No outro dia, acordei com um grito de Pattie. Ela havia nos achado na cama de Justin. Acordei assustada. Não achei que Pattie fosse reagir daquele jeito e não esperava que ela fosse ficar tão brava. Quero dizer, ela já havia me colocado pra dormir no quarto do filho dela. Mas acho que aquele era um nível novo de intimidade.

- Meu Deus! O que é isso? – ela dizia, numa voz aguda e alta – Vocês não podem dormir na mesma cama! Perderam a cabeça?

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Justin, que parecia ter acordado com o grito da mãe também, havia se sentado na cama. Eu já estava me levantando. As crianças também haviam acordado. Eu as tirei do beliche e caminhei com elas para fora do quarto. Dei o café da manhã pras crianças.

Enquanto isso, Pattie e Justin continuaram no quarto. Ela devia estar dando a maior dura nele. Deu pra perceber que era verdade quando ela saiu, esbaforida, e ele parecia cansado. Ele se sentou no banco da mesa oposto ao meu, ao lado de Jazzy. Comeu sem dizer nada. Nossos olhares não se encontraram.

Depois foi a minha vez de levar sermão. Enquanto Jazzy e Jaxon foram para o quarto com Justin para brincarem no Xbox, Pattie se sentou no mesmo lugar de Justin do café da manhã e conversou comigo. Ela queria deixar claro que Justin e eu não devíamos ter dormido na mesma cama. Eu a entendia completamente e tentei tranquiliza-la.

- Não vai acontecer de novo. Eu prometo. Foi uma ideia estúpida e a culpa é toda minha. Eu estava muito cansada e pedi pra dormir na cama de Justin – comecei a mentir, tentando tirar a culpa de cima dele – Ele até disse que era uma ideia idiota, mas eu o convenci. O Justin não teve culpa de nada, eu juro.

Pattie me estudou com seus astutos olhos de mãe. Fui começando a ficar vermelha. Será que ela havia percebido que eu estava mentindo? Eu era uma mentirosa imprestável. Não conseguiria mentir nem pra salvar minha vida.

- Foi isso mesmo que aconteceu? – perguntou ela – Você ficou cansada e decidiu dormir lá mesmo?

- Sim. Foi isso mesmo – tentei lhe dar um sorriso, mas só saiu uma careta.

- E o Justin até se opôs sobre você dormir com ele?

- Sim. Ele sabia que ia dar problema.

- E por que eu não consigo acreditar em você, Liv? – Pattie colocou as duas mãos na mesa e se aproximou.

Engoli em seco e me afastei dela.

- Não sei, Pattie. É a verdade.

Pattie voltou a me estudar, mas pareceu se cansar com todo o esforço.

- Justin me disse exatamente o contrário. Que a ideia foi dele e que você se opôs, mas ele acabou te convencendo. Ele me fez prometer que eu não ia te colocar de castigo.

- Castigo? – eu engasguei com a saliva.

Eu nunca tinha recebido um castigo na minha vida. Minha mãe não era presente o suficiente para me ver fazendo coisas erradas; além do mais, ela não era a melhor pessoa para falar sobre limites. Mas se Pattie me colocasse de castigo, eu a obedeceria. Ela era uma mãe de verdade, e não uma mulher com duas crianças fugindo do passado.

- Você me pediu para culpar você, não ele. Devo tirar o castigo dele e passa-lo para você? – perguntou Pattie.

- Sim – eu disse, com convicção.

- Liv, eu sei quem está dizendo a verdade e quem está mentindo.

- Então a senhora sabe que devia me punir, não Justin – minha voz soou confiante e verdadeira. Até eu mesma fiquei impressionada – Pode me dar um castigo adequado.

- Não vou fazer nada com você. Não posso, não sou sua mãe – Pattie bufou – Eu esperava que, com a ameaça do castigo, você fosse me contar a verdade.

- Essa é a verdade – pausei – Nunca fiquei de castigo na vida. Seria como uma nova aventura pra mim.

Pattie deu risada.

- Você é realmente incomum. Não há muitas pessoas como você por aí – Pattie balançou a cabeça e assentiu – Tudo bem, vou tirá-lo do castigo. Mas você tem que me prometer que algo assim não vai mais acontecer. Você é a mais responsável dos dois. Promete que não vai mais deixar isso acontecer?

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- Prometo.

- Ótimo. Agora nunca mais vamos tocar nesse assunto. Se Selena souber disso... – Pattie se levantou – Não quero nem ver o tamanho da briga.

Dei risada e assenti.

- Pode deixar. Vai ser segredo.

Pattie me lançou um olhar de agradecimento e foi para a cama ler um livro. Fiquei sem ver as crianças até a hora da almoço, quando paramos em um restaurante na estrada. Justin estava me evitando. Ele foi se sentar em outra mesa com a mãe e um segurança que eu não conhecia. Fiquei com as crianças e com Kenny.

Chegamos em Chicago no fim do dia e ficamos hospedados em um hotel. Foi tão bom finalmente ter minha privacidade de volta. Eu podia tomar banho sem me preocupar com os chacoalhões e sem ter que ficar preparada para pegar uma toalha correndo caso alguém entrasse sem querer no banheiro. Nós havíamos decidido que, sempre que alguém fosse tomar banho, essa pessoa ia avisar todos os que estavam dentro do ônibus. Ainda assim, não era exatamente seguro.

A mesma rotina de sempre foi feita quando chegamos na arena no dia seguinte. O show seguiu o mesmo roteiro e a mesma setlist. Também assisti a esse, mas não estava prestando muita atenção. Como não havia conversado com Justin durante o dia inteiro, eu me sentia ligeiramente perdida, como se não pertencesse ali.

Justin só conversou comigo quando coloquei as crianças para dormir em seu quarto. Estava saindo de fininho, achando que ele já estava dormindo. Não queria incomodá-lo, ainda mais com o clima estranho entre nós.

- Boa noite, Liv – disse Justin.

- Boa noite, irmãozinho – eu disse, tentando compensar pelas palavras não ditas.

A viagem para Atlanta foi, provavelmente, a que mais demorou até aquele estágio da turnê. Justin parecia muito ansioso para fazer show lá, mas eu não sabia o porquê. Ele não largava mais o celular e eu pude apostar que estava no Twitter ou trocando mensagens com alguém.

Tentei puxar conversa com ele sobre isso.

- E aí – eu disse, chamando a atenção dele, que nem me olhou – Você parece bem animado para tocar em Atlanta.

- Ah, sim, estou – ele respondeu, sorrindo – É a minha cidade.

- Você mora em Atlanta? – perguntei, meio surpresa.

- Bom, ultimamente estou morando nesse ônibus – eu lhe dei uma leve acotovelada nas costelas e ele sorriu – Mas é, eu tenho uma casa lá.

- Legal.

- Você quer conhece-la?

- Ah, não – eu respondi, ficando vermelha e olhando de soslaio para Pattie – Melhor não.

- Ah. É verdade, melhor não.

Eu lhe mandei um sorriso amarelo e voltei para minha cama. As crianças estavam sentadas na cama ao lado de Pattie enquanto ela lia uma história para eles. Decidi me mudar para a cama dela e a fazer mímica sobre o que ela lia. Nós revezávamos quem lia as histórias. Ficamos daquele jeito até a hora de descermos para jantar.

A chegada em Atlanta foi à noite. Nós nos hospedamos em um hotel, da mesma maneira que fizemos em Chicago. Eu estava começando a ficar acostumada com as mordomias dos hotéis e, assim que entrei no quarto, me joguei na cama. As crianças pularam em cima de mim. Depois ficaram pulando na cama.

Justin apareceu no meu quarto como se nada estivesse estranho entre nós.

- E aí – ele disse, deitando-se na cama enquanto Jaxon e Jazzy continuavam a pular.

- Oi – eu disse.

Ele pegou o iPhone, que havia feito um barulhinho avisando nova mensagem. Sorriu para a tela, digitou algo muito rápido e guardou-o no bolso da calça novamente.

- Minha ex-namorada mora aqui – ele disse.

- Ah – eu exclamei – Legal.

- O nome dela é Caitlin.

- Legal.

- Perguntei se ela não queria ir ao show, mas ela disse que tinha compromisso. Uma pena, né? Você podia conhecê-la. Ela é uma ótima garota.

- Pois é.

- Então – ele se levantou – A gente se vê amanhã.

- Tudo bem – respondi, acenando.

Justin saiu do meu quarto. Enquanto eu mordia meu lábio inferior, tentava acertar meus pensamentos. Como se já não lhe bastasse uma namorada, agora ele estava atrás da ex-namorada. Com uma pontinha de raiva e desespero, eu percebi algo que nunca achei possível: eu estava com ciúmes de Justin. E aquilo me assustava muito.

O dia seguinte foi melhor. Mesmo com um frio característico de Dezembro, o sol brilhava no meio do céu. Almoçamos no hotel e fomos para a casa de shows à tarde. Justin continuava trocando mensagens com a tal Caitlin e eu continuava com ciúmes. Era simplesmente incrível o fato de eu ter reconhecido que estava com ciúmes. Agora eu só precisava descobrir por que. Justin não era nada meu.

Ele foi para a passagem de som enquanto eu, Pattie e as crianças ficamos no camarim. Eu estava ficando com uma dor de cabeça tão grande só de pensar, então deixei as crianças com Pattie e avisei que tinha que ir atrás de um remédio. A verdade é que fui atrás de Justin. Eu queria conversar com ele em particular e dizer que ia ter que ir para o ônibus, porque não conseguiria ver o show.

Ao invés de escutar os usuais gritos das beliebers, só havia o silêncio. Justin normalmente chamava suas beliebers para assistirem a passagem de som. Porque hoje havia sido diferente?

Entrei no palco. Ele estava sentado no banquinho alto e carregava um violão no colo. O banquinho ao lado estava vazio. Eu me aproximei. Foi quando ele começou a cantar.

- If you’re the only thing I ever get for Christmas then everything I wished for has come true.

Parei de andar, suspeitando que Justin soubesse que eu estava ali e fosse parar de cantar a qualquer minuto. Mas ele não fez isso. Continuou cantando. Eu me aproximei mais.

- You’re the single item on my list, you’re my one and only Christmas wish. The mistletoe is where I’ll be waiting, meet me there.

Justin parou de tocar. Pulei pra trás quando ele bateu nas cordas do violão, soltando um som estranho e alto. Ele virou a cabeça e pareceu muito surpreso em me ver. Tentei sorrir, mas meus músculos faciais pareciam pedra.

- Oi.

- Não sabia que estava aí me escutando, Liv – ele sorriu – Vem cá, senta aqui.

Caminhei em direção ao banquinho e me sentei. Fiquei brincando com meus pés, que não relavam o chão, enquanto Justin não falava nada. Resolvi cortar aquele silêncio desconfortável.

- Está tudo bem entre nós? – perguntei.

- Está. Por que não estaria? – um sorriso no canto de seus lábios surgiu.

- Porque você está distante. Não fala comigo. Ainda está bravo comigo por que sua mãe brigou com você porque dormimos na mesma cama?

Enquanto eu corava, Justin deu risada. Ele negou com a cabeça.

- Ela não me brigou comigo. Só falou pra não acontecer de novo. Não falei com você naquele dia porque achei que tinha te colocado em problemas e achei que ela ia falar um monte pra você. Fiquei um pouco constrangido por causa disso.

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- Ela não me disse nada. Quer dizer, disse a mesma coisa que disse para você.

Voltamos ao silêncio.

- Então estamos bem? Bem mesmo? – perguntei de novo.

- Sim – Justin pausou e sorriu – Minha mãe disse que você falou que a culpa era sua e que não era pra ela me culpar. É verdade?

- Achei que você estava em uma enroscada, então tentei te tirar dessa – corei de novo – Acho que não deu muito certo. Não sou uma boa mentirosa.

Justin deu risada. Quando ele voltou a me olhar, havia um brilho estranho em seus olhos. Parecia admiração.

- Obrigada por isso.

Dei de ombros. Não estava muito satisfeita com a minha performance de qualquer jeito. Silêncio. Minha garganta coçou e eu tive que perguntar sobre o que realmente estava preso no fundo da minha mente.

- A sua ex-namorada, a Caitlin – Justin me olhou de soslaio – Ela não vem mesmo?

- Não, porque ela tem um encontro com o namorado.

- Ah – me senti uma idiota. Ela tinha namorado. Por que eu estava preocupada com ela mesmo? A razão nem me veio à mente.

- Você ficou com ciúmes dela, não ficou? – Justin sorriu.

Eu neguei com a cabeça e pensei em continuar negando, mas pra que mentir? Justin nunca mentia quando estava com ciúmes de mim.

- Fiquei – ele começou a rir – E daí?

- É legal fazer você sentir ciúmes, pra variar. Até parece que sou o único ciumento nessa relação.

Minha respiração congelou. Relação? Justin chamou nossa amizade de relação. Consegui sentir uma pedra afundando no meu estômago. Ele não havia percebido o impacto da palavra. Eu também não ia avisá-lo. Portanto, voltamos ao silêncio. Fiz menção de me levantar. Já me sentia melhor em relação à dor de cabeça e podia voltar ao camarim. Justin me empurrou de volta ao banquinho.

- Espera aí. Quero te mostrar uma música – ele disse – Eu a cantava na My World Tour sentado nesse mesmo banquinho. Dan se sentava aí no seu lugar e me ajudava a tocar. O nome da música é Favorite Girl.

Sorri, toda a tensão se aliviando. Parar de conversar e só observá-lo tocar era uma ótima ideia. Ia nos privar de dizer mais alguma coisa estúpida.

Ele começar a tocar. Acompanhei a batida com a cabeça, mas eu não tinha muito ritmo. Justin, por sua vez, tocava naturalmente. Ele começou a cantar.

- Whoa oh oh oh. Whoa oh oh oh. Whoa oh oh, oh whoa. I always knew you were the best, the coolest girl I know. So prettier than all the rest, the star of my show.

Tentei não focar meus olhos na boca de Justin enquanto ele cantava e me foquei em uma de suas veias no pescoço, que inchava sempre que ele atingia uma nota mais alta. Concentrei-me naquela veia e não desviei o olhar.

- So many times I wished you’d be the one for me. I never knew you’d get like this, girl what you do to me. You’re who I’m thinking of. Girl you are my runner up and no matter what you’re always number one.

Eu senti quando Justin cravou os olhos em mim, mas não tirei os olhos de sua veia pulsante. Não queria estragar aquele momento.

- My prized possession, one and only. I adore you girl, I want ya. The one I can’t live without, that’s you, that’s you. You’re my special little lady, the one that makes me crazy. Of all the girls I’ve ever known it’s you, it’s you my favorite, my favorite, my favorite, my favorite girl, my favorite girl.

Sorri e levantei os olhos. Encontrei os de Justin. Ele sorriu pra mim e diminuiu o ritmo das batidas no violão.

- You take my breath away with everything you say. I just wanna be with you, my baby. My baby. Promise I’ll play no games. Treat you no other way than you deserve ‘cause you’re the girl of my dreams.

Justin fechou os olhos subiu uma oitava na última palavra que havia cantado. A veia de seu pescoço pulsou, inchada. Eu encarei-o ligeiramente fascinada. Ele era realmente talentoso.

- My favorite, my favorite, my favorite, my favorite girl. My favorite girl is you.

Eu sorri quando ele parou de tocar e olhou pra mim. Bati palmas.

- Você toca tão bem. E a música é linda.

- Você também é – ele disse, sorrindo.

Corei instantaneamente.

- Viu? Agora você não pode dizer que eu não te elogio.

- Obrigada – respondi, dando risada.

- De nada – disse Justin com uma piscadela.

- Então, você acha que poderia me ensinar a tocar? – apontei o violão.

- Ah, sim, claro. Deixa só eu pegar outro violão...

Franzi as sobrancelhas.

- Nossa, Bieber. Você não vai me dar o seu violão pra tocar? Acha que eu sou tão desastrada assim que vou quebrá-lo?

Justin deu risada. Ele se levantou e pegou um violão preto, colocando o seu no lugar. Caminhou na minha direção.

- Caso você não tenha percebido, grande Sherlock – ele me entregou o violão – Eu sou canhoto. Você é destra.

Levantei o queixo e o encarei com uma expressão de indiferença.

- Como sabe que sou destra?

- Você é, não é?

- Sou, mas ainda assim. Agora você é vidente?

Justin balançou a cabeça e riu, me ajudando a encaixar o violão nos braços. Eu não sabia muito bem o que fazer com aquele instrumento no colo. Acho que Justin percebeu o quanto eu estava perdida, porque ficou atrás de mim e posicionou suas mãos no braço do violão. Ele passou o braço por cima do meu ombro e tocou.

- Viu? É fácil. Tente imitar meus dedos.

Tentei colocar meus dedos da mesma maneira no braço do violão que Justin havia colocado. Era difícil; os dedos tinham que ser longos e você tinha que apertar forte. Toquei, mas não saiu o mesmo som.

- Ah, o que eu fiz de errado?

- Não fez nada de errado. Está fazendo tudo certo. Tenta essa nota aqui.

Justin arrumou meus dedos na posição correta. Toquei nas cordas. Um som melodioso saiu e eu sorri.

- Que nota era essa?

- O Lá. Vamos tentar fazer o Sol, que é mais difícil.

Deixei que ele guiasse meus dedos pelo braço do violão. Não deu certo da primeira vez. Justin me mostrou como se fazia e como era o som que saía. Eu tentei de novo, mas só acabou soltando um som extremamente desconjuntado.

- Ah, eu sou péssima nisso! – reclamei, abaixando a cabeça, frustrada comigo mesmo.

- Não é não. Liv, você está aprendendo.

- Ainda sou péssima. Não sei tocar nada. Nem campainha.

Justin deu risada.

- Também não é assim. Você está só começando.

- Como você consegue ser tão talentoso? – perguntei, levantando a cabeça e o encarando – Seu chato! Você é bom em tudo que faz.

O rosto dele estava a poucos centímetros do meu. Justin deu risada e eu senti sua respiração muito perto do meu rosto. Fiquei tensa e arrepiada.

- Também não é assim. Você é boa com coisas que eu não sou.

- Como o que?

- Crianças.

- Ah, cala a boca. Você é ótimo com crianças!

Justin deu risada e negou com a cabeça.

- Você é bem melhor.

Sorri como agradecimento. Justin me encarou nos olhos e eu o encarei de volta. Havia sido uma péssima ideia, porque me perdi nos olhos dele. A mão que segurava o violão afrouxou e eu aproximei meu rosto ao de Justin. Ele também aproximou seu rosto lentamente. Justin havia me hipnotizado com seus olhos.

Nossos lábios roçavam um no outro quando o violão caiu e alguém gritou o nome de Justin. Afastei-me rapidamente, mas Justin continuou na mesma posição. Ele balançou a cabeça como se estivesse se recuperando de um transe. Peguei o violão do chão.

- JUSTIN! JUSTIN! – o cara da produção – Ah, você está aí. Não queria interromper, mas você tem que começar a se arrumar.

- Valeu, já estou indo.

Respirei fundo tentando tirar o rubor das maçãs do meu rosto, mas foi inútil. Justin tirou o violão de mim e me pegou pela mão. Saímos do palco – não sem antes deixarmos o instrumento em seu devido lugar – e caminhamos juntos para o camarim.