Intrusa

O início de um sentimento


Cheguei do colégio, liguei a TV e procurei algo pra comer. Acho que dava tempo de descansar antes de fazer o trabalho. Enquanto os nuggets fritavam, fui colocar o pijama e arrumar a cama.

_ Ah meu Deus! Os nuggets vão queimar! – Lembrei da minha última experiência com isso. Tinham virado queimadinho!

Desci correndo e consegui salvar meus nuggets antes que queimassem. Peguei um prato, um copo de suco e subi de novo. Passava desenho animado na TV, então deixei por isso mesmo e comi rapidamente pra ter um tempo de sobra pra cochilar.

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Deixei o prato e o copo na mesinha de cabeceira, coloquei a TV no mudo e virei pro lado. A cama tava quentinha, e era mais que conveniente naquele dia frio. E como de costume, sonhei de novo.

Mais uma vez eu estava junto de Stephan. Ele me olhava fundo e me acariciava. Eu dizia algo que não consegui ouvir, só via meus lábios se mexendo. E de repente ele arregalou os olhos, me soltou e disse algo, que dessa vez eu pude ouvir:

_ E-eu não posso ficar aqui. – Gaguejou.

_ Mas por quê? – Eu disse com cara de quem não tava entendendo nada.

_ Não, eu não posso ficar contigo. Adeus! – Ele se levantou e saiu correndo, me deixando sozinha.

Eu continuei lá, em estado de choque, e simplesmente do nada comecei a chorar. Chorar muito mesmo. E então, acordei com a campainha tocando.

_ Ai, quem deve ser? – Levantei ta cama e fui descendo as escadas, ainda um pouco sonolenta e com a cara amassada. A campainha tocou mais uma vez.

_ Já vaaaaaaaaai. – Gritei.

Pra minha surpresa, Stephan estava na porta. Mas que droga! Eu tava de pijama, com a cara amassada.

_ Bem, oi.

_ Parece que cheguei na hora errada né?

_ Ah, nada. Entra ai que eu já volto. – Sai correndo igual uma besta. Caramba eu tava de pijama na frente de um cara que eu tinha acabado de conhecer, e digamos que meu pijama não era um dos mais decentes não.

_ Ai Deus, que roupa eu coloco? – Eu ia fuçando todo o guarda roupas em busca de algo. Acabei pegando uma calça qualquer e uma blusa de frio. Calcei o chinelo e desci.

_ É, acho que perdi a hora. – Dei uma risadinha sem graça, enquanto descia as escadas.

_ Ah, isso acontece.

_ Então, vamos fazer o trabalho?

_ Vamos.

_ Bom, o professor disse que o tema era amor. Então teremos que planejar um esquete sobre isso. Tem alguma idéia?

_ É, tenho sim. Eu pensei que nós podíamos fazer uma apresentação onde o casal foi unido através de suas almas. Como se fosse algo baseado em destino. O que acha?

Quando ele disse “unido através de suas almas” senti um tipo de “vibração” por dentro. Uma sensação esquisita e tive a impressão de conhecer Stephan à mais tempo. De saber coisas sobre ele.

_ Ahn, achei legal, é interessante. Acho que vai ser intrigante e a galera vai ficar curiosa. – Dei um sorrisinho.

_ Então ta, vamos começar pensando nos personagens.

_ “Ela” podia se chamar Rachel e ser uma bailarina.

_ “Ele” podia se chamar Jeremy e ser um escritor e poeta.

_ Ótimo! – Exclamei com certo exagero de empolgação.

_ Podíamos começar com uma apresentação de Rachel e Jeremy assistindo, fica encantado com ela. Quando termina a apresentação ele tenta encontrá-la, mas não consegue. E ela vai embora, para sua cidade. Jeremy fica desesperado por não saber nada dela. Mas então em certo dia...

_ Ele decide ir à casa de sua tia, em uma cidade do interior e enquanto caminha pela praça avista uma mulher, que para sua surpresa é Rachel. Sai correndo até ela e a cumprimenta. Chama a mulher para um café, onde passam toda a tarde conversando até que ela diz que precisa ir. E então, no abraço de despedida...

Nós íamos completando as cenas e encenando ao mesmo tempo.

_ Ele lhe rouba um beijo. – Quando Stephan disse isso, ele me tomou em seus braços e me beijou. Era um beijo calmo, tranqüilo e quente. Apesar da surpresa, eu correspondi. Eu sentia uma ligação entre nós dois.

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Antes que aquilo continuasse, eu parei o beijo.

_ Carol, me desculpa! Foi um impulso.

_ Tudo bem, agora já foi.

Ficamos em silêncio. Ele havia corado e eu também. Aquele silêncio foi ficando cada vez mais constrangedor, e para que isso não crescesse mais, eu disse:

_ Bom, vamos continuar.

_ É. E depois do beijo, Rachel ficou surpresa, mas não disse nada, apenas virou as costas e foi embora. Jeremy teve de voltar à cidade, e mantinha contato com Rachel através de cartas. A saudade apertava, e aquele beijo roubado nenhum dos dois conseguia esquecer.

_ Então, certo dia Rachel decide ir à cidade de Jeremy para vê-lo. E quando se encontram, ele lhe recita um poema e diz que pela força do destino, aquele era o caminho que deveriam trilhar. O caminho do amor.

_ Ele acaricia o rosto de Rachel e se beijam. Fim.

_ Vai ficar ótimo – Stephan disse bem animado.

_ É, agora precisamos criar as falas.

_ Sim.

O silêncio que veio em seguida nos deixou um pouco tímidos, mas ai Stephan disse:

_ É, acho que ta um pouco tarde, vou indo nessa. Mas antes, me passa seu celular, se eu tiver alguma idéia te ligo.

Escrevi meu celular e meu e-mail em um papel e entreguei à Stephan.

_ Então, tchau.

_ Até amanhã. – Fechei a porta e sentei no chão. Eu não conseguia esquecer o beijo. Aquilo permaneceria em minha cabeça pelo resto da noite. Tinha sido bom, e eu queria de novo.

_ Você está ficando louca Carollyne. – Disse alto, pra mim mesma enquanto levantava e seguia em direção ao banheiro.

Depois do banho fui direto pra cama, eu sentia uma pontada de cansaço chegando. Quando virei pro lado e quase consegui pegar no sono, meu celular vibrou. Era uma mensagem, número desconhecido. Eu não tinha raciocinado que não tinha pegado o número de Stephan então fiquei curiosa e li a mensagem.

“Eu não consigo esquecer o nosso beijo, foi especial. Foi diferente. Nunca senti algo parecido. Boa noite. Stephan”

Estremeci. Quer dizer que ele também tinha sentido a sensação diferente que senti. Quando percebi, me peguei sorrindo. Era um sorriso carregado de felicidade. Foi assim que acabei dormindo. Sorrindo. Naquela noite, não sonhei.