Representante de Narnia.

POV. Susana.

Levantei da cama indo em direção à varanda, debruçando-me no parapeito. Não aguento mais ficar nesse quarto, mas também não quero encontrar com ele pelo castelo, embora eu saiba que não vou conseguir evita-lo por muito tempo.

- Pode entrar. – respondi a batida na porta, sem olhar para a mesma. Ouvi a porta fechar suavemente.

- Com licença, majestade. – identifiquei a voz doce da mulher que falara comigo no estábulo duas noites atrás.

- Sim? – virei para ela.

- Vim ajuda-la a se vestir. – disse ela. Olhei para mim mesma.

- Eu estou vestida. – brinquei, ela riu.

- Eu sei. Vim ajuda-la a se preparar para o jantar. – explicou.

- Que jantar? – perguntei.

- Você só comeu no café da manhã, isso porque Caspian mandou uma empregada vir trazê-lo. Você não apareceu no almoço e não aceitou o que lhe fora mandado...

- Não estou com fome. – me defendi.

- Está sim. Só não quer encontrar com Caspian. Eu entendo. Você se sente ameaçada... Rodeada por pessoas que você nunca viu em toda a sua vida e que parecem a qualquer momento virar-se contra você... – ela demonstrava dizer isso por experiência própria e era incrível como ela conseguiu descrever tudo o que eu sentia. – Você se pergunta que decisão tomar, ou se a decisão que você tomou é a correta... Se sente sozinha e vulnerável... A vontade de chorar por causa da saudade de seus parentes... Milhares de perguntas ecoam por sua mente e uma delas é se você vai voltar a vê-los... Não sabe o que deve fazer... É torturante.

- Como sabe de tudo isso?

Ela se aproximou de mim, pegando minhas mãos. Sentamos na beira da cama.

- Eu já senti tudo isso quando o tio de Caspian, Miraz, me trouxe para morar aqui, logo depois que casamos. Eu deixei meus pais em um vilarejo e vim para cá sem conhecer ninguém. Perguntava-me se tinha feito a escolha certa... De vir morar aqui...

- E o que você fez? – perguntei interessada na história.

- Ouvi meu coração. – ela sorriu de leve. – E ele dizia que eu deveria ficar ao lado do homem que eu amava. Eu fiquei. – sorriu. – E isso me fez muito feliz.

- O que aconteceu com... Miraz?

- Ele faleceu há alguns anos por causa de uma pneumonia... – ela deu um sorriso melancólico.

- Sinto muito.

- Obrigada, querida... Mas enfim, vim aqui para ajuda-la a se vestir e não para fazê-la dormir com a história da minha vida.

Eu ri um pouco. Ela levantou e caminhou até o armário. Levantei também, meio hesitante.

- Você está sendo tão gentil comigo... Por quê?

- Nós telmarinos não somos os monstros que parecemos ser... – sorriu simpática, indo até a banheira e enchendo-a, depositando sais e outras coisas.

- É. Não são. – concordei, lembrando-me de Caspian no bosque.

- Pode entrar no banho, majestade.

- Me chame de Susana. – pedi. – E você é...?

- Prunaprismia.

- Como?

Ela riu.

- Pruna-prismia. – falou lentamente, simpática.

- Prumpris... Posso chama-la só de... Mia? – tentei. Ela riu de novo e assentiu.

[...]

Olhei-me no espelho novamente dentro do vestido de modelagens telmarinas. O tecido era delicado, branco e descia por meu corpo até os pés com alguns detalhes dourados, as sandálias brancas ficavam escondidos sob o vestido, os cabelos estavam presos num coque com finas mechas caindo dele; os lábios estavam pintados de rosa e havia um delicado colar dourado no pescoço além das três pulseiras da mesma cor.

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- Você está linda. – Mia sorriu.

- Obrigada.

- Agora, vá. Caspian está esperando por você.

Meu coração bateu forte e eu hesitei.

- Não sei se isso vai dar certo. – desabafei, olhando-a pelo espelho.

- Vai sim, querida, você vai ver. – encorajou. Suspirei e caminhei para a porta. Parei a frente dela.

- Mia, esse não é um jantar comum, é?

- Não, hoje a tarde chegaram alguns membros da realeza de alguns países vizinhos... Todos lordes, lady, príncipes, princesas e etc. representando seus países... E você será a representante de Narnia nesse jantar.

Suspirei soltando o ar lentamente pela boca.

- Você vem? – chamei.

- Não, não, eu não frequento esse tipo de reunião.

- Ok, então...

Comecei a caminhar pelos corredores. Parei no topo da escada que caía sobre o salão repleto de gente da realeza. Corri conversando com dois homens, um deles me viu o que chamou a atenção dos outros dois. Caspian olhou para mim e o vi formar um sorriso branco em minha direção. Meu coração descompassou. Segurei o corrimão e, erguendo levemente a barra do vestido com a outra mão, desci a escada lentamente, rumo àquela reunião.