinha subi no seu colo pra abraçar ele. – e nossos olhares se encontraram. Isso não podia ter acontecido. Sempre. Sempre que eu olhava pros olhos dele eu me perdia. Eram tão lindos. Pareciam com o céu. Um céu sem nuvens turbulentas. Ele segurou meu queixo com a ponta dos dedos e selou nossos lábios. Era doce. Muito doce. Exatamente como eu tinha imaginado. Só que melhor. Minha mão enlaçou seu pescoço se prendendo em seu cabelo e as mãos dele foram uma para a minha cintura e outra ainda segurando o meu queixo. Cedo demais ele se afastou e encostou sua testa na minha. Eu tinha certeza que tinha um sorriso bobo no meu rosto, mas não me importei.

- Hoje estão acontecendo milagres. – Ele disse baixinho.

- Como assim?

- Pela primeira vez, ninguém nem nada nos atrapalhou.

- É verdade! – Fiquei surpresa por nenhum telefone ter tocado, ninguém chamando na porta... – E o outro milagre?

- Você me pedindo desculpas e sair correndo pra me dar um abraço.

- Ah, você não quer não? Ok – Eu disse me afastando dele indo em direção a cozinha. Assim que sai ele veio por traz segurando a minha cintura com a boca colada no meu ouvido.

- Eu disse que era um milagre, e não que era um milagre que eu não estava gostando. – Ele sussurrou.

Eu sorri, mas mesmo assim me desprendi dele.

- Ok, mas eu preciso fazer uma coisa depois do café e quero que você vá comigo.

- Ai me Deus. O que é?

- Eu tenho que me desculpar com a Cath e com a Jus. Elas não tiveram culpa de nada. E me lembra de antes de ir, fazer uma panela de brigadeiro pra elas.

- Mas por quê o brigadeiro?

- Por que elas merecem, por serem tão boas amigas.

- Ah, ok, mas só se eu ganhar uma parte do brigadeiro. E um beijo.

- Hm... uma parte do brigadeiro tudo bem. Mas o beijo eu tenho que pensar.

- O garota chata. – Ele disse revirando os olhos indo para a cozinha comigo.

Eu sabia perfeitamente que aquele clima de amizade quase romance entre nós duraria pouco. Só não sabia que era tão pouco.