She Is A Rebel

The time of my life


Tive a pior noite da minha vida. Fazia tanto tempo que não tinha pesadelos, que todos os acumulados decidiram aparecer nessa noite. Acordei uma pilha de nervos, me troquei, arrumei minha bolsa e fui para o refeitório. Passei na recepção e acertei o aluguel do quarto por mais uma semana.

- Bom dia Amy, teve uma boa noite de sono? – Sam me deu um abraço forte e aconchegante e um delicioso beijo no rosto. Um sorriso lindamente estampado no rosto perfeito dele. Ótimo, odeio pessoas felizes de mais logo pela manhã. Respirei fundo, juntei todas as minhas energias.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Bom dia Sam! Não tive uma noite de sono tão boa assim, mas estou viva, já é um começo! – sorri como se estivesse fazendo piadinha. Eu não estava.

Tomamos o café da manhã, tivemos uma conversa simples e agradável que até deu uma melhorada no meu humor. – Vamos? – ele levantou e o segui para fora da hospedaria. Ele tinha um Maverick 302 GT, lindamente vermelho e com motor v8 original. Não pude conter o entusiasmo e nem os meus olhos brilhando. Ele riu.

- Gosta de carros antigos então? – aquele sorriso conquistava qualquer um. Era tão sincero, simples e puro. Como um cara como ele está sozinho em uma hospedaria? Que mundo é esse, minha gente?

- Carros antigos são perfeitos! Meu sonho sempre foi ter um Maverick desses ou um Camaro ou um Mustang ou, principalmente, um Chev Impala! – Meus olhos brilhavam muito quando eu falava de carros. Minha segunda paixão depois da música. Era um momento que eu tinha em comum com o meu pai e que conversávamos sem nenhum problema ou briga. Eu era o menininho que ele nunca teve nessas horas. Ele até gostava disso, mesmo quando achava que não era algo que eu devia saber, pois “mecânica é coisa de homem”.

- Sinto que você é daquelas mulheres que surpreendem a cada momento que se conversa então, porque no mínimo você deve entender de mecânica, não? - Minhas bochechas ficaram quentes. Lá estava eu vermelha na frente do Sam novamente. Cara, como ele consegue fazer isso comigo? Que raiva.

- Pois é. Paixão é paixão. Música e mecânica são coisas que me completam!

Fomos o caminho todo conversando sobre carros e música. Ele me contou que também tocava guitarra e cantava e até jogou a ideia de fazermos uma dupla para cantar em barzinhos e conseguir uma graninha extra para a vida nova de adultos. Comentei sobre a história da faculdade e de estar pensando em fazer também. Ele ficou todo orgulhoso de ser um bom exemplo para mim e disse que pegaria alguns testes vocacionais para fazermos juntos. Parou na frente do meu trabalho, nos cumprimentamos com um beijo longo no rosto novamente, sorri e ele piscou, acelerou e foi embora. Tudo estava acontecendo perfeito demais. Um pressentimento ruim me apareceu.

- Nossa Amy, quem é o gato?

- Não começa Carol, meu humor está um lixo hoje, não me faça descontar a raiva em você...

- O que houve??

- A vida, foi isso que aconteceu...

Meu mal humor matinal não deixou que ninguém percebesse que eu estava mal. Ainda bem. Odeio pessoas perguntando quando não estou bem e tentando me animar com coisas ridículas como frases ensaiadas e tudo o mais.

Trabalhar com Suporte em Informática não é uma boa quando seu humor está péssimo. Respirar fundo e contar até 10 com cada ligação de cliente. Foi o dia mais difícil que já tive na empresa.

Me peguei divagando mentalmente e a primeira imagem que me apareceu foi a do Sam. Ele estava mexendo muito comigo e eu não sei se isso era bom...

- Amy, posso te ver na minha sala por um instante? – chefe, ok, alguém duvida que sou a pessoa mais azarada do mundo? Entrei na sala, fechei a porta e me sentei. Pedi baixinho para que não fosse nada ruim – Seus pais ligaram aqui agora a pouco... –MERDA! PRA QUÊ ELES FIZERAM ISSO??

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Ah... e o que eles queriam? – tinha um desprezo imenso na voz, estava difícil isso.

- Perguntaram se você estava no trabalho hoje... aconteceu alguma coisa?

- Chris, sinceramente, sim aconteceu. Saí de casa ontem por uma briga com minha mãe, mas não quero falar sobre isso agora...

- Mas, você está bem? – ele realmente tinha um olhar preocupado, ele era um bom chefe.

- Sim, só preciso me concentrar em outras coisas para seguir em frente, vai ser melhor para mim.

Uma troca de sorrisos e sai da sala. Fui ao banheiro. Chorei durante 15 minutos ininterruptos, bati meu recorde. Lavei o rosto loucamente e voltei para a minha mesa, me enfiei na PA de um metro por um metro que eu ficava confinada e me limitei a atender os clientes e só. Eu dividia a sala com mais umas 10 ou 9 pessoas, sendo que somente eu pertencia ao Suporte e o resto fazia parte das linhas de propaganda e telemarketing, sim aquelas meninas chatas que te ligam pela manhã para fazer pesquisas de satisfação e outras derivadas.

O som ambiente nunca era agradável, várias pessoas falando no telefone ao mesmo tempo e sertanejo e pagode eram as músicas de fundo por causa da escolha da maioria, a qual eu não era incluída. Liguei meu fone em um ouvido e o outro ficava para os atendimentos, liguei o mp3 e tentei me acalmar e me controlar. Atrasei minha hora de almoço o máximo que pude, não queria dividir mesa com ninguém, muito menos contar sobre minhas angustias.

Saí para almoçar e quase pulei de felicidade ao ver a cozinha vazia, eu poderia almoçar em paz. Enquanto comia comecei a pensar em tudo o que estava acontecendo e na forma que estava acontecendo nos últimos dias e tentei achar uma solução ou razão para minha vida. E foi aí que meu celular tocou.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.