Corpus Inversion

Sirius de TPM - Capítulo Nove.


Sirius Black

Então, pela primeira vez em muitos anos, eu podia dizer que minha vida estava uma merda total.

Quero dizer, há dois dias, eu era o cara mais cobiçado da escola, tinha ótimas notas, estava no time de quadribol como o melhor artilheiro da Grifinória, tinha tantas garotas aos meus pés que, quando saia pelos corredores, poderia utilizar até mesmo um rodo para desimpedir o caminho. E agora...

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Agora eu era uma ruiva desgraçada!

Cara, isso era tão... Gay.

Quando eu voltasse para o meu corpo – porque eu voltaria – eu, com toda a certeza do mundo, precisaria de terapia.

Eu tinha simplesmente perdido o meu símbolo master de virilidade!

Siriustick, papai tem saudades de você.

E, é claro, para completar, aquela ruiva completa e totalmente louca, estava se aproveitando do meu corpo para ACABAR COM A MINHA VIDA!

– EU VOU MATAR AQUELA IMBECIL! – berrei assim que entrei no dormitório feminino, a voz de Lily (no momento, minha voz) estrondando pelo aposento.

O quarto estava vazio, porque todos estavam na sala comunal, observando a decadência de Sirius Black.

Ah! Se eu estivesse em meu corpo eu com certeza já teria espancado Lily até a morte, mas, agora, tudo o que eu conseguiria eram inofensivos arranhões, com esse corpo de taquara rachada.

– É melhor você se acalmar – a voz de Marlene surgiu atrás de mim e eu virei para encará-la.

A raiva pareceu aumentar, fazendo com que eu cerrasse os punhos. Eu precisava socar alguma coisa.

– Me acalmar? – repeti, minha voz (ou a voz de Lily... INFERNO, QUE SE DANE!) tremeu devido à irritação. - ME ACALMAR? DEPOIS DO QUE... DO QUE... DO QUE AQUELA ESTÚPIDA RUIVA DESMIOLADA FEZ COMIGO? VOCÊ VIU A HUMILHAÇÃO PELA QUAL ELA ME FEZ PASSAR? AAAAAH, SABE O QUE EU ESTOU COM VONTADE DE FAZER NESTE MOMENTO? - perguntei, e Lene se afastou com os olhos arregalados. Levando em conta o fato de que eu estava no corpo de Evans e que quando ela estava irritada, botava medo até em mim, eu até pude compreender.

– Nã... não – Lene disse e eu soquei um dos pilares da cama, com tanta força que, se eu ainda estivesse em meu corpo, com certeza teria quebrado.

– EU QUERO MATÁ-LA LENTA E DOLOROSAMENTE – falei entredentes, imaginando a cena em minha mente com prazer. - Quero fatiá-la em pequenos pedaços e estes pedaços em outros pedaços, colocá-la para ferver em uma panela e depois queimá-la com fogomaldito até que não reste nada além de cinzas. É isso que eu quero fazer! - virei meus olhos para Marlene e percebi que ela segurava a maçaneta da porta, como se estivesse pronta para fugir a qualquer momento.

Foi o que bastou. Comecei a chorar.

Quero dizer, porque além de eu estar naquele corpo maldito, ter aquela voz completamente irritante, estar sem a minha parte íntima mais importante, e ter acabado de explodir de raiva, eu TINHA que chorar como uma ruiva desesperada.

Merlin, o que eu fiz para merecer isso?

Acontece que eu não conseguia controlar o choro. Meu corpo inteiro tremia e, apesar de eu saber que aquilo era a coisa mais absurdamente gay do universo, tudo o que eu mais queria era enterrar minha cabeça em um travesseiro e chorar até não haver mais uma gota de líquido em mim.

Minhas pernas cederam e eu acabei caindo na cama, as mãos em minha testa enquanto aquele choro patético não parava de vir.

Cara, como era difícil ser eu!

Mãos tocaram meus ombros, fazendo-me ficar tenso por alguns segundos até eu perceber que era Marlene. Ela não havia fugido afinal.

– Sirius – ela disse com a voz estranhamente doce. Ela nunca havia falado daquele jeito comigo, o que era ridículo. Quer dizer então que era preciso eu virar uma mulherzinha ruiva irritante para ela me dar sequer uma gota de atenção?

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E de onde aqueles pensamentos depressivos haviam saído afinal de contas?

Sacudi-me mentalmente enquanto as lágrimas continuavam a cair.

– Que é? - perguntei grosseiramente.

– Olha, eu sei que deve estar sendo difícil – ela começou e eu a encarei com uma sobrancelha ruiva arqueada. Difícil? - Tudo bem, MUITO DIFÍCIL, mas, bem... - ela suspirou. - Não há muita coisa para se fazer até encontrarmos o livro e desfazermos o feitiço.

Eu sabia que ela tinha razão, que me desesperar não ia adiantar, mas Evans havia acabado com a minha imagem, poxa!

– Eu ainda quero matar a Evans – resmunguei entredentes, sentindo as lágrimas diminuírem em seu fluxo.

– Eu sei – Marlene concordou e deu de ombros. - Mas não é como se você fosse completamente inocente nessa história. Qual é, você chamou o James para sair! - indicou rispidamente.

– Mas qual é o problema de sair com James, afinal? - perguntei bufando. Não era nada em comparação ao que ela havia me feito.

Eu nunca havia namorado na vida, e agora ela divulgava para o mundo que eu estava com a Meadowes.

Quero dizer, nada de preconceitos, mas cara, ela definitivamente não fazia o meu tipo!

Marlene franziu os lábios e suspirou mais uma vez. Ela ficava realmente linda fazendo aquilo.

Sacudi-me mentalmente outra vez.

– Eu não sei qual o problema, realmente – Lene falou e deu de ombros. - Mas ela odeia o cara e diz não para ele faz anos, então suponho que essa era a coisa mais terrível que você poderia fazer com ela. Foi pessoal.

– Acontece que tudo o que eu fizer à partir de agora é pessoal – informei apontando para o meu corpo no momento. Lene revirou os olhos. - E James gosta mesmo dela.

Lene estreitou os olhos como se estivesse avaliando o que eu havia falado.

– Bom, independente disso, se você não quer continuar com essa briga infantil entre vocês dois, é melhor desfazer o convite.

Senti meu coração murchar (e isso soou completamente gay).

– Não posso fazer isso com James.

Marlene me estudou por algum tempo.

– Então talvez seja bom que ela tenha mudado de lugar com o melhor amigo dele. Talvez ela perceba que James não é tão ruim.

Sorri um pouco, mesmo sem entender o porque. Ela me fez sentir melhor. O que era estranho, afinal eu continuava na mesma merda.

Decidi ir ao banheiro lavar o rosto.

Levantei-me da cama e caminhei até lá, fechei a porta atrás de mim enquanto franzia a testa.

Havia algo estranho no meio das minhas pernas. E não era meu siriustick magicamente voltando.

Baixei as calças, tentando ver o motivo do desconforto, quando algo completamente nauseante apareceu em frente aos meus olhos.

Sangue.

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHH!