Love Between Friend

Internato, casa-do-capeta!


Demi On

Pra mim, não se tratava de um simples internato, e sim, da casa-do-capeta. Foi a gota d'água quando fiquei informada de que teria de sair de casa, onde a distância prevaleceria entre parentes, amigos, e coisas significativas. Pior ainda foi quando soube que lá era proibido muitas coisas, e as regras eram rigidamente exigidas. Queria que tudo fosse um sonho, que a notícia fosse apenas um pesadelo estúpido, afim de me assombrar por menos de minutos.

Segundo minha mãe, o caminho seria longo. Moro em Dallas, Texas, e o internato se localizava em Austin, no mesmo estado. Suspirei quando meu pai dobrou a esquina, tendo em mente que ficaria um bom tempo longe das pessoas consideraveis em minha vidinha.

Por outro lado, seria bom, pois assim teria a liberdade de fazer o que quiser, ou melhor, tentar, já que teria distância dos dois. Não me levem a mal, eu os amo, mas sinceramente eles estão mais preocupados com a própria imagem do que com minha vida. "O que as pessoas pensariam de nós se a visse beijando uma garota?". Eu e meus pais brigamos por esse e vários outros motivos. Eles não aceitam a minha opção sexual, o que tem eu me atrair por garotas?

(...)

-Demi. Demi, querida, acorde. -Meu pai chacoalhou meu braço com força. Lentamente abri os olhos, esfregando-os, tentando me livrar da vista embaçada.

-Que é? -Perguntei-lhe sonolenta, soltando um longo bocejo.

-Chegamos -Respondeu se dirigindo a parte traseira do carro, onde ia retirando as malas. -Não vai me ajudar?

-Não. -Fui seca. Me encostei no carro, sacando a caixinha de cigarros do meu bolso. Tirei um tubinho branco, o acendi e o fumei despreocupada.

-Sabe que é proibido, Demetria -Ele arrancou o cigarro dos meus lábios.

-E daí? -Questionei. Retirei mais um, repetindo o mesmo processo, mas novamente fui interferida pelo meu pai.

Uma senhora vestida formalmente veio até nós. Me encarou por um tempo, analisando minhas roupas, talvez, e minha postura inadequada.

-Creio que a senhorita seja a Dementria, certo?

-Sou eu. -Confirmei assentindo.

-Ah! Senhora Torres. Sou pai da Demetria. -Eles deram um aperto de mão.

-É um prazer recebe-la. Vamos?

Me despedi do meu pai com um soco na mão dele. Carreguei as duas malas observando atentamente o ambiente. O internato era todo fechado; Os muros altos de cores pastéis, o portão vigiado por um homem sério, que exercia a função de segurança; Várias árvores na entrada, os arbusto verdinhos completavam o jardim; E o prédio. Bem, era grande e altíssimo. A descrição seria mais para um castelo do terror, mas eu prefiro a minha hipótese da "casa-do-capeta"!