Flüchtig
Capítulo 5
Cena 5: Internato
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“Aquilo que se faz por amor está sempre acima do bem e do mal.” - Friedrich Nietzsche
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Trim trim trim
O toque irritante daquela pequena máquina cheia de números, também conhecida como relógio com despertador, ecoava por todo o quarto de móveis elegantes.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Como era de se esperar, uma mão emergiu do edredom e tateou o criado-mudo, buscando encontrar o causador de tamanha insatisfação matinal. Não sou expert no assunto, mas acho que ele acharia o relógio mais rapidamente se tirasse a cara do travesseiro.
Depois de segundos que pareceram eternidades, Sasuke pegou o relógio e arremessou contra a parede, silenciando-o para sempre.
Sutil como um elefante.
- Argh, porcaria de relógio digital. – Reclamou, saindo debaixo das cobertas e calçando as pantufas.
Seus dedos longos passeavam por seus cabelos bagunçados, enquanto sua outra mão pairava na maçaneta, prestes a abri-la, até que se recordou da noite passada.
- Droga... Itachi. – Engoliu em seco, ao tempo que sua mente trazia à tona tudo que aconteceu entre os irmãos. O filme, o beijo, a saída de Itachi...
Sasuke balançou a cabeça, afastando tais memórias, e abriu a porta.
Primeiramente, colocou apenas a cabeça de fora, olhando para os dois lados do corredor.
Seu coração saltou ao ver a porta do quarto de Itachi aberta.
“Calma, calma. Você está tremendo feito uma menininha e se diz Uchiha?” – Sasuke respirou fundo, andando de maneira robótica até o quarto de Itachi. Porém, o que viu tirou o ar de seus pulmões como uma martelada no peito.
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-...Nossos garotos são os primeiros no mundo. Formamos médicos, engenheiros, juízes, físicos e qualquer outro profissional com maestria. Garanto-lhe que seu...? – Perguntou o homem, após uma explicação detalhada sobre a doutrina, corpo docente e estrutura do local.
Pronunciava com orgulho o nome do Palácio de Blenheim¹ – fonte de inspiração para a arquitetura do Instituto.
- Irmão. – Respondeu, observando o quadro de medalhas que estava no corredor.
- Sim, garanto-lhe que seu irmão sairá daqui um perfeito cavalheiro, pronto para qualquer faculdade que quiser, assim como todos os veteranos do Instituto Melbourne². – Concluiu o homem, com um sorriso de canto em seu rosto.
Itachi tirou as luvas, voltando-se para o homem. Sua voz soou monótona e vazia.
- Não tenho dúvidas em relação à capacidade dessa instituição, mas meu irmão não possui problemas com disciplina.
O homem assentiu, mantendo o sorriso no rosto.
- De certo, senhor. – Fez uma pequena reverência, abrindo uma porta de nogueira e revelando uma espécie de escritório.
O Uchiha respirou fundo, entrando na sala logo em seguida.
Aquilo era o melhor para Sasuke e precisava ser feito. Pelo bem de seu irmão.
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O quarto estava completamente silencioso, intacto. Com certeza Itachi não passara a noite em casa. Entretanto, uma gaveta estava aberta, e o Uchiha mais velho odiava deixar as coisas desorganizadas. Aquilo só podia significar que ele saiu às pressas de casa.
Sasuke correu até a gaveta, e como esperava, encontrou-a quase vazia, exceto por uma ou duas roupas perdidas.
Tentando controlar sua respiração, olhou embaixo da cama.
A mala de Itachi não estava lá.
- Não, não... Seu canalha, você não pode ter feito isso comigo!
O caçula colocou a mão no peito, apertando a camisa preta do pijama com força.
Teria Itachi ido embora, assim, sem mais nem menos? Sem se despedir de Sasuke?
Não, não era possível.
A crise de estresse do garoto estava pronta para se agravar, quando um barulho proveniente do andar de baixo o tirou de seu estupor.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- ITACHI!
É claro que ele deve ter se arrependido, e agora estava parado, se sentindo um idiota por ter achado que se afastaria de Sasuke tão facilmente, e voltou para pedir perdão ao irmão.
Com esses pensamentos, Sasuke correu para o térreo, derrapando nas curvas dos corredores.
Desceu os degraus de dois em dois, até parar na sala e encontrar...
- Você...!
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Itachi olhou mais uma vez para o papel que acabara de assinar.
Pronto, estava feito.
Sentia que seu coração se quebrara em mil pedacinhos.
Nada de se revoltar e rasgar o documento, ou de sair feito um louco levando ele e dizendo que desistiu de tudo aquilo.
Sentiu seu corpo ir contra o movimento de entregar os papeis para o homem de estranhos cabelos cinza, mas ele tinha que fazer aquilo.
- Está tudo pronto, senhor Uchiha. – Disse o rapaz, enquanto analisava os documentos. – Posso perguntar quando o senhor Sasuke chegará?
Itachi se levantou, caminhando até uma janela que ia do teto ao piso, dando para ver todo o campo estudantil.
Um lugar enorme, também, outrora fora um castelo anfitrião dos maiores bailes da Inglaterra, a matriarca dos colégios internos.
- Ele chegará em uma semana no máximo – Respondeu, ainda olhando para o pátio central cercado por luminárias.
- Bom, bom... Assim ele não perde tanta matéria – Riu nervosamente o Inglês.
Era possível ver jovens andando em duplas, seguindo um homem corpulento de bigode até uma torre. Todas as crianças vestiam a mesma roupa, muito bem agasalhadas.
A respiração de Itachi embaçou o vidro levemente.
- As crianças estão indo para aula de astronomia, uma das disciplinas extracurriculares. – O homem também se levantou, guardando os papéis numa pasta. – E mal posso esperar para a chegada do jovem Sr. Uchiha.
Itachi assentiu distraidamente, notando de soslaio o brilho que passou pelas lentes redondas que o rapaz usava.
- Então está tudo certo, sim, Yakushi? – Perguntou, voltando a colocar o par de luvas. O frio no lado de fora era imperdoável.
- Absolutamente, senhor. – Respondeu Kabuto, com um leve acenar de cabeça.
O jovem falava com habilidade, numa perfeita dicção, como se estivesse acostumado a tais instruções.
- Quero que se certifique que Sasuke terá tudo que o dinheiro possa comprar aqui dentro. – Falou o Uchiha, satisfeito com o acenar que Kabuto lhe deu. – Estou de saída.
E saiu da fala, deixando o Yakushi sozinho.
Poucos segundos depois, o telefone celular do rapaz tocou.
- Pronto.
- Ele já foi?
Kabuto deu seu sorriso de canto.
- Acabou de sair da sala, senhor.
Se eu pudesse colocar arquivos de áudio anexado nessa história, teria maior êxito em transmitir o quão sinistra foi a risada dada pelo homem na outra linha. Infelizmente não sou apto de tamanha tecnologia.
- Mal posso esperar...
Então desligou.
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