Doce Vingança

Segredo


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Estava feito: ambos haviam assinado os papéis e agora eram, oficialmente, marido e mulher. Praticamente arrastara a garota para seus aposentos, onde apressou-se em tocá-la com urgência. Beijava-a com volúpia, deixando claro o que queria. Aquilo começava a incomodar a moça, que sentia que algo estava errado. A forma como Sasuke a olhava mudara: em alguns momentos, enxergava desprezo, em outros, deboche e, naquele instante em particular, desejo.Estava sendo difícil assimilar e distinguir o que era real de suas intuições.

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- Não tenho certeza se fizermos a coisa certa. - Disse denotando estar receosa. Tentou afastar-se, porém o moreno a impediu.

- Tarde demais para arrependimentos, querida. Estamos aqui, não estamos?! - Retorquiu, aparentando estar aborrecido.

- Mas isso é... errado. - Arriscou uma vez mais, interrompendo-o em suas investidas.

- Hinata, está se comportando como uma garotinha tola! - O tom ríspido empregado surpreendera a menina. Sasuke beijava seu pescoço com volúpia, enquanto as mãos desciam de encontro à suas cochas. Inconscientemente, aquela sensação despertou uma recordação adormecida na mente da jovem Uchiha:

Hinata conduziu o moço até o escritório do pai, sempre o puxando pelo pulso, onde fê-lo sentar-se numa poltrona, acomodando-se no colo deste logo em seguida. Aquela situação fez Sasuke sentir-se desconfortável e bastante embaraçado, ainda mais porque a menininha insistia em estudar suas feições atentamente.

- Como o senhor se chama? - Questionou-o ainda com o olhar fixo sobre si.

- Sasuke. - Limitou-se a respondê-la, abaixando a cabeça, tentando desviar a atenção da garota de seu semblante - E você, por que me fita tanto desse jeito?

- Estou tentando decorar o seu rosto. Assim, não irei esquecê-lo e poderei te reconhecer da próxima vez que nos visitar, tio. - Aquela foi a primeira vez que ela o chamara assim. E fora justamente no mesmo instante em que o Uchiha reparava nas cochas descobertas pelo vestido curto que a criança trajava. Involuntariamente, deixou que suas mãos corressem por sobre as mesmas, sem que Hinata percebesse que se passava, ocupada demais em examinar as expressões peculiares na qual a face de Sasuke convertia-se.

- Quantos anos o senhor tem? Não parece ser muito velho... E a sua esposa, por que não veio o acompanhando? Por que meu pai nunca fala sobre o senhor? Onde vive? - Hinata continuava a fazer-lhe inúmeras perguntas, todas ignoradas pelo Uchiha, que começava a ficar fascinado com aquela “garota fútil”. Passara os últimos anos confinado num mosteiro. Sem contato com nenhuma mulher. Reprimindo seusinstintos.E a sua sobrinha começava a mexer consigo de um modo que nem mesmo ele poderia explicar. Sua sobrinha...Por que não a conseguia enxergar assim naquele momento?

- Qual a sua idade, querida? - Sussurrou pouco aturdido. Seu rosto pálido apresentava sutis cores rubras em suas bochechas. Arfava nervoso, vez ou outra encarando a porta encostada, temendo que a qualquer instante algum criado pudesse flagrá-lo.

- Tenho quase seis anos - Dizia entusiasmada, exibindo a quantidade indicada com os dedos -, faço aniversário no mês que vem.

- O que quer ganhar de presente? - Uma vez mais, a morena levou o dedo indicador ao canto inferior dos lábios pensativa, porém, desta vez, aquele gesto tão infantil pareceu extremamente sensual aos olhos de Sasuke, que a observava com um “quê” de luxúria.

- Uma boneca! - Anunciou depois de alguns minutos.

- Uma boneca? - Repetiu divertido, mordendo os lábios contendo um gemido. Suas mãos ainda corriam sem pudores por sobre as pernas da sobrinha... Ela assentiu - Interessante: uma boneca querer ganhar de presente outra boneca é algo, sem dúvida, incomum.- Hinata sorriu corada. Neste momento, Itachi abriu a porta de supetão, adentrando no escritório ligeiro. Mais do que depressa Sasuke pôs-se de pé, deixando a menina cair de seu colo para o chão, surpreso com a chegada do Uchiha mais velho.

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- Como vai, irmão? - Cumprimentou-lhe num tom irônico.

Imediatamente Hinata distanciou-se de Sasuke, empurrando-o. O moreno, indignado com tal atitude, encarou-a confuso e bastante transtornado.

- O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? - Bradou, mandando ao Inferno qualquer resquício de sanidade que, por ventura, ainda possuísse. Permitiu-se perder completamente o controle, dando fim aquela farsa, que acabara de ruir com as memórias infantis de Hinata vindo à tona.

- VOCÊ É DOENTE! - Berrou exaltada em resposta - Me lembro do dia em que nos conhecemos... O que você fez comigo no escritório do meu pai... - Sussurrou desconcertada, tentando organizar seus pensamentos sem nexo. Perante a confissão que era, no mínimo, perturbadora, Sasuke novamente sorriu; porém, desta vez, um sorriso diferente de todos os outros: não esboçava ódio, tripúdio, triunfo ou qualquer outra coisa que a menina pudesse descrever. Mas aquele sorriso a assustou. A fez sentir-se como na noite em que o Uchiha tentara contra sua vida. Medo, desespero, angústia... Era o que aquele sorriso lhe proporcionava. Provocava aflição. Porém, o que expressava? O doce gosto da vingança.

- Sabe, eu achava que você não tinha mudado nada nesses últimos anos... Mas, pensando melhor, talvez fosse bem mais desinibida naquela época. - Murmurou em tom de escárnio. Tal insulto revoltou a moça que, num impulso, acertou a face do moreno com uma bofetada. Percebendo o que fizera, arregalou os olhos, tapando a boca com suas mãos, recuando dois passos. O olhar fixo no vazio, Sasuke permanecia imóvel. Correu os dedos por sobre a área atingida, que tingira-se de escarlate, sentindo uma leve ardência no local. E então, fitou a sobrinha, que contemplava a sua figura horrorizada. Tomou fôlego.

- Quem você pensa que é... - Sussurrou a princípio - PRA ME BATER, SUA VADIA?? - Terminou por gritar furioso. Hinata tremeu, esperando que o tio avançasse sobre si e a esganasse ou algo parecido. Mas ele continuou parado no mesmo lugar, prosseguindo seu discurso de forma calma, após uma pausa - Pensando melhor, acho que finalmente tenho uma resposta pra sua pergunta, querida. - Diante do olhar aturdido da menina, explicou - O motivo de eu odiá-la tanto. Simplesmente porque jamais pude tê-la. Porém, agora, nesse instante... - Riu histericamente - Você é minha. E não pode fazer nada para mudar isso. - Concluiu, lançando-lhe outra vez o “sorriso perturbador”. E, finalmente percebendo o terrível erro que havia cometido ao confiar no mesmo, Hinata permitiu-se chorar, caindo de joelhos aos prantos - Tarde demais para arrependimentos, querida: agora é muito tarde para lamentar-se... - Murmurou observando cada detalhe da cena que se desenrolava diante de si com satisfação. Seu objetivo fora alcançado. A meta de sua vida, enfim, cumprida!

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