Capítulo IX - Reações Inesperadas

12 simplesmente me pegou pela cintura e me jogou sobre seu ombro, todos nos olharam e deram um sorriso de canto, me olhando com pena.

– Você não vai sair daqui. Eu não vou deixar. - Fiquei boquiaberta e comecei a me debater em seus braços.

– Solte-me! Eu vou... Vou... Vou te fazer renascer se não me colocar no chão. Agora! - Ele hesitou, mas por fim cedeu, não me soltou completamente, mas sua mão em meu pulso não era realmente um obstáculo.

Olhei pra ele com delicadeza e falei com voz firme.

– Poderia, por favor, pedir para que eles me enviassem para lá? - 12 negou com a cabeça. Ele iria resistir até eu desistir? Seria assim?

– Antes que se mova, não poderia um vez na vida pensar em alguém que não seja você? Não poderia pelo menos por um segundo parar de tentar agradar a todos e agradar só quem te agrada? Eu me esforço, 3, mas parece que você não reconhece. - Ele soltou meu pulso com um jesto brusco e olhou para o lado. - É sempre ele! Sempre! Você abandona tudo que lhe foi dado por um cara que nem mesmo conhece, - Ele me olhou nos olhos antes de confirmar seus temores. - tem certeza que vai fazer isso para sempre? Vai morrer várias e várias vezes, abandonar a sua felicidade só pra vir aqui todas as vezes e voltar lá? Voltar para aquele lugar horrível, sem governante, sem ninguém no poder somente para encontrar um cara que você viu em visões? Eu te dei 50 chances de perceber isso sozinha. 50! Mas quando eu vi que você ia cometer o mesmo erro de novo, depois de ter feito isso 50 vezes, eu não podia... - Ele segurou meu rosto para que eu olhasse em seus olhos. - Você vai fazer isso?

Suspirei pesadamente tentando, em vão, desviar o olhar. Seus olhos intensos me prenderam e eu abri a boca várias vezes antes de decidir o que falar.

– 12, eu... Não quero mais ver isso, toda vez que volto para casa eu vejo ele, quero saber o porque. Eu juro, quando isso acabar, não vou mais sair daqui. Não vou sair do seu lado. Vou ficar aqui, escrever, brincar com Socius, eu prometo. Mas devo isso à Silence, ela merece terminar sua existencia, descobrir o que aconteceu durante seus primeiros anos de vida. Eu não sei nada sobre os seus pais, não escrevi isso, eles escreveram. - 12 me abraçou e sussurrou no meu ouvido suas últimas palavras antes de sair andando rapidamente pela porta.

– Eu vou te esperar, e se você não vier, eu vou até a Terra se for preciso. - Suspirei ao sentir seu hálito entrar em contato com a minha pele e vendo seu corpo se afastar pelo corredor. Me dirigi ao número ao meu lado com um olhar pesaroso, a mulher sorriu afetuosamente e passou um de seus braços sobre meus ombros.

– Sabe, esse tempo todo foi tudo muito difícil para ele. - A olhei com curiosidade. - Toda vez que uma mulher chegava aqui e por algum motivo sentíamos algo de especial ele ia até a sua sala e tentava deixar tudo o mais perfeito possível.

– Ele fazia isso... Durante todas essas vidas? - Perguntei com um sorriso de canto.

– Geralmente, quando você falava que ia voltar para a Terra, ele vinha até aqui tentar te impedir, mas você já tinha partido. Agora.. Bem, ele parou de vir, parou de tentar, mas quando soube que você não pediu para voltar ele fez sua antiga rotina no seu quarto e te esperou com paciência. - Desviei meu olhar para porta e novamente para a mulher ao meu lado.

– Será que...? - Ela sorriu mais abertamente para mim.

– A garota ainda tem um mês, quem sabe isso não seja suficiente para ele entender a sua situação, ou você desistir dessa besteira? 12 é muito legal, você não devia abandonar ele assim, por uma besteira.

– Eu até queria, mas... Eu sinto uma necessidade de conhecê-lo, sabe? É algo mais forte que eu, uma vozinha aqui dentro que diz que quando eu encontrá-lo, tudo vai fazer sentido.

– A única pessoa que pode dizer o que faz ou não sentido é você, e Ele, mas principalmente você. Por que antes de sair desesperadamente atrás dele ou do 12 você não escreve o seu destino com aquela pena? Ou o destino desse cara? Você pode fazer isso, e então vai poder cumprir sua promessa. - Assenti e já ia saindo pela porta quando virei para trás.

– Obrigada, por tudo. - Então corri em direção aos meus aposentos.