Intrusa
A chegada dos pais
Chegamos a um restaurante de comida italiana que tinha há poucos quarteirões da nossa rua.
Entramos e procuramos uma mesa reservada na varanda. Continuamos calados e nos sentamos.
Um garçom chegou em nossa mesa.
_ E então, o que vocês desejam?
_ Eu vou querer uma coca.
_ Duas cocas. – Stephan completou.
_ E para comer?
_ Pode ser dois Spaghettis.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!O garçom saiu andando e nos deixou a sós. O restaurante não estava muito cheio, então nossa privacidade era maior.
Fiquei calada e observando o monte Fibs do outro lado.
_ Ei, o que houve?
Não enrolei e fui direto ao ponto.
_ Quem era aquela menina?
_ Que menina?
_ Para de se fazer de idiota. Você sabe que eu to falando da menina da foto.
_ Era minha irmã.
_ Era?
_ Sim, ela morreu há dois anos.
_ Ah, entendi. E por que eu não podia ver a foto?
Ele ficou sem respostas, e foi por isso que desconfiei que aquilo fosse mentira.
_ Em?
Antes que Stephan pudesse tentar responder, meu celular tocou e eu me levantei e fui para fora do lugar.
_ Oi papai.
_ Ei filha, aonde você esta?
_ Estou almoçando naquele restaurante italiano.
_ Ah ta. Só liguei para dizer que vamos chegar daqui a meia hora.
_ Mais cedo?
_ É, nosso vôo adiantou.
_ Tudo bem, daqui a pouco vou para casa.
Voltei para a mesa.
_ Meus pais vão chegar mais cedo.
_ Ah sério? Por que?
_ O vôo adiantou.
_ Ah sim. Então como vamos fazer?
_ Como assim? – Perguntei bem na hora que os pratos chegaram.
_ Desejam algo mais? - Perguntou o garçom.
_ Não, obrigada.
_ Bom apetite. – garçom saiu andando e nos deixou a sós novamente.
_ Aonde estávamos mesmo? - Eu perguntei.
_ Falando se você vai querer que eu me apresente para os seus pais antes do jantar.
_ Você quem sabe. – Dei uma garfada no macarrão.
_ Você não prefere que seja surpresa?
_ Pode ser. Mas me conta qual vai ser o cardápio!
_ Não senhora. – Enfim ele comeu o macarrão.
_ Nem vou insistir porque já sei que vou perder. – Dei outra garfada no macarrão.
Continuamos comendo em silêncio e eu preferi deixar o assunto da irmã dele para uma ocasião com menos emoções.
Ao terminar o almoço, nos levantamos e fomos em direção ao caixa.
_ Ah, palha italiana! Eu adoro! – Eu disse com muita empolgação.
_ Quer uma?
_ Quero.
Peguei minha palha italiana, Steph pagou a conta e fomos embora. Enquanto andávamos devagar pela calçada, um vento brincava com meus cabelos. Estávamos um pouco perto da praça da rua, quando Stephan parou, me segurou pelo braço, e me deu um abraço apertado. O vento rodopiou ao nosso redor. Ele me deu um beijo na testa.
_Você não faz idéia de como você me acalma. – Eu disse.
_ E você não faz idéia de como eu te amo.
Eu dei um sorriso e ele respondeu com outro sorriso lindo.
_ Eu tenho certeza de que você não me pega. – Falei e sai correndo pela praça.
_ Ei, você saiu com vantagem. – Ele gritou e começou a correr atrás de mim.
Quando Stephan conseguiu me alcançar, caímos na grama e ríamos como duas crianças. Ele me fez cócegas. Eu ri até a hora que levantei os braços para empurrá-lo e minha manga desceu. Eu vi as feridas e me lembrei de tudo.
Stephan estranhou a minha mudança repentina e então perguntou:
_ O que houve Carol?
_ Nada. – Disse enquanto arrumava as mangas e sentava. – Vamos embora?
_ Então ta, vamos.
_ Não, acho melhor eu ir sozinha, e ai você não corre o risco de ser visto.
_ Tem certeza?
_ Absoluta.
Levantei, dei um selinho em Stephan, virei as costas e fui embora.
Acelerei o passo por que pretendia chegar em casa antes dos meus pais. E quando estava abrindo a porta de casa, ouvi um barulho de carro e quando olhei, eram meus pais.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Minha mãe desceu enquanto meu pai estacionava. Sai correndo e a abracei bem forte.
_ Mamãe! Que saudades de você.
_ Oi minha filha, também morri de saudades.
Eu era super parecida com minha mãe. Ela também tinha os cabelos ruivos, naturais, e eles eram gigantes. Quando eu digo “gigantes” quero dizer que os cabelos batiam no quadril da minha mãe. Ela também tinha a pele clara e algumas sardinhas no rosto. Seu olho e sua altura eram as únicas coisas que eu não havia puxado. Eu tinha olhos verdes, e os dela eram azuis. Ela tinha 1,75 de altura, e eu, apenas 1,65. Minha mãe era Loren Heather Williams, uma grande advogada de acusação.
Meu pai terminou de estacionar o carro, desceu e veio em nossa direção. Sai correndo e pulei nele.
_ Papai! – Dei um grito enquanto ele me rodava.
_ Ei meu anjinho! – Ele disse.
Meu pai era lindo! Tinha os cabelos pretos, olhos verdes e os músculos definidos. Era apenas 10 centímetros maior que minha mãe, e um pouco mais moreno. Se chamava Fred Graham Williams e era administrador da bolsa de valores de New York.
Meus pais eram ótimos pais, e mesmo assim eu não podia contar-lhes o que havia acontecido durante a ausência. O que iam pensar? Com certeza achariam que eu estava louca.
_ Ei, vamos entrar, tenho uma coisa pra contar! – Eu disse muito ciente de que essa coisa nao envolvia minha "quase morte".
Entramos e sentamos no sofá. Antes que eu pudesse disparar a falar, meu pai deu o sinal para que eu pudesse esperá-lo falar primeiro.
_ Trouxemos um presente para você!
_ Sério? – Fiquei completamente surpresa.
_ Sim filha. – Minha mãe disse, levantando e pegando um embrulho rosa que eu não havia reparado. – Toma, é seu.
Peguei e abri loucamente, na curiosidade de saber o que era. E para minha surpresa, era um vestido lindo. Tinha pedras enfeitando todo o corpete. Era uma espécie de bege rosado. Lindo. E era longo.
_ Seu baile de formatura está chegando querida, e como não sabemos se vamos estar aqui, ja te presenteamos. – Disse meu pai.
Eu fiquei encantada com o vestido e chateada porque talvez meus pais não me veriam formar.
_ Obrigada, é lindo! – Eu abracei meu pai, e logo em seguida minha mãe, sem demonstrar o meu descontentamento com a possível ausência. – Então, hoje a noite já temos um lugar para jantar.
_ A é? Posso saber que lugar é esse, senhorita? – Ele disse enquanto sentava no sofá e me olhava de um jeito desconfiado.
_ Na casa de um amigo.
_ Não me diga que é o mesmo rapazinho que atendeu o telefone.
_ Sim pai, é ele!
_ Huuuuuum. – Meu pai fez aquela cara de "eu sei que vocês estão se gostando".
Revirei os olhos.
_ Era só isso que eu tinha para falar.
_ E que horas é esse jantar? – Perguntou minha mãe.
_ As oito.
_ Ok.
Subi para meu quarto para descansar, e meus pais fizeram o mesmo.
Em vez de descansar, fiquei observando as feridas. Passei os dedos lentamente sobre cada uma. Nenhuma doeu, exceto a que estava no meu braço e mais perto do coração. Estranho. Todas as outras já estavam praticamente cicatrizadas, e essa única ferida não.
Parei de observá-la, deitei e permaneci olhando as estrelinhas pregadas no teto. Acabei adormecendo.
Acordei com minha mãe batendo na porta.
_ Carol, já são quase 7:30! Acorda.
_ Ahn mãe, só mais 5 minutinhos.
_ Vamos nos atrasar para o jantar!
Dei um pulo da cama.
_ Caramba, o jantar! – Berrei. – Ai meu Deus, com que roupa eu vou?
Comecei a correr pelo quarto em busca de alguma roupa, e dessa vez, tinha que esconder as malditas marcas.
Corri para o banheiro e tomei um barro rápido.
Acabei escolhendo uma blusinha de manga e de malha fina. Coloquei um short e uma meia por baixo, assim as feridas da perna não apareciam. Peguei uma bota, com salto alto, e calcei. Arrumei o cabelo rapidamente, passei uma make básica e sai correndo escada abaixo.
Meus pais ja estavam na sala, e com cara de quem esperou demais.
_ Você demora demais Carol. - Meu pai disse completamente entediado.
_ Ih pai, deixa de ser implicante!
_ Vamos? – Minha mãe interrompeu antes que meu pai pudesse retrucar.
_ Vamos.
Saímos e fomos a pé mesmo, afinal, Stephan não morava tão longe assim.
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