Suicide

Death


A menina andava pelas ruas de Nova York acompanhada da melhor amiga. Ela carregava uma montanha de livros e a amiga ao seu lado carregava as coisas da menina sem saber o porquê de tudo aquilo. Ela suspirava de minuto em minuto. Provavelmente aquilo era a única saída para ela.

- Pra que tudo isso?

- Você vai saber, loira.

- É sério, Thalia. Por quê?

Thalia olhou para a amiga irritada, que a olhava seriamente. Aquele olhar dava medo em qualquer alma que estivesse por perto, mas Thalia não se deixava intimidar por aquilo. Logo atrás delas estavam caminhando dois meninos, que olhavam o olhar de uma para a outra e correram para separar a futura briga que se armaria entre as duas amigas.

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- O que está acontecendo? – Di Ângelo perguntou.

- Sua querida amiga me fez ajuda-la pegar todos seus pertences que estavam dentro do armário na escola e não quer me dizer por quê.

- Como se eu devesse alguma coisa pra você, Annabeth.

- Eu mereço saber, não mereço? Ajudei-te até aqui. Fala logo, Thalia.

- Não é nada. Só vou arrumar as coisas.

- Ah claro. Você anda muito suspeita, sabia? Há quanto tempo que não saímos juntos? Você tá se matando, Thalia. Por que você vive fumando e bebendo? Por que vive naquela droga de bar naquelas drogas de musicas que te desvalorizam e não contribuem nada? Eu sinto falta da minha amiga, sabia?

- Sinto muito se eu não posso voltar a ser o que era antes. E eu não vou ficar aqui no meio da rua discutindo com você. Se não queria me ajudar era só ter avisado, eu me virava.

- Para, Thalia.

- Estou parada no momento, Jackson.

- Então pare em todos os sentidos.

- Quer saber? Segura – A menina jogou os livros no braço de Percy e mexeu na bolsa, a procura de um pacote que guardava ali. Sua busca foi concluída quando achou um pacote de cigarro e o acendeu e inspirou, sentindo toda a nicotina entrar em si, melhorando. Seus amigos, e todas as pessoas que passavam por ali, olhavam aquela cena assustados.

- O que é? Nunca viram ninguém fumando?

- Ver alguém fumar é diferente de ver minha amiga de quinze anos, fumar.

- Então se acostume.

- Dá pra parar com essa máscara superficial?

- Realmente. Devolve minhas coisas. Não vou perder meu tempo aqui, discutindo com vocês.

- Vocês dois, não devolvam.

- Quem é você para falar alguma coisa, Nico?

- Alguém. Não devolvam. Vamos leva-la e levar a coisas até a casa dela. Annabeth me dá aqui – Nico puxou as coisas da mão da amiga para levar. Revirou os olhos ao ver tudo aquilo.

- Não preciso de escolta particular.

- Pior que precisa. Vamos.

O caminho foi calmo. Thalia evitava olhar para os amigos, que estavam entretidos em uma conversa e, se não fosse pelas coisas que carregavam, nem notariam que a menina estava ali.

O fato era que ela estava se sentindo... Diferente. Mudara por dentro e essa mudança estava refletindo por fora também. Deixara os velhos hábitos para trás, mas uma marca, uma marca que tinha no menor dedo da mão direita não a deixava esquecer os deveres que tinha com a amizade com os três que estavam atrás dela: Na terceira série haviam combinado de nunca se esquecer do outro, mesmo que acontecessem as piores das tragédias como a morte. Furaram o ultimo dedo da mão direita e aquela marca nunca mais saiu.

A menina olhou para a marca e sentiu o coração pesar. Estava quebrando uma das principais leis que ela mesma fizera: Não se afastar dos amigos. Olhou para a marca novamente e para o braço coberto pela jaqueta, que desfrutava de longos e profundos cortes. Cortes feitos por ela mesma para descontar sua raiva, sua tristeza e suas mágoas.

Começara a fazer isso com nove anos, logo quando o pai morreu. No começo, não sabia muito bem como fazer. Começou com um pequeno corte na hora do jantar, sem querer, onde fora muito fundo e sangrara demais e ela sentiu prazer em ver aquilo. Depois foi se tornando frequente. Ninguém sabia daquilo, ninguém nunca vira. Cortava-se em todos os lugares: braços, pernas, barrigas. Certa vez já se cortou até no pescoço.

E tudo isso por culpa da morte do pai, já que a menina era muito apegada a ele. Sua mãe não lhe dava atenção. Para ela, a filha era um erro que jamais deveria ter acontecido. Já Jason... Ah! Ele era o príncipe da mamãe, se não era o rei. Mas Thalia não tinha raiva do irmão, já que sabia que tudo aquilo não era nem em uma parcela culpa dele. E também era culpa do amigo logo atrás dela. Nico di Ângelo. Por mais que odiasse admitir, se apaixonara por ele. Mesmo sabendo que o menino não se apegava a garotas. Gostava da fama de “pegador” que tinha por mais que não fosse verdade.

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Ela não era normal. Definitivamente não era. Era exatamente por isso que estavam levando todas as suas coisas para casa. Poderia estar sendo precipitada demais. Mas talvez aquilo fosse a única forma de fazer tudo aquilo melhorar.

- Quer ajuda para levar as coisas lá para cima?

- Não precisa. Obrigada. Deixem-nas aqui no canto. Eu pego-as mais tarde. Até porque minha mãe está lá babando o príncipe dela, vulgo Jason e acho que vai odiar a presença de vocês lá, até porque ela odeia tudo que é relacionado a mim – Suspirou.

- Boa sorte com a sua mãe.

- Vou precisar. Até amanhã. E... Obrigada.

- Somos seus amigos, lembra? – Percy levantou o dedo mindinho marcado.

- Exatamente. Qualquer coisa você sabe que pode me ligar – Annabeth piscou para a amiga, que assentiu e virou as costas, entrando na casa.

Caminhou em passos lentos até a porta, com esperanças que não chegasse até a porta. Abriu-a e encontrou o irmão e a mãe, que estavam sentados no sofá, olhando impacientes para a porta. Na verdade, a mulher estava impaciente. O menino observava a mãe com tédio.

- Por que demorou?

- Não lhe interessa.

- Pare de rebeldia.

- Não estou sendo rebelde. Com licença. Não vou almoçar hoje.

Subiu em disparada para o quarto, sem esperar a mãe. Sentou-se na cama e pegou a lamina que estava em uma caixa no guarda-roupa e a dirigiu para a perna. Ver o sangue saindo dali lhe acalmava.

Pegou uma garrafa que estava ali no mesmo lugar e a ingeriu quase inteira em um gole. Olhou pela janela e percebeu que uma chuva se formava, caindo das estrelas. Deu de ombros. Não continuaria ali para ver mais daquela chuva.

Olhou o pulso e suspirou. Sabia que um dia faria aquilo. Sempre soube. Mas não sabia que seria tão recente. Pressionou a lamina contra o pulso, na horizontal. Um leve filete de sangue saiu, já que não fora tão fundo.

Pegou um papel e uma caneta em cima de sua mesa e escreveu uma carta. Lágrimas caiam do seu rosto. Fechou o papel e escreveu na frente: Para Jason Grace, Annabeth Chase, Percy Jackson e Nico di Ângelo. Largou o papel ali em cima e voltou ao estado que estava.

- Que eu não esqueça o que perdi.

Fez o maior corte que já fizera no braço esquerdo. Cortou do final da mão até a junta do braço. E gritou. Sangue jorrava para todos os lugares, deixando-a fraca. Escutou o irmão entrando no quarto, preocupado, falando com ela. Mas ela já não conseguia responder uma só palavra, nem um som. Já estava perdendo a consciência e sentia que estava a um fio de vida. Sentiu o irmão lhe abraçando e tirando a lamina de sua mão. Olhou para cima da mesa e encontrou a carta.

Como se aquilo fosse sua despedida, sentiu-se como se fosse puxada. E naquele momento, morreu. Simplesmente. Fora mais fácil do que se imaginou. Todo o sofrimento de sete anos fora destruído em menos de cinco minutos. A verdade era que já estava morta há muito tempo. Mas ninguém percebeu.