Amargo Regresso

Capítulo 3 - Verdade


Os quatro anos na Universidade passaram rapidamente, na verdade sentia como se tivesse passado por um limbo, entre coisas de que se lembrava e outros que não, mas uma coisa a magoara profundamente.

Algumas vezes era bom ter companhia. Como elas eram “moças de interior”, os pais acharam melhor alugar um apartamento para que elas ficassem durante o período letivo. Suas amigas de infância conversavam, ela estava em dúvida se entrava no quarto ou não e acabou decidindo ficar a porta até encontrar uma oportunidade para pegar sua roupa.

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_ Finalmente... Baile de formatura! Ainda bem que a Missa foi ontem! Já pensou se tivéssemos que enfrentar Missa e Baile no mesmo dia? – disse Regina Almeida, a loira de corpo escultural.

_ É. As outras turmas não tiveram a mesma sorte. O que você vai fazer depois da formatura? – Maria José Antunes, a morena faceira se espremia para entrar no tamanho “P”.

_ Eu vou fazer mestrado na USP. E você?

_ Tio Jorge descolou um estágio no escritório de advocacia dele no Rio de Janeiro.

_ Grande! – elas se congratularam.

_ E a Mai? – Regina disse retocando a maquiagem.

_ Você quer dizer Mia.

_ Sei lá. Seja qual for o alter-ego dela – as duas riram.

_ Nossa! Foi difícil conviver com a loucura dessa garota, né?

_ Mais louco é o pai dela que deveria ter pagado um terapeuta. Tadinha. Deixar ela assumir a personalidade da irmã falecida.

_ Ninguém merece! Acho que os professores foram os mais estressados. Não viam a hora dela terminar o curso de letras.

_ Você está sendo malvada, Maria.

_ Eu?? Imagina!

_ Ela não tem culpa daquele seu ex-namorado ser um tratante. Ele dava em cima de qualquer uma.

_ Eu gosto da Mai, mas quando ela assume o fantasma da irmã, ela fica uma “P...”

_ Você quer dizer... Atirada! Mas tudo vai terminar daqui a alguns dias. Nós vamos ter vidas diferentes. Ela deve voltar é pra fazenda do pai. Ele não vai deixar a Mai longe das vistas.

_ Olá, meninas – ela deveria estar pálida, pois elas se entreolharam com cara de culpa – eu só vim pegar o meu vestido. Eu acho melhor a gente se encontrar no baile porque eu vou me atrasar.

Ela deixou as amigas e se trancou no banheiro. Na verdade, ela já fazia terapia há algum tempo sem que ninguém soubesse. Saber a verdade é sempre um choque, mas pelo menos ela soube o que elas pensavam. Depois do baile, ela resolveria o que fazer de sua vida. No momento, ela precisava de forças pra enfrentar mais aquela tortura.

E ela só conseguiu coragem para ir a festa por causa do pai, que a estaria esperando no saguão para entrarem juntos. Mai subiu os degraus da escada apressada, porém para sua surpresa, não foi à cabeleira branca do pai que encontrou e sim as de um loiro trajando terno.

_ Você por aqui? Que surpresa! Onde está meu pai?

_ O Sr. Nagano não pôde vir e me pediu para substituí-lo.

_ Aconteceu alguma coisa? – disse preocupada.

_ Não! Ele só se acha velho demais pra dançar numa festa.

_ Oras! E agora? Eu pretendia voltar pra fazenda amanhã com ele... – falava para si mesma. Havia decidido que não ficaria mais no apartamento com duas pessoas falsas falando-lhe pelas costas.

_ Se a sua preocupação é essa... Eu te levo pra casa... Mia.

_ Você me faria esse favor, Ângelo? – ela não sabia como corrigi-lo. Preferia dizer a verdade para o pai que para um quase desconhecido.

_ Claro! A que horas você quer que eu te pegue? Tem muita bagagem?

_ O pior é que tenho.

_ Não tem problema estou com a caminhonete. Vamos entrar?

_ Obrigada. Claro!

Eles marcaram presença, aliás Ângelo despertava a cobiça de todas as garotas. Ela ainda não tinha reparado no quanto ele era bonito. Podia-se dizer que estava causando inveja porque ele era o tipo que acalentava os sonhos mais secretos. Alto, loiro, moreno queimado de sol, corpo atlético e... Extremamente charmoso.

_ Quer beber alguma coisa?

_ Quero sim! Uma vodka, um cuba libre e uma caipirinha? – ele a olhava com um ar meio reprovador, então ele riu inesperadamente.

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_ Você me pegou! Pensei que estava falando sério.

_ Não custava tentar... Mas acho que você não vai me deixar beber, vai?

_ Não! Prometi ao seu pai que cuidaria de você.

_ Ah! Só quero uma coca com gelo.

_ Okay! Já volto.

Ele partiu em direção ao bar, pois parecia que os garçons haviam sumido.

_ Quem é ele, Mia? – Maria José se sentou na cadeira ao seu lado enquanto Regina ficava de pé ao seu lado.

_ Vocês não viram ele entrando comigo? É meu acompanhante!

_ Como assim? Onde você o escondeu todo esse tempo?

_ Escondi? Ele sempre esteve onde deveria estar...

_ Onde?

_ Na fazenda do pai esperando por mim. Na verdade estamos noivos... – estava com uma enorme compulsão para mentir e sair por cima daquelas duas.

_ Noivos? – elas olharam por sobre o ombro dela.

_ É... Eu sou o noivo. – ele disse deixando as bebidas – Na verdade... Quase noivo. Só falta usar este anel – retirou do bolso um brilhante colocando em seu dedo anular – e dizer “sim”.

Ela tinha acabado de virar uma estátua de pedra e estava completamente afônica.

_ Diga “sim”, meu amor.

_ Sim. – Ouviu-se dizer totalmente hipnotizada pelo timbre da voz.

_ Pronto! Desculpem garotas, mas vocês entendem que eu preciso raptá-la agora ou perco o meu poder de sedução?

Ângelo a levou para a pista de dança. Todos dançavam num ritmo alucinante, mas de repente os casais começaram a se formar. Sentiu-se relaxar como se estivesse acostumada a estar nos braços dele. Ela nem mais escutava a música tentando raciocinar e era uma pena que a ficha começava a cair e um pouco da magia se perdeu.

_ Desta vez foi você quem me pegou! Obrigada por não ter me desmentido.

_ Você já disse “sim”. Deveríamos agir mais como dois apaixonados, não acha? As duas ainda então nos olhando.

_ O que você está sugerindo, Ângelo? – era difícil ver a expressão do rosto dele já que precisava se curvar para vê-lo.

_ Nada demais! Só uma demonstração de afeto – ele tomou-lhe os lábios sem aviso. E ela, Mai foi compelida a corresponder. Um impulso que seria típico de Mia, mas ela estava consciente demais da sensação cálida em sua boca.

_ Ângelo... – suplicou.

_ Humm?

_ Ainda teremos de enfrentar o dia de amanhã juntos... Tem certeza que não vai se arrepender?

_ Essa palavra não existe no meu dicionário, Mia. Mas veremos até onde vai dar... Eu garanto a noite de hoje. Quem sabe sobre o amanhã. Você arriscaria?