A Vilã Morre No Final .

7) Não se empolgue com a chave de fenda


Eu não ouvi quando o homem grande disse no seu microfone irritante quais eram os prêmios, não ouvi as palmas das pessoas, mas eu ouvi quando ela falou para que só eu ouvisse.

– Sabe dançar calouro?

– Definitivamente não

Ela esboçou um sorriso de desdém, OK, eu odiava admitir para mim mesmo, mas para você eu vou dizer: Ela era bonita. O cabelo não era muito longo ia emoldurando o rosto.

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A música começou.La Cumparsita brotava das caixas de som. Eu não sabia o que fazer, ela se virou para mim.

– Você vai dançar Daris.

Deus, ela lembrava o meu nome.Emiliane Cortez colocou seu braço em volta do meu pescoço e segurou a minha mão.Quem ia pôr a mão na cintura de uma Capitã do exército? Mas eu não tive nem tempo de pensar, ela mesmo fez isso e de repente eu estava dançando ou pelo menos era o que parecia. Era ela, ela fazendo tudo sozinha, quando ela jogava a perna entre as minhas ela fazia com que eu me movesse, ela dançava por ela e por mim. E era boa nisso, segurou meu pescoço com as duas mãos e fez seu corpo descer rápido (e de uma maneira muito sexy, essa idéia sensual eu tirei logo da cabeça com medo que ela lesse minha mente. O que foi?Você nunca pensou isso no desespero?), chegando ao chão ela escalou e subiu graciosamente,apoiou a perna na minha cintura. O que arrancou muitas palminhas da nossa platéia boquiaberta.

Nossos rostos ficaram muito perto, e eu simplesmente não pude não olhar para os olhos dela. Aqui jaz Tomás Daris, morreu afogado num mar verde, fatal. A música acabou, a platéia foi ao delírio, ela sussurrou no meu ouvido: “Boca fechada Daris, lembre que você gosta de viver”. Eu já disse que a voz dela era meio roca? O que só me deixou mais embasbacado. Ela foi embora sem se importar com o prêmio que nós seguramente ganhamos, em um piscar de olhos ela já tinha se misturado na multidão de espectadores, mais uma piscada e ela já não estava lá. O homem de paletó me deu um tapinha nas costas e logo se entreteve comigo na busca pela minha parceira de tango, Luiza veio e me abraçou.

– Eu não sabia que você dançava!

– Eu...- Olhei para ela ainda saindo do estado de choque - ...não danço...

Acho que ela nem escutou, e se escutou achou que era falsa modéstia. Ganhei um aparelho DVD e uma coletânea de filmes de comédia (que era o prêmio da capitã).

Voltamos para casa de ônibus, Luiza falou muitas coisas que eu respondi com um “anham” sem graça, eu não queria ignorá-la desse jeito, mas eu não conseguia parar de pensar no que aconteceu essa noite. A Capitã do exército do batalhão onde eu era calouro estava num barzinho mal localizado, o número dela e o meu são sorteados e nós dançamos tango? Como assim ? Que diabos! Qual a probabilidade desse conjunto de coisas acontecerem num mesmo dia? E logo comigo.

– ....essa noite foi muito legal - Eu escutei metade da frase de Luiza- Fazia tempo que eu não me divertia assim

– Poxa vida - Foi o que eu consegui dizer em meio a meus devaneios

– A gente podia marcar outra vez não é?

– Claro

Quando finalmente chegamos ao nosso prédio, eu tinha certeza de ter desprezado 90% das coisas que Luiza disse no caminho de volta.

– Boa noite Tomás

–Boa noite - Ela se virou para abrir a porta de sua casa, me senti de repente muito culpado por não ter prestado atenção nas coisas que ela vinha dizendo - E obrigada por hoje, mesmo foi...surpreendente.

Ela sorriu,largou a maçaneta da porta e veio até mim, me beijou de leve como quem diz “boa noite”. Pronto, agora minha cabeça que já estava embolada deu um salto twist carpado.