As Quatro Casas De Hogwarts - Ano 1

Capítulo 21 - Eu não deveria ter dito isso




- Cinco pontos? Vocês não podem estar falando de Hunnigan. – disse Ryan, no jantar. Ele se sentava ao lado de Nathan, na mesa da Lufa-Lufa. As garotas haviam acabado de chegar e, assim que terminaram de colocar a comida no prato iniciaram a narrativa dos acontecimentos daquela tarde. Nem Ryan nem Nathan mal conseguiam acreditar no que elas estavam dizendo der Hunnigan.

- Foi o que aconteceu. – disse Ellen, procurando o professor pelo Salão, sem sucesso. – Por mais inacreditável que seja.

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- Inacreditável é ele ter tirado pontos de Alice! – disse Nathan.

- São apenas cinco pontos. – ela disse, dando de ombros.

Os amigos olharam para a garota, em surpresa.

- Alice Hills não se importando por perder pontos? – perguntou Ryan. – E o mesmo vale para Ellen. Nunca vi vocês duas não ligando para isso. – ele disse, e Nathan concordou com a cabeça.

Alice fechou a cara e respondeu:

- Não sou nerd, ok? E foi um teste pra saber qual seria a reação do Hunnigan. Não ligo de perder cinco pontos se for para resolver um mistério desses.

- Exatamente. – concordou Ellen, indignada.

- Mas então, - disse Nathan, mudando o foco do assunto - agora que sabemos que há, de fato, alguma coisa acontecendo com o Hunnigan, temos que descobrir o porquê.

- Bem, essa parte não é tão fácil. – disse Alice. – Eu não consigo pensar em como faremos isso.

- Sem contar que é uma coisa extremamente enxerida a se fazer. – acrescentou Ellen.

- O que é enxerido? – perguntou Daniel. O garoto chegara ao Salão sem que qualquer um percebesse. Ele puxou uma cadeira ao lado de Ellen e se sentou, quase ao mesmo tempo em que pegava uma travessa de batatas. – Hum, que fome...

Enquanto Daniel terminava de se servir e começava a sua refeição, os amigos foram contando a ele os acontecimentos daquele dia. Aos poucos ele foi absorvendo as notícias, sua reação extremamente parecida com a de Ryan e Nathan:

- O que? Você ficou maluca, Ellen? – ele perguntou assim que soube que a garota havia errado seu exercício de propósito. Ele nem se deu o trabalho de dizer o mesmo a Alice; afinal ela era da Corvinal. – Perdeu quantos pontos?

- Cinco. – ela respondeu. Diante do espanto do garoto, apressou-se em contar o resto da história a ele. Daniel pousou seu garfo e faca no prato, boquiabrindo-se a cada palavra de Ellen.

- Hunnigan? O Prof. Hunnigan fez isso?

- Inacreditável, assim como estávamos dizendo. – Nathan comentou.

- Então tem algo realmente acontecendo com ele. – disse Daniel, procurando com o olhar o professor, ao redor do Salão.

- E com isso voltamos ao assunto em que estávamos quando você chegou: - disse Ryan – Precisamos saber o porquê. E não há jeito de fazer isso...

Os amigos refletiram por algum tempo, e Daniel retomou o consumo de seu jantar. Não conseguira achar Hunnigan em nenhum lugar do Salão; a sua cadeira na mesa dos professores permanecia vazia, assim como estivera por quase todas as férias. Porém, outro professor chamara sua atenção: Stuart parecia incomumente quieto. Comia seu jantar em silêncio, e evitava qualquer conversa com outro professor. Parecia absorto em pensamentos. Se voltando para seus amigos, Daniel disse:

- Nós vamos pensar em alguma coisa. Não podemos simplesmente deixar isso de lado.

- Tem razão. – concordou Alice – Mas pelo menos foram boas mudanças. – disse Alice.

- Como é? – perguntou Ryan, sem entender. - Você agora perde pontos para Hunnigan. Chama isso de boas mudanças? – ele perguntou.

- Agora nós perdemos pontos justamente. – ela respondeu – E eu não vou dar bobeira perto de Hunnigan outra vez, a não ser que seja estritamente necessário.

Sorrindo, Ryan respondeu:

- Essa é a Alice que eu conheço.

- Matt. – Rachel Clarke chamou, mais uma vez. Ela havia acabado de sair de uma de suas aulas, e estava andando por um corredor, atrás de Mattew. O garoto não dera nenhum sinal de reconhecimento desde o momento em que ela o avistara vagando solitário. – Mattew!

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Por fim, o garoto se virou, com um olhar educado. O par não se falava havia semanas, e Mattew estava surpreso com o repentino chamado de Rachel.

- Matt. – ela disse novamente. – Desculpe eu te chamar desse jeito, no meio do corredor, mas eu preciso falar com você. Não te vejo pelo castelo há dias.

- Está preocupada comigo? – Mattew perguntou, erguendo uma sobrancelha. Da última vez em que vira Rachel fora um dia depois da briga com Ryan. Ele ainda se recordava das palavras da antiga namorada. Ela desaprovava completamente o comportamento de Mattew em relação a Ryan, embora discordasse do irmão mais novo quanto à veracidade das palavras de Mattew. Acreditava que o garoto tivesse mudado (fora por essa mesma razão que iniciara o namoro com ele) e que a briga com seus pais fosse verdadeira. Nunca o vira tão abalado ao voltar de casas quanto naquelas férias. Rachel, porém, não voltou imediatamente aos braços do garoto; dissera a ele que o próprio precisava de um tempo para refletir. Ela mesma precisava desse mesmo tempo, pois, embora afirmasse o contrário, ainda nutria dúvidas quanto ao que achava dele. Sabia que, antes da briga, Mattew fora extremamente verdadeiro com ela, mas, depois de ele agir assim frente ao irmão, Rachel não sabia mais o que pensar. Segundo Alice, que lhe dera uma sugestão quando a garota fora se explicar para Ryan, o problema de Mattew era justamente sua falta de autocontrole. A raiva era a emoção que mais o afetava.

Rachel escolheu acreditar na garota, e, semanas depois de ter terminado com Mattew e dias depois de ter ouvido o conselho de Alice (Rachel não se considerava amiga da garota, mas via o quanto ela era esperta), Rachel chamou Mattew para conversar. Em resposta ao que ele havia perguntado, ela disse:

- Sim, estou preocupada com você. – ela falou. - Mattew, eu andei pensando, assim como lhe disse que ia fazer... Eu sei que você pode me considerar muito pretensiosa para chegar aqui e simplesmente lhe dizer que confio em você, e que não quero mais me manter afastada, quando apenas semanas atrás eu estava desconfiando desse sentimento. Eu gostaria que você, por favor, reconsiderasse... Eu sei que é muito a pedir, mas...

Mattew deu um passo a frente, colocando seus dedos nos lábios de Rachel. A garota parou de falar, surpresa com a reação do garoto as suas palavras.

- Não sou eu quem tem que te aceitar. É você que tem que me aceitar de volta...

Como resposta, ela o beijou.

Dando aos dias seguintes ares auspiciosos, a primavera se apresentava vagarosamente, deixando pistas de sua chegada aqui e ali nos terrenos de Hogwarts. A neve que antes permeava quase todos os recantos descobertos agora dava espaço para a vinda das vivas cores florais. Os canteiros de Hagrid, antes incapacitados de florescer quaisquer plantas que fosse agora se viam marcados por pequenos pontos brancos e vermelhos, se vistos de longe. As rosas tinham sido especialmente cultivadas para Rose Weasley, uma das frequentes visitas de Hagrid.

Fazia semanas, senão meses, que o grupo não se apresentava na cabana do meio-gigante. A ideia fora de Albus, que, assim que retornara ao castelo, tivera quase a obrigação de se dirigir a cabana, tendo que seus pais o lembraram ao menos cinco vezes de fazer tal. Num fim de semana particularmente entediante, o grupo dos quatro amigos acompanhava Albus e Rose numa dessas visitas.

Durante o caminho, Daniel viera explicando para Albus das mudanças de Hunnigan durante as férias. Como o garoto se ausentara do castelo, não sabia de nada o que havia acontecido, embora afirmasse que notara certas diferenças no comportamento do professor, sem contar em alguns rumores inventados por alunos. Ouvira-se dizer que Hunnigan estava se fazendo de bonzinho, apenas para depois aplicar o exame mais difícil que os alunos poderiam imaginar. Já outros alunos, quando perguntados, falavam que só poderia ser algum truque de Hunnigan, e que depois tudo voltaria ao normal. O palpite de Albus era que a rixa entre Stuart e Hunnigan havia se suavizado, fazendo com que o professor descontasse menos nos alunos. Até hoje, porém, nenhum estudante parecia saber o motivo de tanto ódio.

Atrás dos dois garotos vinham Ryan, Ellen e Alice, junto com Rose, que apontava para os três as rosas no canteiro de Hagrid, mínimos pontinhos coloridos vistos de onde estavam. A garota explicava, alegre, a surpresa que tivera quando vira tais plantas no jardim do meio-gigante. Segundo os pais dela, tal gesto vindo de Hagrid era um grande avanço, dado que no passado ele cuidaria de algo que ao menos apresentasse um pequeno risco a vida aos alunos.

O grupo ria enquanto avançava pelos jardins de Hogwarts. Os quatro se davam extremamente bem com os primos Potter e Weasley, e Albus costumava brincar dizendo que Daniel nascera na família errada. As semelhanças entre os dois só fazia as brincadeiras aumentarem. Tirando a cor dos olhos (os de Daniel eram azuis; os de Albus, verdes.), Daniel lembrava muito Albus quando este era mais novo. Levando em conta a diferença de idade dos dois, agora parecia que um era irmão mais velho do outro. Daniel, agora que fizera amizade com o filho de Harry Potter, possuía uma vontade de conhecê-lo, mas não mencionara nada a Albus nem Rose. Lembrava do tempo em que não gostava de ser confundido com parente de Harry Potter; agora, ria e dizia que poderia ser verdade.

O grupo, por fim, chegou à cabana de Hagrid. Os seis se aglomeraram na pequena escada que levava a entrada, enquanto Albus batia na porta. O meio-gigante não tardou a responder. Ao abrir a porta, os seis puderam vê-lo, segurando uma caneca com água quente; de dentro vinha um cheiro de chá de ervas e de bolo queimado. Todos ali já estavam acostumados às habilidades culinárias de Hagrid.

- Albus! – exclamou o meio-gigante. – E trouxe com você sua prima e os pequeninos do primeiro ano!

Apesar de nenhum dos quatro ter gostado de ser chamado de “pequenino do primeiro ano”, todos abriram largos sorrisos, assim como Hagrid, e entraram em sua cabana. Esperavam que a nominação tivesse apenas sido num jeito carinhoso, e que ele não tornasse a repeti-la.

- Entrem, entrem! – ele continuou falando. – Acomodem-se por aí.

As garotas e Ryan se sentaram ao redor da mesa, enquanto Daniel buscava um banco para de acomodar. Albus se debruçou na janela e ficou a observar as flores, enquanto falava com o guarda-caças:

- Hagrid, quanto tempo! – ele ironizou. Estivera ali há poucos dias atrás. O meio-gigante, porém, não pareceu perceber.

- Sim... Faz tempo mesmo que vocês – ele apontou para os quatro com a cabeça – não aparecem por aqui! O que houve?

- Ahn, acho que ainda estamos nos acostumando com a rotina da escola. – Alice se desculpou, contando uma parte da verdade.

- Sempre assim com os alunos do primeiro ano... Vocês vão se acostumar. – ele respondeu. – Eu fiz bolo de frutas secas. – Hagrid retirou a travessa de bolo, ou o que antes era um bolo, do forno, e a colocou em cima de mesa. – Está um pouco queimado, mas acho que dá para comer...

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Os seis tentaram disfarçar as caretas dirigidas ao bolo, enquanto Hagrid o partia em pequenos pedaços.

- Não se preocupe, Hagrid, acabamos de comer... – disse Rose, o mais educadamente que pôde.

- Provem ao menos um pedaço... – ele insistiu.

Por fim, cada um retirou o menor pedaço que pôde achar, e, mesmo que preferissem jogar o bolo fora, a educação falou mais alto, e os seis se forçaram para engolir os pedaços, sempre com grandes goles de chá após cada mordida.

O próprio Hagrid arrumou um lugar para se sentar, e, enquanto comiam, ele puxou assunto na cabana lotada:

- Como vão indo as aulas?

- O mesmo de sempre. – Albus respondeu. – Exceto que Hunnigan, agora, está um pouco diferente...

- O Prof. Hunnigan, de Transfiguração?

- O próprio. – Daniel respondeu.

- Eu já ouvi você lixarem esse professor o bastante, não preciso de mais reclamações no meu ouvido... Vocês tem que se lembrar que eu sou da escola! Não podem ficar falando mal de um professor perto de mim.

- Mas não estamos falando mal! – disse Alice. – Estamos dizendo que ele mudou; e para melhor. – depois de pensar melhor, completou - Ou pior. Depende do ponto de vista.

- Como assim? – perguntou Hagrid. – Prof. Hunnigan está melhorando? Impossív... Quero dizer, ele nunca foi tão malvado como vocês o pintam...

Depois de rirem, os garotos responderam a Hagrid, explicando melhor a situação. Rose ainda não estava a par do que havia acontecido aos quatro amigos, mas notara e comentara com outros alunos as ações de Hunnigan, sem contar nos boatos. Eles explicaram até mesmo o “teste” que Ellen e Alice haviam feito em Hunnigan, algumas semanas atrás.

- O que será que aconteceu com o professor? – Ryan terminou de narrar, deixando essa dúvida no ar.

Os outros alunos suspiraram; ninguém tinha a resposta. O meio-gigante, no entanto, respondeu:

- Bem, poderia ser algo a ver com o diretor... Vocês não disseram que ele havia chamado ambos os professores Hunnigan e Stuart para seu escritório?

- Sim, mas o que o Stuart teria com isso? – perguntou Daniel.

- A rixa entre eles. – respondeu Albus.

- Isso ainda não explica porque Stuart estava lá, se é apenas Hunnigan quem era o injusto. – disse Rose.

- A rixa entre eles é muito maior do que vocês imaginam. – disse o meio-gigante, sem olhar para nenhum ponto específico, como se estivesse se lembrando de algo.

O grupo fez silêncio, aguardando mais informações sobre os dois. Todos ali queriam saber o porquê, assim como a maior parte dos alunos. Do jeito e no tom que Hagrid dissera as palavras, era de se esperar que o guarda-caças tivesse algo que estivesse guardando para si durante esse tempo.

- Como assim maior, Hagrid? – perguntou Ellen, em resposta ao silêncio do meio-gigante.

- Er, eu não deveria ter dito isso. – ele mudou sua postura e colocou mais chá em sua caneca, se atrapalhando nos movimentos. Vendo que nenhum de seus visitantes tirava os olhos dele, disse, numa tentativa fracassada de desconversar - Digamos que ela começou muito antes do que vocês imaginam.

- Sabemos que ela começou em tempos de escola. – disse Albus.

- Sim, mas... Bem, vocês sabem que eu não sou jovem. Estive aqui no tempo de seus pais; e antes até. Já vi coisas que prefiro manter para mim mesmo...

- Hagrid! Você estava aqui quando Hunnigan e Stuart eram alunos? – perguntou Ryan, como se isso não fosse possível.

- Sim, estava. Os seus professores não são tão velhos quanto aparentam. Mas mesmo assim não me peçam pra dizer mais nada. – ele cortou, resoluto.

Os alunos ficaram quietos por alguns segundos; refletindo o que haviam acabado de ouvir. Como nunca ocorrera a eles que Hagrid poderia ter sido professor de Hunnigan? A ideia lhes era estranha, dado que o professor, por não ser dos mais agradáveis, era igual a aqueles que não parecem que algum dia foram alunos. Apesar de Hagrid ter apenas dado aulas de Trato das Criaturas Mágicas por um curto período, tinham quase certeza que, devido a seriedade com que dissera que sabia mais do que eles pensavam, o meio-gigante havia sido professor de Hunnigan e Stuart.

- Mas... – começou Alice, incerta em manter o mesmo assunto. Notou que todos estavam tão curiosos quanto ela para saber o passado de Hunnigan, e continuou – Se Stuart é da Grifinória, e Hunnigan da Corvinal, como é que os professores começaram com isso em primeiro lugar?

- É fácil ver essas briguinhas acontecendo pelo corredor, Alice. – disse Ellen. – Você sabe isso melhor do que ninguém.

- Mas nunca é entre os mesmos alunos. – Alice respondeu. – Bem, a não ser no caso de Ryan. – o garoto meneou a cabeça em concordância – Mas é sempre generalizado. É como se fossem quatro grandes facções, todas inimigas. Não há só um alvo; há diversos alvos de uma mesma casa.

- Nisso você está completamente certa. – concordou Ellen.

O meio-gigante permanecia quieto, segurando sua enorme caneca de chá entre as mãos, mesmo que estivesse vazia. Seu olhar permanecia vago, mas os alunos tinham certeza de que o mais velho ouvia cada palavra deles. Todos se calaram outra vez, como um convite silencioso para o guarda-caça responder o que vinham se questionando já há um tempo. Dando um grande suspiro, Hagrid falou receoso de que estivesse fazendo o errado:

- Eu dei aula para eles, sim. Trato das Criaturas Mágicas. Charles era o mais esperto, como sempre fora. Scott poderia ser um pouco menos estudioso, mas era tão brilhante quanto o outro. – Hagrid suspirou mais uma vez, seus olhos como besouros negros reluzindo a meia-luz da cabana. – Por mais incrível que pareça, os dois eram amigos.

Diante da reação de surpresos de todos ali, Hagrid acrescentou, depressa:

- Mas prometam que não vão contar a ninguém!

Todos consentiram com um gesto de cabeça. Rose perguntou, sem conseguir esconder sua curiosidade:

- Amigos? Mas então como é que Hunnigan é um injusto com a Grifinória?

- Eu já falei coisas demais. – respondeu Hagrid. – Eu não deveria ter dito isso, e não digo mais nada! Mesmo porque não sei. O que quer que tenha acontecido entre os dois, é apenas entre eles!

Embora a voz de Hagrid soasse convicta, os garotos não ficaram muito convencidos de que ele não sabia de mais nada. Já havia admitido que fora professor dos dois, então, porque não saberia mais da história por trás deles? No entanto, depois de verem o quanto o meio-gigante se opunha a ideia de contar a eles tudo o que sabia, os alunos pararam de pressioná-lo. Era até moralmente incorreto que ficassem conversando sobre os seus professores. Delicadamente, Rose se desculpou e agradeceu pelo chá.

Não tardou muito, os garotos estavam se dirigindo à saída da cabana. As tentativas de manter outro assunto que não envolvesse Hunnigan não estavam surtindo efeito, portanto, quanto mais cedo pudessem trocar ideias sobre os professores, sem envolver Hagrid, melhor seria.

No caminho de volta para o castelo, a conversa seguia agitada:

- Eu nunca poderia imaginar que os dois fossem amigos! – exclamou Ryan - O que isso quer dizer então?

- Desentendimentos entre os dois. – respondeu Rose.

- Haja coisas no que se desentender! – disse Albus.

- Mas ainda tem muita história nisso aí. – falou Alice. – Muitas perguntas a responder...

Ela suspirou, acompanhada de Ryan.

- Nossa, eu vim aqui a procura de um descanso – ele disse. – E o que acho? Mais perguntas.

- Só me prometam uma coisa, gente. – disse Rose. Todos olharam para ela, atentos. – Não contem a absolutamente ninguém. Vocês viram como Hagrid ficou preocupado quando ele acabou contando isso para a gente.

- Tem razão. – disse Daniel. – Ele deve estar extremamente com a possibilidade disso vazar para o resto da escola.

- Claro que todo mundo ia considerar como um boato, não é? – perguntou Albus.

- Claro. – respondeu Rose. – Mas do mesmo jeito é perigoso. Vai que isso chega aos ouvidos de Stuart, ou, pior, Hunnigan? Eles vão saber que é verdade, e não vão gostar nem um pouco.

Os seis concordaram mais uma vez que não iriam espalhar as informações a ninguém. Confiavam o bastante uns nos outros para saber que não quebrariam o acordo. Porém, depois de ficarem sabendo da complicado situação entre os professores, se perguntaram até onde se era capaz de achar que se conhece uma pessoa, apenas para depois assistir enquanto a mesma traia sua confiança.