Capítulo 8 - Frio (parte I)

Ele ficará bem Lune? Ele está muito pálido.

_Não se preocupe Sellene, ele se recuperará logo, escute o coração dele.

_Eu sei, consigo ouvir seus batimentos, mas estão fracos.

_Ele não é um humano normal Sellene, ele está se recuperando rápido.

Sellene estava preocupado e uma fina linha em seu cenho demonstrava isso, ela não estava tão pálida e machucada como na ponte, ela havia se curado ao se alimentar do sangue de Josh, ela sabia disso e sabia que Josh ficaria bem, porém ela sabia que não seria tão rápido como ela.

Sellene não podemos ficar aqui, logo amanhecerá e você sabe as conseqüências.

Sellene desviou o olhar do corpo inerte e pálido de Josh que estava na cama, e olhou de relance para Lune e encarou o céu lá fora que começava a passar do tom azul escuro para um tom leve de violeta.

Não posso deixá-lo sozinho, ele é minha responsabilidade agora, eu que o feri.

_Não seja tola, ele lhe ofereceu o sangue de bom grado e ficou feliz por fazê-lo. Não culpe a si mesma, você fez por necessidade era caso de vida ou morte.

_Feche as cortinas, elas são grossas o suficiente para evitar que o sol transpasse-as. Você pode descansar no quarto do lado, desde que Josh resolveu morar sozinho essa casa ficou para ele.

_Mas... Isso vai funcionar Sellene?

_Sim, já dormi aqui uma vez e te garanto que essas cortinas funcionam.

_Não Sellene, vá você descansar, a noite foi longa tanto para você quanto para Josh. Eu tomarei conta dele.

_Não posso Lune, você também está cansado.

Lune olhou por um breve momento para Sellene e então agarrou seus ombros delicadamente.

_Apenas vá, não questione.

_Mas...

_Como seu amigo há mais de oitocentos anos eu ordeno que você vá dormir.

_Mas, não posso Lune.

_Não seja teimosa, ou te trancarei naquele quarto.

_Você não faria isso. Faria?

_Não duvide de mim Sellene. Lune terminou a frase e sorriu ingenuamente para Sellene.

_Tudo bem eu irei, qualquer coisa prometa me chamar. Sellene parecia derrotada e já começava a se dirigir até Josh.

_Ele ficará bem, cuidarei dele como cuidei de você no passado.

Sellene finalmente entendeu aquelas palavras e assentiu com um gesto de cabeça, passou as mãos pelos cabelos negros de Josh e sumiu pela porta, deixando os dois a sós na penumbra do quarto de Josh.

As casas pegavam fogo, pilhas de corpos se estendiam pelas estreitas ruas da pequena aldeia. A fumaça tomava conta de tudo impregnando o ar com cheiro de carne e coisas queimadas. Longe dali homens gritavam e podiam-se ouvir as pessoas morrendo. Um choro, sim era um choro e vinha de uma casa em ruínas do lado de Lune. O que restara da pequena cabana eram apenas alguns utensílios, o teto de palha com madeira estava tombado e começava a se incendiar.

_Papai, mamãe acordem, por favor, não me deixem sozinha. A garota estava diante de dois corpos sacudindo-os, seus longos cabelos louros platinados se esparramavam por seus ombros caindo como uma cascata, e seus olhos até então azuis estavam meio inchados e apavorados.

_O que houve aqui? A garota foi pega de surpresa pela pergunta e começou a gritar.

_Por favor, não me mate, vocês já mataram meus pais e todas as pessoas que eu conhecia...

_Não se preocupe, não estou com os monstros que fizeram isso. Lune falava calmamente transmitindo certa alivio para a garota.

_Como você se chama?

_Menya zovut Sellene.

_Lindo nome. Venha cá Sellene, te levarei para longe daqui. Chamo-me Lune e te protegerei...

_Quem fez isso com eles?

_Eu não sei, mas te protegerei deles... Eu prometo.

A imagem começou a se dispersar e ao longe Lune podia ouvir uma voz delicada.