Um casaco longo e negro. Provavelmente de couro, á moda punk. Cobria o corpo de um rapaz soturno, descendo-lhe até os joelhos. De fato era um belo casaco. Reluzia a tênue luminosidade e dava aos movimentos de seu dono um ar ainda mais agressivo.

Contudo, na verdade, nada disso importava se comparado a aura que emanava daquela vestimenta. Poderia ser visto apenas como mais um casaco, mas qualquer pessoa sensível notaria do que se tratava.

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Era um objeto que contava história. Uma história sangrenta.

E ele parecia dançar. Acompanhava os movimentos de seu dono como um cão de caça obedece a seu senhor. Ele girava e rodopiava, agitando-se ás costas do homem loiro. Parecia imerso em sua própria batalha, enquanto o rapaz desviava-se com uma rapidez surpreendente de golpes desferidos contra ele. Com seu longo casaco negro, impregnado com um cheiro de morte, o homem levava nos lábios muito mais do que um sorriso petulante. Levava sangue. Lábios, face e queixo estavam lambuzados pela substancia vermelha e quente. Uma saliência peculiar lhe tomava a testa e seus olhos tinham uma cor feroz, animalesca como seus golpes.

O sorriso era composto por presas, horríveis e ameaçadoras. Os cabelos loiros, penteados para trás lhe davam um diferente ar de mistério e irreverência.

Era Spike.

Atracado com alguém (ou seria “alguma coisa”?), em um beco escuro, sujo e solitário de Sunnydale. Como os moradores vizinhos não ouviram o impacto do vampiro se estabacando sobre algumas latas de lixo, eu não saberia explicar. Apenas sei dizer-lhes que o olhar que ele lançara a seu oponente, ainda caído em meio ao lixo, faria gelar o coração da criatura mais destemida do mundo.

Um rosnado. Um grito de fúria. E não mais havia tempo para uma fuga por parte do demônio. Com um salto ágil Spike atracara-se com a criatura. Seu punho de encontro à face do ser produziu um som seco de ovos se quebrando. O dono do casaco pode sentir na mão as entranhas e o sangue da cabeça de seu oponente, que no minuto seguinte foi ao chão, já sem rosto, sem vida.

O vampiro vencera. Vencera com seu ar arrogante, passando pelo corpo inanimado como quem se desvia de um singelo buraco. Uma coisa desagradável, mas corriqueira.

Quando deixou o beco sua face transformara-se. Da aparência demoníaca restara apenas o brilho malicioso em seus olhos azuis e o sangue que ainda lhe tomava a face. Deixara para trás o cadáver do demônio, o casaco de couro esvoaçando as suas costas.

A garota que salvara fugira as pressas e aquela hora deveria estar bem longe daquele lugar sombrio. A jovem estivera mesmo em apuros, a ponto de doar, sem direito de recusa, seu sangue para um ritual macabro de seres da noite. E quem diria. Acabara salva por um vampiro.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.