Wish You Were Here

Jingle Bells


Ah o Natal. De longe um dos meus feriados favoritos e o que mais significou para a minha família no Brasil do que qualquer ano. Os enfeites, as árvores, as luzes, a briga para ver quem colocava a estrela no topo, a harmonia, a felicidade de estarmos juntos, os banquetes, as canções, o clima... A neve. Ok. Talvez o mais próximo de neve que tínhamos em minha casa no Brasil eram aqueles isopores que imitavam flocos jogados sobre o pinheiro artificial no meio da sala. Na verdade em L.A não foi muito diferente. Era incapaz de fazer frio naquele lugar e até mesmo no Natal a neve se recusou a cair, o que foi... Um tanto que triste, mas como em todo bom inverno, o frio estava de matar e naquela tarde deliciosa toda a família estava reunida debaixo do calor da mansão dos Maverick.

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Ah sim, o Natal e todas as realizações que queremos dele, ganhar presentes, rever pessoas amadas, comer fondue e estar sempre com um lindo sorriso no rosto, a época de alegria... E como toda boa época de alegria, o meu Natal começou com um milagre.

Então... Logan. Você e minha filha... Por que me sinto incomodado quanto a isso?

Meu pai não estava querendo matar Logan. Ainda. Levei a mão ao rosto cobrindo-o em vergonha enquanto o ator dava uma risadinha e balançava a cabeça em concordância, parecendo entretido. Oh, Mandy! Vamos fazer uma chamada no Skype com sua família! Ah filha, é Natal! Queremos conhecer o seu namorado! Bem, ali estávamos agora, eu e Logan parados na frente da tela de computador onde minha mãe, meu pai e meus dois irmãos olhavam-nos curiosos. O sorriso no rosto de minha mãe fez meu peito doer. Eu sentia saudades.

–Eu também ficaria incomodado, senhor. –Garantiu Logan de forma divertida. –Está longe dela e tudo mais...

Que bom que reconhece... –Resmungou meu pai enquanto nos observava atentamente, eu sentia o meu rosto esquentar. –Não me sinto confortável por não te conhecer também.

–De fato. –Sorriu o ator. –Mas vamos nos conhecer, em breve, eu garanto. Mandy me disse que pretendiam esquiar. Eu conheço um lugar não muito longe daqui conhecido pelas estações de esqui. Tenho certeza que posso lhe sugerir um ótimo hotel com pontos turísticos divinos. Perto do ginásio oficial de basquete...

Ginásio oficial de basquete?

Bingo. Acho que havia comentado com Logan algo como o amor fanático do meu pai pelo o esporte... Mas havia tanto tempo que nem acreditava que Logan se lembrava. Meu namorado sorriu. Oh céus. Ele havia com certeza ganhado a atenção do meu pai. Não era possível...

–Sim senhor. É nesse ginásio que treina um dos melhores times locais. Já deve ter ouvido falar dos Lakers...

É claro que já ouvi falar! São uma lenda... É claro que não se comparam a alguns times daqui, mas... Mandy. –Meu pai olhou-me como se estivesse me repreendendo. Franzi a testa. –Por que não me contou que seu namorado torcia para os Lakers?

Abri a boca, mas dela não saiu som. Eu era a culpada agora? Logan deu risada enquanto eu o olhava de canto de olhos. Dei de ombros.

–E-Eu... Não sabia...

Ora! –Meu pai balançou a cabeça descrente. –É um fã de esportes, sr. Maverick?

–Sim senhor. –Sorriu Logan. –Não sou bom com eles, mas aprecio muito o basquete, assim como o socker... Digo, futebol.

Meu filho, João Pedro é um grande jogador!

Comentou meu pai com os olhos brilhantes. Pude ver JP se encolhendo no canto quando ouviu. Tive que dar risada.

–É mesmo?

Perguntou Logan interessado, papai assentiu.

Está prestes a entrar na liga profissional. Irá jogar para o GALO! Pode acreditar?

Segurei a risada. Olhei para mamãe em tom de desespero, fazendo-a entrar na frente da tela e nos abrir um sorriso sem graça. Deu uma risadinha.

Bem Logan, tenho certeza que você será muito bem vindo aqui em casa quando quiser visitar o Brasil.

–Obrigada, senhora.

Marcia para você. –Sorriu mamãe desprezando a formalidade. A agradeci em silêncio. –Vão passar o Natal em casa?

–Vamos sim, mãe. –Falei com um sorriso no rosto. –Carmen deve estar preparando a ceia... Por alguma razão não me deixou ajudar.

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Oh querida, sabemos que você é terrível na cozinha.

–Mãe!

Exclamei indignada, rindo ao ver que Logan e minha mãe acharam graça. Agora era legal tirar sarro da Mandy, né? Pelo menos estava feliz de todas as atenções e tensões terem saído dos ombros de Logan. Lhe dei uma cotoveladinha abrindo um sorriso bobo no rosto. Ouvi mamãe suspirar.

Queria que estivesse aqui, querida. Os dois aliás... Logan será muito bem vindo para passar o Natal conosco do ano que vem. –Logan sorriu, mas pude ver um ar um tanto sombrio em seus olhos. Acho que ele não gostava muito de tocar no assunto de que eu estava indo embora. –Eu vou preparar o peru essa noite. E faremos fondue de queijo e chocolate. Separados, claro... Sei que você ama, Mandy.

–Eu amo, mamãe.

Sorri com um aperto no coração, eu sentia tanta a sua falta... Ana Carolina colocou-se na frente da câmera soltando um grito assim que viu que estavam falando comigo. Dei risada da minha irmã mais velha. Pude ver os olhos de Logan caindo sobre ela por um momento, mas logo se desviaram e o vi corar. Ah sim. Minha irmã era um desastre. Todos diziam que éramos iguais, sempre nos passávamos por gêmeas, mas os cabelos e o corpo de minha irmã eram muito mais bonitos do que o meu. Ela tinha peito pelo menos, eu não. Bufei. Ali estava na frente do meu namorado uma versão aprimorada de Mandy, mas não pude segurar o sorriso e a felicidade quando a ouvi gritar:

Chicão! Não creio! Você está viva!

–Chico do churrasco! –Exclamei dando risada dos nossos apelidos. Uma brincadeira estranha e antiga nossa... –Eu estou viva! Não lê minhas cartas?

Claro, mas é tão não dinâmico! Esse deve ser meu cunhado.

–Olá...

Sorriu Logan um pouco sem graça, minha irmã devolveu o sorriso.

Thiago está vindo passar o Natal conosco. Uma pena que você não está aqui! Mamãe passou no pet shop, nós vamos fantasiar o Jack de rena do papai Noel!

Não pude deixar de gargalhar ao ouvir a notícia. Pobre cachorrinho. Ele sempre se ferrava com as fantasias em épocas comemorativas. Bem, deixe-me dar uma breve explicação sobre minha irmã. Ela namorava esse cara: Thiago. Eles se conheceram pela empresa onde ela estava estagiando e eles se deram super bem e tudo mais... Mas o garoto era do Sul. Morava em Curitiba. E os filhos da mãe conseguiram me provar que namoro a distância era possível! Tão fofos! De quinze em quinze dias um viajava para a cidade do outro. Papai havia se acostumado com ele, então Thiago ficava em casa em tudo mais. Sei que com Logan seria mais difícil para nós, são voos internacionais, não daria para vê-lo de quinze em quinze dias, mas eu tinha esperança. Se eles conseguiam por que a gente não? É como ela diz: Quem gosta não exerce limites. Esperava que Logan também pensasse assim.

–Você tem que me mandar uma foto do Jack depois.

Não, Chico. Eu vou te mandar.

Garantiu com um sorriso, soltei um suspiro. Mamãe pegou o computador mais uma vez.

Bom querida, nós não vamos tomar todo o tempo de vocês...

–Que isso, mamãe.

Nós te amamos muito. Estamos ansiosos pela sua volta! Logan, querido. Foi um prazer conhece-lo.

–O prazer foi todo meu senho... Hm... Marcia.

Mamãe sorriu. Lhe mandei um beijo.

–Te amo também mamãe. Feliz Natal.

Feliz Natal queridos.

E então mais uma vez sumiram na tela. Suspirei. As saudades logo seriam mortas porque, bem... Logo mais eu estaria no Brasil novamente e com todos eles. Suspirei. Eu queria tanto voltar... Meus olhos caíram em Logan e um sorriso se abriu em meu rosto. Ele me ergueu uma sobrancelha, parecia ter se divertido com a videoconferência.

–Eu não acredito.

Falei olhando-o de forma boba. O garoto franziu a testa.

–O que?

–Logan Maverick... Você realmente conseguiu amansar a fera. Tem meu respeito.

–Só agora tenho o seu respeito?

Riu enquanto me puxava da cadeira e envolvia minha cintura com os braços. Dei de ombros.

–Não queria comentar nada, mas...

–Ah dona Mandy. –Sorriu Logan observando-me de forma divertida. –Você está em uma zona muito perigosa.

Não pude evitar de morder o lábio com o que eu ouvi. Sim, uma provocação qualquer de Logan, mas uma coisa que ele ficava quando estava bravo –além de terrivelmente assustador –era sexy. Logan pegou em minha mão e em passos rápidos saímos do quarto ao ouvir Sarah nos chamar. A casa dos Maverick estava maravilhosamente decorada –como sempre –e agora Loren estava subindo as escadas para colocar a estrela no topo da árvore. A família estava parada assistindo, enquanto Hayley e Luke tinham os olhos brilhantes –provavelmente por dever ter sido um deles a colocar, mas não chegaram em um conclusão de quem –e Sarah preocupada com a possível queda mortal do marido. Logan e eu estávamos... Admirados. O ator me abraçou por trás, envolvendo minha cintura, e não pude deixar de corresponder ao toque. Ele andava completamente presente nesses últimos dias, acho que estava tão triste quanto eu pela minha volta... Mas já tínhamos combinado que não deveríamos mais falar sobre isso. Pelo menos por hora.

Loren esticou o corpo e então fixou a enorme estrela prateada no topo da gigante árvore albina. O sorriso em meu rosto se alargou. Tão linda, árvores desse tipo eu estava acostumada apenas a ver em Shoppings e coisas do tipo. Loren abriu um sorriso para mim e Logan, enquanto descia as escadas apressadas e pousava-se ao nosso lado, admirando seu trabalho, parecia satisfeito. Bateu as mãos como se limpasse poeira e se virou para nos encarar.

–Já fizeram a videoconferência?

–Sim, senhor.

Sorri esplendida com o sucesso que havia sido, Logan concordou.

–Acho que a nossa próxima viagem de família deveria ser ao Brasil.

–Com toda certeza, filho.

Sorriu Loren enquanto levava a mão ao ombro de Logan, Sarah aproximou-se de nós enquanto terminava um diálogo com Carmen a distância, acho que era a primeira vez que a via sem seu palmtop. Pois é. Milagres de Natal acontecem.

–Mandy, sua amiga Fanny ligou para cá te procurando. Algo sobre uma festa de Natal.

Ah droga! Fanny estava organizando uma festa de Natal depois da meia noite onde queria animar o pessoal um pouquinho. Veja bem, eu sempre achei que essa época era de comemoração caseira e familiar... Não tenho certeza se gostaria de sair para dançar justo na noite do Natal. Nós já fazíamos isso normalmente. Logan observou-me com um olhar curioso. Fiz uma caretinha.

–Ah sim. Fanny vai dar um festinha na casa dela para a noite de Natal...

–Vocês não vão, certo?

Perguntou Sarah espantada. Logan suspirou observando-a cuidadosamente.

–Mãe...

–O que? Pelo menos não antes de ceia.

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–Não se preocupe, Sarah. –Dei uma risadinha. –Não estou muito ansiosa para essa festa. Acho que realmente prefiro ficar em casa hoje. –Me virei para Logan. –Se para você tudo bem.

–Claro...

Sorriu ele enquanto afagava meus cabelos, Sarah olhou para nós satisfeita, enquanto parecia soltar um longo suspiro de alívio. Eu já estava na casa deles, namorando o filho dela e comendo de sua comida. Eu não tiraria Logan de Sarah na noite de Natal, nem se fosse louca. A mulher sorriu enquanto caminhava até o lado de Loren.

–A ceia vai estar uma delícia essa noite. Mandy gosta de peru, certo?

–Eu adoro.

Admiti. Sarah sorriu satisfeita.

–Ótimo.

***

–Ah não...

Feliz Natal, Carmen!

Os Maverick e eu exclamamos contentes enquanto erguíamos uma enorme caixa embrulhada para a espanhola, o brilho em seus olhos foi de quebrar o coração. Pois bem. Depois de ajudar os Maverick com os últimos detalhes de comemoração, Sarah e eu tivemos que sair para comprar algumas coisas que faltavam para a ceia e bem... Ela havia comentado que costumavam comprar um presente para Carmen nessa época do ano. O discurso de Carmen era sempre o mesmo “Ah não! Como podem? Não precisava”, mas só o brilho em seus olhos já dizia tudo: Ela havia adorado.

Eram cerca de oito horas da noite e o pessoal já estava subindo para se aprontarem. Algo sobre uma foto de família, não entendi direito. Seja como for, depois que todos entregamos o presente para Carmen e recebemos abraços da espanhola, fui chamada antes que pudesse subir com eles. Carmen tinha um sorriso bobo para mim. Oh não.

–Olhe o que eu fiz especialmente para você mi hija. –Falou com um sorriso enquanto alcançava no fogão uma enorme panela. Ergui os olhares surpreendendo-me completamente com o que vi. Ah não. –Um passarinho me contou que alguém tem tradição de comer fondue em época de Natal.

Pude ver Carmen dar uma piscadinha para alguém parado na porta, que nem precisei me virar para ver que era Logan. Balancei a cabeça negativamente enquanto ele dava de ombros e subia as escadas. Virei-me para Carmen com um encanto nos olhos. Veja bem, naquele momento, aquela panela cheia de chocolate onde logo estaríamos molhando frutas deliciosas, era muito mais do que uma comida para mim. Pela primeira vez eu estava passando o Natal longe da minha família no Brasil, e isso significava mais. Significava uma tradição. Era como se mesmo longe, eu ainda tivesse um pouquinho deles por perto. Abracei Carmen forte, enquanto recebia o gesto em troca.

–Obrigada por tudo, Carmen. Por fazer da minha vida muito mais fácil enquanto estive aqui.

–O que é isso, mi hija? –Perguntou a espanhola olhando-me quase surpresa, soltei um suspiro, derrotada. –Por que estou sentindo um pingo de tristeza em sua voz?

–Eu só queria dizer. –Sorri para ela enquanto sentia a emoção entalar em minha garganta. –Eu tenho pouco mais de quinze dias aqui antes de ir embora. Eu queria te dizer isso, você foi minha mãe aqui e eu não tenho como agradecer. Quando eu me lembrar desse intercâmbio, você pode ter certeza que uma das imagens que com toda a certeza não passarão em branco, será a sua. Você foi muito importante pra mim, Carmen, desde o início. Eu vou sentir muitas saudades de você e eu quero que você nunca me esqueça. –Na medida em que ia falando já sentia meus olhos encherem de água, eu via um brilho nos olhos de Carmen também. –Eu vou escrever para vocês, sempre. Não só para os Maverick, porque você, além de eles terem sido ótimos... Ótimos, não... Maravilhosos para mim, eu meio que me sentia mais em casa quando ficava aqui derrubando as comidas no chão da cozinha.

–Ora, Mandy. –Exclamou Carmen enquanto me dava um abraço forte. Droga, eu odiava despedidas, sempre chorava. Pude ver os olhos da espanhola se encherem d’água, coisa que me fez chorar mais. –Não de adeus ainda, que tem quinze dias pela frente. Muito acontece em quinze dias. A experiência foi maravilhosa não só para você como para os Maverick e para mim. Você é uma filha para mim e nem brinque dizendo que vou te esquecer. Foi Maravilhoso ter te conhecido.

Ah, Carmen por que tinha que dizer isso? Fechei os olhos fungando enquanto aproveitava do abraço materno da espanhola. Eu não havia mentido, o que já era obvio: Carmen havia sido o meu porto seguro ali o tempo todo, quando Logan e eu brigamos, quando estava mal com a família, quando minhas amigas me abandonaram... A espanhola era a única ali, e era uma coisa que eu iria me lembrar para o resto da vida. Funguei.

–Vai me visitar no Brasil, né?

Funguei. Pude a ouvir soltar uma risada alta, isso já fez eu me sentir melhor.

–Claro, mi hija. Quando possível.

–Espere. –Falei enquanto fungava e limpava as lágrimas do meu rosto. Peguei sobre a mesa um pequeno embrulho que havia feito. Acho que tinha me esquecido. –Eu trouxe isso do Brasil. Eu sabia que tinha gostado do meu, então resolvi esperar para te dar. Feliz Natal, madre.

Carmen observou-me curiosa enquanto pegava o embrulho desconfiada e lentamente o abria, como se tivesse uma bomba ali dentro. Pude ver a surpresa em seus olhos quando ela reconheceu o objeto. Sorriu. Quando eu havia chegado, no meu primeiro dia, acredito, eu estava usando um brinco de pena que havia comprado em uma feirinha não muito longe de casa. A espanhola havia se apaixonado com ele. Quando eu havia vindo, minha mãe e eu havíamos passado em uma feirinha para comprar coisas do Brasil para darmos para a minha família, mas esse brinco, eu fiz questão de guardar. A espanhola levou a mão até a boca, emocionada enquanto dava uma risadinha e fungava. A ver daquela forma me dava vontade de chorar mais, mas o que eu diria para Logan caso subisse e ele me visse com os olhos mais inchados do que já estavam? Carmen abraçou-me mais uma vez, enquanto colocava o brinco sobre a orelha.

–Pena de pavão, hein? Estou linda.

Tive que rir com a cena. Assenti enquanto lhe colocava a mão no ombro.

–Se eu fosse você, não usaria perto da Sarah. Ela teria um ataque epilético em te ver usando isso aqui?

–Acha que não sei, mi hija? Enquanto você está indo eu já estou voltando!

Ergui as mãos em rendição dando risada do que ouvi e assenti, enquanto levava um golpe com o pano de prato que ela tinha no ombro e apontava para a porta da cozinha.

–Vá se trocar, você provavelmente vai sair na foto da família.

–Não... –Respondi em um tom um tanto que desanimado. –A foto é da família.

–Não me desafie, Mandy. Eu conheço os Maverick. Agora vá!

Dei risada ao ser praticamente expulsa da cozinha e suspirei. Eu não fazia questão de sair na foto já que eu não era exatamente da família, mas tudo bem. Zoe havia estado em casa na noite anterior e havia me ajudado a escolher em meu armário um vestido bem legal para passar a noite. Ele era na cor branca –já que Sarah havia me alarmado que usaria vermelho –com detalhes prateados na lateral, que caiu muito bem com o lenço vermelho que os Maverick me fizeram usar para combinar com seus trajes na foto. Logan estava uma graça com a camisa polo vermelha que havia sido solicitada para o momento. Olhando bem agora, Luke, Hayley e ele eram bem parecidos.

De fato eu saí na foto. Sarah me disse que mandaria para mim quando revelada ou então tentaria fazer isso antes que eu fosse embora, para levar de recordação. Enquanto conversava com a sra. Maverick meus olhos caíram em Logan, que agora ajudava Luke a posicionar os presentes que seriam trocados na hora do amigo secreto. Suspirei. Era tão bom vê-lo daquela forma: Feliz, rindo em família... Mas eu sabia que esse humor todo não iria durar muito. Logo estaríamos ambos em um aeroporto, abraçados em um portão de embarque implorando para o outro ficar. A imagem era de partir o coração, mas eu sabia que era exatamente esse o destino que me esperava. E pior do que isso vinha a incerteza do que aconteceria depois. Por um momento a ideia de Logan de morarmos juntos em NY me pareceu genial, mas me forcei a acordar para a vida. Sonhar em coisas absurdas era a pior coisa que poderia fazer naquele momento. Tínhamos que ser fortes. Ambos. É claro que nós continuaríamos a nos ver, ou pelo menos tentar. Viagens, visitas, mas até quando isso iria durar? Até quando Logan teria tempo para viajar milhares de voos internacionais e eu dinheiro para fazer isso? Eu realmente odiava pensar no que tudo isso acarretaria para mim no Brasil e por um momento me lembrei da minha irmã quando havia voltado do intercâmbio.

Assim como eu, ela havia vindo para os EUA e ficado um ano. Aqui ela havia conhecido Isaac, um baterista que tocava no coral da escola e um tanto peculiar, mas um garoto tão doce e tão gentil que a fez se apaixonar por ele em questão de semanas. Os dois viveram intensamente e namoraram por esse ano todo. Minha irmã dizia que ele era o amor da vida dela e que eles nunca se separariam. No anuário escolar dela, ele havia escrito um texto enorme dizendo como seriam dali vinte anos, casados um com o outro e talvez com filhos, mas assim que ela voltou para o Brasil, eles viram que não daria jeito.

Nenhum dos dois tinham dinheiro para ficar pagando passagens, Isaac e ela estavam seguindo caminhos diferentes, ele não queria fazer faculdade, ela queria viajar para o mundo. Uma depressão enorme atingiu minha irmã que ficou assim por um bom tempo até conhecer Thiago. Eu já disse antes que ele mora em outro lugar e tudo mais, mas o que é São Paulo e Curitiba, comparado com São Paulo e Los Angeles?

Os olhos de Logan caíram em mim, tirando-me de meu devaneio e um sorriso bobo se abriu em seu rosto. Seus cabelos negros estavam atrapalhados e os olhos azuis estavam repletos de alegria, porém um tanto agoniados assim como o meu. Abri um sorriso de volta, tentando-o fazer pensar que eu estava com o melhor dos humores. Eu não ia estragar o Natal.

Os Maverick e nós nos sentamos, comemos, rimos, trocamos presentes e tivemos uma das melhores noites do ano. Logan e eu comemoras, rimos e trocamos presentes com eles, aproveitando tanto da noite como cada um. Porém, era nítido que ambos tínhamos uma preocupação sobressalente em nossas cabeças, uma coisa da qual ambos não conseguíamos sequer falar nisso sem entrar em pânico. Era algo que abominávamos, mas que na verdade já sabíamos que ia acontecer. E não havia nada do que pudéssemos fazer.


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