See The Unseen
Sombra do Vento
"Let me tell you how it'd be
You won't get with this you see
Cuz you can't handle me"
Handle Me - Robyn
Ele era realmente atraente.
Alto, cabelos pretos desarrumados, olhos azuis claros, quase esverdeados, a combinação definitivamente me agradava. Além disso, o modo irritado como fitava Cassie o deixava ainda mais perfeito aos meus olhos.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Era uma pena ter que matá-lo.
– Sinto muito, Sr. Hell. – Cassie desculpou-se, baixando a cabeça e parecendo sem graça. – Eu me distraí conversando com Arya. Ela é nova na cidade e pensei que...
– Não interessa o que você pensa. – Ele a interrompeu, rude. Arqueei uma sobrancelha. Normalmente os homens que a Central me mandava perseguir eram assassinos foragidos ou antigos membros da própria Central. Em nenhum dos casos, eles eram tão... alheios. Eu podia contar nos dedos o número de vezes em que realmente surpreendi algum alvo. Todos já esperavam por mim (claro, não sabiam meu nome, mas eu tinha uma reputação.) e a maioria deles demonstrava um pouco de insegurança e medo. Afinal, assassinos, à exceção dos psicopatas e dos que trabalhavam por dinheiro, matavam para sentir-se no poder, e portanto, em outros momentos da vida, viam-se sem tal poder. Já os foragidos da Central... Bom, eles eram foragidos. Covardes que não agüentaram o que aquele serviço exigia.
Resumindo: Aquele homem não me parecia um assassino, e eu sabia que não era um membro antigo. Qual seria o motivo para ter que eliminá-lo?
E por que ele era considerado tão perigoso a ponto de me selecionarem para o caso? Ele estava bem ali, na minha frente. Não seria difícil atraí-lo para um beco qualquer e matá-lo.
Mas uma parte da missão era conhecê-lo, saber tudo sobre ele, o que significava que ele ainda não estava em perigo. Sorte a dele.
– Olá. – Cumprimentei-o timidamente, tentando parecer o mais insegura possível. Atuar também era algo em que eu me saía bem. – Sou Arya Black...
– Não me importo. – Ele foi ríspido, mas, por um breve momento, me olhou dos pés a cabeça, como se me analisasse. – Cassie, vamos.
Cassie sussurrou um pedido de desculpas e o seguiu. Fiquei parada ali, observando-os partir e pensando em como me aproximar de um homem que nem ao menos se deu ao trabalho de se apresentar.
Claro, isso só tornava tudo muito mais interessante.
Terminei de pegar o que eu precisava no supermercado e paguei pelas compras. Pedi que entregassem na minha casa – eu não podia andar com tantas sacolas, e queria passar no bar para ver se conhecia mais alguém. Além disso, de repente meu interesse naquele anel tinha crescido significativamente.
Caminhei até o bar, que era uma lanchonete durante o dia, e entrei no estabelecimento. Era amplo, um pouco escuro, e estava bem cheio. Lembrei-me que era horário de almoço, e que, por ser o principal ponto de encontro da cidade, devia ser comum ficar cheio àquela hora. Fui até uma mesa vazia perto de uma janela e me sentei. A janela era ampla e de vidro, permitindo-me ver a rua e as pessoas passando. Eu sabia que, do outro lado, só o que as pessoas viam era o próprio reflexo.
– Senhorita? – Olhei para o garçom. Era um jovem, cabelos castanhos perfeitamente bem penteados, olhos da mesma cor. De alguma forma, o rosto dele me pareceu bem familiar. – Aqui está seu cardápio. Gostaria de pedir alguma bebida?
Olhei meu relógio: Havia dez minutos que eu deixei o supermercado, e a entrega chegaria em meia hora (isso porque haviam outras entregas na fila). Dei de ombros e pedi um refrigerante. Não queria parecer o tipo de garota que só bebe água para não engordar, e eu não gostava de beber álcool durante o dia.
– Sabe, acho que não estou com fome. – Comentei. – Só quero a bebida, obrigada.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Ele assentiu e se afastou, retornando em questão de segundos com uma garrafa de vidro de coca e um copo. Serviu a bebida e começou a se afastar.
– Você é parente de Cassie Pierce? – Perguntei, antes que ele fosse longe. Ele parou e voltou para perto da mesa, dessa vez sorrindo.
– Sou o irmão mais novo dela. Cassie tem 21, eu tenho 18. Você é amiga dela? Nunca te vi...
– Sou nova na cidade. Arya Black. – Eu o interrompi. Ele era idêntico à irmã. – Você não disse seu nome, garoto Pierce.
– Mark. O sobrenome você já sabe. – O sorriso dele aumentou. Pelo jeito, ele achou que eu estava interessada nele.
Sinto muito, Mark. Odeio garotos sorridentes demais.
Paguei-lhe o refrigerante, deixando gorjeta, e saí do lugar. Fui para a loja onde Cassie trabalhava, Lilac’s.
Ela estava atrás do balcão, aparentemente entediada. A loja não tinha ninguém além dela e do alvo, cujo primeiro nome eu ainda não sabia.
Ele estava encostado em um canto, atrás do balcão, lendo um pequeno livro, cuja capa eu não conseguia ver. Cassie olhou para a porta ao ouvir o som de sinos anunciar que havia um cliente. Ela sorriu ao ver que era eu.
– Eu disse que gostei do anel. – Falei, sorrindo. Ela assentiu e pegou o anel na vitrine. Entregou-me.
– Só temos esse, então torça para ser do tamanho do seu dedo. – Falou.
– Cassie, tenha educação. – O alvo fez-se ouvir, tão irritado quanto antes. Ele havia fechado o livro, e tive tempo de finalmente ler a capa: “A Sombra do Vento”. – Peça desculpas quando não tiver mais de uma opção.
– Não é necessário. – Decidi adotar outra personalidade para lidar com ele: a minha. Com um pouco menos de frieza, muito menos sarcasmo e crueldade, mas ainda era eu mesma. Não tão educada, nada tímida e definitivamente nada insegura. – Eu entendi perfeitamente o que ela quis dizer, e não achei falta de educação.
– Quem pediu sua opinião? – Ele voltou-se contra mim. Ergui uma sobrancelha, sorrindo.
– E agora, quem precisa aprender a ter educação com o cliente? – Zombei. – Ela ou você?
Ele ficou em silêncio por alguns segundos
– Venda logo o anel. – Ele ordenou, olhando para Cassie, visivelmente incomodado.
Cassie embrulhou o anel, me falou o preço e recolheu o dinheiro. Ela me acompanhou até a porta.
– Ninguém nunca o desafia. – Ela sussurrou. – Nathaniel Hell é um dos homens mais ricos da cidade. Patrocina praticamente todos os eventos e festas. Ninguém que quer ter uma vida e um emprego...
– Relaxe. – Sorri para ela. – Saber que sou a primeira a desafiá-lo só deixa tudo mais divertido. Até mais.
Fale com o autor