Acordei de meu sono, fora um sono pesado, mas tanto os raios solares que irradiavam para o interior de meu quarto, quanto leves batidas na janela em um sonoro ploc ploc, me despertaram. Levantei-me contrariada, e me dirigi a janela onde uma coruja negra como o céu sem estrelas, batia incessantemente.

_ Shadow - eu disse abrindo a janela, deixando uma brisa leve da manha invadir meu quarto -

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A pequena ave em resposta estendeu a pata, onde um pergaminho em perfeito estado estava amarrado. Desenrolei e a coruja retornou ao lar, buscando o horizonte. Reconheci a letra de Daphne, li rapidamente.

" Astoria...

Mamãe pediu que eu lhe escrevesse que ela gostaria que você retornasse a nossa casa, bom, ela quer toda nossa companhia depois do acontecido.

Com amor, Daphne Greengrass."

_ Que sorriso é esse no rosto? - ouvi a voz de Draco soar ao meu ouvido, estranhamente mais arrastada, e estranhamente menos fria -

_ Minha mãe quer que eu volte a ficar lá na minha casa - eu sorri para ele -

_ Vai me abandonar aqui? - ele perguntou com seu semblante triste -

_ Digamos que seremos um casal normal, em casas separadas, e que você terá que ir lá me visitar - eu sorri - Ah Draquinho, não fica assim.

_ Tudo bem - ele sorriu - Mas vem, você terá que se deitar na cama para tomar café na cama - ele sorriu e uma bandeja cheia de comida entrou flutuando até a cama onde eu estava me deitando -

_ Ah que amor - eu sorri e selei meus lábios nos dele - Você é perfeito.

_ Me conte algo que eu não sei - ele sussurrou ao meu ouvido e eu me arrepiei -

_ Você não é nem um pouco convencido e eu nem te amo - eu sorri para ele enquanto tomava um gole do meu suco de abobora -

_ Isso é mentira - ele sorriu - Você me ama tanto quanto eu lhe amo.

***

Do mesmo modo como cheguei, fui embora daquela casa, agradeci muito a Narcisa, afinal ela me acolheu sem reclamar, pelo menos não em minha cara. Não falei com Lucius, ele manteve desde que voltou de Azkaban trancado em um escritório fechado no quarto andar, um lugar que confesso nunca tive vontade de ir. Draco me levou até o portão onde aparatamos até minha casa.

_ Astoria, mamãe, ela chegou - Daphne gritou vindo me abraçar - Mamãe está bem melhor agora, estou tão feliz - ela festejou -

_ Que bom, eu vou vê-la - adentrei a casa, e minha mãe estava vindo em minha direção se apoiando nas paredes -

_ Mamãe acho que não é bom ficar se levantando - eu disse a amparando -

_ Astoria, eu sou a Anfitriã nessa casa, tenho que recebe-la - ela ralhou comigo e eu ignorei colocando-a sentada na poltrona que sempre fora sua -

_ Mamãe - Daphne ralhou com ela - O curandeiro mandou a senhora não inventar de levantar muito.

_ Vocês duas estão parecendo minhas babás - minha mãe ralhou e eu e Daphne rimos -

Eu me levantei e fui até Draco que estava em pé na porta, apenas nos observando.

_ Preciso ir - ele disse cabisbaixo - Deixar você aproveitar seu lar.

_ Tudo bem amor.

_ Podemos sair hoje? - ele perguntou fincando seus grandes olhos metálicos em mim -

_ Daphne eu posso sair hoje? - eu gritei para a mais velha -

_ Eu queria que você cuidasse da mamãe, acho que vou sair com meu noivo hoje - ela sorriu docemente -

_ Acho que não, Draquinho - eu passei uma de minhas mãos por seu cabelo platinado -

_ Tudo bem, até amanha - ele beijou minha testa -

_ Até amanha - eu sorri tentando esconder a vontade de dizer um eu te amo sonoro para ele -

_ Se comporte e se cuide, pequena - eu coloquei minhas mãos na cintura pelo pequena, e ele me puxou - Estou brincando - ele me beijou docemente, um beijo que seria capas de tirar meus pés do chão, mas logo ele se separou -

Observei ele se afastar da soleira da porta, andando ainda virado para mim sorrindo, meu coração disparou de uma forma diferente com esse sorriso, e que diabos acontecia comigo? Ele então acenou de leve com a cabeça e aparatou, sumindo em uma mancha negra pelas suas vestes.

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_ Eu te amo - sussurrei assim que ele partiu e sorri fechando a porta -

Subi ao meu quarto correndo, deixar minha mala, e me deparei com tudo do mesmo jeito que eu deixei, alguns dos livros que não pude levar estavam na estante, meus perfumes, e algumas peças de roupas largadas na pressa da partida, tudo estava ali, o quarto de cor azul turquesa, com o desenho de uma menina brincando com flores, uma pequena obra minha. Voltei correndo até a sala, minha mãe continuava sentada no sofá e Daphne estava sentada ao piano.

_ Queria ver vocês duas tocando novamente - minha mãe sorriu - Como faziam quando eram crianças.

_ Agora? - Daphne perguntou -

_ Sim - ela respondeu autoritária -

_ Vamos, Asty? - Daphne me encarrou -

_ Qual musica? - eu sorri -

Daphne soltou a primeira nota, eu sabia que seria aquela musica, era sempre a mesma desde que aprendemos a tocar, me sentei com ela ao piano, tocando levemente as teclas.

_ Faz realmente muito tempo que não toco - eu disse derrotada -

_ Somos duas - Daphne riu - Mas vamos, pela mamãe.

Começamos a tocar, juntas, como quando éramos crianças, era um tanto nostálgico, as memorias de quando ainda não conhecia a falsidade do mundo em que vivia saudade da época onde eu achava meus pais heróis, agora depois de crescer e me desiludir pude voltar a viver assim, como quando nada me atingia, nada era problema.

***

Eu estava em meu quarto, esperava que Daphne me avisasse que estava saindo, que eu deveria cuidar de mamãe, mas incrivelmente isso estava demorando. Eu estava largada sobre minha antiga cama, a velha vitrola ligada tocando meu vinil dos Beatles, eu estava imersa em pensamentos, até que as batidas da musica se perderam com batidas na porta. Levantei e abri a porta com cara de poucos amigos.

_ Eu não irei mais sair – Daphne disse com uma cara não melhor que a minha –

_ Por que? – perguntei passando uma falsa curiosidade –

_ Math teve que viajar a negócios, foi para a Itália auxiliar os seus pais – ela disse se retirando – Se quiser sair, sinta-se a vontade.

Um sorriso povoou meu rosto, eu troquei minha roupa, colocando uma bata solta e um jeans surrado, meu all star costumeiro, e arrumei meu cabelo levemente, passando um dos primeiros perfumes que encontrei sobre a penteadeira. Aparatei direto na Mansão Malfoy. O céu estava completamente iluminado pela lua, e as nuvens estavam cobrindo as estrelas.

_ Draco está? – perguntei ao elfo que atendeu a porta –

_ Não senhorita – ele respondeu se curvando –

_ Onde ele foi? – eu perguntei alarmada –

_ Ele foi na casa do Zabini – a voz de Narcisa soou lá de dentro – Blaise o convidou a pouco.

_ Obrigada, Sra. Malfoy. – aparatei novamente até a casa de Blaz –

A casa de Blaz era enorme, sua mãe por ser uma linda mulher casou-se com oito maridos, bom, todos morreram misteriosamente deixando uma enorme fortuna. O ultimo marido, casou-se com ela em 1998, ele morreu em 1999, bom, ninguém mais estranha. A casa estava bem iluminada, parecia que havia ali uma festa, bom, não parecia, era uma festa.

Entrei na casa sem problemas, os grandes portões estavam abertos, e as portas de carvalho, apinhadas de pessoas, igualmente. Procurei por Draco ou Blaz, mas parecia que os dois haviam sumido em meio a tantas pessoas. Não que eles fossem difícil de localizar, não há ninguém além dos Malfoys que tenham cabelo platinado, e ele não é baixinho, Blaz é um baita moreno, alto, mas parece que eles sumiram.

Quando estava quase desistindo, eu os vi, Blaz com a boca colada em uma menina de cabelos roxos, e Draco ao seu lado, com uma menina quase o beijando. Aproximei-me dele, e pigarreei. Draco me olhou assustado, a menina que estava próxima a ele me olhou com cara de tedio, o barulho a seguir a tudo isso sobrepôs a musica, o barulho da minha mão encontrando o rosto gélido de Draco. Sai daquela casa o mais rápido possível, não aparataria, não voaria, eu andaria, estranho como isso soa trouxa e clichê, mas eu acabaria estrunchando se aparatasse.

Draco estava a ponto de beijar a boca daquela nojenta, vadia, piranha, aborta. Aquele bastardo imundo, o mesmo sentimento que me invadiu quando ele beijou Daphne após me beijar, eu sentia a raiva queimar em meu corpo, seguido por pontos gelados pelas gotas de uma chuva torrencial que caia sobre mim.

_ Astoria – ouvi a voz fria e arrastada de Draco, ofegante e alta atrás de mim, mas eu preferiria ignorar tal voz – Astoria – ele pegou em meu braço, me fazendo parar – Não é o que você está pensando – ele disse apenas, cínico –

_ Não fui eu, ela quem veio para cima de mim, ela fingiu que desmaiou e eu fui fazer respiração boca a boca – eu disse irônica – Quer que eu acredite que o papai noel existe e que ele mora com Babbity a coelha e seu toco cacarejante?

_ Astoria, não é nada disso, ela queria me beijar mas eu não queria nada com ela – ele disse me virando, me fazendo encarar seus olhos –

_ Eu não quero saber Draco Malfoy, eu sabia que você era assim, que tola fui em acreditar que você mudaria – eu puxei meu braço, fazendo o largar – Não toque em mim, tipo, nuca mais. E melhor, não dirija uma palavra mentirosa a mim.

_ Asty... –ele disse me encarando – Eu te amo.

_ Diz isso para todas, Draco Malfoy? – eu olhei irônico, a raiva tomando conta de meu corpo, a chuva fria me deixando encharcada –

_ Eu nunca disse isso antes, eu nunca senti isso antes – ele se aproximou de mim, meus olhos cravados nos dele, mostravam minha fraqueza, lagrimas que queimavam, e que meu orgulho não deixava rolar – Só senti com você.

_ Tchau Draco – eu disse antes que meus olhos desmanchassem em lagrimas –

_ Asty – ouvi a voz dele soar no momento em que fui fisgada pelo buraco de minhoca, e meus pés perderam o chão, deixei as lagrimas rolarem e senti o solo da minha casa, cai sentada no chão. Aquela sem duvidas havia sido a pior noite de minha vida, espero que nada mais piore, nunca gostei dessa historia de que tudo sempre piora. -

Me senti enquanto sentada no chão, como se mil dementadores me cercassem e sugassem de mim toda a felicidade, queria imaginar a cena mais feliz de minha vida, e que aquilo expulsasse aqueles que sugavam minha vida, mas nada agora era capas de conseguir isso. Meus dementadores viviam dentro de mim.