Uma Lagrima Especial

Presa no Mundo Inferior


Acordei meio tonta e com muita dor em minhas pernas, tanta que eu nem conseguia mexe-las. Percebi que estava deitada no chão duro e frio. Tive medo de abrir meus olhos, o que me esperava?

Tudo aquilo foi um sonho? Meu pai não morreu? Eu acho que sim, meu pai morreu e aquilo não foi um sonho. Comecei a lembrar de tudo o que ocorreu, o cão gigante, meu pai me explicando sobre a lagrima, ele tentando me proteger...

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Tudo fazia sentido agora, dede pequena, meu pai pedia para eu não chorar. Considero-me uma garota forte por causa disso, aprendi a não chorar, parei de chorar aos três anos (uma das épocas mais difícil para meu pai), e até hoje nunca chorei, não importa o que aconteça. Um bom exemplo é a morte de meu pai, eu não chorei até agora.

Por que será que minha lagrima é tão poderosa? Quem sou eu? Quem é minha mãe? Tudo é tão confuso.

Você, leitor, não deve estar entendendo quem eu sou, vou me apresentar. Meu nome é Sarah Bártoli, tenho quase 15 anos, e minha vida esta prestes a mudar, eu acho.

Abri os olhos lentamente. O lugar em que eu estava era escuro, bem escuro. Na minha frente dois... Tronos? Acho que eram tronos, pretos sendo que em um deles um homem estava sentado e o outro estava vazio.

Tentei me levantar, mas não conseguia, minhas pernas doíam muito, então fiquei sentada.

O homem me dava medo, ele tinha seus olhos negros que estavam me encarando. Seus cabelos eram enrolados e também eram negros. Ele vestia roupas pretas. O lugar era todo preto, com paredes, moveis. Resumindo: tudo aqui era preto, o que me dava muito medo.

No lugar também tinham vários... Seguranças? Vestidos de preto. Todos me olhavam.

-Bem vinda. – o homem do trono disse. Sua voz era fria e alta, que me causava arrepio. – Qual é seu nome?

-Sarah. – minha voz saiu em um sussurro. – Sarah Bártoli. – disse mais alto. E você? – tentei parecer segura e sem medo.

-Meu nome é Hades, deus dos mortos e do submundo.

-Quer dizer que eu morri?

-Não, você não está morta.

-Então por que estou aqui?

-Bom, Sarah, eu quero fazer um acordo com você.

Fiquei olhando para ele, esperando o acordo. Ele era mesmo Hades? Ainda não me acostumei com a idéia que deuses existem.

-Parece que você acabou de descobrir sobre nosso mundo. – ele disse como se lesse meus pensamentos. Afirmei com a cabeça. – Você é filha de uma criatura mitológica.

-Uma deusa?

-Não necessariamente uma deusa. Uma criatura. Filha de um Deus.

-Quem?

-Isso eu não posso falar, mas logo você saberá.

-O que você quer comigo?

-Um trato. Eu vou precisar de algo seu, se você me der, eu conto quem é sua mãe e te mando para um lugar onde será bem cuidada.

-O que você quer? – eu disse ríspida já temendo a resposta.

-Sua lagrima.

-Nunca!

Hades ficou bravo. Eu nem sabia o porquê de todos quererem minha lagrima. O que ela tinha de tão especial? Todos já quiseram minha lagrima, mas meu pai pediu para que eu não desse para ninguém, não importa o que me dessem de volta.

-Você só precisa me dar uma lagrima.

-Não.

Nesse momento uma das portas abriu e de lá saiu um garoto. Ele deveria ter a minha idade.

-Filho – Hades disse – Por favor, saia daqui.

-Quem é ela pai? – o menino perguntou.

Ele era filho de Hades? Como? Como um garoto lindo como aquele podia ser filho de Hades?

-Ninguém que te interesse. – Hades disse.

-Eu vou ficar aqui. – o menino disse.

Hades bufou e olhou para mim.

-Garota, se você me der sua lagrima eu prometo entregar seu pai para você.

-Meu pai morreu. – eu disse devagar.

-Mas eu sou Hades, posso trazê-lo de volta.

Aquela era uma proposta boa. Eu saberia quem era minha mãe, teria meu pai de volta e iria para um lugar seguro. Mas eu prometi para meu pai, não iria dar essa lagrima, se meu pai disse isso, quer dizer que ela é muito poderosa.

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-Eu prometi para meu pai que não iria entregar essa lagrima para ninguém – eu disse – independente do que você de em troca, não sei o que ela faz, mas eu não irei entregá-la para ninguém.

-Você não sabe o que ela faz?

Neguei com a cabeça.

-Você não vai me dar a lagrima, né? –Hades perguntou e eu neguei de novo.

Hades se levantou de seu trono, e me olhou como se quisesse me matar, mas não podia (o que era verdade).

-Então! – ele gritou – Você vai ficar presa aqui, sozinha, com medo, sofrendo, sem seu pai para te proteger, sem se defender, sem saber quem é sua mãe, sem saber o que essa lagrima é capaz, até que me dê essa lagrima!

-Eu nunca vou entregar! – eu gritei de volta.

-Então nunca sairá daqui! Vá embora!

As portas foram abertas. Tentei me levantar, mas minhas pernas doíam muito, então eu cai no chão de novo.

-Eu não consigo. – eu disse.

-Deixa comigo. – o garoto disse.

-Filho. – Hades disse. – Se afaste.

O garoto nem ouviu seu pai. Ele veio até mim e com todo cuidado, como se eu fosse de vidro, me pegou no colo.

-Filho! – Hades gritou – Solte-a!

-Ela não pode andar! Esta machucada, precisa ser curada!

-Ela precisa sofrer! Não caia nos encantos dela!

O garoto nem prestou atenção no pai. Só me tirou da sala.

-Obrigada. – eu disse.

-Não tem problemas. Me pai é maluco.

-Ele é seu pai!

-Eu sei, eu nunca gostei muito dele.

-Eu não gosto dele.

-Sinto muito. Você vai ser obrigada a ficar aqui.

Minha vontade era de chorar. Eu nunca senti essa vontade. Mas eu era forte, conseguiria agüentar isso firme. Sem problemas.

-Eu vou conseguir sair daqui.

-Vai ser difícil, você esta no mundo inferior.

-Você não me conhece.

-Quero conhecer. – ele disse.

-Sou Sarah.

-Meu nome é Nico Di Angelo.