O Nekagon - Surpresas
Capítulo III
Acordei com um som estridente. Quase pulei na cama e notei que era o megafone do meu irmão na porta do quarto, que estava escancarada.
_ ACORDA, PESSOA ESTRANHA! - o meu irmão gritou, rindo da minha cara.
_ Isso não tem graça. - resmunguei, coçando os olhos, me lembrando do gato e olhando para todos os lados. Ele sumira. Suspirei de alívio e me deixei cair na cama de novo. - Já estou descendo, pode ir tomando o café da manhã com o papai e a mamãe.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!_ Certo, só que está bem tarde, viu? Veja se não volta a dormir, maninho. - disse ele, com aquele tom irônico de sempre e aquele sorriso provocador.
_ Está bem. Cai fora. - falei.
_ O que? - perguntou ele, se aproximando da cama.
_ CAI FORA! Ouviu? - perguntei, irritado e de mau-humor.
_ Não. Caliora? - perguntou Ikky, abrindo mais o sorriso.
_ S-A-I-A D-O Q-U-A-R-T-O. - soletrei, com os olhos ardendo.
_ Está bem, fui. - disse ele, saindo e fechando a porta.
_ AAAH, PAZ! - soltei, me enrolando nas cobertas. - Ufa!
_ Huum... Pode me ajudar? - ouvi uma vozinha tímida e baixa, tanto que pensei estar ouvindo coisas.
_ O que? - soltei, querendo conferir que não tinha ninguém ali mesmo, olhando para os lados.
_ Bem... É essa a roupa que vocês usam para ir para a escola, não? Nyaah, é que eu vi uma menina com uma fita rosa enrolada na roupa, mas... - ouvi a mesma vozinha, vinda do pé da minha cama.
Rastejei pela cama até o outro lado, vendo um garoto. Quase caí da cama com o susto, ficando paralisado. O garoto vestia o meu uniforme e estava enrolado em uma fita rosa. Senti meus lábios se entre-abrirem.
_ Q-quem é você? - soltei, quase gaguejando e com a voz entre-cortada.
_ Nyaah, eu não consigo tirar, nhááá... - soltou o garoto, miando como um gato e conseguindo desenroscar a fita da cauda, suspirando de alívio. - B-bem... Eu sou... - murmurou, juntando os dedos, e olhando para baixo. - Nyaah, mas que coisa! Eu não tenho nome! - exclamou, corando e abaixando as mãos, emburrado.
Era o garoto mais bonito que eu já vira na vida. Ele tinha cabelos que variavam a cor, de acordo com a luz, naquele momento meio azulados, mas negros, pele branca, olhos que variavam de cor devido aos seus sentimentos, ás vezes roxos, outras castanhos, outras negros, azuis, verdes... E traços finos. Parecia um boneco. Sabe aqueles personagens que aparecem em mangás? E ainda tinha duas orelhas e uma cauda de gato. Fiquei o fitando por um tempo, ele estava completamente sem graça.
_ FILHO, VENHA LOGO TOMAR CAFÉ! E TRAGA SEU AMIGO! - ouvi a voz de minha mãe. - AAH, FAÇA ELE TIRAR A FANTASIA RIDÍCULA E AS LENTES!
_ E-err... D-desculpe, eu... Disse que era seu amigo. Tem problema? - perguntou ele, parecendo bastante tímido.
_ Não, isso é o de menos, pior seria se fosse um gato... A propósito, onde está aquele gatinho... - murmurei, me levantando e começando a fuçar no quarto, procurando bichinho que tinha sumido, ainda tentando me acalmar. Geralmente eu me acalmo fazendo algo.
_ Nyaah... - murmurou o garoto, pondo a cabeça entre as minhas pernas, fazendo com que eu pulasse de susto. - Não vi outro gato... E... Você disse que para conseguir comida eu tinha que te avisar, né? - perguntou, me olhando.
Paralisei assim que ouvi isso. Como ele sabia daquilo?
_ B-bem... - murmurei, mas você não sabe como é difícil falar com alguém te encarando daquele jeito. - Eu não me lembro de ter falado com você antes... Eu lembro de ter falado com um gato...
_ Ah, mas seria bom se eu ficasse na forma humana para poder ir para a escola com você, né? - perguntou o garoto, dando um sorrisinho mínimo.
_ Ir para a escola comigo... Forma humana... - eu estava tentando processar aquilo. - Você é o gatinho que estava na porta ontem?
_ Nyaah, quem mais seria? Eu não tinha dono... Nyaah... Ai... Bem... Resolvi vir aqui, nyaah... - murmurou ele, sem conseguir esconder que não conseguia falar direito.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!_ Você... - murmurei, o fitando. Eu estava meio paralisado, tentando absorver aquilo. Parecia que eu tinha entrado em um mangá! Caraca...
_ Não vai me dar comida, dono? Por favor... Eu estou com fome... - murmurou o garoto, se levantando do chão com alguma dificuldade e apoiando a cabeça no meu peito, acabando por me jogar na cama. - Heein? Estou com fome...
_ Saia de cima de mim, deixe eu ir buscar. - falei, notando que ele fazia que nem um gato agora, se esfregando nos lugares daquele jeito. - E não faça isso... Pessoas normais não fazem isso... - falei, sorrindo, meio sem jeito.
_ Nyaah, está beem... - murmurou ele, se sentando na cama e terminando de desembolar a fita rosa. - Naah, eu não vou usar isso nhão... - murmurou, falando o "não" do final como se fosse um miado.
_ É melhor. Então, veja se põe um boné meu, que deve estar no armário... - apontei para o armário. - E ponha na cabeça...
_ Mah, você vai ter que me ensinar, nyaanh - murmurou, encolhendo as orelhas quando a fita se prendeu no seu pé. - Aaahn, me ajuda?
_ Tudo bem... - murmurei, cortando a fita e tirando ela dali. - Não pegue mais fitas se não souber por.
_ Está bem... Nyaah, agora vai logo buscar comida... - disse ele, se enroscando na cama.
_ Está bem, larga de ser impaciente... - falei, sorrindo. - Ah, não, você vem comigo... - falei, lembrando que minha mãe tinha chamado a nós dois. - Tome, é assim que se põe. - falei, pondo um boné na cabeça dele. - E enfie essa cauda para dentro da calça, assim. - mostrei a ele, com um pedaço de pano, já que eu não tinha cauda.
Ele tentou fazer isso, mas logo me olhou, dizendo:
_ Aaah, Fazer isso incomoda...
_ Mas você não tem outra escolha. Ou esconde, ou fica aqui no quarto o dia inteiro. - falei.
_ Nyaah... - miou, como se fosse uma reclamação, pondo a cauda para dentro da calça. - Se me pedirem para que eu me sente na cadeira vão levar uma unhada, nyaah, mas que coisa, nyaah... - miava ele sem parar.
_ Pare de reclamar, venha logo! - falei, rindo. Ele fazia caras muito divertidas. - Ah, deixe eu por o uniforme reserva... - resmunguei, trocando de roupa.
Logo estavamos os cinco na mesa. O papai estava apressado, tinha uma reunião naquele instante, minha mãe tinha um médico que não podia adiar e meu irmão fitava o meu gatinho, que agora não era mais gato, curioso.
_ Droga, Elizabeth, leve as crianças para a escola, tchau para todos! - soltou meu pai, correndo para fora de casa.
_ Sim, senhor. - disse minha mãe, que se chamava Elizabeth, nos olhando. - Fiquem prontos em dez minutos.
_ Nyaah, mas assim é difícil comer alguma coisa, aaah, me deixa beber meu leite em paz, mulher esquisita... - resmungou o meu "gatinho".
Eu tive que me conter para não soltar uma gargalhada e meu irmão se engasgou com o sucrilhos.
_ O que disse? - perguntou minha mãe, fuzilando o garoto com o olhar.
_ Nyaah, você é esquisita mesmo, não te conheço, não sei o que tem demais em ser sincero, nhaa... - murmurou ele, bebendo mais leite.
_ Fala assim não... - falei, chutando o pé do meu "gatinho" por debaixo da mesa.
_ Nhaa, mas é verdade, dono... - disse ele, levando um outro chute.
_ Não me chame de dono. Meu nome é Oliver, e o seu... É Yuri. - falei.
_ Yuki... Legal, gostei. - disse ele, sorrindo.
_ É Yuri. - falei, fazendo que não com a cabeça.
_ Não gostei desse... Yuki é melhor... - disse ele, com aqueles miados irritantes interrompendo suas falas.
_ Tudo bem... - murmurei.
_ Podia tentar não fazer esses "nyaah" toda hora, né? - perguntou meu irmão, já de saco cheio também.
_ Aaah, mas é difícil... - falou Yuki, coçando a cabeça e tirando o boné. Quase obriguei ele a por o boné de novo.
_ Não pode tirar o boné assim! - exclamei. - Isso é estranho!
_ Hum? Por que ele não pode tirar o boné? - perguntou meu irmão.
_ Por... Porque ele é meio careca! - exclamei, sorrindo falsamente.
_ Sério? - perguntou Ikky, curioso.
_ Ah, fique quieto! Nós vamos de ônibus! - exclamei, arrastando Yuki para fora de casa, junto com uma mochila extra.
... CONTINUA...
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