Estava insegura. Já havia perdido a conta de quantas vezes havia me olhado no espelho.

O salto alto preto e o vestido e o vestido da mesma cor, curto e justo – que tinha um decote, um tanto, ahm, nada discreto–, era extremamente desconfortável. Claro que preferia meu All Star e meu jeans surrado á essa tortura. Com o pouco tempo que tinha do restante da tarde foi o melhor que pude fazer: Vestir essa roupa nada confortável – que era a melhor que tinha trago na mala –. Meus cabelos estavam soltos, caindo em camadas até o meio das costas, e a maquiagem razoável, nem me incomodava com isso, raramente os produtos de beleza – que minha mãe comprava pra mim por puro prazer –, eram usados. E eu não sabia se estaria entre amigos, pra dizer de outro modo, não sabia se estaria entre gente confiável. Era como sentir-se deslocada á um lugar cheio de rostos desconhecidos.

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Suspirei analisando minha imagem refletida no espelho.

Eu não era nenhuma Barbie, nem mesmo se quisesse. Do pouco que eu me lembre das outras namoras de Justin, com seus corpos perfeitos, com seus rostos perfeitos, que eram perfeitas! Eu não perfeita. E acho que preferia nadar o oceano pacifico a ser como elas. Elas eram perfeitas, eu nunca iria ser.

A campainha ecoou no andar debaixo.

Senti borboletas no estomago. Ignorei a sensação e desci, tomando bastante cuidado com a escada para não tropeçar e sair rolando. Quando abri a porta quem me esperava era um moreno forte e alto, estava bem relaxado, de xadrez, jeans e tênis.

– Você é a Milers, não é? – perguntou.

– Miles. – corrigi rapidamente.

– Desculpe. Meu nome é Kenny, Kenny Hamilton. – ele estendeu mão.

– Oi. – tive de esticar o braço cumprimentá-lo, minha mão se perdeu na sua.

– Sou o segurança particular de Justin. – acrescentou depois, enquanto eu fechava a porta atrás de mim. – Recebi ordens para que eu viesse te buscar. – informou num tom formal enquanto andávamos até o Ranger Rover que ele havia vindo, e depois, abriu a porta do carona para mim.

Eu pulei para dentro do carro. Kenny Hamilton fechou a porta e depois contornou o carro para ir para o banco do motorista, ele entrou e girou a chave que já estava na ignição e deu partida no carro.

– Justin comentou sobre a apresentação que iria acontecer no Rockfeller Center, já terminou? – perguntei quando o sinal fechou.

Kenny Hamilton consultou o relógio em seu pulso.

– Provavelmente ainda deve estar acontecendo, mas já deve estar quase no fim. – ele me olhou pelo retrovisor. – Estamos seguindo pra lá agora.

Logo estávamos no Rockfeller Center, no centro de Manhatta. Kenny Hamilton me guiou até a praça principal, onde ocorria a apresentação. Eu fiquei atrás do palco, num ângulo de onde dava pra ver Justin perfeitamente. Apesar dele não me olhar, eu sorri ao vê-lo. Como de costume, ele estava incrível mente lindo, vestia uma blusa preta que colava perfeitamente em seus músculos e com um colete jeans por cima, apenas deixando mais atraente. Apesar de estar sentado em um banco, Justin cantava e interagia com a platéia que lotava toda a praça e estava acompanhado de um cara com um violão que estava sentado em outro banco com um chapéu por cima dos seus encaracolados que davam no meio da sua nuca. Justin começou cantar outra de suas canções, tinha uma letra maravilhosa. Kenny Hamilton apesar de manter distancia, não saiu do meu lado, agora não sabia se era só para não me deixar sozinha ou porque era necessário.

Um cara pouco mais baixo que eu; parou ao meu lado. Dei uma rápida olhada nele, um boné de aba aberta cobria seu cabelo curto, usava camisa em gola V e segurava uma câmera fotográfica nas mãos em que tirava fotos de Justin. Desviei o olhar rapidamente e fiquei paralisada.

E se ele for um paparazzi? Pensei.

Meu estomago se revirou com a idéia. Continuei imóvel, com os braços cruzados, colados ao peito. Olhei-o pelo canto do olho, ele também estava me olhando, com reconhecimento.

– Você é a Milers, não é mesmo? – perguntou.

Abri a boca para responder, mas hesitei. E se ele fosse mesmo um paparazzi e começasse a tirar fotos de mim igual a um pirado? Eu que iria pirar!

Prendi o ar e fiz que sim com a cabeça e voltei a minha postura imóvel.

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– Eu sou Alfredo Flores, produtor e amigo do Justin. – anunciou.

Expirei de alivio, senti meus músculos se relaxarem e então, me virei para ele.

– Na verdade é Miles. – informei, com um sorriso.

– Oh, sim. É um prazer conhecê-la.

Nós trocamos um aperto de mão.

Alfredo Flores se afastou alguns centímetros de mim e tirou mais algumas fotos.

– De que marca é a sua câmera? – perguntei, apesar de ter uma idéia de qual era.

Nikon. – respondeu e se aproximou novamente. – Justin me disse algo sobre você gostar de fotografar.

Mordi o lábio tentando esconder o sorriso bobo ao pensar na idéia de que Justin havia falado de mim.

– É. Eu gosto. – disse.

– Quem sabe se você não possa tirar algumas pra mim? – indagou e me passando a câmera.

Eu sorri e peguei a câmera de suas mãos. Agora eu me sentia menos deslocada e desconfortável, eu estava fotografando, o que eu mais gostava de fazer. Tirei algumas fotos de Justin, assim que percebeu o flash da câmera em seu rosto, girou no banco para ver de onde vinha. Eu baixei a câmera para olhá-lo.

U Smile, I…” Ele cantou, com um sorriso para mim. Eu retribuí o sorriso. “... Smile” finalizou o ultimo verso da música se virando novamente para platéia, ainda sorrindo. Justin me fazia sentir coisas que eu nunca houvera sentido antes. Senti-me totalmente relaxada e... Única.

Alfredo Flores disse algo que não entendi devido ao meu transe.

– Hãn? – me virei pra ele ainda sorrindo.

– As fotos. Posso ver como ficaram?

Eu entreguei a câmera. Ele analisou as fotos. Observei-o para ver sua reação.

– Caramba! São ótimas. – elogiou.

– Obrigada. – agradeci.

Instantes depois, Justin apareceu com o cara de cabelos encaracolados.

– Oi. – ele disse pra mim com um enorme sorriso.

– Oi. – eu dei um sorriso que quase chegava á rasgar.

Milers, esse é o Dan, Dan Kanter, meu guitarrista. E amigo. – ele gesticulou pro cara atrás dele de cabelos encaracolados, mas seus olhos não deixavam os meus.

Eu desviei os olhos de Justin por alguns instantes para cumprimentar Dan Kanter.

– É Miles. – logo avisei.

Dan Kanter bufou.

– Que idiota bobalhão você Justin! Errar o nome da própria namorada. – zombou Dan Kanter, dando um tapa na cabeça de Justin.

Surpreendi-me com a palavra.

– Au! – reclamou Justin, passando a mão na cabeça.

– Chamando meu nome errado ou não, ele é sempre um bobalhão. – assinalei com um sorriso brincalhão.

– WOW! – exclamou ao Alfredo flores. – Garota, você é das minhas! – disse se juntado ao deboche.

– E das minhas! – Dan Kanter pulou para meu lado.

– IIH! Vão ficar do lado dela mesmo? – Justin cruzou os braços. Então ele bufou. – Pelo menos eu tenho o Kenny para ficar ao meu lado. 24horas por dia! – gabou-se, havia dois sentidos em suas palavras. Justin olhou pra trás, procurando por Kenny quando não ouve resposta. – Kenny? – chamou mortificado.

– Parece que nem todas as 24horas. – debochou Alfredo Flores soltando uma enorme gargalhada.

Dan Kanter acompanhou-o na gargalhada. Apertei os lábios, tentado conter o riso.

– Saiam vocês dois daqui! – Justin empurrou seus ombros e eles cambalearam para trás e então saíram rindo.

“Cadê o Kenny, Justin?” Ouvi um dos dois dizer em meio suas gargalhadas.

– Depois cuidarei de vocês! – gritou para eles.

Eu ri.

Justin me analisou de cima a baixo, seus olhos pararam em meu decote. Corei na mesma hora.

– UAU! Você está linda. – seus olhos continuaram no mesmo lugar.

– Ah, é só o vestido. – disse sem jeito.

– Tenho certeza que você também ficaria linda sem ele. – ele disse distraído.

Minhas sobrancelhas se ergueram sem saber se havia ou não sentido duplo em suas palavras. Tentei recompor minha reação quando Justin me olhou alarmado.

– Não que eu esteja imaginando você sem roupa, quero dizer, você ficaria linda se estivesse sem este vestido, você sabe, com outra roupa, sem ele também, é claro, mas com outros vestidos, e ahm... – desistiu ao perceber que ficava mais envergonhado á medida que se atrapalhava.

Reprimi a gargalhada e disse:

– Eu entendi. – garanti á ele sorrindo.

Kenny Hamilton chegou ao lado de Justin.

–Justin, vamos? – chamou Kenny colocando a mão no ombro de Justin.

Justin assentiu e então Kenny Hamilton saiu em nossa frente. Girei os calcanhares para seguir Kenny Hamilton. Justin se pós ao meu lado e colocou a mão no meio de minhas costas, então nós seguimos.